Discurso durante a 207ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Resposta à matéria intitulada "O Ocaso do Carlismo", de autoria do jornalista Rodrigo Rangel, publicada na revista Istoé desta semana, que classifica de "mentirosa".

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. IMPRENSA. ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Resposta à matéria intitulada "O Ocaso do Carlismo", de autoria do jornalista Rodrigo Rangel, publicada na revista Istoé desta semana, que classifica de "mentirosa".
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Mão Santa, Paulo Octávio.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2006 - Página 38986
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. IMPRENSA. ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, SENADO, CONTENÇÃO, GASTOS PUBLICOS, GOVERNO FEDERAL, REALIZAÇÃO, PROPAGANDA, BENEFICIO, REPUTAÇÃO, GOVERNO.
  • CRITICA, DIRETOR, PERIODICO, VEJA, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DIVULGAÇÃO, NOTICIA FALSA, ACUSAÇÃO, ORADOR, PROTESTO, CANDIDATO ELEITO, GOVERNO, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • DETALHAMENTO, REALIZAÇÃO, OBRAS, PROJETO, MELHORIA, ESTADO DA BAHIA (BA), PROMOÇÃO, RESTAURAÇÃO, MUSEU, TEATRO, REGIÃO, HISTORIA, AMPLIAÇÃO, INDUSTRIA, CACAU, AUTOMOVEL, RODOVIA, SETOR, HOTEL, AEROPORTO, EFICACIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • REGISTRO, APOIO, CANDIDATO ELEITO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DA BAHIA (BA), REALIZAÇÃO, PROJETO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, REGIÃO.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias, Srªs e Srs. Senadores, a cada dia, este Governo infelicita o País, desgraça o povo com a fisionomia de quem quer protegê-lo, avança nos gastos publicitários, que nós vamos conter por meio de projeto de lei. Vou apresentar projeto nesse sentido.

Há duas semanas, duas revistas, cujos proprietários se parecem na desonestidade, veicularam capas a meu respeito e matérias mentirosas em relação à minha pessoa. Ah, Sr. Presidente, o jornalismo do Brasil tem mudado, não apenas pelos jornalistas, mas também pelos proprietários de alguns jornais ou de revistas! Nunca Mino Carta ou Domingo Alzugaray poderiam ser proprietários de revista em qualquer país sério! Talvez, já os tivessem afastado dessa atividade. Mas o Brasil é o Brasil; é o Brasil de Lula e de Alzugaray.

Na semana passada, brindaram Jacques Wagner e Lula e ainda ofenderam a Justiça eleitoral colocando junto de ambos a figura correta do Ministro Marco Aurélio. É natural que o Ministro Marco Aurélio comparecesse - e fosse sóbrio nas suas palavras - à Revista para receber um prêmio. Em outro tempo, talvez, isso não ocorresse; investigando quem é Alzugaray, dificilmente alguém vai receber um prêmio das suas sujas mãos - mãos sujas, sujas do dinheiro público, sujas das empreiteiras.

Agora mesmo, vou dizer a V. Exª: afirmo, com provas, que o Sr. Domingo Alzugaray já quis extorquir dinheiro de ACM - ele estava acompanhado de um ex-Senador da República que é e era seu sócio; representava-o, era suplente, mas representava um Estado do Norte do Brasil. Está dito. Telefonaram para a minha casa. Eu jantava, nesse dia, com o Prefeito Imbassaí, com Roberto D’Ávila e com outro jornalista. Eles não ouviram a conversa, mas ouviram que era o Alzugaray falando o que desejava, ou seja, tomar dinheiro de ACM, como já tentou tomar de outros Senadores e Deputados.

Os empresários brasileiros, alguns deles, parecem-se com o Governo: têm medo e, porque têm medo, dão dinheiro a ladrão. Então, não tenho medo. Posso dizer que a revista pode falar tudo sobre mim, mas não pode dizer que sou ladrão. Não diz mesmo que sou ladrão. Eu posso dizer: Alzugaray é ladrão.

