A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito bom-dia! Saúdo à Mesa, presidida pela Senadora Lúcia Vânia nesta sessão tão importante e tão relevante; saúdo a todos que aqui compareceram para honrar este homem fantástico que foi Darcy Ribeiro.

     Senador Arthur Virgílio, é impossível fazer um discurso tradicional sobre Darcy Ribeiro, porque ele não era uma pessoa tradicional, certinha, encaixadinha. Ele, efetivamente, era uma figura fantástica; um visionário. O interessante é que, além de ser um visionário - ter idéias, imaginar e propor coisas há muitas personalidades com este perfil no Brasil -, o fantástico é que Darcy Ribeiro propunha e fazia acontecer.

     Como disse o Senador Arthur Virgílio, se eu fosse ler o discurso preparado pela assessoria, relatando as realizações fantásticas e as idéias que Darcy Ribeiro conseguiu concretizar, seja como antropólogo, seja como educador, V. Ex^as veriam como é vasta, imensa, fantástica, ampla as suas realizações. Porém, a faculdade de propor e concretizar com ousadia, seja de forma polêmica ou inovadora, do visionário Darcy Ribeiro é sua característica mais marcante, a qual podemos ver em sua obra, em sua da vida, em suas propostas, em suas polêmicas, em suas realizações.

     Portanto, considero esta uma homenagem necessária.

     Quando exilado, durante o processo ditatorial em nosso País, ele prestou brilhante assessoria, na América Latina, a Salvador Allende, no Chile, e a Velasco Alvarado, no Peru. Isso marcou profundamente sua atuação na América Latina, além de sua luta pela necessidade da universidade. Daí por que esta homenagem ser necessária: por retratar o papel fundamental e importantíssimo que ele desempenhou como cidadão brasileiro, como homem do mundo, em toda a amplitude que conseguiu ter e atuar.

     Por isso, quero homenagear esse homem que fazia chover, que fazia acontecer.

     Talvez uma das principais homenagens que podemos prestar neste momento ao grande Darcy Ribeiro seja a idéia, lançada por ele em 1997, que, infelizmente, ficou na gaveta - sabe-se lá por quê! -, da universidade aberta no Brasil, e que agora está sendo, efetivamente, viabilizada pelo Governo Lula, ou seja, garantir a massificação da formação e do conhecimento por todo o País. Isso só pode ser realizado com a implementação e o fortalecimento do ensino a distância, já bastante difundido em outros países. Que, aqui no Brasil, a universidade aberta, idealizada por Darcy Ribeiro, se concretize, efetivamente, nessa sinergia que o assunto educação vem assumindo nesse último período. Que possamos homenageá-lo concretizando mais uma das brilhantes idéias, das maravilhosas idéias que Darcy Ribeiro teve ao longo de toda a sua vida.

     E, para não me estender, pois há outros oradores, encerro a minha fala em homenagem a Darcy Ribeiro com o trecho de um texto do próprio Darcy Ribeiro. Já se aproximando do final de sua vida, ele fala exatamente sobre o final da vida e sobre a vida. Observem o quanto o trecho é característico da posição, da postura e da vivência de Darcy Ribeiro. Vejam o que ele deixa para nós sobre a vida:

     [...] Termino essa minha vida exausto de viver, mas querendo ainda mais vida, mais amor, mais travessuras. A você que fica aí inútil, vivendo essa vida insossa, só digo: - Coragem! Mais vale errar se arrebentando do que preparar-se para nada. O único clamor da vida é por mais vida bem vivida. Essa é, aqui e agora, a nossa parte. Depois seremos matéria cósmica, apagados minerais. Para sempre mortos.

     Isto é Darcy Ribeiro. A mensagem que ele deixa para nossa reflexão é que não devemos ficar no insosso, preparando-nos para o nada, mas que devemos nos arrebentar para fazer.

     Muito obrigada. (Palmas.)