Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anuncia o recebimento de recursos para melhoria de infra-estrutura sanitária no município de Santana/AP. Homenagem pelo Dia Internacional da Mulher.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SANITARIA. HOMENAGEM.:
  • Anuncia o recebimento de recursos para melhoria de infra-estrutura sanitária no município de Santana/AP. Homenagem pelo Dia Internacional da Mulher.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2007 - Página 4775
Assunto
Outros > POLITICA SANITARIA. HOMENAGEM.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, MUNICIPIO, SANTANA (AP), ESTADO DO AMAPA (AP), DISPONIBILIDADE, RECURSOS, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, POLITICA SANITARIA.
  • COMENTARIO, HISTORIA, FEMINISMO, CRIAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER.
  • SAUDAÇÃO, MULHER, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, CONGRESSISTA, SERVIDOR, SENADO.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres colegas de ambos os sexos e de outras preferências, serei breve no meu pronunciamento.

Mas, antes de fazê-lo, Sr. Presidente, gostaria de comunicar à nossa querida cidade de Santana, segundo maior Município do Estado do Amapá, da Ordem Bancária nº 2007OB902432, do Banco do Brasil, no valor de R$400 mil, para sistema de esgotamento sanitário. Esses recursos já estão à disposição daquele Município, para que possa melhorar as condições de infra-estrutura sanitária, com o melhoramento da saúde e a geração de empregos.

Sr. Presidente, hoje, dia 08 de março, é o Dia Internacional da Mulher, e esta Casa, com o seu maior tempo, teve aqui os oradores abordando o tema. Neste dia, Sr. Presidente, precisamos ter a consciência histórica dos fatos que levaram à busca e à justa homenagem, que não concordo seja num dia único do calendário.

Precisamos compreender que, neste dia, no ano de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos situada na cidade norte-americana de Nova Iorque fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica para reivindicar melhores condições de trabalho, como a redução na carga diária para dez horas (as fábricas exigiam dezesseis horas de trabalho diário); a equiparação de salário com os homens (as mulheres chegavam a receber 1/3 do salário de um homem para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

Sr. Presidente, meus nobres colegas - que, na sua maioria, já se encontram nos aviões aos seus Estados, os que aqui permanecem ficam se organizando para enfrentar a próxima semana -, a manifestação foi reprimida com monstruosa e violenta ação. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente brutal e, portanto, desumano.

Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o Dia Internacional da Mulher, em homenagem às mulheres que morreram naquela fábrica no longínquo ano de 1857.

Sr. Presidente, a sociedade em mudança já vinha de uma grande experiência evolutiva. Ali se iniciava a grande revolução industrial, o surgimento das fábricas e dos trabalhos manufaturados e industrializados.

Em 1975, por decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Na maioria dos países realizam-se conferências, debates e reuniões, cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. Entendo perfeitamente o valor histórico desta data e concordo com todos os esforços no sentido de construirmos uma sociedade mais justa e igualitária, onde as diferenças de gênero sejam sagradamente respeitadas.

Por essa razão, meu querido Presidente Mão Santa, nem sei se devo me desculpar pela minha excessiva franqueza, mas não acho justo nem vejo o que há para ser comemorado nesta data.

Não há nada mais equivocado do que se dedicar um dia só, um único dia, às mulheres do mundo todo. A mulher não é filha da costela de Adão. Ela é a mãe e a musa maior de toda a criação.

            E deve, por isso mesmo, ser comemorada e festejada 365 dias por ano.

A ela, não um mísero dia concedido no calendário dos poderosos. A ela, a todas elas, todo o nosso amor, dedicação, respeito, empenho por todos os nossos dias, enquanto vida aqui tivermos.

Sr. Presidente, ser especial com função estratégica concedida pela natureza; a natureza que a brinda com a elasticidade do assento do que caracteriza a diferença no reino animal entre os que fazem cultura e os que não fazem cultura.

Na mulher, na sua essência, está a complexidade dos sentimentos muito bem assentados entre o amor e o ódio, entre as multitarefas que só ela pode suportar, pela capacidade que a natureza lhe deu de garantir as gerações futuras no processo da reprodução humana.

Bem-aventurados, Sr. Presidente, aqueles que conseguem discernir e compreender.

