Discurso durante a 198ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa de esforços para melhoria da educação no País e aumento de investimentos nas áreas de infra-estrutura a partir do segundo mandato do presidente Lula.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA SOCIAL. PROGRAMA DE GOVERNO.:
  • Defesa de esforços para melhoria da educação no País e aumento de investimentos nas áreas de infra-estrutura a partir do segundo mandato do presidente Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2006 - Página 36980
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA SOCIAL. PROGRAMA DE GOVERNO.
Indexação
  • ANALISE, PROCESSO ELEITORAL, ELOGIO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MANIFESTAÇÃO, APOIO, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, INCLUSÃO, ESTUDANTE, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ENSINO MEDIO, RESPEITO, QUALIDADE, ENSINO, ESCOLA PUBLICA, MELHORIA, SITUAÇÃO SOCIAL, BRASIL.
  • NECESSIDADE, ELABORAÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, INFRAESTRUTURA, ENERGIA ELETRICA, SANEAMENTO BASICO, POLITICA DE TRANSPORTES, ABASTECIMENTO DE AGUA, EFICACIA, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Deus nos dá oportunidades, missões e dons. Cabe ao homem saber utilizar essas graças divinas. No momento em que se aproxima o fim deste meu mandato nesta Casa Parlamentar, tenho inúmeros agradecimentos a fazer. Dois, no entanto, parecem-me os principais.

Primeiro, o meu muito obrigado àqueles muitos e muitos paraibanos que acreditaram que eu pudesse fazer um belo papel no Senado da República. Tenho certeza de que não os decepcionei.

O segundo é o agradecimento a Deus que, em sua infindável sabedoria, confiou a mim a missão de ser a voz do povo na mais alta Casa do Parlamento de meu País.

Assim é Deus: mesmo que nem sempre consigamos compreender completamente os Seus desígnios, Ele sempre sabe o que faz.

Feitos os agradecimentos, cabe dizer que tive a felicidade de estar presente em um dos momentos mais marcantes de nossa história política. Nunca antes um trabalhador, um operário, galgara o mais alto posto da República.

Participei deste evento não apenas como mera testemunha ocular dos fatos, mas como um dos muitos brasileiros que depositaram as suas esperanças no Presidente Lula em 2002, e que fizeram novamente no último dia 29 de outubro.

Dessa segunda vez, mais do que depositar as esperanças, deu-se a confirmação de que, para o povo, o homem estava trabalhando do jeito certo e que, apesar das matérias da mídia - nem sempre verdadeiras - e das Oposições, que bateram forte durante toda a campanha, o povo, de forma espetacular, repetiu a escolha que havia feito em 2002 - repetindo: uma votação incrível!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não foi uma vitória apertada, mas uma vitória maiúscula! Os quase 60 milhões de votos concedidos ao Presidente Lula foram uma espantosa forma de os brasileiros de todas as regiões dizerem: “Presidente, continue a fazer o seu trabalho e a nos ajudar; hoje, estamos melhores do que estávamos há quatro anos”.

Além desse fabuloso capital político oriundo do voto dos brasileiros, o Presidente Lula se vê diante do fato de que contará, no início do segundo mandato, com o auxílio de pelo menos dois terços dos governadores e com o apoio de bancadas expressivas em ambas as Casas do Parlamento.

Isso não é pouco. Na verdade representa um ponto de partida muito mais sólido do que aquele com que contou no primeiro mandato, em 2002.

Com o respaldo da sociedade e do Congresso Nacional, bem como com o clima de tranqüilidade entre os mais pobres, trazidos pelos programas sociais, parece-me que o Brasil está prestes a entrar em um novo e pujante ciclo de desenvolvimento econômico - oxalá isso aconteça mesmo!

Se, no período que vai de 2002 a 2006, o Presidente se viu às voltas com a tarefa de deixar a casa arrumada, agora é o momento para tocar adiante outras iniciativas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a experiência e o conhecimento que adquiri ao longo das últimas décadas me levaram a concluir que existem apenas dois meios seguros e certos para transformar o País - ou qualquer país: a educação e a infra-estrutura.

