Discurso durante a 197ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo em favor da vontade política do Governo Federal no sentido da retomada dos principais pontos para a reforma tributária.

Autor
Rodolpho Tourinho (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Rodolpho Tourinho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA TRIBUTARIA.:
  • Apelo em favor da vontade política do Governo Federal no sentido da retomada dos principais pontos para a reforma tributária.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2006 - Página 36428
Assunto
Outros > REFORMA TRIBUTARIA.
Indexação
  • CRITICA, DEMORA, TRAMITAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, CONTINUAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, EXPECTATIVA, EMPENHO, GOVERNO FEDERAL, CONCLUSÃO, REFORMULAÇÃO, SISTEMA TRIBUTARIO NACIONAL, NECESSIDADE, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, CONTROLE, GASTOS PUBLICOS, RACIONALIZAÇÃO, CARGA, TRIBUTAÇÃO, REVISÃO, PACTO, FEDERAÇÃO, AUTONOMIA, ESTADOS, MUNICIPIOS, EXTINÇÃO, INCENTIVO FISCAL, MELHORIA, DESIGUALDADE REGIONAL, OBJETIVO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS, APERFEIÇOAMENTO, DEMOCRACIA.

O SR RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs Senadores, já se vão 3 anos desde a promulgação da Emenda Constitucional nº 42, que promoveu pequenas alterações no sistema tributário nacional.

Naquela ocasião, o Senado realizou um intenso debate sobre o tema, que foi considerado pelo atual Governo Federal, no início do primeiro mandato, um dos pilares da nova administração. E, como em outras oportunidades, a contribuição desta Casa foi fundamental para celebração de um acordo que possibilitou a promulgação de parte da Reforma Tributária.

Fazia parte do acordo, construído com a participação de todos os líderes do Senado e da própria liderança do governo, o envio para Câmara dos Deputados da outra parte da Reforma que contava até com um calendário pré-estabelecido para sua tramitação.

A parte promulgada, além de estabelecer algumas alterações pontuais, basicamente atendia às principais demandas do Governo Federal para garantir sua arrecadação nos próximos quatro anos: foram prorrogadas à CPMF e a Desvinculação das Receitas da União, a DRU.

No entanto, os demais pontos, que representavam o grande salto de qualidade no sistema tributário nacional, e retornou à Câmara dos Deputados, permanece até hoje sem qualquer decisão daquela Casa.

A matéria consensuada no Senado recebeu a denominação de PEC nº 228 na Câmara dos Deputados, posteriormente, desmembrada em PEC 228-A e PEC 255 ainda no primeiro semestre de 2004. Desde então, mais um desmembramento da proposta que ainda se encontra na Comissão Especial destinada a proferir parecer, agora, sobre as PECs de nº 228-A, 255, 285 e 293, todas de 2004.

A única ação legislativa sobre a matéria desde o ano de 2004, foi a apresentação de um requerimento para que a PEC 255 fosse apreciada diretamente no plenário, que infelizmente foi indeferido pela Mesa da Câmara dos Deputados.

Infelizmente o empenho e a vontade política demonstrada pelo Governo Federal e pela sua base de sustentação no Congresso para manutenção da DRU e da CPMF não foram verificados na tramitação dos demais pontos estabelecidos no acordo.

Temas como a unificação do ICMS, que deveria se converter no Imposto sobre o Valor Agregado - IVA em 2007, o aumento do FPM e Fundo de Desenvolvimento Regional, assuntos de suma importância para Estados, Municípios e, principalmente, para economia nacional, foram negligenciados pela Câmara dos Deputados.

Agora, novamente, o Presidente reeleito anuncia sua disposição em concluir a Reforma Tributária. Resta saber se existirá vontade política do Governo Federal para a retomada de todos os temas ou, mais uma vez, serão apenas estendidas as vigências da DRU e da CPMF que se encerram no final de 2007.

A verdadeira Reforma Tributária que o país precisa não pode ser tímida como a anterior, sob pena de condenarmos a economia brasileira a manter os níveis pífios de crescimento. Não há dúvidas de que a redução das taxas de juros e o combate dos excessivos gastos correntes, juntamente a outros fatores, são importantes para que o país saia da estagnação econômica em que se encontra.

No entanto, a racionalização dos impostos e a redução da carga tributária, conseqüências esperadas de uma Reforma séria, são imprescindíveis para que o país atinja o nível de crescimento satisfatório.

Outro aspecto, fundamental da Reforma Tributária para o aperfeiçoamento da democracia brasileira é a revisão do pacto federativo, sobretudo na distribuição do bolo tributário. Não é mais aceitável que Estados e Municípios sejam tão dependentes do Governo Federal. É importante rever a evolução das receitas compartilhadas em comparação com as não-compartilhadas. É inconcebível que as receitas devidas a todos os entes da federação tenham sua representação reduzida na arrecadação total administrada pela Secretaria de Receita Federal de mais de 76% para menos de 45% nos dias atuais.

Dentre os principais pontos aprovados na Reforma do Senado e enviados à Câmara dos Deputados, mereceu muita atenção desta Casa a questão do Desenvolvimento Regional em conjunto com o fim da famigerada Guerra Fiscal entre os Estados.

Foram proibidas as concessões de novos incentivos fiscais e estabelecido no texto constitucional um mecanismo de incentivo ao desenvolvimento das regiões menos desenvolvidas, especialmente do Norte e do Nordeste do Brasil.

Sr Presidente, Sras e Srs Senadores, o texto aprovado no Senado e enviado à Câmara dos Deputados contemplava, efetivamente, grande parte das necessidades de aperfeiçoamento do sistema de tributação nacional, mas, por falta de empenho, o que na verdade configurou mais uma quebra de acordo do atual governo, não foi levada a diante.

Mais uma vez o país presencia a vontade do presidente Lula em se encontrar com todos os governadores eleitos para tratar, entre outras coisas, desse tema. Ou seja, a encenação se repete.

Eu apenas espero que os resultados do novo encontro, no próximo mandato, não se restrinja a apenas mais uma foto como ocorreu no início do atual governo.

Era o que eu tinha a dizer!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2006 - Página 36428