É isto que me conforta: usam tantas páginas, mas, no fim, se V. Exª ler a reportagem, vai ver até que é mais elogiosa do que de ataques, embora quisesse atacar e tivesse mandado para cá o jornalista Hugo Studart na quinta-feira. Ele passou o dia no meu gabinete, e eu disse que não o atenderia, porque ele pertencia a uma revista desonesta. Hugo Studart - coitado - quer melhorar, mas satanás não deixa, está incorporado a ele. Sua figura se confunde com a do demônio. Então, por mais que ele queira melhorar, ele sempre piora.

E é isso que acontece hoje no Brasil, não com todos os jornalistas, pois a grande maioria é de gente séria. É gente até que não gosta desse tipo de Alzugaray e de Mino Carta, é gente que está sempre aqui trabalhando, buscando a notícia, cumprindo com seus deveres. E esse próprio que veio aqui para procurar notícias fazia tudo para me agradar, mas eu já o conhecia, já sabia dos seus hábitos. Então, não aceitei falar com ele. Ele quis até entrar em plenário, e eu não o permiti, porque o lugar dele não é aqui.

Desse modo, fazem uma reportagem, e a reportagem é cheia de mentiras. Apenas uma eu quero rebater de logo: é quando ele diz que eu chamei o Sr. Jacques Wagner de imbecil. Isso não é verdade. No passado, até poderia tê-lo chamado assim, mas, no momento em que ele é eleito Governador da minha terra, eu não faria isso, em respeito à autoridade do Governador da Bahia.

Ainda hoje, num programa de televisão, quando me perguntaram sobre Jacques Wagner, sobre qual seria minha posição, eu disse: “Normal. Pode ser de confronto e pode ser de colaboração. Dependerá de sua atuação na Bahia. Se ele for bom Governador - o que não acredito -, ele terá meu apoio”. Mas, com o secretariado que ele formou, dificilmente poderá fazer um bom governo. É claro que há uma ou duas exceções. Entretanto, no seu conjunto, é um PT nacional levado para o Estado.

O PT nacional é Lula. Apenas acredito, a bem da verdade, que ambos não são muito preparados. Mas Lula é mais inteligente, é mais malandro, já tem mais cancha, engana com mais facilidade, protege os ladrões de maneira mais sóbria. Ele não aparece nunca, não sabe de nada e é absolvido por uma Justiça muitas vezes conivente, como no caso do nosso Okamotto, que não abre seu sigilo bancário. Espero que, na Bahia, o Sr. Jacques Wagner não faça isso. Aliás, acredito que ele não o fará. Mas, aqui, com essa escola de Lula, tudo, tudo pode ser possível, Sr. Presidente.

Eu queria dizer que, infelizmente, devido ao tempo, não vai dar para falar tudo, mas ninguém chega a uma posição de domínio político. Aqui, estão os homenageados dele. Uns vão lá por medo, até pertencem a esta Casa; outros vão para buscar publicidade. Nenhum vai, porém, de consciência tranqüila.

Quero dizer que as coisas não acontecem em vão. Eu vinha no avião e, aos poucos, fui vendo por que ACM e o carlismo são, a cada dia, mais fortes na Bahia. Ainda hoje, são mais fortes. E vão ressurgir. Aí comecei a anotar. A Bahia é, hoje, o Estado que mais progride em turismo. Até Lula diz isso. Não é elogio, porque Lula diz muita inverdade. Mas o Mares Guia também diz que a Bahia é o Estado que melhor faz turismo no Brasil. Quem fez isso? Quem começou isso? ACM.

A Bahia tem seu Centro Histórico com 500 casas restauradas. Poucos projetos no mundo têm a repercussão do Pelourinho. Isso é trabalho de ACM, sem recurso estrangeiro; é dinheiro baiano, glória da Bahia.

