O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador) - Sr. Presidente, ilustre Senador César Borges, representante da Bahia no Senado Federal, Srs. Senadores Cícero Lucena, Mozarildo Cavalcanti, Ideli Salvatti, vi, posso dizer, Suape nascer. É um porto industrial vocacionado para o desenvolvimento de Pernambuco. Seu planejamento foi concebido ao tempo em que governava o Estado que represento nesta Casa o ex-Ministro Eraldo Gueiros Leite.

Os primeiros projetos foram desenvolvidos no Governo Moura Cavalcanti, e, posteriormente, como Governador - após, portanto, a administração Moura Cavalcanti -, eu, em parceira com o Governo Federal, pude dar um grande impulso ao Projeto Suape.

            Em primeiro lugar porque contraí um empréstimo internacional, viabilizado pelo então Ministro do Planejamento, Mário Henrique Simonsen,. Esse empréstimo internacional, contraído a taxas muito baixas de juros permitiu-me fazer com que o Estado de Pernambuco pudesse executar algumas obras não somente com relação ao porto, mas também com relação à infra-estrutura física necessária ao seu funcionamento. Construímos, inclusive, uma ferrovia estadual. Nossa malha ferroviária tem uma parte estadual construída ao tempo em que governei Pernambuco. Isso tornou possível ligar Suape à EF-101, ferrovia federal. Além disso, fiz enlaces com órgãos da administração federal, a então Portobras, hoje extinta, e posteriormente com a Petrobras, que viabilizou, graças ao apoio dado pelo então ex-Presidente Ernesto Geisel, um terminal de granéis líquidos, fazendo com que pudéssemos tirar do porto do Recife, já na administração Roberto Magalhães Melo, o processo de distribuição de combustíveis, que passou a ser realizado em Suape, criando condições também para que, ainda antes de terminar o meu Governo, pudéssemos ver atracar em Suape a primeira embarcação, uma corveta da Marinha de Guerra brasileira. O Projeto Suape prossegue. Não vou contar toda a história até os dias de hoje, mas gostaria de fazer o registro, por oportuno, da inauguração, na quarta-feira da semana passada, de um empreendimento de grande significação para Pernambuco.

Refiro-me à inauguração da nova fábrica do Gruppo Mossi & Ghisolfi, realizada na manhã da quarta-feira passada, no Complexo Industrial Portuário de Suape, que se situa no Município de Ipojuca, em Pernambuco. Construído com a mais avançada tecnologia hoje disponível, esse novo empreendimento do Gruppo M&G se torna a maior fábrica de Resina PET (politereftalato de etileno) do mundo. O sucesso de sua operação abrirá novas oportunidades de emprego e renda para o nosso País e, de modo especial, para a Região Nordeste, como diz a carta que recebi e que me convidava a comparecer à inauguração desse empreendimento. Na realidade, a unidade fabril representa a concretização da formação de um núcleo no Pólo de Poliéster do Nordeste, que atrairá investimentos que podem superar US$2 bilhões.

Vou citar apenas alguns números: o projeto total significou o investimento inicial de R$800 milhões. Produção: 215 toneladas/ano.mil empregos diretos; área ocupada: 38,4 hectares; consumo de energia elétrica correspondente, por mês, a uma cidade de 500 mil habitantes.

Há uma fábrica de resina PET com capacidade para 450 mil toneladas/ano e exportações de 30% do produzido; uma fábrica de PTA com capacidade de produção de 750 mil toneladas/ano. Além disso, há uma unidade de PX (Paraxileno) que vai, certamente, também concorrer para que o empreendimento ainda seja mais valioso para Pernambuco, porque esse investimento em PX vai significar em torno de R$500 milhões.

Faço tais registros, Sr. Presidente, para destacar a determinação que presidiu o Governo Jarbas Vasconcelos, tendo como Vice-Governador Mendonça Filho, no sentido de atrair esse empreendimento. Isso foi resultado de uma longa negociação, coroada com êxito, e agora estamos festejando essa grande conquista para Pernambuco e - por que não dizer? - para o Nordeste brasileiro.

Os números do empreendimento são consideráveis: consumiu 30 mil metros cúbicos de concreto, 550 toneladas de perfil e chapas metálicas, somente para os silos, 150km de fiação elétrica. Oitocentos trabalhadores participaram da construção da obra.

Abrem-se, assim, muitas possibilidades de ampla gama da indústria química para Pernambuco e o Nordeste.

Como sabe V. Exª, Sr. Presidente, Senador César Borges, que é de um Estado que dispõe de forte indústria petroquímica, a indústria química é uma das mais dinâmicas dos países com economias centrais no mundo. Os países desenvolvidos possuem grandes pólos petroquímicos.

