Discurso durante a 10ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre as festas de carnaval e sua história. Exaltação aos enredos de escolas de samba, com destaque aos que tratam do respeito às diferenças. Preocupação com a violência.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. POLITICA SOCIAL.:
  • Considerações sobre as festas de carnaval e sua história. Exaltação aos enredos de escolas de samba, com destaque aos que tratam do respeito às diferenças. Preocupação com a violência.
Publicação
Publicação no DSF de 17/02/2007 - Página 2495
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, CARNAVAL, BRASIL, VALORIZAÇÃO, VIDA, CULTURA, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, COMEMORAÇÃO, AMBITO REGIONAL, ESPECIFICAÇÃO, FESTA, VINHO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • SAUDAÇÃO, TRADIÇÃO, MUSICA, CARNAVAL, IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, DEBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, POPULAÇÃO, BRASIL, DEFESA, IGUALDADE, RESPEITO, DIFERENÇA, COMBATE, VIOLENCIA, DISCRIMINAÇÃO, INCENTIVO, ESTATUTO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, CONGRESSO NACIONAL.
  • REGISTRO, CONTRADIÇÃO, SOCIEDADE, DISCRIMINAÇÃO, NEGRO, IDOSO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, FALTA, ATENÇÃO, PROBLEMA, VIOLENCIA, FOME, MISERIA, DESMATAMENTO, CORRUPÇÃO, POLUIÇÃO, PRECARIEDADE, QUALIDADE DE VIDA.
  • NECESSIDADE, SENADO, COMISSÃO, DIREITOS HUMANOS, COMBATE, TRABALHO ESCRAVO, IMPUNIDADE, IMPRUDENCIA, MOTORISTA, DESRESPEITO, IDOSO, SEGURANÇA PUBLICA.
  • DEFESA, ESTATUTO, IDOSO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, IGUALDADE, RAÇA, GRUPO INDIGENA, NECESSIDADE, GOVERNO, GARANTIA, EMPREGO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, SALARIO MINIMO, TRABALHADOR, APOSENTADO.
  • REGISTRO, NECESSIDADE, ESTADO, MELHORIA, EDUCAÇÃO, PAZ, SEGURANÇA PUBLICA, JUSTIÇA SOCIAL, CURSO TECNICO, CONTENÇÃO, DISCRIMINAÇÃO, INDICE, VIOLENCIA, APERFEIÇOAMENTO, JUVENTUDE, REALIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, FUTURO.
  • SOLICITAÇÃO, JUVENTUDE, COMEMORAÇÃO, CARNAVAL, AUSENCIA, UTILIZAÇÃO, DROGA, VIOLENCIA, PRESERVAÇÃO, RESPEITO, AMIZADE, PAZ, BENEFICIO, CONSTRUÇÃO, PAIS.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo Cavalcanti, Senador Gilvam Borges, companheiros de longa jornada no Congresso Nacional, apesar do clima de violência e do debate sobre como combater a violência e apontar para o futuro, eu hoje quero falar um pouco da grande festa brasileira - e de outros povos do mundo - que é o Carnaval.

Estamos já, eu diria, em pleno Carnaval, festa de alegria, de música, de dança, dos bailes, da fantasia, que mexe com grande parte do nosso povo. Essa festa, Sr. Presidente, de características regionais próprias, em cada Estado tem o seu corte.

Curte-se o samba, o frevo, o maracatu, o axé. Diria que é uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo.

O carnaval tem sua origem, Sr. Presidente, na festa portuguesa que chegou ao Brasil por volta do século XVI e foi influenciado pelas festas carnavalescas realizadas na Europa. Acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Esse sentido permanece até os dias de hoje em nosso Carnaval.

José de Alencar, Senador Mozarildo Cavalcanti, escreveu na sua coluna, no Jornal Mercantil, do Rio de Janeiro, às vésperas do Carnaval de 1855, a seguinte frase: “Confesso que esta idéia me sorri. Uma espécie de baile mascarado, às ultimas horas do dia, à fresca da tarde, num belo e vasto terraço, com todo o desafogo, deve ser encantador”.

No Brasil, um País alegre por natureza, as festas têm um significado muito forte. Elas convidam nossa gente a celebrar a vida - e não a morte, como as que têm ocorrido nos últimos tempos - porque, afinal, o Carnaval mexe com o nosso povo.

Vejo, Sr. Presidente, com alegria essa festa popular e temos várias pelo nosso País afora. Quero falar do Carnaval, mas quero lembrar também a importância de outras festas regionais.

A Festa da Uva, por exemplo em nosso Rio Grande do Sul, a Festa do Vinho, da Polenta, do Peixe, da Suinocultura e tantas outras. Acho que temos que ter, além da responsabilidade social e política, a da busca permanente pela justiça e pela liberdade, também o direito ao lazer, o direito de cantar, de dançar, de celebrar a vida sempre na busca da paz.

