Pronunciamento de Antonio Carlos Magalhães em 05/12/2006
Discurso durante a 199ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Reiteração de palavras proferidas ontem, sobre o jornalista Mino Carta, por sua falta de compostura. Considerações sobre o péssimo estado das rodovias brasileiras e sucateamento das ferrovias e portos.
- Autor
- Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
- Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
IMPRENSA.:
- Reiteração de palavras proferidas ontem, sobre o jornalista Mino Carta, por sua falta de compostura. Considerações sobre o péssimo estado das rodovias brasileiras e sucateamento das ferrovias e portos.
- Aparteantes
- José Jorge.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/12/2006 - Página 37069
- Assunto
- Outros > IMPRENSA.
- Indexação
-
- REITERAÇÃO, CRITICA, REPUTAÇÃO, JORNALISTA, OFENSA, FAMILIA, ORADOR, PERIODICO, CARTA CAPITAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REPUDIO, DEFESA, SENADOR.
- GRAVIDADE, FALTA, RESPEITO, GOVERNO FEDERAL, CORRUPÇÃO, INCOMPETENCIA, PERDA, RECURSOS, DENUNCIA, CONFEDERAÇÃO, TRANSPORTE, PRECARIEDADE, RODOVIA, FERROVIA, PORTOS, PREVISÃO, PROBLEMA, ABASTECIMENTO, ENERGIA, APREENSÃO, ORADOR, POLITICA SALARIAL, EXERCICIO FINANCEIRO SEGUINTE, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), NECESSIDADE, REDUÇÃO, AJUSTE, SALARIO MINIMO, COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA.
- CRITICA, INCOMPETENCIA, PRESIDENTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), SUGESTÃO, AUMENTO, PREÇO, RACIONAMENTO, GAS NATURAL, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, REITERAÇÃO, ORADOR, DENUNCIA, DESVIO, VERBA, CAMPANHA ELEITORAL.
- COMENTARIO, CRISE, AVIAÇÃO CIVIL, CRITICA, DIVERGENCIA, MINISTERIO DA DEFESA, COMANDO, AERONAUTICA, NEGLIGENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- COBRANÇA, GOVERNO, ESCLARECIMENTOS, IRREGULARIDADE, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES, FAVORECIMENTO, EMPRESA, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero reiterar, hoje, palavras que aqui, ontem, proferi a respeito do jornalista Mino Carta, demonstrando que ele já participou de várias revistas e jornais e sempre foi posto para fora pela sua falta de compostura. Agora mesmo ofende a minha família na CartaCapital, e só poderia ser por provocação que alguém viria à tribuna para defender este jornalista, que não tem o respeito da população.
Portanto, está dada a minha resposta e registrada a minha indignação. Só mesmo jornalistas que moram fora do Brasil, que não conhecem a realidade do Sr. Mino Carta, seriam capazes de fazer isso por ele.
Já o encontrei várias vezes à minha porta, chorando, pedindo apoio. Mas, hoje, ele é subvencionado, ele é comprado pelo Governo da República por meio da Petrobras e da publicidade que ontem demonstrei - R$337 milhões deste Governo que não se respeita!
Ah, Sr. Presidente! O País está à beira do apagão geral. A Oposição já vem mostrando isso há muito tempo. Agora são as entidades empresariais, os especialistas, os economistas que fazem o alerta.
Depois do espetáculo de incompetência, de desperdício e do furto tomarem conta da vergonhosa “operação tapa-buracos”, vem a Confederação Nacional de Transportes e aponta: 75% das rodovias brasileiras permanecem em estado péssimo ou ruim.
As ferrovias e os portos estão sucateados e não conseguem escoar a produção, que nem é lá essas coisas com esse crescimento medíocre da economia e com o setor de agronegócios cada vez mais desassistido - como bem prova o ex-Ministro Roberto Rodrigues e qualquer pessoa que veja como os agronegócios no Brasil são mal dirigidos.
E, em 2007, as coisas vão piorar, Sr. Presidente! Não desejo que piorem, mas vão piorar!