ACM pegou o teatro Castro Alves totalmente acabado, fez uma restauração, e, hoje, poucos teatros no Brasil podem comparar-se ao Castro Alves. É trabalho de ACM.

Museus foram reconquistados, restaurados. Hoje, não fora isso, eu estaria lá participando dos 25 anos do Museu Abelardo Rodrigues. A memória do povo é relativamente curta; o povo não se lembra de que esse era o museu de Pernambuco. Eu disse ao Governador de Pernambuco para comprar o museu de Abelardo Rodrigues, que foi o colecionador. Ele era evangélico e disse que não gostava das imagens. Eu o comprei para a Bahia. Hoje, faz 25 anos. Houve uma guerra no Supremo, a chamada “guerra santa”, e a Bahia ganhou por seis a cinco. É trabalho de ACM, assim como outros museus, como o do Estado. Também há a colaboração que dou ao Museu Costa Pinto; hoje, estão sendo inauguradas novas obras de arte nesse Museu.

E as indústrias? A Bahia era um Estado monocultor quando ACM chegou pela primeira vez ao Governo. Só o cacau rendia 64% da receita do Estado e, hoje, rende 2% ou 1%, porque industrializamos o Estado. Quem para lá levou o pólo petroquímico? Fui eu, lutando contra São Paulo, lutando contra Capuava. Levei-o para lá, onde, hoje, existe um grande pólo petroquímico, que é exemplo no mundo inteiro.

E a Ford? A Ford estava no Rio Grande do Sul, e o Sr. Olívio Dutra não quis cumprir os compromissos de seu antecessor, Antônio Britto. ACM foi em cima de Fernando Henrique. Era o dia 2 de julho, dia da Independência da Bahia. Disse ao Presidente: “Presidente, se não vier para a Bahia, nós - eu estarei à frente - vamos romper com o seu Governo”. Ele disse que não podia, mostrou alguns embaraços, mas me pediu tempo. Foi até interessante: ele me pediu que ficasse calado por 15 dias. Fui para Porto Seguro, fiquei calado por 15 dias e levei a Ford para a Bahia. E, com a Ford, por seu intermédio, houve mais 18 indústrias. Olívio Dutra perdeu a eleição, e vencemos. Vencemos e demos ao Brasil uma demonstração de que a fábrica Ford, hoje, no mundo inteiro, só tem lucros razoáveis por causa da produção da Bahia. Sr. Presidente, em cada 80 segundos, sai um automóvel. É trabalho de ACM, continuado brilhantemente por Paulo Souto, que levou indústrias para o interior baiano do maior valor, como a Azaléia, do Rio Grande do Sul também, bem como indústrias de móveis.

O complexo hoteleiro da Bahia é o maior do Brasil hoje. Por quê? Porque ACM abriu a Linha Verde, a melhor estrada do País, que liga Sergipe e aquele litoral que tem os melhores hotéis do Brasil. É só ir lá para ver. Não é só a Costa do Sauípe, não! Há o Iberostar, o hotel dos portugueses, com chalés, em Guarajuba, e, na Praia do Forte, são centenas de hotéis. Se V. Exª soubesse que, em Porto Seguro, tem 482 pousadas, V. Exª veria que as coisas mudaram, porque se fizeram estradas para Porto Seguro, porque fizemos aeroporto em Porto Seguro, para onde vão vôos charters do mundo inteiro. Isso tudo foi feito.

Foram feitas estradas, como a do Feijão, a de Ilhéus-Canavieiras, a de Nazaré-Valença e a de todo o Baixo Sul. Por aí, V. Exª encontrará hotéis magníficos. V. Exª, em determinado momento, vai precisar repousar. Repouse em Morro de São Paulo, em Porto Seguro, em Itacaré, que V. Exª terá todo o conforto que merece, como todos os brasileiros estão tendo.

Em Porto de Aratu, são três portos a um só tempo: de sólidos, de granéis e de líquidos. Isso se dá em Porto de Aratu!

