Discurso durante a 199ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Participação de S.Exa. na quarta Sessão da Conferência Interparlamentar de Direitos Humanos e Liberdades Religiosas, realizada em Roma, Itália.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Participação de S.Exa. na quarta Sessão da Conferência Interparlamentar de Direitos Humanos e Liberdades Religiosas, realizada em Roma, Itália.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2006 - Página 37090
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, ORADOR, CONGRESSO NACIONAL, PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA, CONFERENCIA INTERPARLAMENTAR, DIREITOS HUMANOS, LIBERDADE DE CRENÇA, DETALHAMENTO, HISTORIA, INTELECTUAL, EUROPA.
  • ANALISE, SITUAÇÃO SOCIAL, VIOLENCIA, BRASIL, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, GARANTIA, SEGURANÇA PUBLICA, SEGURANÇA, VIDA, DIREITO DE PROPRIEDADE, DIREITO A LIBERDADE.
  • SAUDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo, que preside esta sessão de 5 de dezembro de 2006, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal, por designação do Presidente Renan Calheiros, representei este Congresso em Roma, na Itália, acompanhado pelo Senador Maguito Vilela e pelo Deputado Federal Benedito Dias, do PP do Amapá, na IV Sessão da Conferência Interparlamentar de Direitos Humanos e Liberdade Religiosa.

Senador Augusto Botelho, o congresso foi realizado na Pontifícia Universidade Gregoriana. Creio que levaram em consideração, já que se tratava de direitos humanos e de liberdade religiosa, que a Itália foi o berço da civilização moderna.

Entendo, Senadora Heloísa Helena, que a civilização moderna começou mesmo na Grécia, com os pensadores. Sócrates ensinou ao mundo a humildade. Ele, Senador Augusto Botelho, que era chamado a explicar todos os fenômenos da ciência, da natureza, morreu, dizendo “Sei que nada sei”: 

A humildade une os homens, enquanto o orgulho os divide. Então, se seguiram Platão, Aristóteles e todos os outros e, na própria Medicina, da qual fazemos parte, Senador Mozarildo Cavalcanti, Hipócrates. O mundo, parado, saiu da época medieval, Senador Garibaldi, e entrou no Renascimento, com aqueles que acreditaram no estudo, no trabalho, na ciência. A Florença foi o berço desses homens que mudaram o mundo, desses artistas.

Leonardo da Vinci, simbolizando toda a grandeza, liderou o processo junto com Maquiavel, que escreveu o primeiro compêndio político, O Príncipe. Dante Alighieri, que foi o primeiro a escrever em italiano - antes se escrevia em latim - é o autor de A Divina Comédia. Sem dúvida nenhuma, eles foram os responsáveis pela grande globalização, ao construírem a bússola, a imprensa, ao descobrirem a pólvora. E o mundo mudou.

E hoje, nesse estranho mundo, que saiu do politeísmo para o monoteísmo, em nome de Deus, se mata. Aí é o grande erro, a grande preocupação, a grande convocação dos legisladores para que jamais haja guerra em nome de Deus, em nome de religião. Deve-se respeitar a todos. Cada um tem seu caminho para Deus, que significa a paz.

Queremos dizer que estivemos presentes.

A Itália dá o grande ensinamento, Senador Augusto Botelho, justamente a Itália, quando todos sabemos que o mundo político começou a pensar com o livro O Príncipe, de Maquiavel. E Maquiavel, Senadora Heloísa Helena, foi condenado pela igreja simplesmente porque era um homem fiel a quem servia. E, Senador Mozarildo Cavalcanti, ele servia aos governos, a Lourenço, aos Médici de Florença. Toda a sua vida toda foi servindo ao governo. Era secretário dos governantes. E Maquiavel teve a sabedoria de fortalecer os governos, separando-os da igreja, dos papas que dominavam a Itália. Daí ele ser levado pela igreja, ser condenado ao índex.

