Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Parabeniza a sociedade brasileira que fez com que as Mesas do Senado e da Câmara recuassem no aumento salarial para os parlamentares. (como Líder)

Autor
Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONGRESSO NACIONAL. POLITICA SALARIAL.:
  • Parabeniza a sociedade brasileira que fez com que as Mesas do Senado e da Câmara recuassem no aumento salarial para os parlamentares. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/12/2006 - Página 39205
Assunto
Outros > CONGRESSO NACIONAL. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • REGISTRO, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), OPOSIÇÃO, AUMENTO, SALARIO, CONGRESSISTA, ELOGIO, MOBILIZAÇÃO, PROTESTO, POPULAÇÃO, IMPRENSA, IMPORTANCIA, LOBBY, COMBATE, ABUSO.

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao tempo em que saudamos os dois novos Senadores - porque há um que entra hoje e depois entra outro -, eu gostaria de fazer um breve comunicado pelo P-SOL.

Sei que já tivemos a oportunidade de nos posicionar publicamente em relação ao tal aumento dos Parlamentares. Desde o início desse debate, nós agimos com o vigor que era necessário perante a opinião pública. Quero, de forma muito especial, parabenizar o povo brasileiro pela pressão política legítima e necessária que foi feita; parabenizar setores importantes dos meios de comunicação e internautas que fizeram a legítima pressão política para possibilitar esse recuo.

Tive a oportunidade de participar da tal reunião dos Líderes com os dois Presidentes, o Presidente do Senado Federal e o Presidente da Câmara dos Deputados. Realmente, fiquei impressionada com a metamorfose que aconteceu em algumas personalidades políticas diante da pressão da imprensa. Na reunião dos Líderes, do Presidente do Senado e muitos Líderes partidários, todos defendiam com veemência, com virulência, o aumento de mais de 90%. Aliás, atacavam a sociedade civil, a imprensa e os Parlamentares que eram contrários ao aumento, acusando-nos de demagogos e hipócritas. De repente, graças à pressão popular, Senador Mão Santa, quem se comportou como leão furioso virou gatinho sarnento, covarde, recuando da posição que tinha tomado na tal reunião.

Por isso, é muito, muito importante quando a sociedade se predispõe a fazer a pressão necessária, legítima, vigorosa em relação aos desmandos do Parlamento. Nós, da Bancada do P-SOL, vamos nos reunir amanhã para avaliar qual a proposta a ser feita - se é reposição salarial, se é zero por cento de aumento -, até porque não é uma coisa qualquer. Os Parlamentares têm muito: podem mandar a comunicação que quiserem, têm a passagem que quiserem, recebem uma verba para manter os seus gabinetes nos Estados, recebem o décimo terceiro, o décimo quarto e o décimo quinto salários; recebem um salário muito bom.

Claro que há Parlamentares que vivem só do salário; outros vivem da roubalheira, dos testas-de-ferro que vão por aí fazendo o tráfico de influência; e outros que vivem de outros salários ganhos eticamente, por atividades empresariais ou qualquer outra atividade.

Mesmo assim, não é ético ou legítimo falar em qualquer aumento salarial que seja, porque se parte de duas premissas erradas. Primeiro, se diz: ora, o Parlamentar tem de ganhar bem para não virar ladrão. Que conversa é essa? Então, quer dizer que isso é um salvo-conduto para o pobre roubar. Se o Parlamentar precisa ganhar um gigantesco salário para não roubar, então, estaremos a permitir e estimular que a população pobre se dê o direito de, impunemente, patrocinar qualquer barbaridade para garantir a dignidade de suas famílias!

Outra que inventaram em uma farsa técnica e em uma fraude política é que não haverá aumento de despesas. Como? Todos sabemos, o mais medíocre e simplório analista de finanças públicas sabe que é impossível aumentar os salários sem aumentar os gastos públicos. Não adianta mostrar um papelzinho dizendo que vai cortar despesas daqui e daquilo outro. Tudo isso é uma mágica contábil que qualquer simplório analista de finanças públicas sabe que é inaceitável fazer.

Então, quero mesmo é dar parabéns ao povo brasileiro por sua pressão. Muitos se acovardaram na imprensa nesses dias, muitos, Senador Mão Santa e Senador Romeu Tuma, sobrando apenas para o Presidente Aldo, que foi o único que foi para a reunião - e não estou falando de mim, do Chico Alencar e dos outros que votaram contra -, dizendo que não era favorável ao aumento. Aliás, ele estava na reunião dizendo que não era favorável ao aumento, que achava que haveria uma repercussão negativa perante a sociedade. E os outros, que estavam lá como leões furiosos, comportaram-se como gatinhos covardes e sarnentos depois da pressão popular.

Portanto, quero cumprimentar o povo brasileiro pela pressão legítima, conseqüente e importante que foi feita. Tanto que as Mesas do Senado e da Câmara e a posição da maioria dos Líderes recuaram diante da pressão de setores dos meios de comunicação, dos internautas, da sociedade civil de uma forma geral.

Portanto, quero apenas congratular-me com o povo brasileiro pela sua capacidade de pressão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/12/2006 - Página 39205