O Aeroporto Internacional de Salvador, feito com recursos do Estado; hospitais, escolas, a revolução urbana do aproveitamento dos vales da cidade de Salvador. Essa V. Exª conhece.

De maneira que é uma coisa que marca. Que culpa tenho eu de Deus ter-me permitido fazer tudo isso pela minha Bahia? O centro administrativo. Apontem melhor centro administrativo do que o da Bahia. Estou desafiando! Viadutos e obras de arte - só de uma vez, 18; os Alagados, aquelas palafitas, onde se morava praticamente em um mar de lama, tudo isso foi recuperado, e hoje pode-se ir ao Alagados. A outra parte que faltava o Governador Paulo Souto acaba de fazer.

Habitação, os conjuntos habitacionais que se multiplicaram; o Parque do Abaeté; o início do dique; a retirada das invasões, das favelas, transformando-as em jardins e parques excelentes na cidade de Salvador, tanto em Ondina como no Abaeté.

Ah, Sr. Presidente...

O desenvolvimento do oeste. Hoje, o oeste baiano possui as melhores terras do Brasil, que nunca haviam sido exploradas. E foram exploradas porque eu fui para lá, montei o Governo lá, e mostrei ao Brasil o que é o oeste baiano. Isso não acontece de graça; é trabalho.

O Sr. Paulo Octávio (PFL - DF) - V. Exª me permite um aparte, Senador Antonio Carlos Magalhães?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Pois não, Excelência.

O Sr. Paulo Octávio (PFL - DF) - Senador Antonio Carlos Magalhães, gostaria apenas de registrar em seu pronunciamento que vejo o carinho e o amor que V. Exª tem pelo povo da Bahia, Estado que lhe deve tanto. São tantas e tantas obras, tantos e tantos trabalhos realizados por aquele Estado, que V. Exª é um parâmetro para nós Senadores, pela dedicação exclusiva, muitas vezes, ao povo baiano. V. Exª é um símbolo do Brasil. Eu o vejo neste momento, quando V. Exª se sente atacado pela imprensa, com essa firmeza constante, com esse destemor. Só é atacado quem realmente tem prestígio. E V. Exª o tem. V. Exª é uma referência nesta Casa e na história política brasileira. Fica aqui o meu abraço, desejando muita força. Continue seu trabalho exemplar. V. Exª é um guerreiro. Continue guerreando pelo Brasil, por suas crenças, pelo nosso Partido, o Partido da Frente Liberal, e pela Bahia, principalmente. Tenho certeza de que teremos, ainda, muitos e bons combates pelo povo baiano e pelo Brasil. Receba os meus mais efusivos cumprimentos pelo seu destemor, pela sua coragem e pela sua dignidade.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço-lhe muito, Senador Paulo Octávio, pelas suas palavras. V. Exª é um baluarte, e tem um amor tremendo à sua Brasília. Nós, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, bebemos da mesma fonte, da fonte da coragem de realizar, mais na administração até do que na política, por intermédio daquela figura notável que o inspira, e a mim também, do Presidente Kubitschek. Sou muito grato às suas palavras.