É claro que esse diagnóstico não é exclusivamente meu. Para nossa felicidade, ele é compartilhado por muitos, inclusive pelo Presidente Lula e por seus assessores mais diretos. O que me parece central e decisivo é transformar esse diagnóstico em um programa de governo ou, melhor ainda, fazê-lo programa de Estado, ou seja, não apenas para o atual Presidente, mas para as próximas administrações.

Em relação à educação, há inúmeros desafios a serem enfrentados. Diante da exigüidade de tempo, gostaria de focalizar apenas dois.

O primeiro é incluir todas as crianças até 14 anos no ensino fundamental. Além disso, temos de aumentar o número de estudantes que cursam o ensino médio. Parece-me inadmissível existir uma só criança fora da escola. Enquanto todos os brasileirinhos não estiverem na escola, estamos nos condenando ao atraso e ao subdesenvolvimento.

O segundo desafio diz respeito à qualidade. As novas abordagens na pedagogia, a despeito dos seus métodos, tornaram-se um mal. Cada novo ministro ou secretário de educação acha que pode reinventar a roda. O resultado é conhecido por todos. É muita mudança, é uma mudança atrás da outra! A situação se parece com a de um departamento de design de uma grande empresa: o desenhista acabou de criar o desenho de uma cadeira, e a cadeira já está obsoleta. Já se deve partir para um novo modelo. E isso tem ocorrido com uma freqüência enorme.

As escolas públicas brasileiras tornaram-se depósitos de crianças analfabetas, incapazes de escrever, ler ou resolver operações matemáticas simples de forma razoável. O Governo tem feito um esforço, mas esse esforço tem de ser maior. Por meio da educação, conseguiremos transformar este País, como o fizeram os Estados Unidos, a Coréia, o Japão e inúmeros outros países.

Os professores, por sua vez, sentem-se desestimulados diante de salas lotadas, com alunos pouco interessados.

É hora de reafirmar o princípio de que a disciplina é boa, e a cobrança de resultados é algo positivo. Caso contrário, estaremos assinando a certidão de óbito da educação brasileira.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o outro meio para inserir o País no caminho do progresso é o investimento maciço em infra-estrutura, sobretudo em transportes, energia elétrica, saneamento básico e abastecimento de água. É verdade que cada um desses itens é merecedor de um discurso próprio, por sua complexidade e importância. Novamente, devido às limitações de tempo, quero apenas reafirmar que essas quatro áreas são o cerne de um projeto de desenvolvimento nacional - ou seja, transporte, energia elétrica, saneamento básico e abastecimento de água. No meu Estado, ainda há muitas cidades onde não existe saneamento como deveria existir nem tampouco abastecimento de água - em 48 cidades ainda não há abastecimento de água de forma condizente.

Juscelino Kubitschek, há mais de meio século, tratou de priorizá-las em seu famoso plano de metas. As conseqüências disso todos conhecem: as realizações de JK garantiram um período de 25 anos de desenvolvimento sólido e consistente.

Para criar riqueza para todos os brasileiros, é preciso tornar essas áreas objeto dos nossos programas de governo. Creio que, para tanto, devemos deixar de lado os velhos e desgastados preconceitos e aceitar a ajuda da iniciativa privada, quando isso for possível e necessário para o País.

Presidente Lula, é uma honra para mim e para muitos milhões de brasileiros tê-lo como o mais alto dignitário da Nação. Lutamos, votamos, trabalhamos por V. Exª. Nós, brasileiros de todos os cantos deste maravilhoso País, estamos prontos para ajudá-lo naquilo que for necessário. Tenho certeza, Sr. Presidente, de que nenhum brasileiro fugirá à luta conclamada por V. Exª!

Eu, como os demais compatriotas, estou pronto para o combate pelo desenvolvimento e pelo progresso. Mesmo que, em breve, eu não esteja mais exercendo mandato parlamentar, estarei, enquanto Deus me der vida e saúde, à disposição do nosso País e lutando, em outros fóruns que não o Parlamento, pelo engrandecimento do Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2006 - Página 36980