Pronunciamento de Edison Lobão em 12/02/2007
Discurso durante a 6ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Comemoração do centenário de nascimento de Victor Civita.
- Autor
- Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
- Nome completo: Edison Lobão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Comemoração do centenário de nascimento de Victor Civita.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/02/2007 - Página 1840
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, EMPRESARIO, EDITORA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, ATUAÇÃO, REGISTRO, HISTORIA, FUNDAÇÃO.
O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cem anos atrás, no dia 9 de fevereiro de 1907, nascia, na cidade de Nova Iorque, um menino que viria a exercer, com bastante sucesso, atividades empresariais em seu país de nascimento e também na terra natal de seus pais, a Itália. Mas foi no Brasil que esse personagem acabou por deixar as marcas indeléveis do seu notável talento, da sua incomparável capacidade de realização.
Victor Civita chegou ao país que viria a adotar como pátria já aos 42 anos de idade. Não era, portanto, nenhum menino. Mas conservava a ousadia, o espírito irrequieto, a vontade de fazer, que seriam, para sempre, sua marca registrada. Características que o levaram - apesar da idade e de já ser um homem bem-sucedido - a lançar-se em um ramo de atividade para ele totalmente novo.
Civita veio para o Brasil em 1949 com o propósito de fundar uma editora e publicar as revistas de Walt Disney, cujos direitos de reprodução, na América do Sul, eram de seu irmão mais velho, César, estabelecido na Argentina. Conheceu, primeiro, o Rio de Janeiro; depois, São Paulo. Gostou mais desta última cidade, que lhe pareceu mais assemelhada a Milão, onde fora criado. Foi desaconselhado, contudo, a lá instalar sua sede. Disseram-lhe que não daria certo, pois a cidade era uma província, não tinha os jornalistas, os artistas gráficos, os recursos necessários ao setor. Victor Civita, porém, enxergava mais longe. Manteve sua decisão, estabelecendo-se numa saleta no centro de São Paulo.
Investiu meio milhão de dólares e assinou compromissos três vezes maiores. No dia 12 de julho de 1950, saía o primeiro número de O Pato Donald, com um total de 82.370 exemplares. Era o modesto início da espetacular trajetória que o levaria a construir o maior império editorial da América do Sul, o Grupo Abril.
Quando Victor Civita morreu, em 24 de agosto de 1990, vítima de um infarto fulminante, após 40 anos de árduo trabalho na Editora Abril, sua empresa editava cerca de 130 publicações e rodava 150 milhões de exemplares por ano. De lá para cá, sob o comando de seu filho Roberto, o Grupo Abril não parou de crescer. Na virada do milênio, o gigantesco conglomerado editorial empregava mais de dez mil funcionários, faturava um bilhão e meio de dólares por ano e possuía o maior parque gráfico da América Latina. À sombra da pequena árvore de 12 folhas, que é o símbolo da Abril, floresciam nada menos que 247 publicações.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a história dos sucessos de Victor Civita e de suas empresas está intimamente associada aos avanços ocorridos na sociedade brasileira no mesmo período. Isso porque Civita aliou a extraordinária capacidade de trabalho ao fino talento para perceber as tendências do desenvolvimento do País, orientando suas decisões empresariais de acordo com essa percepção e, assim, aproveitando-se das mesmas forças que impulsionavam nosso desenvolvimento de modo geral.
Em Victor Civita, o gosto de fazer superava inclusive o gosto de manter e de continuar, responsabilidades que ficavam mais por conta de seus filhos.
Com o lançamento, no início da década de 1960, da revista Realidade, a Editora Abril inseriu-se no universo político brasileiro. Realidade, contudo, não teve vida longa.
As numerosas revistas e obras culturais publicadas por Victor Civita enriqueceram a vida de várias gerações de brasileiros, trazendo-lhes educação e entretenimento. Justíssimo, portanto, que o Senado Federal se associe às comemorações pelo centenário de seu aniversário.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado!
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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR EDISON LOBÃO.
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O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cem anos atrás, no dia 9 de fevereiro de 1907, nascia, na cidade de Nova Iorque, um menino que viria a exercer, com bastante sucesso, atividades empresariais em seu país de nascimento e também na terra natal de seus pais, a Itália. Mas foi no Brasil que esse personagem acabou por deixar as marcas indeléveis do seu notável talento, da sua incomparável capacidade de realização.
Victor Civita chegou ao País que viria a adotar como pátria já aos 42 anos de idade. Não era, portanto, nenhum menino. Mas conservava a ousadia, o espírito irrequieto, a vontade de fazer que seriam, para sempre, sua marca registrada. Características que o levaram - apesar da idade e de já ser um homem bem-sucedido - a lançar-se em um ramo de atividade, para ele, totalmente novo.
Civita veio para o Brasil, em 1949, com o propósito de fundar uma editora e publicar as revistas de Walt Disney, cujos direitos de reprodução, na América do Sul, eram de seu irmão mais velho, César, estabelecido na Argentina. Conheceu, primeiro, o Rio de Janeiro; depois, São Paulo. Gostou mais desta última cidade, que lhe pareceu mais assemelhada a Milão, onde fora criado. Foi desaconselhado, contudo a lá instalar sua sede. Disseram-lhe que não daria certo, pois a cidade era uma província, não tinha os jornalistas, os artistas gráficos, os recursos necessários ao setor. Victor Civita, porém, enxergava mais longe. Manteve sua decisão, estabelecendo-se numa saleta no centro de São Paulo.
