Discurso durante a 202ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Discordância de laudo técnico do IBAMA relativo à exploração da atividade petrolífera no Estado do Maranhão.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Discordância de laudo técnico do IBAMA relativo à exploração da atividade petrolífera no Estado do Maranhão.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2006 - Página 38093
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, ELOGIO, ATUAÇÃO, MÃO SANTA, SENADOR, APOIO, CANDIDATURA, ORADOR, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO MARANHÃO (MA).
  • REITERAÇÃO, ANALISE, CRISE, FINANÇAS, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), IMPORTANCIA, ORGÃO PUBLICO, ESFORÇO, CONTINUAÇÃO, PROJETO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, APOIO, AUMENTO, RECURSOS, REDUÇÃO, CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE, NECESSIDADE, REFORÇO, PROTEÇÃO, NATUREZA.
  • CRITICA, OFICIO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ORIENTAÇÃO, LAUDO TECNICO, PROIBIÇÃO, ATIVIDADE EXTRATIVA, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), DEFESA, ORADOR, EQUILIBRIO ECOLOGICO, SIMULTANEIDADE, INTERESSE ECONOMICO, BRASIL, AUTONOMIA, EXTRAÇÃO, GAS, ENCERRAMENTO, DEPENDENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, SERVIDOR, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), CONTRADIÇÃO, INTERPRETAÇÃO, LAUDO TECNICO, COMPARAÇÃO, RENDIMENTO, SETOR, ESCLARECIMENTOS, SUPERIORIDADE, LUCRO, EXPLORAÇÃO, GAS, AUSENCIA, PREJUIZO, TURISMO.

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, devo iniciar minhas palavras seguindo as recomendações do Padre Vieira a todos os cristãos. Disse ele que o primeiro dever deles é o da gratidão. Sob tal inspiração, quero manifestar minha gratidão ao Senador Mão Santa, que, desta tribuna, mencionou, ainda há pouco, o que foi a minha peregrinação pelas distâncias do Maranhão, buscando a eleição para Governador. S. Exª mencionou minha passagem por Parnaíba quando exercia, esse bravo Senador de hoje, a prefeitura daquele Município, um dos mais belos do Nordeste brasileiro. Embora fosse S. Exª prefeito de uma cidade do Piauí, ajudou-me significativamente naquela minha peregrinação em busca de um mandato de Governador do Estado do Maranhão. Ajudou-me como? Exercendo a liderança nos Municípios vizinhos de Parnaíba e já do Estado do Maranhão. Como se sabe, o Maranhão e o Piauí estão unidos pelo rio Parnaíba. De um lado está o Município de Parnaíba e, do outro, o Município de Araioses*.

            Muito obrigado, Senador Mão Santa. Cumpro aqui, portanto, a recomendação do Padre Vieira, que é a do dever da gratidão. 

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há duas semanas fiz aqui um discurso sobre o Ibama. Dizia que, apesar das dificuldades financeiras atravessadas pelo Ibama nacional, o Instituto segue desenvolvendo projetos em prol da preservação ambiental no Maranhão e em outros Estados, citando como exemplo os cursos básicos para monitores ambientais nas unidades de conservação. Na minha avaliação, os crimes contra o meio ambiente no Brasil seriam menores se o Ibama recebesse recursos necessários para seu pleno funcionamento.

            A preservação do meio ambiente merece ser prioridade no Brasil, dizia eu, em virtude das agressões contra a natureza ao redor do mundo. Não fosse o Ibama, os crimes contra o meio ambiente no País seriam ainda em maior número. A missão do Ibama é de relevância internacional nesta época em que o mundo parece acordar para os riscos que ameaçam o planeta Terra.

            Ora, quem se manifesta por essas expressões não pode ser considerado inimigo do Ibama; ao contrário, sou um admirador do papel fundamental exercido por esse instituto. Todavia, Srªs e Srs. Senadores, estou aqui, com esta autoridade, para dizer que o Ibama também não deve exagerar nas suas funções, não deve chegar ao paroxismo, não deve se transformar em um instituto marcado pela obsessão e pelo fanatismo. É preciso pesar os interesses nacionais, os interesses locais, e verificar o que é melhor para o País. Estamos vivendo, neste momento, uma crise de grandes proporções no setor de gás. A Bolívia humilhando o Brasil com as suas decisões no que diz respeito à Petrobras. Tivéssemos nós autonomia na produção de gás e, seguramente, não estaríamos submetidos a essas humilhações.

            Pois bem. Lá no Maranhão, na região de Barreirinhas, muito próxima dos Lençóis Maranhenses, existe a possibilidade de prospecção e de retirada de gás em grande escala, ajudando-nos, portanto, a que sejamos auto-suficientes no fornecimento dessa energia.

            O que faz o Ibama, então? Aqui está dito:

            “O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) encaminhou ofício à Agência Nacional de Petróleo (ANP), com base em laudo técnico, reafirmando recomendação anterior de não autorizar a reativação de três campos terrestres de petróleo e gás localizados na Bacia de Barreirinhas, por entender que a atividade pode gerar forte impacto ambiental no Parque Nacional dos Lençóis.

