O SR. ADELMIR SANTANA (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Sr^as e Srs. Parlamentares, membros da Mesa, Senador Cristovam Buarque, autor desta homenagem, passaram por aqui lideranças partidárias e homens que tiveram a oportunidade de conviver com o Professor Darcy Ribeiro. Digo Professor Darcy Ribeiro exatamente porque era esse o título - segundo os historiadores, pois eu não tive a oportunidade de com ele conviver - de que ele mais gostava. Transformou-se, ao longo de sua vida, em um protagonista e personagem da história brasileira, Reitor Timothy Mulholland, que tem a oportunidade de substituí-lo na UnB. Ele foi a própria história do Brasil, a história brasileira do século que acabamos de passar.

     Foi patriota até o último fio do cabelo, conforme foi dito aqui por todos que me antecederam. Teve uma vida de essência e de circunstâncias muito especiais, na convivência com seus amigos - e muitos estão aqui abrilhantando esta homenagem. Foi um homem focado no Brasil moderno, no Brasil contemporâneo. E inseriu o País no rol das nações desenvolvidas, ao participar, com o Presidente Juscelino Kubitschek, do processo desenvolvimentista, com a construção de Brasília.

     Participou do processo de interiorização do País. Darcy Ribeiro faz parte não apenas da turma que hoje o homenageia, mas também da turma de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer.

     Ele foi partícipe do surgimento, como eu disse, do Brasil moderno e industrializado. Mineiro, mas homem do mundo, deixa-nos, segundo o Professor e Senador Cristovam Buarque, um legado eterno sobre o qual temos de refletir sempre. Seu nome está definitivamente ligado à construção de Brasília, especialmente à construção da UnB, instituição idealizada por ele e pelo Professor Anísio Teixeira, assim como o revolucionário sistema educacional que se implantou em Brasília, com as escolas classes e escolas parques, um estilo de ensino que certamente engrandece o País e as figuras de Darcy Ribeiro e de Anísio Teixeira e que ocupa o aluno prazerosamente grande parte do dia na escola.

     Poderíamos lembrar ainda seu amor de irmão pelos índios brasileiros, conforme ressaltado por alguns oradores que me antecederam, seu papel na formação da antropologia nacional, como também lembrou o Senador Cristovam Buarque, e o papel que desempenhou na redemocratização do Brasil, no processo da luta pelas Diretas Já, andando pelo País inteiro na companhia de Tancredo Neves, José Sarney e tantos outros democratas brasileiros.

     Neste momento histórico, em que o Brasil vive tantos problemas envolvendo a sua juventude, com tanta criminalidade e tantas dificuldades, Darcy Ribeiro faz falta, pois certamente ele nos ensinaria a demonstrar nossa indignação com tais acontecimentos. Recentemente, houve uma movimentação no Rio de Janeiro de protesto com relação à criminalidade. O que sentimos é uma verdadeira apatia do povo brasileiro em se manifestar publicamente contra acontecimentos tão trágicos e que tanto nos envergonham. Certamente, se estivesse entre nós, criaria uma frase ou um movimento de efeito para aumentar em todos nós o processo de indignação com a questão da violência no Brasil.

     Eu, como Senador do Distrito Federal, mesmo não tendo convivido com o Senador, o educador e Professor Darcy Ribeiro, não poderia deixar de vir à tribuna para dizer que Brasília também se sente órfã de Darcy Ribeiro. Brasília está presente nesta homenagem na figura de seus amigos, como foi lembrado pelos oradores que me antecederam.

     Falo aqui como um político oriundo do sistema empresarial, o Sistema S - Sesc, Senac, Sebrae -, o quanto a educação, em seu sentido mais amplo, dinâmico e cultural, é fundamental - vou usar um termo totalmente ao estilo do homenageado - para a reinvenção, para a revolução no Brasil, como já colocou o Professor e Senador da República Cristovam Buarque.

     Enquanto nós não fizermos uma revolução, uma reinvenção do País, por intermédio da educação, vamos continuar a relatar casos que nos causam indignação em relação à segurança e ao bem-estar da população brasileira.

     Eu me associo, portanto, a esta sessão de homenagem.

     Professor Cristovam Buarque, Professor Timothy Mulholland, Brasília também sente a falta do Senador e do Professor - como gostava de ser chamado - Darcy Ribeiro.

     Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)