Pronunciamento de Arthur Virgílio em 11/12/2006
Discurso durante a 203ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Repúdio a conduta do segurança presidencial que agrediu o repórter fotográfico do jornal Folha de S.Paulo, durante solenidade na catedral de Brasília.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SEGURANÇA PUBLICA.:
- Repúdio a conduta do segurança presidencial que agrediu o repórter fotográfico do jornal Folha de S.Paulo, durante solenidade na catedral de Brasília.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/12/2006 - Página 38202
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
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- SOLIDARIEDADE, FOTOGRAFO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), VITIMA, AGRESSÃO, SEGURANÇA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PROTESTO, VIOLENCIA, PEDIDO, AFASTAMENTO, SERVIDOR, FUNÇÃO.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, há uma matéria em cima da qual vou me portar de maneira intransigente. Ela se refere às liberdades democráticas, a começar pela liberdade sagrada de imprensa. Então, não vai acontecer nenhum episódio de arbítrio nessa quadra que não encontre a minha voz a denunciá-lo.
Eu acabei de saber, infelizmente, de mais outro fato que desabona a conduta do Governo atual. Sábado retrasado, o repórter fotográfico Lula Marques, da Folha de S.Paulo, estava cumprindo o seu dever ou tentando fazê-lo em uma cerimônia de entrega de brinquedos para crianças carentes, realizada sob os auspícios do Governo Lula em frente à Catedral de Brasília. Na Esplanada, portanto.
Ele, para tirar as suas fotos, ultrapassou uma barreira para se juntar aos demais jornalistas até porque, do ponto de vista funcional, ficaria muito ruim para ele se os outros fotógrafos estivessem fotografando aquilo que ele, pela distância, não poderia atingir. Ele então ultrapassa a barreira e é cercado por meia dúzia ou cinco seguranças do Palácio do Planalto; foi agredido por um deles que lhe aplicou uma chave de braço, deixando-o com uma bursite. Então vimos o cerceamento ao direito de trabalhar do repórter fotográfico, vimos a agressão física que causou nele um prejuízo que vai lhe custar dinheiro, vai indispô-lo para o trabalho. É duro, é duro ter qualquer problema de saúde. Qualquer mal em articulação custa muito a curar, eu sei disso muito bem, qualquer lesão em articulação, em princípio, é grave; se não for grave é delicado.
Sr. Presidente, fala-se em respeito à imprensa, o Presidente promete cada vez mais contatos abertos com a imprensa, mais entrevistas coletivas, mas vimos que na prática existe uma aversão à imprensa por parte dos que o cercam, a começar por esses gorilas; lugar de gorila é no jardim zoológico, lá é que deve se colocar gorila.
Inclusive, se a jaula for grande, dá para procriar e tudo o mais. Mas não podemos ter esses fatos ocorrendo. Hoje acontece com um repórter fotográfico; amanhã, pode acontecer com um Parlamentar, como aliás ocorreu neste Governo no passado, com a agressão à Senadora Heloisa Helena no episódio da tentativa de votação da Reforma da Previdência. Devemos todos colocar as barbas de molho e matar a erva daninha do arbítrio toda vez que ela se manifesta. Se ela se manifestou agora tem de haver a crítica nítida por quem faz oposição, porque tem obrigação constitucional, até legal de fiscalizar o Governo, para que isso não se repita. Portanto, a minha solidariedade ao repórter fotográfico Lula Marques e o meu repúdio à ação do segurança presidencial, que deve ser investigado, deve ser afastado do convívio do Presidente e de sua família porque, sinceramente, não está a laborar em coisa boa para a imagem do Governo. Está, ao contrário, contribuindo para que se crie um clima cada vez maior de desconfiança em relação aos objetivos do Governo, que não podem ser outros a não ser os da submissão à democracia. Numa América do Sul cercada de Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e outros que tais, o Presidente Lula tem a obrigação de se revelar primoroso na defesa da democracia e não fazer essas concessões ou tolerar que auxiliares seus o façam. Fica o registro.
Gostaria muito que a Mesa tomasse as providências de encaminhar este protesto à Secretaria-Geral da Presidência da República para que fique bem observado que não passa pelo Congresso o comportamento violento do Governo diante de cidadãos, diante da imprensa e diante dos direitos que os brasileiros têm às liberdades constitucionais. Muito obrigado.