O próprio Ministro da Fazenda, Guido Mantega, pede para baixar de R$375,00 para R$367,00 o salário mínimo, devido à situação caótica da economia brasileira. É claro que ele não vai conseguir que o Congresso derrube esse aumento! Ao contrário, estamos negociando com entidades sindicais no sentido de passar o salário mínimo de R$375,00 para R$400,00 ou R$420,00. Mas o que garanto é que ele não conseguirá que seja R$367,00.
Em 2007, o setor energético vai ter graves prejuízos, Sr. Presidente! As hidrelétricas - todas elas - não saíram do papel. Prevê-se que não haverá gás suficiente para as termoelétricas, que foram adquiridas, com muito custo, para que viessem suprir, nos momentos de dificuldade, a falta de energia no Brasil.
Ao setor elétrico restará rezar - foi assim que pediram - para que chova, para que se possa sair da grave situação em que nos encontramos.
Aliás, a entrevista que o Presidente da Petrobras concedeu a O Estado de S. Paulo - vou mostrá-la - é um exemplo de incompetência que tomou conta do Governo e que preocupa a sociedade. O Sr. Gabrielli enxerga apenas duas alternativas para a crise do gás: ou o aumento dos preços ou o racionamento.
Ora, é inconcebível que alguém que deveria ser responsável por um dos pilares que sustenta o crescimento pense que a demanda crescente de energia se resolva com aumento de preços! O que dirá com racionamento!
O Presidente da Petrobras está tão confuso com sua tese que chega a defender o aumento do preço como uma forma de conter o consumo e, ao mesmo tempo, que as distribuidoras arquem com o aumento sem repassá-lo ao consumidor.
Como ele espera, assim, desestimular o consumo?
O Sr. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª me permite um aparte?
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Com prazer.
O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senador Antonio Carlos, V. Exª aborda um tema muito importante, que é a questão do “apagão do gás”. Já temos um “apagão aéreo” aqui no Brasil, que hoje mesmo complicou novamente - agora mesmo me disseram os jornalistas que o Presidente da CPI está há mais de três horas dentro de um avião sem conseguir chegar a Brasília. A Senadora Heloísa Helena, candidata a Presidente, ficou dezessete horas nessa situação. Imaginem o que não está acontecendo no Brasil. Agora temos esse “apagão do gás”. Realmente, esta é a solução simplória: aumentar o preço. Sr. Senador, agora mesmo estou lendo aqui na mídia que o Ipea projeta reduzir o crescimento do Brasil, este ano, de 3,3 para 2,8%. Os tais 5% de que o Presidente Lula falou na campanha, no ano de 2006, acabarão sendo um crescimento de 2,8%, o que faz com que se consuma menos gás. Imaginem se o País começasse a crescer, de onde viria esse gás? Na realidade, o PT ganhou a eleição, ganhou bem, por sinal, mas tem que começar a governar para evitar crises como estas do “apagão aéreo”, do “apagão do gás” e do “apagão da energia elétrica”, que vai ser muito mais grave do que aquele racionamento que tivemos em 2001. Muito obrigado.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço a V. Exª pelo aparte e também pela constatação do “apagão aéreo” e do “apagão energético”.
Com relação ao “apagão energético”, estamos à beira dele. Quanto ao “apagão aéreo”, ainda agora V. Exª citou o caso da Senadora Heloísa Helena, que levou dezessete horas para se deslocar por avião até sua cidade. Isso é uma falta de respeito para com o povo brasileiro! De certo modo, peço desculpas à Senadora, mas foi bom que acontecesse com ela, uma representante do povo, para vermos como o povo tem sofrido com este Governo. Se não fosse um caso tão comum, eu acharia que teria sido um propósito. Mas não é um propósito. Uma coisa que acontece a todo o momento é o atraso dos aviões. Por isso, temos aí o Ministro da Defesa brigando com a Aeronáutica, a Aeronáutica brigando com o Ministro da Defesa, e o Presidente não sabe de nada!
É sempre assim! Ele não sabe de nada, Senador Wellington!
