Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta que o Brasil foi um dos países que menos cresceu em 2006.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Alerta que o Brasil foi um dos países que menos cresceu em 2006.
Aparteantes
César Borges.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2007 - Página 3143
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • REGISTRO, INCOMPETENCIA, GOVERNO FEDERAL, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, FALTA, COMPROMISSO, AUTORIDADE, INTERESSE PUBLICO, EXCESSO, PROPAGANDA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), COMISSÃO ECONOMICA PARA A AMERICA LATINA (CEPAL), INFERIORIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, COMPARAÇÃO, MUNDO, AMERICA LATINA, REGISTRO, ANALISE, ECONOMISTA, IMPOSSIBILIDADE, CONSOLIDAÇÃO, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Hoje o meu tema seria até outro, desta tribuna, mas o Senador César Borges iniciou seu pronunciamento, fazendo uma lembrança e até se referindo ao Senador Sibá Machado, que poderia se lembrar muito bem do que o Presidente Lula nos apresentou como “espetáculo do crescimento”. Não só eu, mas acredito que todos nós somos testemunhas dessa pretensão do Presidente Lula, que seria uma pretensão aceitável se, realmente, o Governo tivesse tido o cuidado, a responsabilidade de compor este Governo de pessoas comprometidas com a população, de pessoas que realmente visassem ao bem-estar do País, e não preencher determinados cargos técnicos só porque são companheiros que têm uma estrela ou qualquer outro símbolo no peito.

Eu vejo sempre que a questão do serviço público, do Poder Público, é uma responsabilidade que aquele que foi eleito tem, como representante maior do povo, de saber fazer as devidas nomeações com pessoas competentes, para que possamos sonhar com o progresso deste País.

Então, este título “espetáculo do crescimento” foi realmente uma figura decorativa, serviu muito para fazer marketing, serviu muito para cairmos naquela teoria que, às vezes, se concretiza: conte a mesma mentira várias vezes, reproduza-a várias vezes, que as pessoas começam a pensar que tudo aquilo é uma verdade.

E hoje nós vivemos num país da ilusão. A mídia bate muito forte em cima de maravilhas deste País, mas vivemos também o país da realidade. Vamos buscar essa realidade, encontrá-la nos números, que alguém com responsabilidade de mostrá-la, como o Senador César Borges, mostrou-nos ainda há pouco.

Vou também tentar passar dados concretos, matemáticos, sobre a realidade econômica do Brasil.

Sr. Presidente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - divulgou agora há pouco o resultado para o crescimento do PIB no ano de 2006.

Vamos reforçar o seu discurso, Senador.

O resultado apresentado, de 2,9%, ficou um pouco acima da estimativa de analistas, que previam um crescimento de 2,8% para o PIB, mas é pouco mais da metade do que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a prometer em 2006, que foi de 5%. Assim, o Brasil, mais uma vez, em 2006, foi a economia que apresentou o menor crescimento entre os principais países da América Latina. Como se não bastasse, a taxa brasileira é uma das menores também entre os países em desenvolvimento, aqueles países chamados de emergentes.

A Cepal - Comissão Econômica Para a América Latina, em publicação de janeiro deste ano, estimava que o PIB brasileiro, em 2006, alcançaria apenas 2,8%, o que fazia com que o País amargasse novamente a penúltima posição do ranking de expansão dos países da América Latina.

E lembro aqui que ontem o Senador Mão Santa fez uma referência à colocação do Brasil nesse ranking, fazendo uma comparação com o futebol do tempo em que o acompanhava, 1950, dando até a escalação do Fluminense. Disse que naquela época existia o Canto do Rio. E o Canto do Rio era o time do campeonato carioca que ficava sempre em último lugar.

O Brasil só não é o Canto do Rio no ranking econômico porque existe o Haiti, que é o último. O Brasil ocupa o penúltimo lugar.

Continuo: novamente ficamos à frente apenas do Haiti, com crescimento estimado em 2,5%. O crescimento previsto para a América Latina fica, em média, em 5,3%, enquanto a Venezuela alcançará 10%; a Argentina, 8,5%; e o Uruguai, 7,3%.

Ainda segundo a Cepal, Peru, Colômbia, Equador, Bolívia, Paraguai e Chile apresentaram taxas superiores de crescimento.

Entre os países do Bric (grupo de países emergentes que reúne, além do Brasil e da Índia, a Rússia e a China), o Brasil amarga a pior posição em 2006, bem atrás da China, campeã de crescimento (10,7%)...

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Senador Papaléo Paes, V. Exª me permite?

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Sim.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Não existe mais Bric, porque Bric seria Brasil, Rússia, Índia e China, e o Brasil já está fora, porque não se desenvolve. O Brasil não está entre esses países que têm um pique de desenvolvimento: Rússia, Índia e China, sim. Não é mais Bric. Agora é Ric.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Agradeço a colaboração. O crescimento da China ficou em 10,7%; o da Rússia, em 6,7%; e a Índia deve ter crescido 9,2%. Realmente, hoje temos que considerar o Brasil, que era a grande esperança dos economistas brasileiros e internacionais, fora desse grupo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o fato é que o Brasil, segundo a Cepal, está entre os países que menos cresceram em 2006 e que menos crescerá em 2007. Lá já esteve em 2003, em 2004, em 2005 e, infelizmente, lá continuamos em 2006 e continuaremos em 2007.

Mesmo que o IBGE divulgasse um índice maior, não alcançaríamos a Nicarágua, que deverá registrar crescimento de 3,7%.

E veja que, para os analistas de mercado, o pouco de crescimento que o Brasil vem obtendo deve-se, principalmente, aos bons ventos da economia mundial, que vem carregando as economias que fizeram suas reformas estruturais, o que não é o caso do Brasil.

Lembrem-se de que o ex-Presidente do Federal Reserve - FED, o banco central americano, Alan Greenspan, afirmou recentemente que a economia dos Estados Unidos pode entrar em recessão ou, no mínimo, em desaceleração no fim deste ano. Cabe destacar que o crescimento da economia dos Estados Unidos já foi revisado hoje para um patamar inferior ao indicado anteriormente.

Lembrem-se também de que os economistas deste País já concluíram que o resultado do PIB brasileiro não é tão bom assim; afinal, os números de 2003, 2004 e 2005 foram fracos. Portanto, os dados de 2006 e as previsões para 2007 estão considerando uma base extremamente fraca. Crescemos pouco em cima do pouco.

O analista sênior do BES Investimento, Fábio Knijnik, considera que o País não tem perspectiva de alterar sua posição entre os emergentes no curto prazo.

Nas palavras do analista, “O Brasil está muito abaixo de todos os Brics e certamente vai continuar porque as reformas fundamentais, como a tributária, fiscal e previdenciária, não foram tocadas pelo PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. O aumento do crescimento sustentável no longo prazo é impossível. Devemos ter picos de crescimento, mas sem sustentabilidade”.

Enfim, como se vê, o Governo do Presidente Lula é incapaz de crescer mais de 3%, 3,5% de forma sustentada. E olha que este Governo não enfrentou nenhuma crise externa que pudesse desestabilizar seu desempenho!

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2007 - Página 3143