Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A situação da CEPLAC, que completa 50 anos de criação.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA AGRICOLA.:
  • A situação da CEPLAC, que completa 50 anos de criação.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2007 - Página 3293
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, DATA, CINQUENTENARIO, COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA (CEPLAC), NECESSIDADE, REESTRUTURAÇÃO, ORGÃO PUBLICO, AMPLIAÇÃO, QUADRO DE PESSOAL, REFORÇO, ATIVIDADE, PESQUISA, EXPERIMENTAÇÃO, EXTENSÃO RURAL, ASSISTENCIA TECNICA, OBJETIVO, AUMENTO, PRODUTIVIDADE, MELHORIA, SITUAÇÃO, DIFICULDADE, PRODUÇÃO, CACAU, FAVORECIMENTO, ECONOMIA, ESTADO DA BAHIA (BA), ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DE RONDONIA (RO), ECONOMIA NACIONAL.
  • HISTORIA, INICIO, DECADENCIA, PLANTIO, CACAU, ESTADO DA BAHIA (BA), REGISTRO, ATUAÇÃO, COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA (CEPLAC), CONTROLE, PRAGA, IMPORTANCIA, EXPANSÃO, LAVOURA, ESTADO DO PARA (PA), COMENTARIO, DADOS, AUMENTO, PRODUÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO).

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, a CEPLAC não é intocável, mas é indestrutível, disse o ex-Governador e ex-Senador da Bahia Lomanto Júnior por ocasião da Semana do Fazendeiro de 1983, celebrada na EMARC, em Uruçuca, Bahia. 

Atualmente, com a data de comemoração do 50º aniversário da criação da CEPLAC - dia 20 de fevereiro - há muito pouca coisa a comemorar. Está sendo pouco a pouco desmentida a frase otimista do ex-Governador e ex-Senador da Bahia Lomanto Júnior.

O dia 23 de maio de 1989 passou a ser inesquecível quando ficou identificado o primeiro foco da enfermidade vassoura-de-bruxa na fazenda Catolé, no município de Uruçuca, Bahia.

A região cacaueira sul-baiana já estava quebrada, debilitada, antes mesmo da chegada da vassoura-de-bruxa à Bahia, em 1989.

Um instrumento de apoio científico à recuperação da cacauicultura é a biofábrica, que é uma unidade destinada à produção, em escala industrial, de material genético de alto valor agronômico, tolerante à vassoura-de-bruxa e de alta produtividade, que está instalada numa área de 60 hectares no Banco do Pedro, à margem do rio Almada, município de Ilhéus.

A biofábrica, as áreas de multiplicação clonais em fazendas particulares, a fábrica de biofungicidas, os experimentos básicos feitos nos laboratórios e nos campos experimentais, instalados pelos geneticistas e fitopatologistas da CEPLAC, indicarão o norte, indicam o caminho a ser trilhado para o resgate da cacauicultura do sul da Bahia.

É preciso lembrar que a volta do cacau à sua origem - a Amazônia - foi uma decisão das mais importantes, das mais acertadas e das mais nacionalistas, tomada pelo Governo do Presidente Ernesto Geisel, com a criação, a aprovação e a execução do PROCACAU - Diretrizes para Expansão da Cacauicultura Nacional, 1976-1985, quando foi colocada a meta de novos plantios de 160 mil hectares de cacauais na Amazônia.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, serei breve na exposição sobre a situação da cacauicultura no Estado do Pará, mas direi o suficiente para informar a esta Casa que o número de agricultores paraenses alcança 7.780, com uma área plantada de 65 mil hectares e uma produção de 36 mil toneladas de cacau no ano agrícola de 2003.

A produtividade média é de 560 quilos por hectare no Estado do Pará, mas em trechos da rodovia Transamazônica, no município de Medicilândia, se alcança o recorde de produtividade dos cacauais com 1.500 quilos por hectare, beirando os 2.000 quilos por hectare.

A área cacaueira da Transamazônica alcança os 80% da área total do Estado.

A partir de 21 de abril de 1971, o dia em que a CEPLAC descobriu Rondônia para o mundo cacaueiro, foi o Estado cenário de intenso trabalho de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, de sensibilização de governantes, políticos, burocratas, técnicos de bancos oficiais.

Mas se dedicou, principalmente, a motivar os agricultores recém-assentados nos projetos de colonização do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

As matas da Amazônia - e de Rondônia - sempre foram o berço do cacau. Ribeirinhos ou “beiradeiros” sempre tiveram no cacau uma atividade extrativista que complementava as suas rendas.

As grandes concentrações de matas de cacaueiros em Chocolatal, às margens da antiga Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e em Cacoal, na BR-364, assinalaram a presença do cacaueiro nativo.

Em Rondônia foram delimitados 811 mil hectares de solos bons para o cultivo do cacaueiro, dentre uma área total prospectada de quase dois milhões (1.991.140 hectares), ou seja, 53% do total é de terra fértil, propícia para o cultivo do cacaueiro ou de outras espécies exigentes em fertilidade natural.

As áreas estudadas são os solos ricos dos hoje municípios de Ouro Preto do Oeste, Jaru, Ji-Paraná, Ariquemes e Cacoal.

Neste cinqüentenário, atrevo-me a propor, em primeiro lugar, que a CEPLAC promova um amplo concurso público para o preenchimento das vagas abertas quer pelos falecimentos, quer pelas aposentadorias, que reduziram o seu quadro a quase a metade do que já foi um dia.

Que o envolvimento que foi construído ao longo dos anos entre a CEPLAC, o Governo do Estado e suas secretarias especializadas (Agricultura e Meio Ambiente) e as Prefeituras Municipais seja transformado em compromisso.

            É chegada a hora de os governantes reconhecerem que a atividade cacaueira é importante, vital para os destinos do Brasil e, particularmente de Rondônia.

A cacauicultura nasceu como uma atividade de colonização do Poder Federal, mas deve ser absorvida pela sociedade de Rondônia, receber suporte político, recursos orçamentários e apoio institucional.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, falta pouco, falta o setor público encarar com prioridade a questão do desenvolvimento e de modo particular o redesenhar da CEPLAC, seja na Bahia, no Pará ou em Rondônia, como uma importante ferramenta, tanto na pesquisa e experimentação, como na extensão rural e assistência técnica, como na capacitação da mão-de-obra rural.

A meta proposta pelo PROCACAU, de 100 mil hectares de cacauais em Rondônia, poderá ser alcançada e até mesmo ultrapassada. Trabalhemos juntos para demonstrar que o cacau é uma boa lavra, e a CEPLAC, um bom caminho.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2007 - Página 3293