Ah, Sr. Presidente, não podemos permitir que a maior estatal brasileira, responsável pela gestão e pela produção de energia vital para o País, seja tratada assim, com irresponsabilidade e incompetência, como um braço político do PT, de onde sai o dinheiro para as ONGs e também para as empresas que dão recursos ao PT. Esta é a grande realidade, a triste realidade: é da Petrobras, principalmente, que, no Brasil, sai o dinheiro para derrotar candidatos em vários Estados, até mesmo de partidos da sua base aliada.
Ah, Sr. Presidente, a Petrobras não é uma empresa deste Governo; a Petrobras é uma empresa do Brasil. A Petrobras pertence aos seus acionistas, entre os quais o principal é o Estado brasileiro, e como tal ela deve ser administrada.
A matéria irresponsável vem sendo conduzida pela Petrobras e parece confirmar as piores previsões para 2007.
Aqui está, na edição da Gazeta Mercantil do dia 4 de dezembro, ontem, segunda-feira, em primeira página: “Brasil está à beira do apagão logístico”. Diz a matéria que o “sucateamento do transporte gera perda de R$46 bi ao ano, cinco vezes o Bolsa-Família”. Não se quer dar o abono do Senador Efraim Morais ao Bolsa-Família, mas se gasta muito mais com o “apagão logístico”.
Sai-se da Gazeta Mercantil e vai-se encontrar: o Brasil é um país rodoviário sem estradas transitáveis. Não anda pelo ar, não anda por terra. Assim é o Brasil de hoje: ninguém pode ir e vir. Mas isso vai acabar, não vai durar muito. Está em outra página de O Estado de S. Paulo: “O setor elétrico entra em fase de rezar para chover”. Se não chover, vamos ter “apagão”. São Pedro, ajude o Brasil, já que o Presidente Lula não quer ajudar! Estamos a depender de São Pedro, Sr. Presidente. Esta é a triste realidade que me cabe aqui informar.
Saindo desta página e indo para outra, podemos ler: “Ou se ajusta o preço ou se raciona o gás, e nós não vamos fazer racionamento”. Quem diz isso é o Presidente da Petrobras, Sr. Presidente. Essa ignomínia é dita pelo Presidente da Petrobras, José Sérgio Grabrielli.
Ah, Sr. Presidente, não pára aí.
Vem a Abegás e critica o Presidente da Petrobras e a lógica do reajuste do gás. Ele diz que “a visão de Gabrielli está totalmente equivocada” e combate o aumento do preço do gás, que vai gerar para a pobreza uma grande dificuldade, mas vai gerar para o Brasil inteiro outros problemas ainda maiores.
Ah, Sr. Presidente, é assim que vemos este Governo: num dia todas essas manchetes, e a situação continua a mesma.
Quero também informar que tenho cansado de pedir aos Líderes do Governo que informem a situação do Lulinha na Gamecorp. Como não estou conseguindo a informação, vou entrar em juízo para obtê-la. Se o Governo não deseja dá-la, é meu dever ir a juízo para dizer ao povo brasileiro o que está se passando com a Gamecorp e a Telemar.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Sr. Presidente, atenderei a V. Exª, que tem razão.
O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - V. Exª tem cinco minutos para concluir seu pronunciamento.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço a V. Exª, mas é que este assunto é tão grave, este assunto é tão sério, que eu posso até ultrapassar um pouco do tempo, com a bondade de um Parlamentar do quilate de V. Exª, que merece o respeito de toda esta Casa.
Sr. Presidente, o Governo vai aumentar o preço do gás. O Presidente prometeu que não o faria, na campanha. Seus candidatos também prometeram, mas, infelizmente, o que se promete no Brasil não se cumpre. Só se cumpre aquilo que não respeita a moral, e a moral, no Brasil, caiu na sarjeta, porque o Governo está cada dia piorando a sua atuação, maculando mais a Nação brasileira e criando para nós um futuro negro que não desejamos e, por isso, vamos lutar contra essa situação. E, se unidos estivermos, lutaremos e venceremos, porque o Congresso Nacional vai mostrar a sua força, vai mostrar que tem competência e qualidade para rejeitar as propostas que não são úteis ao Brasil deste Governo da República.
Muito obrigado a V. Exª, Sr. Presidente.