Investiu meio milhão de dólares e assinou compromissos três vezes maiores. No dia 12 de julho de 1950, saía o primeiro número de O Pato Donald, com um total de 82.370 exemplares. Era o modesto início da espetacular trajetória que o levaria a construir o maior império editorial da América do Sul, o Grupo Abril.
Quando Victor Civita morreu, em 24 de agosto de 1990, vítima de um infarto fulminante, após 40 anos de árduo trabalho na editora Abril, sua empresa editava cerca de 130 publicações e rodava 150 milhões de exemplares por ano. De lá para cá, sob o comando de seu filho Roberto, o Grupo Abril não parou de crescer. Na virada do milênio, o gigantesco conglomerado editorial empregava mais de 10 mil funcionários, faturava US$1,5 bilhão por ano e possuía o maior parque gráfico da América Latina. À sombra da pequena árvore de 12 folhas que é o símbolo da Abril, floresciam nada menos que 247 publicações.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a história dos sucessos de Victor Civita e de suas empresas está intimamente associada aos avanços ocorridos na sociedade brasileira no mesmo período. Isso porque Civita aliou a extraordinária capacidade de trabalho ao fino talento para perceber as tendências do desenvolvimento do País, orientando suas decisões empresariais de acordo com essa percepção e assim aproveitando-se das mesmas forças que impulsionavam nosso desenvolvimento de modo geral.
Ele acreditou na cidade de São Paulo e escolheu-a para sede de seus empreendimentos no momento certo. Na década de 50, fortaleceu os alicerces da editora Abril com as revistas dos personagens Disney e as fotonovelas. Em 1960, aproveitou-se da euforia da indústria automobilística, a vertente mais destacada do projeto desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, para lançar a revista Quatro Rodas. Mais tarde, percebendo a demanda cultural por parte da classe média que melhorara seu poder aquisitivo, lançou fascículos para serem colecionados, como as enciclopédias Conhecer, Gênios da Pintura, as Grandes Óperas e Grandes Compositores, além de coleções de livros como Os Imortais da Literatura Universal ou Teatro Vivo.
Em Victor Civita, o gosto de fazer superava, inclusive, o gosto de manter e de continuar, responsabilidades que ficavam mais por conta de seus filhos. Em inúmeras entrevistas e discursos, Civita repetiu que a palavra que mais detestava era "não". Para ele, tudo parecia possível. Com seu otimismo inquebrantável, era mestre em converter em favorável o argumento ou a situação que, em princípio, pudesse ser considerado como adverso. Em artigo publicado no Latin American Daily Post, Victor Civita escreveu: "Diziam-me que, no Brasil, as pessoas não liam. Talvez fosse verdade. Mas havia muito pouco para ler, e eu me disse: 'O potencial é tremendo’”.
Com o lançamento, no início da década de 1960, da revista Realidade, a editora Abril inseriu-se no universo político brasileiro. Realidade, contudo, não teve vida longa. Assim, em 1968, foi publicado o primeiro número de Veja, que se tomaria a mais influente revista brasileira. Victor Civita, no entanto, não tinha especial interesse por política. Como editor, era mais voltado para a divulgação da cultura e para a oferta de entretenimento. Seu impulso empreendedor estava intimamente vinculado a "um senso de missão", como relata seu antigo colaborador Pedro Paulo Poppovic. Acreditava que devia educar o povo, inclusive porque, educado, compraria mais revistas, fascículos e livros.
Nos últimos anos de vida, voltou-se, mais que tudo, para a Fundação que leva seu nome, cujo objeto é a educação. Um de seus desejos post-mortem foi que todo o dinheiro de que dispunha, em contas bancárias, ações ou propriedades pessoais, deveria reverter para a Fundação. Aos filhos, que já detinham a propriedade das empresas, nada caberia, pois, em sua opinião, eles deveriam mostrar-se merecedores dos estabelecimentos administrando-os de forma competente, o que deveria ser suficiente para sua subsistência. Sua esposa por 55 anos, Dona Sylvana, fez um adendo ao mesmo texto, explicitando que a ordem de destinar os bens pessoais à Fundação incluía suas jóias.
Os filhos Roberto e Richard, como se viu no correr das suas vidas pessoais e profissionais, corresponderam plenamente às esperanças dos seus pais. As empresas criadas por Victor Civita não somente se consolidaram, mas se ampliaram e aprimoraram pelo talento e eficiência com que foram conduzidas, honrando sobremodo a memória do fundador.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao longo dos próximos meses, a família Civita e o Grupo Abril estarão promovendo uma série de eventos em comemoração ao centenário de Victor Civita. Faço questão de me associar a essas homenagens em vista da notável contribuição dada por Civita à vida cultural da Nação.
É importante lembrar que, quando fundou a editora Abril, Victor Civita recém chegara ao Brasil. Não tinha o traquejo do País, não conhecia os meandros a serem percorridos para resolver os problemas e botar em plena operação seu empreendimento. Mais do que isso: a própria área editorial lhe era estranha. Nada, porém, o intimidou. Com coragem e entusiasmo permanente, cercando-se de profissionais do melhor nível, acabou por transformar a história das publicações no Brasil, estabelecendo novos padrões de excelência na atividade editorial.
As numerosas revistas e obras culturais publicadas por Victor Civita enriqueceram a vida de várias gerações de brasileiros, trazendo-Ihes educação e entretenimento. Justíssimo, portanto, que o Senado Federal se associe às comemorações pelo centenário de seu nascimento.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado!