A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Cumprimento, com muito carinho, toda a Mesa: Senadora Serys Slhessarenko, que nos preside, Dona Mariza, querida esposa do Vice-Presidente, sempre nos prestigiando nas sessões do dia 8 de março; Embaixadora da Nicarágua, Srª Soyapa; Maria do Carmo, representante da Ministra Matilde; Aparecida, representante da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, da Ministra Nilcéia Freire; o Deputado Clodovil Hernandes; bem como e principalmente todas as homenageadas, a Suely Batista dos Santos, a Ivana Farina Navarrete Pena, a Maria Yvone Loureiro Ribeiro, a Moema Libera Viezzer, e, de forma muito especial, a Mãe Beata de Iemanjá.

Ontem, quando tive oportunidade de gravar um programa na TV Senado, registrei que a sessão do ano passado foi muito emocionante devido à homenagem às duas pajés do Acre. E, neste 8 de março, é a primeira vez que o Senado homenageia uma ialorixá, essa figura feminina forte nas religiões africanas. Muitas religiões têm no homem o centro, mas a religião africana tem a mulher como centro. Portanto, homenageio a Mãe Beata pelos trabalhos que desenvolve e por realçar o papel feminino num mundo religioso tão importante.

Nesta manhã, estamos acompanhando, embora de longe, o Presidente Lula e a Ministra Nilcéa Freire, que estão lançando o Plano Nacional de Ações Integradas para o Enfrentamento da Feminização da Epidemia da AIDS e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis e da Campanha de Prevenção da AIDS e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis, que terá lugar nos Jogos Panamericanos. Portanto, a ausência da Ministra se deve a sua presença nesse importante evento, justamente com o Presidente, marcando a semana do Dia Internacional da Mulher com o lançamento dessa importante Campanha. A AIDS tem realmente se feminizado, ou seja, o número de mulheres contaminadas, inclusive as casadas, tem crescido muito.

É um evento muito importante, por cuja iniciativa parabenizamos o Governo, em especial a Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres.

Outra referência que eu não poderia deixar de fazer é que, no dia de amanhã, o Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil fará o lançamento de uma campanha muito importante, a Campanha pela Produção de Alimentos Saudáveis. Inclusive estou com o material aqui. As mulheres agricultoras trazem esse tema, já que, em termos sociais, foi-nos dada, a nós mulheres, a tarefa da alimentação.

Outra referência é a apresentação de um projeto de lei, que tomou o nº 51 aqui no Senado, que obriga que o Sistema Único de Saúde disponibilize a todas as mulheres no Brasil a vacina contra o vírus HPV, principal responsável pelo câncer de colo de útero. (Palmas.)

Hoje, 40% das mulheres entre 16 anos a 24 anos estão contaminadas pelo vírus HPV. Portanto, elas estão exatamente no grupo de maior risco de virem a adquirir um câncer de colo de útero, terceira causa de morte de mulheres no Brasil.

Portanto, com esse projeto, esperamos que o Ministério da Saúde, por intermédio da rede pública, do SUS, disponibilize essa vacina de fundamental importância. Ela é muito cara, mas mais caro é tratar o câncer, lidar com o sofrimento e as mortes decorrentes da contaminação pelo vírus HPV.

Na semana que vem, estarei representando o Brasil no Seminário Internacional de Mulheres Parlamentares, promovido pela Organização Mundial de Saúde, onde debateremos a saúde e a sobrevivência das mães e dos recém-nascidos. Com muito orgulho, estarei representando o Brasil, as Parlamentares brasileiras, apresentando nossa luta, nossos avanços, aquilo que já conseguimos produzir de políticas públicas, nossos projetos que viraram leis, como a Lei Maria da Penha, contra a violência. Outra lei de minha autoria, que muito me orgulha por ter sido aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado, dá à mulher o direito de ter um acompanhante na hora do parto, o que diminui o número de cesarianas, o tempo de internação, porque a mulher fica mais tranqüila e o parto corre com muito mais tranqüilidade. (Palmas.)

Por último, o desafio, já levantado por nossa Presidente, a Senadora Serys Slhessarenko, que é o debate da reforma política. Não há reforma política sem a participação das mulheres e a ampliação da representação feminina.

Depois da comunicação de tantas coisas boas que estão ocorrendo, encaminhadas e lideradas pelas mulheres, quero dizer que é sempre muito difícil falar sobre a realidade da mulher.

São tantas e tão diversas as realidades - nossas homenageadas são o exemplo da diversidade da atuação do papel da mulher e das questões que enfrentamos no cotidiano -, que sempre corremos o risco de ficar na superficialidade. Mas, no encerramento da minha fala, muito mais do que constatar essa diversidade e essa combatividade das mulheres, quero deixar consignado aquilo que sempre procuro trazer na minha atuação política: a paixão.

Portanto, deixo este beijo forte, este abraço, este carinho todo especial. Em nosso cotidiano, conformar-se, nunca; lutar, sempre; ter esperança, eternamente, até porque a felicidade é um direito nosso, não uma concessão. E o melhor de tudo é que a realidade pode ser mudada. Se ela não pudesse ser mudada, quão infelizes nós seríamos! Mas como ela pode ser modificada, a melhor descoberta que podemos fazer é sempre estar à frente das mudanças, e as mulheres estão.

Então, o meu beijo, o meu carinho. Feliz dia 8 de março, e que assim sejam todos os dias do ano! (Palmas.)