Senador Garibaldi Alves Filho, Senador Marco Maciel - um representante de Deus na nossa política - quero lhes dizer que o reconhecimento hoje é grande de que Maquiavel era um homem bom e que deu os princípios de como chegar ao poder. Ele não fez nada de ruim, apenas descreveu o que viu. Ele está enterrado junto com Galileu Galilei, com Leonardo da Vinci e com Michelangelo em uma igreja em Florença, tal o reconhecimento dessa geração que mudou o mundo.

Na minha observação e na minha preocupação, Senador Mozarildo, o que podemos trazer para cá? A Itália é berço dessa civilização, do Renascimento, a Itália, que é da moda, Senadora Patrícia. Mas também não precisamos ir ao Renascimento, pois nasceu o Brasil em 1500, período em que viveu essa geração que trouxe novos rumos à civilização do mundo.

Mais recentemente, temos Norberto Bobbio. Ele foi um homem de tanta valia, que enfrentou a Segunda Guerra Mundial como professor de Direito, Senador Mozarildo Cavalcanti, enquanto Mussolini associava-se a Hitler, com os japoneses. E Getúlio até simpatizava, nessa época, com o fascismo de Mussolini. Norberto Bobbio, que venceu isso tudo, subsistiu e escreveu os maiores compêndios sobre democracia.

A Itália, que venceu e que participou das duas grandes Guerras Mundiais. E, com essa experiência, Norberto Bobbio é seu fruto. A mesma experiência é traduzida pelo Presidente Sarney, que tem a experiência de cultura. O italiano do Renascimento colocou na constituição dele a existência de senadores vitalícios, senadores, vamos dizer, de grande repercussão intelectual, que são convidados a ganhar uma cadeira sem votação. Norberto Bobbio foi este senador vitalício, reconhecido; morreu recentemente, há um ano.

Professor Mozarildo, que é da ciência médica, um dos temas é a Aids, e o mundo reconhece o avanço da ciência médica aqui, no nosso País, no combate à Aids. Mas Norberto Bobbio é muito atual, Presidente Sarney, ele ilustrou com a sua vivência na Segunda Guerra, a sua experiência e fez nascer a democracia. Mas, Senador Sarney, V. Exª é o Richelieu do Lula hoje. O Lula pode até acertar, eu tenho minhas dúvidas, mas o senhor é o Richelieu dele. E Norberto Bobbio, no seu último livro diz, e ninguém contesta, que o mínimo que se tem que exigir de um governo é a segurança, é a segurança à vida, segurança à liberdade e à propriedade.

Por essa razão, eu não estou neste Governo. Esta é a verdade, Presidente Sarney. V. Exª é um intelectual, revive aqui. Nós não temos nem esse senador vitalício, e V. Exª deveria ter esse direito, mesmo sem disputar eleição, V. Exª seria o nosso Norberto Bobbio.

Grave isso, Presidente, o mínimo que se tem que exigir de um governo - é isso que exijo de Lula, é esse o meu PMDB de vergonha - é o que disse Norberto Bobbio sobre a segurança. Essa cartinha do PMDB, não. Deveria ser incluído nela o que disse Norberto Bobbio. Ô Heloísa Helena, segurança à vida, à liberdade e à propriedade, porque, caso contrário, aqui não vai haver turismo. Deus fez a parte Dele. Não tem região mais bonita do mundo do que o meu Delta, na Parnaíba, e a cidade do Rio de Janeiro. Mas a violência...!

Ô Presidente Sarney, aquele atentado aos portugueses! Havia os delegados portugueses que, pela facilidade da língua, convivíamos, juntos fazíamos as refeições no Congresso. Aqueles que saíram, os portugueses, uns seis, sete, foram trucidados, enterrados vivos. Então, estamos conhecidos no mundo por essa barbárie, porque o que tem de violência neste Brasil!

Ô Heloísa Helena, estudei no Rio de Janeiro, assisti ao carnaval na Rio Branco. Isso não era assim! Vamos nos ajoelhar. Era a cidade maravilhosa que se cantava, era uma paz. Hoje, lamentamos.