Nessas festas, Sr. Presidente, as pessoas dividem o conhecimento sobre o cultivo da uva e suas diferentes espécies e brindam ao sabor do vinho -tomado moderadamente - e da culinária em toda a sua diversidade.

Eu poderia lembrar aqui a Festa do Chimarrão, em que os gaúchos, de cuia em cuia, vão partilhando histórias, festejando a cultura da erva mate, respeitando assim a nossa tradição. As pessoas brincam, dançam, vestem seus trajes típicos.

Eu dizia, Sr. Presidente, que as festas mexem com a nossa história, com as nossas raízes, com o nosso povo. É muito bom ver como o Carnaval tem conseguido, por meio de - e acho importante, Senador Mozarildo - politização, aumentar o nível de consciência das pessoas sobre os diversos assuntos que afetam a vida da nossa gente.

Tenho visto, com alegria, na avenida, textos que exaltam os índios, as mulheres, os negros, os pobres, os idosos, a natureza, enfim, temas importantes, desfilando pela passarela nesta festa quase que mundial.

Perdoem-me porque não poderei citar aqui todas as escolas, mas quando eu cito aqui alguns dos enredos, estou homenageando todas as escolas. Sr. Presidente. A Escola São Clemente trouxe, em 1962, o tema “Riquezas do Brasil”, exaltando este País; e “Apoteose ao Folclore Brasileiro”, em 1966.

A Mocidade Alegre trouxe, em 1968, o tema “Índios do Brasil”.

A Pérola Negra cantou, em 2001, “A Vida pela Paz: Solidariedade”. Como é importante que este tema seja lembrado hoje: a vida pela paz e a solidariedade.

A Beija-Flor, em 2005, apresentou, numa homenagem à nossa querida Região Sul - e, aqui, volto os olhos para o nosso Rio Grande: “O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor”.

A Unidos de Vila Isabel cantou, em 2006: “Soy Loco por Ti América: A Vila Canta a Latinidade”.

A Grande Rio, em 2006, sambou sob o tema “Amazonas, o Eldorado é Aqui”, numa defesa, mais do que atual, do meio ambiente, nesse grande debate mundial que há sobre essa situação.

A Mangueira, Sr. Presidente, apresentou, em 2006, “Das Águas do Velho Chico Nasce um Rio de Esperança”, defendendo as nossas águas tão poluídas no dia de hoje.

Neste ano, o Salgueiro traz “Candaces”, (Dinastia de rainhas da África Oriental que comandaram, antes da era cristã, um dos mais prósperos impérios do continente). E aqui diz:

Majestosa África

Berço dos meus ancestrais

Reflete no espelho da vida

A saga das negras e seus ideais...

Sr. Presidente, é muito bom que uma festa de alcance mundial esteja aberta a todos, esteja pautada na igualdade, no combate a discriminações, no respeito às diferenças e no combate à violência.

Tem me deixado muito satisfeito ver que as diferenças têm sido tema abordado com bastante freqüência dos mais diversos momentos da vida do povo brasileiro.

Neste ano, a Escola de Samba Império Serrano optou por trazer o tema das diferenças. O enredo ficou muito bonito e diz: “ser diferente é normal. O Império Serrano faz a diferença no Carnaval”. Chama a atenção para o amor e o respeito à diferença. Soa tão forte quando cantam:

Serrinha vem pedir respeito,

Temos que olhar de um outro jeito

Quem nasceu diferente

E venceu preconceito

A gente tem que admirar

Harmonizar pra ser feliz

Diferença social, pra quê?

Tá na cara que a beleza

Está nos olhos de quem vê...

Sr. Presidente, conforme consta no próprio site da Escola, o tema, da maior importância social, trata do respeito às diferenças de qualquer natureza -sejam raciais, físicas, econômicas e sociais.

O samba enredo da Escola faz referência a personalidades famosas que, sendo diferentes dos padrões erradamente considerados como normais, deram provas à humanidade de grande talento e valor. Ali cita Frida Kahlo, Noel Rosa, o Aleijadinho e assim por diante. E vem, na verdade, fortalecer o próprio Estatuto da Pessoa com Deficiência que aprovamos aqui, no Senado, foi para a Câmara, sendo recentemente aprovado por unanimidade.

Sr. Presidente, o carnavalesco Jack Vasconcelos explicou o enredo da agremiação para este ano. Diz ele:

A Ong Meta Social procurou a escola trazendo como idéia a campanha ‘Ser diferente é normal’, que, no segundo ano, foi uma campanha mais abrangente, ela se desvinculou do portador de deficiência física e falou das diferenças de modo geral.

