Pronunciamento de Mozarildo Cavalcanti em 05/12/2006
Discurso durante a 199ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem pela passagem do "Dia do Maçom".
- Autor
- Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
- Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.
SOBERANIA NACIONAL.:
- Homenagem pela passagem do "Dia do Maçom".
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/12/2006 - Página 37064
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. SOBERANIA NACIONAL.
- Indexação
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- HOMENAGEM, DIA, MAÇONARIA, BRASIL, IMPORTANCIA, ORGANIZAÇÃO, HISTORIA, PAIS, REGISTRO, INICIATIVA, ORADOR, COMEMORAÇÃO, DATA, SENADO.
- ANALISE, HISTORIA, ORIGEM, TERMO, MAÇONARIA, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, VALORIZAÇÃO, ATIVIDADE, HOMEM, IDEOLOGIA, IGUALDADE, LIBERDADE, OBJETIVO, MELHORIA, SOCIEDADE.
- REGISTRO, PUBLICAÇÃO, MAÇONARIA, MANIFESTO, CRITICA, ANTECIPAÇÃO, JULGAMENTO, CONGRESSISTA, VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, DEBATE, NECESSIDADE, DEFESA, SOBERANIA NACIONAL, REGIÃO AMAZONICA.
O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, usualmente, trato de temas relacionados à Maçonaria em sessões realizadas em 20 de agosto. Nessa data, o Dia do Maçom, tenho prestado mais do que justas homenagens à Maçonaria brasileira. Não as faço em busca de promoção pessoal, até porque a maioria dos maçons, por uma razão ou por outra, não gosta de dizer que é maçom. Promovo essas reuniões porque tenho conhecimento do papel relevante dessa instituição ao longo da História brasileira e mundial. No caso do nosso País, a Maçonaria teve, por exemplo, papel destacado na Independência e nas lutas pelo fim da escravidão, entre outras.
Só para ilustrar, Sr. Presidente, a primeira vez que, a requerimento meu, com o apoio de outros Srs. Senadores, o Senado prestou homenagem à Maçonaria brasileira foi em 2001, exatamente no dia 20 de agosto de 2001. Naquela ocasião, usaram da palavra, além de mim, como autor, outros oradores, inclusive maçons, não Parlamentares, como José Coelho, Laelson Rodrigues, Kalil Chater, Gim Argello. Presidia a sessão o Senador Edison Lobão, que, em nome da Mesa, se associou às homenagens prestadas.
De 2001 para cá, durante cinco anos seguidos, o Senado prestou essa homenagem. Neste ano, em face das eleições gerais no Brasil, nós não promovemos essa sessão dia 20 de agosto. Por isso quero fazer esse registro hoje e dizer que no ano que vem esperamos fazer uma sessão mais bonita do que todas que já foram realizadas aqui, com a presença, como tem sido, de maçons de todo o Brasil, do Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, do Exmº Grão Mestre das Grandes Lojas do Brasil, da Comab - Confederação da Maçonaria Brasileira, assim mostrando ao Brasil que a maçonaria está viva e atuante, fiel aos mesmos princípios que a levaram a lutar pela Independência do Brasil, pela libertação dos escravos, pela Proclamação da República, entre tantos outros movimentos cívicos dos quais participou de maneira ativa.
Hoje, porém, o meu discurso, tem objetivos que transcendem a homenagem. Na verdade, busco uma oportunidade para refletir sobre o significado da Maçonaria, bem como descobrir o que pode se feito para que ela possa desempenhar um papel mais ativo em uma sociedade cuja natureza se modifica em velocidade frenética e, muitas vezes, de maneira aparentemente obscura.
Em outras palavras, como manter a ligação com os mais profundos e tradicionais valores defendidos pela causa maçônica sem perder o contato com o mundo que a cerca?
Nobres colegas, primeiramente, algumas breves palavras sobre a história da Ordem Maçônica.
A Maçonaria inicia a sua fase moderna em 24 de junho de 1717, dia da festa de São João Batista, quando se reúnem os responsáveis por quatro Lojas Maçônicas de Londres. Ao final dos trabalhos acabam por constituir a Loja-Mãe, que seria o ponto de referência para as futuras associações da Ordem. Nesse momento, foram fixados os pontos comuns estatutários e ritualísticos.
Loja, evidentemente, não tinha o mesmo significado que detém hoje. O termo, oriundo do inglês lodge e do francês loges, indicava os locais, nos canteiros de obras das grandes catedrais, onde os operários se reuniam.
Quanto à palavra maçom, há muitas explicações sobre o surgimento da palavra. O sentido de Franc-mason era, literalmente, o de pedreiro livre.
Em suma, a moderna Maçonaria surge quando a sociedade medieval se encontra em seus estertores. Em seu lugar surge uma nova organização social que valoriza não mais os estamentos, a rigidez social ou a subordinação de homens a outros homens. O valor de um homem passa a ser medido não mais pela sua posição social ou por seu nascimento. O valor de um homem passa a ser mensurado pelo que ele é e faz.
A Maçonaria segue o caminho das Grandes Revoluções Liberais ao defender, também, três princípios fundamentais: liberdade, igualdade e fraternidade.