Olha, com todo respeito - e respeito todo mundo, principalmente as mulheres -, poderia aconselhar a Dona Marisa: estude Darcy Vargas. Senadora Heloísa Helena, eu convivi com ela, eu vivi durante os estudos no Rio de Janeiro. Olha, bandido não tinha; tinha malandro alegre. Senador Mozarildo, nos anos 60 não havia isso de bala perdida.

Mas a dona Darcy Vargas, Senador Augusto Botelho, tinha a Casa do Pequeno Jornaleiro. Eu vi a Heloísa Helena preocupada com os pequenos aidéticos. Que solidariedade! Que amor nas dificuldades! Mas Darcy Vargas mantinha a Casa do Pequeno Jornaleiro.

Presidente José Sarney, eu era médico residente do Hospital do Servidor do Estado, o Ipase. Nos fins de semana, o hospital, Senador Mozarildo, alugava o campo da Casa do Pequeno Jornaleiro. Era um prédio quase igual ao do nosso tamanho. E nós convivíamos.

Então, Darcy Vargas buscava todos aqueles pequenos que não tinham trabalho, nem dignidade, que perambulavam e os encaminhava para a Casa do Pequeno Jornaleiro. Darcy Vargas!

Não tinha isso. Senador Mozarildo, eles entravam no hospital e nós jogávamos bola com eles para completar o time. E não tinha menino malandro, porque Darcy Vargas os encaminhava para o trabalho.

E, Presidente Sarney, não sou dos mais velhos, não sou da idade do Senador Alberto Silva. Estou contando uma história recente do Rio de Janeiro dos anos 60, Senador Wellington Salgado.

 Darcy Vargas buscava os meninos de rua, Garibaldi. Todos encaminhavam, e nós os respeitávamos, porque estavam com trabalho.

É essa a reflexão que o PMDB faz. É esse PMDB que nasceu do trabalhismo de Getúlio, do nacionalismo, do desenvolvimentismo e do otimismo de Juscelino. É isso que temos a aconselhar.

Que entre o Governo, mas, ô Mestrinho, não vai ter turista aqui, não. Eu andei na Europa, e eles têm muito é medo! Encontrei um espanhol que disse assim: “Ah, Brasil é bom. Carnaval, pam, matou”. É essa a fama!

Então, acrescento na carta do PMDB... Ô Romero Jucá, prendem-me mais ao PMDB os mortos do que os vivos. Estou no PMDB por Ulysses Guimarães; estou no PMDB por Teotônio Vilela, moribundo de câncer, pregando o renascer; estou no PMDB por Tancredo, que se imolou; estou por Juscelino, ali cassado; estou agora por Ramez Tebet! É esse PMDB que manda, por meio desses mortos grandiosos! Estou pelo PMDB culto de Rui Barbosa, que disse que só tem um caminho e uma saída, a lei e a justiça, e que disse que o trabalho vem antes do capital, pois é ele que faz a riqueza e é ele que tem de ser prestigiado e estimulado. É essa a mensagem do meu PMDB histórico!

E essa balela de governabilidade é besteira. Eu fui Prefeitinho, Presidente Lula. Cargo honroso é de Prefeitinho. Nós administramos os nossos pais, os nossos avós, os nossos filhos, Sarney. Eu tinha minoria e estou aqui.

Governabilidade é respeitabilidade que o governante teve e tem! Ele teve a maioria, para o meu voto. Em benefício do País, da Pátria, do povo, não precisará de nenhuma negociata. Quero agradecer ao Presidente desta Casa por nos ter enviado e aos companheiros que brilharam lá, o Senador Maguito Vilela e um Deputado do PP, Dr. Benedito Dias, do Amapá.

A nossa mensagem é de Norberto Bobbio: “O mínimo que temos de exigir de um governo é a segurança à vida, à liberdade e à propriedade”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2006 - Página 37090