            Segundo explicou o chefe do Parque, Júlio César de Souza Andrade, a restrição de reativação é total aos campos de Oeste de Canoas e de Espigão, áreas que foram arrematadas em leilão realizado no fim de junho, pelo consórcio Engepet/Perícia e Panergy, respectivamente”.

            E mais adiante:

            “O chefe do Parque Nacional dos Lençóis observou que é necessário se discutir que atividade deve ser explorada na região, se a petrolífera ou o fortalecimento do turismo de base ecológica, que está gerando receita de R$20 milhões ao ano”.

            Srª Presidente, em primeiro lugar, o chefe do Ibama no Estado diz que é perfeitamente possível explorar ali o gás e o petróleo, apenas devendo-se fazer uma opção entre essa exploração e a exploração do turismo, que gera R$20 milhões por ano. Tal rendimento não significa nada para o País, enquanto o gás significa muito. Portanto, eu discordo desse laudo técnico quando afirma que uma coisa ou outra deve ser feita. Há técnicos do Ibama que asseguram que a exploração do gás não tem qualquer implicação na exploração do turismo, não interfere na exploração do turismo. Nós queremos continuar usando os Lençóis Maranhenses, essa beleza magnífica que temos para o turismo, sem prejuízo da exploração do gás.

            Ouço o eminente Senador Mão Santa.

           O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Edison Lobão, V. Exª significa muito para esta Casa, pela experiência, sabedoria e prudência que representa. E traz um assunto muito palpitante, sobretudo para nós, que governamos esses Estados e vemos estigmatizarem o Maranhão e o Piauí pela renda per capita baixa. É hora de fazer uma reflexão. Não sei como vai a carcinicultura em seu Estado, mas, Senadora Lúcia Vânia, o Equador era o maior produtor de camarão, com destaque para a cidade de Manta, perto de Guayaquil, e lá houve uma epidemia, em razão da qual o camarão se tornou anêmico, pálido, e houve uma queda na sua produção. Eu governava o Piauí. Ao observar o mapa, vi que há um paralelo: o Equador está em cima do Maranhão e do Piauí. Portanto, nós temos as mesmas condições climáticas, de salinidade e geológicas. Senador Edison Lobão, eu busquei os técnicos, e, de repente, passou para US$20 milhões a carcinicultura no Piauí. Igualou-se, repentinamente, à maior riqueza para nós na época, que era a cera de carnaúba. Em seguida, caiu para US$3 milhões, por essas dificuldades, essas faltas, essa ignorância mesmo a que V. Exª se refere e para que chama a atenção. Os técnicos, evidentemente, com dificuldades, voltaram para o Equador, porque resolveram a patologia. A patologia se resolve, então, pelos salários. V. Exª conhece o litoral do Piauí. Já teve a felicidade de realizar a maior obra no litoral maranhense, aquela bela avenida que uniu a natureza, que Deus criou, com a engenharia. O litoral do Piauí é pequeno, são 66 quilômetros. E os loucos, os tresloucados, irracionais, estão derrubando 200 casas naquele pequeno litoral, e sabemos que isso fica caro. Mas a ignorância é audaciosa. O mundo começou mesmo foi lá na Grécia quando os filósofos começaram a pensar, a raciocinar. Sófocles disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o homem. Então, nós temos que ter esse conhecimento e colocar o homem como primazia. O homem propiciando trabalho e riqueza que leva à felicidade. V. Exª muitas bandeiras levantou. Outro dia, V. Exª queria - não sei se deu certo - uma zona franca, que eu acho legítimo. Então eu quero ser o cireneu de V. Exª nessa batalha, nessa luta pela riqueza do Piauí e do Maranhão, que é difícil, pois nos estigmatizam como o Estado que tem a menor renda per capita.

            O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Senador Mão Santa, houve neste País um governador que era mencionado como exemplo para o Brasil inteiro, ele era mineiro, chamava-se Milton Campos.

            Certa vez, perguntaram a ele qual o segredo de se governar bem. Ele responde:

            Unindo-se o técnico com o político, porque o técnico tem o saber e o político detém a sabedoria.

            V. Exª foi prefeito e foi governador do Estado e exerceu com brilhantismo seu papel nas duas posições. Foi excelente prefeito e um magnífico governador. V. Exª fez isso, uniu o saber do técnico com a sabedoria do político.

            Não se pode governar bem este País sem a sabedoria do político, que está na gávea do navio olhando 360º. O político consegue ver 360º; o técnico está limitado à sua posição do saber, nada mais.

            Não podemos ter, portanto, a prevalência do pensamento do técnico sobre o pensamento do político, que segue pelos caminhos da sabedoria. É por isso que estou aqui para dizer: reafirmo as minhas palavras anteriores no sentido de que o Ibama exerce um bom papel, mas não pode extrapolar os limites dos seus deveres e invadir os limites da necessidade pelo desconhecimento da realidade brasileira.

            Faço um apelo, portanto, ao Presidente do Ibama para que mande reestudar essa matéria, a fim de que a exploração do gás e do petróleo, no meu Estado, e também no Estado de V. Exª, Senador Mão Santa, o Piauí, não seja prejudicada pela visão canhestra de algum relatório que possa obstruir, obstaculizar esse avanço do meu Estado e do Estado de V. Exª.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2006 - Página 38093