Discurso durante a 200ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pane da aviação civil.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Pane da aviação civil.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2006 - Página 37316
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • GRAVIDADE, CRISE, TRAFEGO AEREO, COMENTARIO, NOTICIARIO, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, TITULO, ARTIGO DE IMPRENSA, ANAIS DO SENADO.
  • COBRANÇA, URGENCIA, PROVIDENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SITUAÇÃO, PARALISAÇÃO, TRANSPORTE AEREO, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO.
  • CRITICA, FALTA, LIDERANÇA, WALDIR PIRES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, EXPECTATIVA, DEMISSÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, antes ou depois da Ordem do Dia - não sei qual será o fôlego das votações -, peço a inscrição do Senador Tasso Jereissati, como orador, pela Liderança do PSDB.

Neste momento, cumpro com um dever que me parece essencial para ser desincumbido por um Líder de partido nesta Casa.

Fizemos uma reunião muito relevante no gabinete do Presidente do nosso Partido, Senador Tasso Jereissati, reunindo os Senadores da composição atual do PSDB e alguns Senadores que aportarão a esta Casa a partir do dia 1º de fevereiro. E não conseguimos reunir todos, por uma razão simples: porque o Senador Antero Paes de Barros, Senadora Marisa Serrano, Senador Cícero Lucena, todos ficaram reféns do caos aéreo.

Esta Casa não pode virar-se de costas para o caos aéreo. Ou seja, quero ver defeitos nítidos, Sr. Presidente, precisamente onde eles existem.

Vejo no jornal Correio Braziliense: “Pane em Brasília inferniza aeroportos”; vejo no jornal Folha de S.Paulo: “Pane em rádio fecha três aeroportos”; vejo no jornal O Globo: “Falha em rádios provoca a maior pane da aviação civil”. É tudo manchete. Peço até que esses cabeçalhos todos sejam inseridos nos Anais da Casa.

E aqui falo como brasileiro. Não estou aqui falando como Líder de um partido de Oposição. Falo como brasileiro É preciso mesmo que o Presidente da República desperte para a pane, para o apagão logístico deste País. Estamos precisando, Sr. Presidente, de medidas urgentes. Agora é que é hora de o Presidente Lula se dirigir à Nação. Agora é que é hora de vermos em conjunto o que falta para se acertar isso que está arriscando a vida de todos nós.

Não consigo mais ver o Sr. Waldir Pires como Ministro - não é mais Ministro -, e não estou vendo nenhuma iniciativa no sentido de demiti-lo, não estou vendo nenhuma proposta do Governo para resolver uma questão que é aflitiva. Homens de negócios estão perdendo, por prazos fatais da Justiça, milhões de reais; uma criança perdeu a oportunidade ontem de fazer um transplante de rim; Senadores e Deputados não se deslocam ao Congresso.

Dizia hoje uma pessoa que é indicada para um cargo de agência reguladora - não sei o nome: “Terá quórum hoje, Senador?” Eu digo: terá, e muito ajudado esse quórum pelo fato de que em Brasília, hoje, ninguém entra; e, de Brasília, ninguém sai. Quem está fora não entra, e quem está dentro não sai. É um caos. A Capital Federal, sem que o Brasil esteja vivendo uma guerra civil, está ilhada, está isolada.

Isso tudo me leva ao constrangimento de dizer que já tarda uma manifestação do Senhor Presidente da República. Ele precisa falar, demonstrar agora autoridade, demonstrar comando, demonstrar que não pode continuar essa pendência, essa pendenga entre Aeronáutica e controladores de vôo. Tem que haver um Ministro da Defesa que seja capaz de empalmar a liderança do setor e tem que haver um presidente da República que agora, sim, mostre que merece essa liderança bonita que lhe concederam cinqüenta e oito milhões de brasileiros.

Não sou daqueles, Sr. Presidente, que dizem que Alckmin teve os votos ilustrados, e Lula, os votos das pessoas menos letradas, porque esses mesmos votos, das camadas menos favorecidas da população em renda e educação, elegeram duas vezes Fernando Henrique Cardoso. Não julgo que o voto de um beneficiário do Bolsa Família valha menos do que o voto do sociólogo fulano de tal ou do professor Bolívar Lamounier. Não! Quero o voto igual.

Portanto, não desdenho do voto de quem quer que seja, por questão social ou por questão financeira ou educacional. Mas é uma liderança muito bonita, Sr. Presidente. O Presidente da República tem cinqüenta e oito milhões de votos e, neste momento, não está dizendo à Nação, que nele confiou tão maciçamente, o que vai fazer para tranqüilizar este País, que está intranqüilo. Vidas sendo arriscadas no ar e vidas sendo desperdiçadas na terra.

Vamos ser claros: há um caos, há uma pane logística, e não é só na aviação; é nos transportes, é nas rodovias, é no setor elétrico, que já ameaça com um apagão para 2009.

Venho, portanto, de maneira construtiva, conclamar o Presidente da República a se manifestar. Agora, sim, é hora de uma cadeia de televisão ser usada por ele para dizer o que pretende fazer para tirar todos nós brasileiros, eleitores dele ou não, deste momento de aflição, deste momento de horror que está sendo vivido pela Nação. Mais ainda: nós sabemos que esse surto pode amainar, mas ele retornará, porque as providências não estão sendo tomadas.

Portanto, Sr. Presidente, no momento em que inscrevo o Senador Tasso Jereissati para falar como Líder do nosso Partido, eu, neste pedido de palavra pela ordem, fiz este desabafo que, imagino, deve repercutir profundamente no coração de todos aqueles que, sem olhar a questão de partidos, querem o bem do País.

Eu não torço pelo quanto pior, melhor. Espero que o Presidente da República acerte, e, para acertar neste momento, ele precisa de alguns ingredientes: coragem intelectual e honradez intelectual; coragem moral e afirmação da liderança. Eu não estou vendo, neste momento, nenhuma das três pré-condições preenchidas. E o Brasil está com seus aeroportos à deriva e com a vida dos brasileiros pendurada em cima de uma crise que acontece porque o Governo não foi capaz de resolver a questão da logística neste País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2006 - Página 37316