E foi esse viés que a gente tomou. A gente tem a preocupação, na verdade, de mostrar para as pessoas, com esse enredo: que as aparências enganam. O samba é muito feliz na hora que fala que temos que olhar de outro jeito. É isso mesmo. Ao pé da letra é aquela história ‘o que vale é o que tem dentro, e não por fora.

Ou seja, ampliou a visão da importância do trabalho da sociedade em relação à pessoa com deficiência.

Sr. Presidente, quero dizer que o samba é muito feliz, na hora em que fala: “Temos que olhar de outro jeito”, e é isso mesmo. Ao pé da letra, é o que aquela história resgata aqui: “O que vale é o que tem dentro, e não por fora”.

Srªs e Srs. Senadores, a realidade que temos diante de nós é muito dinâmica, as mudanças avançam e acabamos não questionando o que deveríamos e continuamos a olhar assustados para seres humanos que não são exatamente como aprendemos a ver na nossa concepção de beleza.

Sr. Presidente, o olhar das pessoas parece ainda muito focado no fato de alguém não ter, por exemplo, dois braços; de alguém não poder enxergar, caminhar ou pronunciar uma palavra. É estranho que tais fatos choquem as pessoas, e que a guerra das vaidades, a disputa pelo poder, a corrupção, a violência, o desmatamento, a poluição, a desigualdade social e racial, a fome, a miséria passem, muitas vezes, batidos. Como diz aqui esse grande pensador, o deficiente ainda é discriminado.

Ser branco, negro ou índio, o que importa? O que importa, Sr. Presidente, é que somos todos seres humanos e deveríamos, todos, estar trabalhando para construir um mundo melhor para todos com dignidade de vida, com qualidade de vida, sem nenhum tipo de discriminação. É isso que quer o enredo do tema dessas escolas.

Sr. Presidente, se alguém envelhece, infelizmente, neste País, já não serve mais.

Vi, Sr. Presidente, um ex-Ministro - e não vou citar o nome para não cometer nenhuma indelicadeza -, num programa de televisão - o que é pior -, dizendo o seguinte: “Nós temos de pensar nas crianças. Velho é velho, já passou o seu tempo”. Eu achei a frase de uma infelicidade... Temos de pensar, sim, nas crianças, mas como não ter o carinho e o respeito com nossos idosos, com nossos velhos?

Sr. Presidente, se é pobre, alguém diz: “É pobre porque não foi à luta, porque é preguiçoso”, como se esses pensamentos fossem reais. E nós sabemos que não é assim. Ninguém é pobre porque gosta. Quem não gostaria de ter um padrão de vida bom, ter os filhos na universidade? Então, é um pensamento, no mínimo, equivocado.

Sr. Presidente, eu diria que, em compensação, temos também de avaliar, nessa temática que as Escolas trazem para a avenida, e que eu endosso, é quanto à água no planeta que, ainda hoje, é tão desperdiçada... Nós temos de ver, como aprovamos ontem, na Comissão de Direitos Humanos - ainda hoje, de ontem para hoje -, mais uma política contra o trabalho escravo. Nós temos de ver ainda o fato de que grande parte daqueles que possuem automóveis, neste País, infelizmente, não respeita a faixa de segurança do pedestre, onde passam a classe média e os mais pobres. E também há aqueles que desrespeitam a fila, maltratam os idosos; aqueles que fazem a violência, como a cometida contra o menino João, recentemente no Rio de Janeiro. Por isso, Sr. Presidente, é tão importante que essa festa sirva para uma reflexão; que essa festa traga ao nosso povo tão sofrido o direito de se divertir, de dançar, de cantar, desabafar na avenida, na sua Escola, dançando e assistindo ao desfile, mas que consiga também tocar os corações, chamando para uma mudança de comportamento social frente à realidade que está aí.

Por isso tudo, Sr. Presidente, eu sou daqueles que defendem, com unhas e dentes, a aplicação - na íntegra - do Estatuto do Idoso, do Estatuto dos que possuem deficiência, do Estatuto da Igualdade Racial, do Estatuto dos Povos Indígenas, que tenhamos um salário mínimo decente, que se garanta emprego, distribuição de renda, que se olhe, com muito mais jeito - e eu diria, com muito mais carinho mesmo - para nossos aposentados, para nossos idosos e para o trabalhador do dia-a-dia. Lutamos, Sr. Presidente, pela implantação dessas políticas como a linha do “cantando as diferenças”, que também está nesta Casa.

