Discurso durante a 36ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Campanha da Fraternidade de 2007, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, intitulada Fraternidade e Amazônia, com o lema - Vida e Missão neste Chão.

Autor
Maria do Carmo Alves (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Homenagem à Campanha da Fraternidade de 2007, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, intitulada Fraternidade e Amazônia, com o lema - Vida e Missão neste Chão.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2007 - Página 6776
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • HOMENAGEM, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), DEBATE, REGIÃO AMAZONICA, BUSCA, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, GARANTIA, EQUILIBRIO ECOLOGICO, PLANETA TERRA, PRESERVAÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, CONCLAMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, SOCIEDADE CIVIL.

A SRª MARIA DO CARMO ALVES ( PFL - SE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Igreja Católica lança uma vez mais, com a Campanha da Fraternidade de 2007, seu apelo à solidariedade ativa entre os homens e as mulheres do Brasil.

O sentido da Campanha da Fraternidade é, a cada ano, o de convidar a todos a voltar o seu olhar para algum problema que atinge, em nosso País, um grande número de pessoas em situação vulnerável. O convite dirige-se não só aos católicos, mas também a pessoas de outras orientações cristãs e religiosas e, afinal, a todos os homens e mulheres de boa vontade, que não permanecem insensíveis diante dos infortúnios que acometem nossos semelhantes.

A Campanha deste ano enfoca toda uma imensa região, atravessada por uma intrincada rede de fatores vegetais e animais, minerais e climáticos, além dos sociais, econômicos e culturais. Enfim, são diversos os componentes naturais e humanos que formam o vasto e fascinante mundo da Amazônia.

A consciência religiosa sempre intuiu, Senhor Presidente, que a vida na Terra consiste em um todo onde se entretecem a água, o ar e a terra, as plantas e os animais, os corpos celestes e os seres humanos - todos, criados pela vontade divina.

Encontramo-nos, Srªs e Srs. Senadores, em um momento da história no qual as questões ambientais assumem um caráter central e decisivo. Não bastassem os persistentes desafios para a humanidade de acabar com as desigualdades sociais extremas e de alcançar a paz, temos o novo e imenso desafio de salvar o planeta e a nós mesmos de graves desequilíbrios ambientais que já se anunciam.

A Amazônia, com sua exuberante floresta tropical e seus vastos recursos minerais, entre o quais se destaca a água, representa um lugar estratégico para a manutenção do equilíbrio de fatores ambientais importantes para todo o globo terrestre. A preservação da floresta amazônica é uma responsabilidade que nós, brasileiros, temos de assumir, de uma forma clara e inequívoca.

Sabemos, contudo, da importância que tem a Amazônia para a segurança ambiental da humanidade. Por essa simples e crucial razão, queremos e devemos aceitar a ajuda e a colaboração de outros povos para resolver os problemas amazônicos, na forma de recursos financeiros e humanos, deixando claro, ao mesmo tempo, que a soberania brasileira sobre a Amazônia é inarredável e inegociável.

Por tais razões, Srªs e Srs. Senadores, é muito importante que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Campanha intitulada Fraternidade e Amazônia, esteja tomando uma posição nítida em defesa da preservação da Floresta e em prol da manutenção do equilíbrio ecológico do planeta Terra.

Entretanto, como não poderia deixar de ser, a Campanha da Fraternidade coloca no centro da questão amazônica o ser humano. Esse ser humano que precisa de uma atividade econômica para garantir seu sustento e desenvolver suas muitas potencialidades. Esses brasileiros e brasileiras espalhados em comunidades ribeirinhas, à margem dos muitos rios que formam a bacia amazônica; ou aqueles que se aglomeram, em ritmo crescente, nas cidades da região, convivendo com problemas sociais que também crescem de modo assustador; ou os primeiros habitantes da floresta, que necessitam dela para preservar sua cultura e sua vida.

Já há um bom tempo que se fala em desenvolvimento sustentável, Senhor Presidente. Neste momento, é urgente implementá-lo. A floresta intocada é um mito que não se pode mais defender. É inevitável e imprescindível a presença do fator humano, até mesmo como meio de garantir a vigilância sobre a floresta. Resta saber como equacionar essas necessidades distintas e, muitas vezes, conflitantes: a de desenvolver e a de preservar. Como torná-las, ao invés de oponentes, em forças complementares, por uma linha de equilíbrio que, sem dúvida, não é muito larga.

A Campanha da Fraternidade de 2007 procura promover não apenas “um conhecimento atualizado e crítico da realidade da Amazônia brasileira, dos seus povos tradicionais e das formações urbanas”, como diz o primeiro de seus “Objetivos Específicos”. Ela também quer incentivar, como diz o sétimo e último desses objetivos, “a participação e o controle da sociedade civil, com critérios de gestão socioambiental, na elaboração e implementação das políticas públicas e projetos locais, regionais, nacionais e internacionais, para o desenvolvimento da Amazônia”.

Por isso, Sr. Presidente, as diferentes esferas de governo e suas entidades, as igrejas e a sociedade civil como um todo, com a importante participação das organizações não governamentais sérias e confiáveis, devem criar e tornar viáveis projetos e ações de desenvolvimento que garantam o máximo de harmonização com o meio-ambiente. Já foram delineados formatos como os dos Projetos de Assentamento Agroextrativistas (PAEs) e de Desenvolvimento Florestal Sustentável (PDS). Resta preencher esses e outros formatos de projetos com criatividade e com o máximo de responsabilidade social e ambiental.

A Campanha Fraternidade e Amazônia ressalta que é responsabilidade de todos cuidar daquilo que pertence a todos. E podemos, aqui, acrescentar: antes que seja tarde demais.

Esta é uma ocasião privilegiada, Senhor Presidente, para que a população brasileira aprofunde seu conhecimento sobre a complexa problemática da Amazônia, discuta as melhores soluções e passe a apoiá-las.

Parabenizamos a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil por lançar, neste ano em que o Papa Bento XVI virá ao nosso País, uma campanha de significado tão transcendente e tão urgente para nosso povo e para a humanidade.

Muito obrigada!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2007 - Página 6776