Os que não a compreendem é porque não conseguem perceber que essa máquina humana perfeita vem carregada do que há de mais divino e poderoso: os sentimentos humanos. Mulher. Mulher que lagrima, mulher que chora, que se compenetra; mulher companheira, mulher trabalhadeira, mulher intelectual, mulher que, para tudo e para todos, está sempre à disposição. A mulher do sorriso, dos olhos penetrantes, do caminhar que atrai sentimentos importantes do ser humano.

O Zezinho me olhou aqui no plenário, Sr. Presidente, talvez lembrando-se do seu tempo de adolescente, quando as observava passando pelas ruas ou da janela da sua casa. Ali, aqui ou em qualquer lugar do mundo, elas estão com o poder, não o poder do mando, mas o poder da criação, da compreensão e do que é mais importante para a humanidade: a procriação.

A mulher se diferencia do homem porque está apta a fazer mil e uma tarefas, enquanto nós, num simples telefonema, nos atrapalhamos. Não conseguimos fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo.

Portanto, entendo que devemos começar por homenagear aquelas que sempre estão por perto, aquelas que conhecemos.

Sr. Presidente, sei que V. Exª deve encerrar esta sessão daqui a alguns segundos.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não, eu a prorroguei por mais cinco minutos, mas V. Exª terá todo o tempo para homenagear a grandeza da mulher, da mãe.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Senador Mão Santa, eu não tenho o mesmo perfil, a grande disposição, a sua formação e a sua retórica, para poder garantir uma hora falando. Eu sou muito conciso, e, portanto, aprecio sempre que V. Exª vem à tribuna. Por isso, sempre que possível, quando está ao meu alcance e quando a hora é oportuna e estou presidindo alguma sessão desta Casa, procuro garantir-lhe o tempo necessário, porque, como Platão disse, nós precisamos sair da caverna. Nós saímos da caverna, não como trogloditas, ou andando de quatro. Nós saímos, Senador Mão Santa, das cavernas, para o conhecimento da luz do mundo, para podermos filosofar, para podermos compreender, entender e fazer cultura.

Sei que V. Exª, se pudesse, estaria aqui, antes de encerrar a sessão, para fazer uma homenagem, primeiro, à mulher que é a sua companheira e está sempre ao seu lado e vem sofrendo por todos esses anos, sempre ao seu lado, dando-lhe toda a assistência, todo o apoio, além daquilo de mais belo do que V. Exª tem, que é uma família muito bem encaminhada: a D. Adalgisa. Ela sempre compreendeu quando V. Exª pulava as cercas em busca de voto; em busca de voto, porque não havia distância para V. Exª, que conseguiu galgar vários postos.

Sei que V. Exª está sorrindo para mim, porque deve ter alguma coisa além dessa cerca, que não é o voto, mas as almas dentro daquelas casas aonde V. Exª vai levar a luz, a proposta e a idéia.

Parabenizo todas mulheres e digo a elas que nós homens ainda estamos muito aquém, muito distantes. Belo é o choro. Belo é o trabalho. Eu, pelo menos, sou assessorado, no meu gabinete, por mulheres na sua grande maioria. Elas são competentíssimas, dedicadíssimas e eficientíssimas em todas atividades que desempenham.

Portanto, há diferenças, sim, e nós reconhecemos as nossas diferenças.

Então, jogo pétalas por todas as estradas, por todos os jiraus, por todas as salas, por todos os ambientes de trabalho, por todos os cantos e recantos das alcovas onde se exercita o que é mais bonito para o mundo e que garante o mundo. O mundo existe porque existem as pessoas; o mundo existe porque nós existimos.

Sr. Presidente, sei que V. Exª se emociona, como se emocionou recentemente, lendo uma peça do eminente e grande estadista, Senador Jarbas Passarinho, que foi Governador do Pará. Sei que V. Exª é um homem sensível.

Por esse motivo, homenageio todas as mulheres. E a metade de V. Exª é feminino, embora V. Exª não queira admitir, mas a ciência comprova isso.

Receba a metade dessa homenagem. Espero que V. Exª consiga sempre se controlar como um grande chefe de família, um grande estadista.

Parabéns a todas as mulheres do Brasil e do mundo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2007 - Página 4775