Sr. Presidente, vocês não imaginam como eu fico satisfeito quando vejo mais gente se unindo ao alerta que enfatiza o fato de que ser diferente é normal. Afinal, o que é que distingue um ser humano? A sua cor, a sua deficiência, a sua origem, a chamada classe social? Ou será o caráter, o respeito, a generosidade, a boa vontade, a solidariedade? Isso é o que mostra exatamente quem somos. Já é hora de deixar que a estranheza recaia sobre aquilo que não é digno de fato, sobre aquilo que corrói nossa capacidade de agir e que possamos reagir com amor e com respeito ao próximo.

Graças a Deus, Sr. Presidente, estamos ainda cantando em samba. Estamos vendo nas novelas. Em audiências públicas e em seminários, estamos votando projetos de lei com o objetivo de cantar, de aplaudir. Como é bom que existam as diferenças!

Sr. Presidente, espero sinceramente, pelo nosso bem e pelo bem das gerações futuras, que cada vez mais, nas escolas, nas famílias, entre os amigos, enfim, em toda a sociedade, vejamos e ouçamos, em alto e bom som, as pessoas cantarem e aplaudirem as diferenças.

Para finalizar, eu gostaria de lembrar ainda que estamos vivendo um momento de carnaval, mas, como disse antes, vivemos um momento muito delicado para a vida da nossa Nação. Precisamos falar mais de paz, de educação, de justiça social, de combate a todo tipo de discriminação. Temos de falar mais em ensino técnico e profissionalizante para que a nossa juventude tenha um futuro que não seja o que assistimos no dia-a-dia.

Infelizmente a violência está atingindo as pessoas de uma forma desumana e brutal. Devemos falar novamente sobre esse choque que recebeu a Nação com o assassinato covarde desse menino, ocorrido no Rio de Janeiro.

Que valor tem hoje a vida humana? Que espécie de sociedade estamos formando? Não há como mensurar ou querer expressar a dor dos pais do menino e de tantas outras famílias vítimas dessa violência. É uma dor que não dá para imaginar, que atinge a alma, o pensamento, o coração, o corpo e faz sangrar por dentro.

Sr. Presidente, se V. Exª e a população me permitirem, faço um apelo: brinquem no carnaval, façam muita folia, batam palmas para sua escola, cantem com ela, mas tomem cuidado com sua segurança, evitem conflitos. É muito importante para os pais saberem que seus filhos vão sair nas noites de carnaval, mas vão voltar para casa seguros e felizes.

Também peço aos jovens que não se deixem vencer pelo apelo das drogas, violência que está entrando em todos os lares. Preservem sua integridade, mostrem que vocês têm dignidade, não aceitem o apelo também assassino das drogas, preservem sua saúde física. Amar é muito bom, mas amar sem camisinha faz mal, mata. Amem no carnaval, mas, sem camisinha, você está entrando no corredor da morte. Não deixem de cuidar de si mesmos e das pessoas que vocês vão abraçar e com quem vão caminhar e pular nas noites de carnaval.

Termino dizendo, Sr. Presidente, que meu desejo, do fundo do coração, é que todos tenhamos uma boa festa de Carnaval, que o povo brasileiro - repito - dance, cante e abra seu coração para a solidariedade, a amizade, o respeito, a paz. Não aceite a violência. Defenda a natureza. Ajude a construir um país justo.

E que o desejo pelo bem de todos seja a melodia que nos desperte pela manhã, que determine nossas atitudes no transcorrer do dia, que esteja, inclusive, em nossas orações ao deitar e ao levantar e que impregne nossa alma de tal modo que não haja espaço para a violência. Que vença a palavra amor.

Agora, Sr. Presidente, de forma bem pessoal, com respeito a todas as letras, termino com aquela que marcou minha época, apaixonou meu coração e que está até hoje na minha mente. Vejam a singeleza, a paz, o carinho e a mensagem que transmite a canção “Máscara Negra”, de autoria de Zé Keti e Pereira Mattos. Diz a letra, Sr. Presidente:

Quanto riso, ah, quanta alegria

Mais de mil palhaços no salão

O Arlequim está chorando pelo amor da Colombina

No meio da multidão.

Foi bom te ver outra vez

Tá fazendo um ano

Foi no carnaval que passou

Eu sou aquele Pierrô

Que te abraçou e te beijou, meu amor

A mesma máscara negra que esconde seu rosto

Eu quero matar a saudade

Vou beijar-te agora

Não me leve a mal,

Hoje é carnaval.

            Sr. Presidente, sou fã dessa letra “Máscara Negra”. Ela marcou minha juventude, meu tempo, grande parte da minha vida. Foi a canção de carnaval que eu mais cantei. E ela é tão singela, tão limpa, tão transparente, que é bonito dizer: vou beijar-te agora. Não me leve a mal, hoje é carnaval.

            Tomara que neste carnaval todos beijem e abracem e que não haja violência!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/02/2007 - Página 2495