Discurso durante a 210ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Despedidas de final de ano. Crítica às taxas elevadas de analfabetismo e desemprego no país.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Despedidas de final de ano. Crítica às taxas elevadas de analfabetismo e desemprego no país.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2006 - Página 39661
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PROXIMIDADE, FESTA NATALINA, AGRADECIMENTO, PRESIDENTE, SENADO, SENADOR, SERVIDOR.
  • DEBATE, PRECARIEDADE, EDUCAÇÃO, BRASIL, ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, DADOS, ANALFABETISMO, DESEMPREGO, EXPLORAÇÃO, TRABALHO, INFANCIA, FALTA, MEDICAMENTOS.
  • PROTESTO, DESCUMPRIMENTO, GOVERNO FEDERAL, PROMESSA, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), DESCENTRALIZAÇÃO, CAPITAL FEDERAL, ENTORNO, DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Romeu Tuma, que preside esta sessão, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado Federal, Natal. Lamento, pois Natal é festa. Professor Cristovam Buarque, Cristo veio nos ensinar humildade pelo nascimento, o valor da família, que Deus não desgarrou. Deus nos enviou seu Filho dentro de uma família. Deus destinou para ser pai de Jesus um trabalhador, um operário, mostrando que o trabalho deve ter primazia. O trabalho e o trabalhador é que fazem a riqueza. O Menino Jesus buscou sabedoria pelo estudo; e pregou, amou e ressuscitou.

Houve a participação da mulher no drama mais difícil, que foi a crucificação. A mulher é mais brava do que o homem. Essa é a mensagem. A mulher de Pilatos, a Verônica, as três Marias, que, lá no túmulo, anunciaram que Ele ressuscitou. Então, são essas as mensagens de Natal. Mas, lamentamos. Afastaram o Boris Casoy, que dizia: “Isso é uma vergonha!”.

Professor Cristovam Buarque - e Deus escreve certo por linhas tortas -, V. Exª, a vida, o símbolo, o alerta de que educação é a salvação. Rui Barbosa disse que a lei e a justiça são a salvação. Para Cristovam Buarque, a educação é a salvação.

E eu lamento. Eu acho que eu sou o PMDB que mais contribui com o Presidente da República. Sua Excelência, o Presidente da República, precisa conhecer a verdade. Cristo, que não tinha uma tribuna, ô Magno Malta, dizia: “Em verdade, em verdade vos digo”. Presidente, aqui está O Globo: “Taxa de analfabetismo no país é comparável à da África do Sul”. É uma vergonha, é uma lástima - tanta mídia, tanta propaganda, tanta enganação. E diz mais, Professor Cristovam: “A taxa coloca o Brasil em situação de desvantagem entre os países da América Latina [todos, em desvantagem].(...) A África do Sul é o país mais semelhante ao Brasil neste indicador”.

E mais: lamento que esteja o Piauí na “lanterna” - Alagoas e Piauí. Na verdade, Professor Cristovam Buarque, Alagoas, do Presidente Renan, que tanta contribuição tem dado ao Presidente Lula, é o Estado com maior percentual - 39,3% - de analfabetos. Depois, vem o Piauí. Que vergonha para o Governo do PT! Somos o vice-campeão em analfabetismo! É isso que lamentamos.

O desemprego afeta 5,1 milhões de jovens no País. A renda média do trabalhador, segundo O Globo, está hoje 12,7% menor em relação aos meados da década passada. Essa é a verdade, Excelência, Presidente da República!

No Natal, não temos o que comemorar.

Mais vergonhoso do que isso tudo é ler na reportagem que há mais meninas no trabalho agrícola, Professor. Aumentou! Está aqui: parcela de crianças pobres até 14 anos passou para 40% em 2006.

Não adianta, Presidente! A verdade não foi para debaixo do tapete. Vossa Excelência queria esconder, mas estão aqui os dados. Que vergonha! Tiraram o Boris Casoy, que dizia “Isso é uma vergonha!”, mas o espírito dele baixou aqui nesta tribuna.

É isso. No meu Piauí, é mais triste quando pegamos aqui: medicamentos. Segundo o jornalista Tomaz Teixeira, do Jogo Aberto, estão faltando medicamentos para o tratamento dos excepcionais por falta de pagamento. “Seis mil são prejudicados no Piauí por falta de medicamentos excepcionais”. É essa a verdade! E o tapete? Colocou tudo isso debaixo do tapete Sua Excelência, o Presidente da República. É esse o Natal; esse é o Natal em que fomos vítimas. Vítimas, e o mal nunca vem só.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP. Fazendo soar a campainha.) - Eu pediria que V. Exª se apressasse, por favor.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vamos terminar.

Sua Excelência, o Presidente da República, esse é o Natal do Piauí. Nós que votamos neles. O porto de Luiz Corrêa está lá. Chiquinho Escórcio Sarney, Senador. Disseram para Alberto Silva que iriam reconstruir a via férrea. Está lá; só a mentira. Cinco hidroelétricas foram prometidas, e nenhuma... Dois aeroportos internacionais, e não há nem avião nacional. O hospital universitário; o pronto-socorro municipal iniciado por Heráclito Fortes eu vi o Presidente da República dizendo que ia concluir. O Senador Heráclito Fortes foi Prefeito em Parnaíba, e Alberto Silva em Teresina nos anos 89 e 90. Inacabado. O metrô, o pré-metrô de Alberto Silva; uma ponte, Cristovam Buarque, era para comemorar 150 anos de Teresina. Teresina fez 154 anos, e ficou a mentira, a mentira e a mentira. Essa é a verdade.

            Eu queria fazer uma homenagem, para não deixar só desgraceira, a este Governador que assumirá em Brasília. É Arruda. Há uma idéia: vai descentralizar a capital daqui e colocá-la em Taguatinga, próximo à Ceilândia, a Samambaia e ao Guará. Isso foi inspirado num projeto de lei do bravo ex-Senador Chiquinho Escórcio Sarney, aquele do Entorno. É assim. Chiquinho Sarney foi uma espécie de Tiradentes. Foi o primeiro que sonhou com a liberdade desta Pátria. Não deu, mas depois vieram os movimentos de liberdade. Agora, começa-se a pensar nessa descentralização de Brasília, a idéia do Entorno. Nossas palavras finais nesse momento de festa.

Sr. Presidente, Senador Edison Lobão, do Maranhão, essas palavras que estendo aqui são de gratidão a todos os que fizeram o Senado. O Presidente do Senado, nosso Renan Calheiros, foi um bravo, dirigiu bem. Recebi um livro de Natal de Cristovam Buarque: Napoleão. E lá ele diz - eu já tinha lido muitos - que o francês é tímido, preguiçoso, até para tomar banho dá trabalho, mas que quando ele tem um comandante bom, ele vale por dez, por cem. Esse é o bom Presidente do Senado. Todos nós nos multiplicamos para produzir leis boas nesta Casa. 

Então, quero agradecer a todos, e o faço por meio do símbolo do funcionário correto: Raimundo Carreiro da Silva. Ele é um símbolo, e tinha de haver uma mulher: a Cláudia. Agradeço também aos nossos funcionários Zezinho e Jonson.

Que as nossas palavras, pelas ondas sonoras potentes das emissoras do Senado, cheguem a Deus e aos céus, abençoando o Brasil e a nossa gente.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2006 - Página 39661