Liberdade porque o homem só é capaz de realizar todo o seu potencial quando não está agrilhoado.
Igualdade porque reconhece que todos os homens nascem iguais. E, desse ponto de partida, podem, por meio de seus méritos, talentos, sabedoria, virtudes e trabalho, transformar em realidade todas as suas potencialidades.
Fraternidade porque a Ordem acredita que o único meio para aproximar homens dos mais diferentes credos, raças, religiões depende de um único pilar: o respeito mútuo.
Certamente, nenhum desses princípios se tornou obsoleto. Pelo contrário, estão mais modernos do que nunca. Aqueles londrinos do início do século XVIII enfrentaram o desafio de sobreviver e de prosperar na transição de uma ordem social que desmoronava, enquanto outra era criada.
Hoje, enfrentamos momento parecido. Vivemos em um mundo que enfrenta profundas transformações. Mais que isso. As nossas convicções e certezas são diariamente postas à prova.
Não são apenas as tentações trazidas pelo mundo moderno, pelo constante questionamento dos valores morais e éticos. São, também, as tentações trazidas pela busca das falsas saídas, como o descrédito em Deus ou, pior, a crença em um Ser Superior sem apreço pela vida e pelo caminho do Bem.
O que fazer? Como um maçom deve se comportar em uma situação como essa, em que tudo ao nosso redor parece estar em constante estado de desmoronamento?
Ser moderno, para a Maçonaria, significa reforçar os laços com os valores mais sólidos de nossa profissão de fé.
Ser moderno, para nós, não significa abandonar as nossas crenças ou trocá-las por outras falsas. Não!
Ser moderno, para o maçom, é aceitar as nossas tradições. É olhar para o passado e aprender com aqueles que igualmente se viram diante de situações tormentosas. A história da Maçonaria não é feita apenas de grandes realizações, mas é, sobretudo, a superação de crises, o enfrentamento de preconceitos e a desconfiança de muitos não-maçons.
Posto isso, a primeira lição é mais importante: saber quem somos nós, maçons. E somos nós maçons um grupo de pessoas que busca o aperfeiçoamento individual, a fraternidade dedicada ao aprendizado e ao culto da arte de viver e à construção do caráter.
Temos como princípios o amor fraternal, a assistência ao próximo e a lealdade. Em nosso aprendizado dentro da Sociedade Maçônica, são enfatizadas as virtudes essenciais em qualquer tempo e lugar: temperança, fortaleza, prudência, justiça, fé, esperança, caridade e tolerância para com os demais homens.
Em suma, a Maçonaria não é uma forma de obter ou manter qualquer outro tipo de vantagem pessoal.
Além disso, a Maçonaria sabe que o Homem, criado pelo grande Arquiteto do Universo, tem um estupendo potencial para a realização do Bem. A Maçonaria, evidentemente, não se arvora como o único meio de as pessoas se aperfeiçoarem, mas tem sido, ao longo dos séculos, um farol seguro a guiar a humanidade em momentos difíceis.
Modernizar a Maçonaria significa, mais do que nunca, mantê-la fiel aos seus princípios e aos seus fundamentos éticos e morais.
Nesses tempos tortuosos que atravessamos, mais do que nunca nos cabe uma tarefa: sem deixar de cumprir os deveres junto à Loja Maçônica, é preciso aproximarmo-nos mais da sociedade. E o caminho do Bem é mostrado pelo exemplo.
Concluindo, é por meio de nossas palavras e ações públicas que podemos ajudar a construir uma sociedade mais justa e mais igualitária. Só assim seremos capazes de levar adiante a obra do grande Arquiteto do Universo, que é Deus.
Quero também, Sr. Presidente, registrar hoje aqui que, em dois momentos recentes, a Maçonaria publicou Manifesto à Nação, manifestando sua posição em relação às situações que a Nação atravessava.
Primeiro, nos recentes escândalos - mensalões, sanguessugas etc - a Maçonaria publicou um manifesto muito claro, pedindo, não que fizessem prejulgamentos, mas que aprofundassem, até as últimas conseqüências, as investigações para que realmente o Brasil como nação não sofresse as seqüelas de um problema como esse.
Neste fim de semana, maçons de todo o Brasil, do Grande Oriente do Brasil, reuniram-se aqui em Brasília para discutir a Amazônia. Discutiram a Amazônia num sentido amplo, sob um olhar que muita gente teima em não ver: sob o olhar da cobiça internacional, da busca que têm as grandes potências internacionais de manter a Amazônia como uma reserva estratégica para o futuro deles - os donos do mundo de ontem, de hoje e de sempre, como querem ser.
Por isso, quero aqui deixar essa homenagem à Maçonaria, já que não pude fazê-la no dia do maçom, dia 20 de agosto, e conclamar todos os maçons do Brasil para que possamos nos unir e não deixar que essa desesperança, esse desânimo com a democracia, por vermos tantos homens públicos envolvidos em escândalos, nos leve a acreditar que o melhor caminho seja calar. Não podemos nos calar e devemos sim lutar para realmente passar a limpo este País.
Muito obrigado.