Discurso durante a 210ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Discurso de despedida do Senado Federal, ao fim do mandato, representando o Estado da Bahia.

Autor
Rodolpho Tourinho (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Rodolpho Tourinho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Discurso de despedida do Senado Federal, ao fim do mandato, representando o Estado da Bahia.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2006 - Página 39718
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • DESPEDIDA, CONCLUSÃO, MANDATO PARLAMENTAR, ORADOR, MANIFESTAÇÃO, FRUSTRAÇÃO, CONDUTA, AUSENCIA, ETICA, GOVERNO FEDERAL, REGISTRO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SENADO, DEFESA, REDUÇÃO, CARGA, TRIBUTOS, AMPLIAÇÃO, ACESSO, POPULAÇÃO, ENERGIA ELETRICA, PARCERIA, INICIATIVA PRIVADA, PODER PUBLICO, REGULAMENTAÇÃO, GAS NATURAL, ESTATUTO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, PROPOSTA, ALTERNATIVA, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vejo com respeito e humildade a decisão das urnas e é com esse respeito ao povo da Bahia que venho hoje à Tribuna para o meu discurso de despedida desta Casa.

Ao longo dos anos em que me dediquei à vida pública, o mandato de Senador da República foi, sem nenhuma dúvida, a missão que me fez experimentar a melhor de todas as sensações: a sensação de, como um homem público, poder me tornar um homem útil à sociedade.

Para onde quer que eu vá, faça lá eu o que fizer no futuro, o meu compromisso como cidadão baiano e brasileiro vai ser o de continuar honrando o meu estado e o meu país e a querer desta casa, da Câmara dos Deputados e do Governo Federal ações que respeitem e dignifiquem a nós, cidadãos.

Como senador eu abominei cada uma das tantas histórias de corrupção e, a contragosto, tive que conviver com cada uma delas e continuar trabalhando. Creio que muitos companheiros desta casa tiveram a mesma sensação de desconforto diante da corrupção como fato e como fim.

Como cidadão, então, eu preciso ser implacável contra qualquer desmando, de qualquer governo, partido ou qualquer pessoa que seja capaz de ultrajar a nossa confiança e a nossa esperança no Brasil.

Nós - e a partir deste ponto do meu pronunciamento já me coloco como um cidadão brasileiro, ao lado de todos os demais - não suportamos mais que as culpas, os descasos e os desmandos do Brasil recaiam sempre sobre os nossos ombros e sejam pagos com o esforço do nosso trabalho apenas. É preciso recuperar o respeito, a dedicação e o total comprometimento de cada um de nós em torno do trabalho e de objetivos comuns. Isto é o que se poderá chamar de uma ética voltada para o desenvolvimento de todos.

O que todos nós vimos ultimamente é uma estranha interpretação do sentido da ética, capaz de ganhar formas e trejeitos diferentes, dependendo de quem está por trás de cada ação sorrateira. Para a ética verdadeira, no entanto, as ações são simples e claras e as palavras, esclarecedoras. Sempre.

Assim, só posso esperar e torcer para que, na próxima Legislatura, não sejam necessárias tantas CPMIs, mas se, existirem, que sejam implacáveis com aqueles que não se fizerem dignos de manusear recursos públicos com honestidade.

Portanto, ao sair do lugar de Senador da República, vou continuar levantando discussões que não poderão deixar de obter resoluções desta Casa, da mesma forma que fiz em relação a tantos temas e em especial ao Econômico - Tributário, ao de Energia e aos Sociais. Não custa relembrar esses tenas:

Em primeiro lugar que o Brasil precisa de uma carga tributária não apenas justa, mas decente. Senão, o sentido de pagar impostos poderá ganhar de nós, os cidadãos, a interpretação de extorsão.

O Governo, que vem buscando formas de o país crescer, deveria entender que o único caminho é a redução da carga tributária que, além do mais, é regressiva pesando mais nas classes mais pobres.

Trabalhei na questão tributária com projetos e relatorias. Vejo, com grande desencanto, que tudo ficou parado no mesmo lugar.

Em segundo lugar que o Brasil precisa cuidar da sua infra-estrutura para que possa produzir; para que o agricultores possam escoar sua produção; para que haja energia suficiente para atender o crescimento; sem as incertezas regulatórias de hoje em setores vitais da economia, como o do Gás Natural.

Na reforma do setor elétrico procurei colaborar com o Governo buscando soluções para problemas que desafiam o país há muitos anos na área de geração de energia e que persistem até hoje.

Na universalização do uso da energia, contribuí com um projeto de lei que acabou por transformar o Programa Luz no Campo no Luz para Todos.

Olhando o futuro, ajudei a aprimorar o projeto das Parcerias Público Privadas, único instrumento viável de associação entre governo e iniciativa privada para atender às necessidades de investimentos em infra-estrutura no país.

Contribuí para o marco regulatório do gás natural, projeto reclamado por toda iniciativa privada, já aprovado na CAE e na CCJ, aguardando votação na CI.

3. Em terceiro lugar, é preciso que o Brasil cuide do social olhando o longo prazo e não a eleição mais próxima.

Busquei esse olhar do futuro, por exemplo, quando me empenhei para que o Estatuto da Igualdade Racial se transformasse num fato, ou para que os agentes de saúde obtivessem maior respeito legal, já que o respeito das comunidades a quem eles servem explica a sua importância social no Brasil.

Foi assim também quando, relator da chamada PEC Paralela da Reforma da Previdência, exigi seriedade na condução de políticas públicas com os aposentados, com as donas de casa, com as domésticas, para que estas sejam tratadas como categoria profissional de fato e de direito.

A superação desses problemas nos permitirá, no menor tempo possível, nos ver através da história como um povo que lutou e venceu a pobreza e a miséria absoluta.

Tenho consciência de que, no tempo em que aqui fiquei, fiz tudo o que pude e o melhor que pude pela minha Bahia e pelo meu Brasil.

Em todos esses casos, em todas as situações, apesar de ser um político, e, portanto, um homem de Partido, nunca coloquei em primeiro plano, nas discussões e nos debates a origem da iniciativa legislativa, se do Governo ou da Oposição. Minha conduta foi sempre de aprofundar o debate no interesse maior dos Estados, dos Municípios e, sobretudo, das pessoas.

Tentei que o meu trabalho fizesse a diferença e que o desenvolvimento social e econômico da Bahia e do Brasil apontassem para a única coerência que precisa existir entre nós: se aqui há adversários, opositores e situacionistas, o Brasil deve continuar a ser o pólo que nos une, e o bem estar das pessoas o maior objetivo e bem comum que temos.

Sr. Presidente, já tive a oportunidade de dizer desta tribuna que nunca vi sentido na vida pública se ela não servir para melhorar a vida das pessoas.

Para isto estive aqui e saio daqui com os mesmos objetivos.

Agradeço a presença e a fidelidade dos companheiros de partido, tanto quanto aponto a retidão de adversários dos quais me orgulho hoje de poder chamar de amigos.

Encerro meu mandato com a firme convicção de que pude colaborar para trazer mais esperança ao trabalhador, às mulheres, às crianças, enfim, ao povo da Bahia e ao povo brasileiro, por uma sociedade mais justa - menos desigual.

Ao povo baiano, eu devo mais que um agradecimento. Em especial pelos dois milhões de votos que me confiaram. A força que eu percebi nos olhos dessas pessoas, quando ainda em campanha, me deixaram mais forte, aumentaram minha consciência e a minha dedicação. Estejam certos que toda esta força permanecerá vinculada à Bahia e ao Brasil.

Muito obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2006 - Página 39718