(Interrupção do som.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Encerrarei, Sr. Presidente.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Antonio Carlos Magalhães?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Antonio Carlos Magalhães, penso no Senhor do Bonfim e em Cristo. Abro a Bíblia, e o Apóstolo Tiago diz: “A fé sem obras já nasce morta”. A fé de V. Exª possui muitas obras, por isso é viva.Vou mais adiante. Antoine de Saint-Exupéry escreveu: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. A grande obra de V. Exª é ser uma universidade na formação de bons homens públicos. V. Exª soube fazer homens públicos. V. Exª é uma universidade de homens públicos, é como a Havard da política brasileira. Quem não tem saudade de Luís Eduardo Magalhães, que Deus chamou para o céu? César Borges, nosso companheiro, Antônio Imbassahy, Rodolpho Tourinho, Waldeck Ornelas, José Aleluia, Raimundo... V. Exª deu ao País os grandes homens públicos. É isso que queremos. Quando menino, aprendi uma poesia que traduz: “A vida é combate,/ Que os fracos abate,/ Que os fortes, os bravos/ Só pode exaltar”. V. Exª é aquele forte e bravo homem nordestino, cantado por Gonçalves Dias.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Muito obrigado. Ser citado aqui por V. Exª, por meio de Gonçalves Dias, honra-me muito. Respondo às suas primeiras palavras com Vieira, que dizia: “Chega-se mais perto ao coração dos homens pelas obras do que pelas palavras”. Assim tenho chegado ao coração dos baianos: pelas obras que realizo e pelo bem que faço à Bahia. Daí por que criei também a cesta do povo, para regularizar a alimentação do povo baiano, por meio de uma empresa estatal, que teve momentos baixos, recentemente, mas foi uma obra notável, que até foi destacada pela esposa do futuro Governador do Estado, recentemente.

A Chapada Diamantina. Os hospitais e centros de saúde, que se multiplicaram.

Em todo o interior que se passa, vê-se que foi ACM quem fez. As escolas polivalentes...

Uma das coisas que tem aborrecido, provavelmente, a IstoÉ e Mino Carta, mas principalmente Carlos Alzugaray - é pior do que o Carta -, é que lá, na Bahia, há uma escola totalmente informatizada que se chama Victor Civita, que fundou a Abril, que propagou pelo País inteiro livros didáticos e que fez esse império que representa a revista Veja. Aquelas Páginas Amarelas recentes aborreceram demais meus adversários. Mas jamais, na Bahia ou em qualquer lugar onde haja moralidade, existirá uma escola com o nome de Alzugaray, a não ser que seja para ensinar as coisas que a polícia persegue.

Ah, Sr. Presidente, nós não vamos parar. Nós não vamos nos intimidar. Nossa luta é cada dia maior, pela Bahia, pelo Brasil, e neste Parlamento. Enquanto vida tiver, não terei medo de enfrentar os poderosos.

            Já os enfrentei. Esta revista mesmo diz que eu fiz uma grande obra, que tenho algumas coisas de maior importância.

(Interrupção do som.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Diz até que eu agredi, com um tapa, um general. Eu não sei se ele teria coragem, o Alzugaray, de agredir qualquer pessoa. Ele tem sim a coragem de chantagear qualquer pessoa. Essa é a sua vida, esse é o seu destino. Essa, infelizmente, é a mácula que ele tem para perseguir sua vida e torná-la cada vez pior diante do povo brasileiro. Veio de fora...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Antonio Carlos Magalhães ?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Pois não.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos Magalhães, desde que passei a conviver com V. Exª no Senado Federal, aprendi a respeitá-lo como Senador e como homem público. Nunca tive qualquer disposição de derrotá-lo, em qualquer circunstância, porque avalio que, mesmo com pessoas que pensam muito diferente, é importante procurarmos construir algo que nos una com respeito a um objetivo maior para a Nação. De maneira que não acho adequado o tipo de pauta que se coloca, terminar com a era de uma determinada pessoa ou o que seja, ainda que possa ser do interesse de jornalistas ou de revistas. Novamente foi divulgada a informação de que iriam mudar o nome do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães para Aeroporto Dois de Julho, mas foi uma decisão tomada por ambas as Casas do Congresso Nacional, Câmara e Senado. Portanto, acho muito difícil que essa mudança venha a ocorrer. Mas saúdo V. Exª quando disse que espera ter com o Governador Jaques Wagner uma atitude de cooperação, se avaliar que o seu governo está caminhando bem. Como V. Exª conhece tão bem a Bahia e os seus problemas, poderá até formular sugestões. V. Exª poderá fazer uma avaliação crítica. Como sempre externa sua opinião, sua palavra será importante para o Governador, que poderá dela discordar ou, eventualmente, levá-la em conta, ao observar algum ponto importante. V. Exª sabe - eu já disse mais de uma vez - que considero importante que V. Exª tenha esse tipo de comportamento com o Governador Jaques Wagner, porque, volta e meia, V. Exª usa palavras que me parecem agressivas demais, às vezes até ofensivas, à autoridade do Presidente da República. Em que pesem os problemas - estou consciente de que houve muitos problemas no Governo do Presidente Lula - também houve méritos. Tantos que fazem com que a pesquisa Datafolha de ontem o aponte como o Presidente melhor avaliado dentre todos os Presidentes da República em nossa história. Assim também a CNI acaba de divulgar pesquisa, hoje publicada, que mostra que o Presidente Lula está com a sua melhor avaliação, passando de 49% para 57% de aprovação. Vamos supor que alguém, em São Paulo, dissesse: “Vamos acabar com Eduardo Suplicy no Senado!”. Quem sabe eu teria uma preocupação de vir à tribuna do Senado para dizer: “Bom, que venham os que assim dizem!”. Mas, felizmente, o povo de São Paulo conferiu-me um novo mandato e aqui estarei por algum tempo continuando nosso debate.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Quanto ao Governador eleito Jaques Wagner, V. Exª verificará que, no Senado, o Sr. Jaques Wagner terá o nosso decidido apoio em relação a qualquer medida que seja boa para a Bahia. Entretanto, tudo o que fizer de mal terá o nosso protesto.

