Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Presidente Lula por se recusar a falar sobre a parceria da empresa de seu filho, Gamecorp, com a antiga Rede 21, hoje Play TV. Críticas à Ministra Dilma Rousseff. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Presidente Lula por se recusar a falar sobre a parceria da empresa de seu filho, Gamecorp, com a antiga Rede 21, hoje Play TV. Críticas à Ministra Dilma Rousseff. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2006 - Página 36096
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, CRITICA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NEGAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, ILEGALIDADE, REPASSE, RECURSOS FINANCEIROS, SETOR PUBLICO, PUBLICIDADE, EMPRESA PRIVADA, PROPRIEDADE, FILHO, FUNCIONAMENTO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, JUSTIFICAÇÃO, REPASSE, RECURSOS, EMPRESA, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ALEGAÇÕES, CUMPRIMENTO, CONTRATO, REGISTRO, NECESSIDADE, AUMENTO, FISCALIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), INVESTIGAÇÃO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ainda ontem, desta tribuna, chamei a atenção para vários assuntos, mas principalmente para o problema da Gamecorp, com a publicidade oficial do Governo e uma TV.

            Hoje, abro os jornais, e todos falaram sobre o assunto. “Lula se recusa a falar sobre publicidade e a TV de seu filho”. O Presidente da República não falou. Ele foge deste assunto.

Mas eu não fujo. Daqui mesmo, desta tribuna, já falei sobre a Ministra Dilma Rousseff - e a considero uma pessoa séria. Pois vejam a maldade do Presidente: agora tem usado a Ministra, principalmente a sua credibilidade, para defender o Governo de acusações gravíssimas.

Hoje mesmo, em quase todos os jornais, a Ministra aparece defendendo a Gamecorp do Lulinha e as ONGs que sobrevivem grudadas, presas ao Erário.

Quanto à relação entre a emissora de TV, a firma do Lulinha e os patrocinadores governamentais, porque é o Governo que dá o dinheiro para a publicidade da TV do filho do Presidente, a Ministra limita-se a dizer que se trata de um acordo comercial, como tantos outros.

Ah, Sr. Presidente, em relação às ONGs, a Dona Dilma também diz que não se pode demonizá-las. Diz também, como se não fosse ela própria Governo, que as ONGs precisam ser fiscalizadas. Fiscalizadas por quem, Sr. Presidente? Por quem dá o dinheiro. Quem é que dá o dinheiro? O Governo. Quem é que não fiscaliza? O Governo. Por quê? Para que possam roubar por meio das ONGs. É isso que está acontecendo neste País, vergonhosamente.

Ora, em relação aos negócios do Lulinha, cabe lembrar à Ministra que o ponto crucial de tal contrato é claramente a intermediação da propaganda, é a divisão do butim. Essa é a provável ilegalidade! Não é apenas o contrato; o contrato é a forma de, ilegalmente, o Lulinha participar do dinheiro do Erário.

Em relação às ONGs, cabe esclarecer à Ministra que apenas aquelas entidades que se locupletam com o dinheiro público, muitas delas somente de fachada, devem conhecer o inferno.

Quanto à sua afirmação de que as ONGs devem ser fiscalizadas, é preciso lembrar à Ministra que o Tribunal de Contas da União, apesar de o Governo colocar dificuldades, vem trabalhando duro a respeito.

Já a CGU, que era do Ministro da Defesa, hoje Ministro da Defesa do Palmeiras, tantos gols tem tomado o Governo na área da aviação, não faz o seu trabalho, não age como deveria agir, não cumpre o seu dever. Mas, como se sabe, este é o Governo que fala, mas não age, porque tem à frente alguém, o principal, que não sabe governar.

Ora, Sr. Presidente, quero mostrar a V. Exª e, por meio da TV, ao Brasil outra manchete: “Dilma defende negócio da Gamecorp. Petista preso no caso dossiê se cala sobre dinheiro”. Nunca falam sobre dinheiro, não sabem de nada - do Presidente da República a todos os outros.

O juiz, decentemente, pede que digam os nomes dos sócios da Gamecorp. Todo mundo quer saber. V. Exª também e eu. Queremos saber quem são os felizardos, além do filho do Presidente da República. Não faço isso para ofender o Senhor Presidente da República.

Outra manchete:

“ACM diz que filho de Lula é favorecido por verba oficial”.

Ora, Sr. Presidente, são tantas coisas nesse sentido que as providências não vêm. Quero fazer um apelo ao Presidente da República: pare com isso, Presidente! Acorde! Não fique falando em coalizão, fale em moralidade. Não fique falando em adesão, fale em mensalão. Não fique falando em desonestidade, fale em valerioduto.

Isso é que precisa acabar no Brasil. É para isso que estamos aqui diariamente na tribuna, Sr. Presidente. Não tem um dia que eu não venha a esta tribuna cumprir o meu dever para com o meu País, apelando de todo o coração para o Presidente da República. No dia em que ele melhorar, dar-lhe-ei uma palavra de aplauso, mas, enquanto ele não melhora, só tenho a dizer que o País já sofre demais, que o Presidente precisa modificar os seus hábitos: não se contente apenas em passear no aerolula pelos países de América do Sul, da África ou mesmo dos Estados Unidos. Cumpra o seu dever.

Assim, o Brasil espera que, no segundo mandato, ele não continue enganando o povo como fez no primeiro. É isso que queremos. Estamos aqui para dizer que, enquanto estivermos na tribuna, reclamaremos dos abusos da Presidência da República, os abusos dos Ministros, enfim, a imoralidade que reina na República.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2006 - Página 36096