Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comemoração dos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2007 - Página 7349
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), REGISTRO, IMPORTANCIA, PARCERIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • SAUDAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, SECRETARIA, IGUALDADE, RAÇA, DEFESA, NECESSIDADE, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO RACIAL.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Excelentíssimo Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros; caro Presidente do PCdoB, Renato Rabelo; meu querido companheiro da Câmara Municipal de São Paulo e do Congresso Nacional, Deputado Aldo Rebelo; meu caro Ministro Orlando Silva, do Esporte; querida Prefeita Luciana Santos, de Olinda; querido Colega que hoje que tanto traz a história do PCdoB para o nosso cotidiano no Senado, Senador Inácio Arruda, proponente desta sessão de tamanho significado pelos 85 anos do Partido Comunista do Brasil.

Quero cumprimentar aquele que foi meu suplente aqui, Presidente do PCdoB em São Paulo, quando, à época o PT, com todo o meu entusiasmo, o escolheu para ser o meu suplente na legislatura passada, Walter Sorrentino; sua esposa, Nádia Campeão, que foi a nossa Secretária de Esportes no Governo da Marta Suplicy, em São Paulo. Graças ao seu empenho, destaque e contribuição, nós, PT, PCdoB e partidos coligados, a escolhemos candidata a vice-governadora, juntamente com o nosso candidato, Senador Aloizio Mercadante.

Quero também cumprimentar muitos Parlamentares: a Deputada Vanessa Grazziotin, o Deputado Calheiros e a Deputada Manuela. Há poucos meses, estive num diálogo tão interessante em Cochabamba com a Deputada Manuela, ocasião em que a conheci mais de perto, e queria até muito agradecer de ela ter me enviado de presente, do Atitude Feminina, grupo de rap, o álbum Rosas, porque, segundo ela diz, me ouviu falar justamente do Homem na Estrada, do Mano Brown, que tanto aprecio, dos Racionais MC’s. E ela recomenda aqui que eu sempre cante Rosas, do Atitude Feminina. Muito obrigado.

Eu quero lhes transmitir o quanto no PCdoB vejo um Partido irmão. O Aldo conhece um pouco mais a minha própria história e sabe como acabei tendo afinidades com esse Partido, para estar em lutas comuns, no nosso dia-a-dia, pela democracia, por igualdade, fraternidade, justiça e por aqueles objetivos maiores que fizeram com que há 85 anos tivessem João Amazonas e tantos outros companheiros fundado esse Partido, que esteve nas principais lutas pela democracia e pela liberdade no Brasil.

Eu gostaria de lhes dizer que já na minha adolescência comecei a me perguntar sobre as razões pelas quais havia tamanha desigualdade e pobreza no Brasil e se não poderia ser diferente.

E lá pelos meus vinte anos, em 1962, resolvi parar por um semestre os meus estudos na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, dizendo a meu pai que eu gostaria muito de poder fazer uma viagem aos países da Europa Ocidental e Oriental para saber o que é afinal o socialismo, o marxismo e como se compara a organização das economias das sociedades do lado da Europa Ocidental, quando o Mercado Comum Europeu estava tendo grande desenvolvimento. Queria conhecer aquilo que se passava em países que eu visitei então: União Soviética, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária, Iugoslávia e Hungria - a China só fui conhecer em 1976, Cuba um pouco mais tarde. Mas o meu interesse era por saber se a forma de organização socialista poderia levar a sociedade a um bem-estar maior, a uma felicidade maior.

A conclusão a que eu cheguei é muito próxima daquela a que os companheiros do PCdoB chegaram: é que nós precisamos construir o nosso caminho, querida Prefeita Luciana Santos, por formas democráticas. Se for para construir o socialismo, que seja sempre respeitando os seres humanos e, sobretudo, sempre utilizando aqueles instrumentos que nos foram ensinados por pessoas como Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr.

E, por essa razão, acho importante aqui hoje fazer uma breve reflexão, Sr. Presidente, Renan Calheiros, a respeito de um fato que surgiu como uma grande polêmica: a declaração da Ministra Matilde Ribeiro, que mencionou ontem para a BBC que a reação de um negro de não querer conviver com um branco ou não gostar de um branco é natural, embora não esteja incitando isso. “Não acho que seja uma coisa boa, mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.

Ora, compreender isso é de grande importância, assim como é importante aquilo que está na própria reflexão da Ministra Matilde Ribeiro, quando deixa claro que o seu desejo, inclusive como Ministra da Igualdade Racial - um tema tão querido para o PCdoB - é algo no sentido do que eu gostaria de citar, porque acho que tem tanto a ver com as nossas afinidades: a da Ministra Matilde Ribeiro, a do PCdoB, a do PT e a de nós brasileiros. E esse sentimento está expresso de uma maneira muito especial no seguinte trecho das palavras de Martin Luther King Jr., quando, diante de 200 mil pessoas ali, conclamava seu povo a não tomar do chá do gradualismo daqueles que recomendam esperar para que as coisas se transformem com o tempo, porque, se não fossem feitas as modificações de pronto, o seu país viveria novos verões abrasadores.

Então ele disse:

Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio. Precisamos sempre conduzir nossa luta no plano alto da dignidade e da disciplina... Todas as vezes e a cada vez nós precisamos alcançar as alturas majestosas de confrontar a força física com a força da alma.

E daí ele fala:

A maravilhosa nova militância na qual se engajou a comunidade negra não pode nos levar a desconfiar de todo o povo branco, pois muitos de nossos irmãos brancos, como evidenciado por sua presença aqui hoje, vieram a perceber que o seu destino está inteiramente ligado ao nosso destino e vieram a perceber que a sua liberdade está inextricavelmente ligada a nossa liberdade. Esse ataque que nós compartilhamos montados para tomar de assalto as bastilhas da injustiça precisa ser carregado por um exército birracial. Nós não podemos andar sós.

            Dessa maneira, eu gostaria de aproveitar esta oportunidade de nós estarmos saudando o PCdoB para dizer à Ministra Matilde Ribeiro que o sentido maior de suas palavras é justamente fazer com que...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) -... fazer com que nós, brancos, negros e índios, pessoas de todas as raças, possamos efetivamente caminhar juntos na luta por igualdade, por democracia, por liberdade e por fraternidade.

            Parabéns ao PCdoB!

Muito obrigado. (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2007 - Página 7349