Quanto a essa pesquisa de que V. Exª fala, V. Exª, como homem inteligente, jamais poderia citá-la. Há oito anos que só se fala no Presidente Lula nas manchetes, até mesmo no que tange às roubalheiras. Então, como é um nome que está no ouvido do povo, qualquer último Presidente será, evidentemente, o de maior prestígio. V. Exª pode acreditar, por exemplo, que Lula foi melhor que Juscelino? Não! E Juscelino está com 11%, e ele, com 35%. Por aí V. Exª percebe que a memória do povo fica em relação ao último nome. Portanto, essa situação está totalmente invalidada. Trata-se apenas de uma propaganda a mais do Presidente. Mesmo assim, V. Exª não completou a pesquisa quando diz que o povo já está perdendo a esperança no Presidente. Da próxima vez que V. Exª fizer uma análise, deverá fazer a pesquisa da perda da esperança. E perde a esperança por quê? Porque não acredita que ele fará um bom governo. Porque acredita que repetirá as coisas que aconteceram neste triste ano. Dessa forma, V. Exª não fez o exame completo da pesquisa. 

Mas, seja como for, eu lhe sou muito grato pelo aparte que me deu. Sou sensível a isso.

O que quero dizer é que, quando uma revista publica na primeira página...Então, amanhã meu nome estará mais forte do que hoje, graças a Domingos Alzugaray o bruxo, que realmente gosta de chantagear políticos e empresários - empresários que não se respeitam.

Aliás, agora me vem à memória: falavam tanto de OAS com ACM. Não vejo mais o PT falar de OAS com ACM. Tenho a impressão de que, ou o OAS mudou de lado, ou o PT está muito satisfeito com essa OAS. Posso dizer que está satisfeito sim, que foi sustentado - e muito - pela OAS! Eu, não! Mesmo tendo parentes lá, nunca recebi nada de OAS! Mas eu provo o PT recebeu ultimamente em vários setores, direta e indiretamente. É só ver quanto alguns advogados receberam, quem recebeu e repartiu com quem.

Sr. Presidente, agradeço a V. Exª a bondade de me permitir falar por tanto tempo e não fazer desabafo, mas dizer verdades, verdades que são conhecidas pelo povo baiano e passarão, a partir de agora, a ser conhecidas pelo povo brasileiro, graças à generosidade de V. Exª com o seu Colega.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2006 - Página 38986