No Brasil, essa indústria encontra-se praticamente nucleada no eixo Rio-São Paulo e Bahia, naturalmente com alguns outros empreendimentos localizados no Rio Grande do Sul ou no norte do País.

Mas é importante lembrar que, agora, Pernambuco passa também a se beneficiar com esse empreendimento, que se somará à refinaria de petróleo, já em processo de construção.

Essa refinaria de petróleo também representa um sonho de cinqüenta anos, que agora começa a se viabilizar a partir também de convênios firmados entre o Governador Jarbas Vasconcelos, o Governo Federal e a Petrobras, valendo destacar que há, na construção dessa refinaria, uma parceria entre a Petrobras e a PDVSA - Petróleos de Venezuela SA.

Sabemos que, mesmo após a substituição de veículos movidos a hidrocarburantes, o petróleo continuará, como se estima, fundamental para a petroquímica, com os seus inúmeros subprodutos. 

Pernambuco disporá a partir de junho próximo da primeira tecelagem modelo, fazendo parte de modernizado parque industrial. Dos fios de poliéster podem resultar também plásticos para garrafas, embalagens e objetos de uso doméstico geral. Daí se vê a relevância da iniciativa do grupo italiano Mossi & Ghisolfi.

Essas novas fábricas, por efeito cumulativo, assim esperamos, gerarão muitos empregos. Em torno do porto industrial de Suape estão surgindo em conseqüência disso novos investimentos, requerendo - é importante lembrar isso por oportuno - a continuidade de investimentos em Suape, quer por parte do Governo estadual como por parte do Governo Federal, pois Suape representa certamente uma alternativa não só para o desenvolvimento de Pernambuco, mas também, friso, para o desenvolvimento do Nordeste.

Promover o desenvolvimento do Nordeste é de alguma forma reduzir as disparidades interespaciais e interpessoais que ainda existem em nosso País. Portanto, investir no Nordeste deve ser uma prioridade do Governo Federal, mesmo porque somente assim vamos construir um País menos homogêneo e menos injusto.

Não gostaria de encerrar as minhas palavras sem mencionar algo que considero importante: uma entrevista concedida por Richard Ward, superintendente da Petroquímica de Suape.

Diz ele: ”Ninguém coloca 800 milhões de reais para ir embora. A fábrica vai produzir 640 mil toneladas de PTA em Suape”. Ele destaca a diferença desse tipo de investimento em relação a fábricas que são captadas meramente via incentivos fiscais. Diz ele: “Essa é a grande conquista do Estado: a entrada nos pólos petroquímicos. A fábrica de PTA de Pernambuco estará entre as maiores do mundo”.

Ainda cito, mais uma vez, Richard Ward, Executivo da Petrobras que foi designado para comandar a Petroquímica, em Suape: A fábrica de Pernambuco, como já disse, abre, portanto, uma nova expectativa para o nosso desenvolvimento.

Sem querer me alongar em outras considerações, gostaria de aproveitar a ocasião para cumprimentar a Administração Jarbas Vasconcelos e seu Vice-Governador Mendonça Filho, que estiveram à frente dos destinos de Pernambuco por oito anos e realizaram um grande trabalho, dentre os quais gostaria de mencionar esse empreendimento que, agora, Pernambuco acaba de receber e fazer meus votos de que o Governo Federal continue apoiando investimentos dessa natureza e estimando que o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, dê prosseguimento a essas obras, fundamentais para Pernambuco e o desenvolvimento econômico e social de nossa gente, sobretudo, a geração de empregos e investimentos em educação, saúde e ciência e tecnologia.

            Espero, portanto, que estejamos construindo um novo tempo para o Nordeste e porque não dizer, também um novo tempo para Pernambuco. Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente, o tempo que me concedeu.

            O SR. PRESIDENTE (César Borges. PFL - BA) - Aproveito o ensejo para parabenizá-lo pelo trabalho em prol do Nordeste e também pelo seu discurso.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (César Borges. PFL - BA) - Que o Nordeste brasileiro possa receber o que merece da União.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Concordo com V. Exª e agradeço-lhe as palavras.

O SR. PRESIDENTE (César Borges. PFL - BA) - Que Pernambuco, que tem economia pujante, uma das principais do Nordeste, possa alcançar esse sonho almejado de uma refinaria de petróleo, que vai reforçar a refinaria já existente na Bahia.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Exatamente. Estamos convencidos de que essa obra é irreversível. Muito obrigado a V. Exª.