Fala da Presidência durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comemoração dos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2007 - Página 7357
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), REGISTRO, HISTORIA, DEFESA, DEMOCRACIA, JUSTIÇA SOCIAL, AUSENCIA, ABANDONO, IDEOLOGIA, COMUNISMO.
  • REGISTRO, HISTORIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), CRESCIMENTO, PARTICIPAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, GOVERNO FEDERAL.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Exmº Sr. Renato Rabelo, Presidente Nacional do PCdoB; Exmº Deputado Aldo Rebelo, querido amigo, ex-Presidente da Câmara dos Deputados; Senador Inácio Arruda, Exmº representante do Estado do Ceará nesta Casa do Congresso Nacional; Exmº Sr. Ministro Orlando Silva, que relevantes serviços tem prestado ao esporte nacional; Prefeita Luciana Santos, de Olinda; Exmºs Srs. Deputados Federais, Exmªs Srªs Deputadas Federais, Vanessa Grazziotin, Aldo Rebelo - já mencionado -, Manuela D´Avila, Renildo Calheiros, Líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Alice Portugal, Evandro Milhomen, Perpétua Almeida, Chico Lopes, Jô Moraes, Jamil Murad; Exmºs Srs. Deputados Estaduais aqui presentes, Eron Bezerra, Lula Morais, Edvaldo Nogueira, querido amigo, Prefeito de Aracaju - que tem origem comum a muitos de nós aqui presentes, alagoano de Pão de Açúcar, lembra-me aqui o querido Senador Inácio Arruda -, Vereadora Olívia Santana, Vereador Marcelo Malta, senhoras e senhores:

Primeiramente, em poucas palavras, eu gostaria de mencionar a minha satisfação de, como Presidente do Senado Federal, estar participando deste ato comemorativo dos 85 anos da fundação do Partido Comunista do Brasil.

Pessoalmente, é com carinho todo especial que tomo parte deste ato.

Sempre, como todos sabem - eu nunca fiz segredo, pelo contrário, sempre fiz questão de ressaltar, de destacar -, nutri muito respeito, muita simpatia pelo Partido Comunista do Brasil.

Preservamos, ao longo dos anos, um diálogo permanente nas grandes questões nacionais.

Do Partido, recebi influência na minha formação ética e política, desde os tempos em que fui dirigente estudantil no meu querido Estado de Alagoas.

Falar da História do Brasil, no século XX, sem falar na história do PCdoB é praticamente impossível. Em todos os momentos de relevo, lá estava o PCdoB cerrando fileiras em prol da democratização, da justiça social e apresentando a todos as melhores saídas, os melhores caminhos, os melhores ensinamentos.

As origens do Partido remontam à década de 1920, como aqui foi dito por muitos, e se inserem num contexto de profunda efervescência política e cultural. Coube a Getúlio Vargas, com a Revolução de 1930, positivar esses direitos, concedidos muito mais pelas pressões exercidas pelas forças progressistas do que pela vontade das elites.

O PCdoB seguiu atuando em diversos movimentos sociais e políticos. Contudo, em 1937, com a decretação do Estado Novo, o Partido foi posto novamente na ilegalidade. Sendo duramente perseguido, o Partido só retornou à cena política nacional com a redemocratização do País, em 1945. Nessa ocasião, recebeu 10% dos votos dos eleitores inscritos nas eleições.

Em 1950, participou da vitoriosa campanha “O Petróleo é Nosso”, cujos resultados ainda hoje se fazem sentir com pujança econômica do Brasil e da Petrobras.

Em 1964, novamente mergulhamos nos anos de chumbo - e o PCdoB, mais uma vez, foi colocado na ilegalidade. Vinte anos depois, em 1984, ainda na clandestinidade, participou ativamente da campanha das Diretas Já, apoiando a eleição de Tancredo Neves e de José Sarney para a Presidência e Vice-Presidência da República, respectivamente.

Em 1985, finalmente, retorna à legalidade com uma histórica participação do Presidente José Sarney, insubstituível mesmo. Nas eleições que se seguiram, elegeu o PCdoB cinco Deputados para a Assembléia Nacional Constituinte.

Em todos esses eventos, em todos esses momentos de inegável significado para a Nação, lá estava o PCdoB firme, marchando em defesa de seus ideais. Nada disso, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, Srs. convidados, teria sido possível sem a coragem, sem a tenacidade, sem a coerência e sem o inquebrantável espírito público de figuras como Astrogildo Pereira, Hermogênio Silva, Maurício Grabois, Pedro Pomar, Elza Monnerat e o inesquecível João Amazonas, falecido em 2002, cuja vida se confunde com a própria história do PCdoB.

Hoje, o Partido Comunista do Brasil é um instrumento fundamental para a manutenção da democracia, da governabilidade do País e, conseqüentemente, para a sustentação congressual. Mais ainda: para a defesa veemente dos valores fundamentais da representação popular e da democracia.

Os seus quadros brindam a cena nacional com nomes de relevo, como aqui já foi citado, do ex-Presidente da Câmara dos Deputados, esse querido amigo, Deputado Aldo Rebelo, que, com grande firmeza, com muita competência, soube com correção, com espírito público, com sabedoria, comandar a Câmara dos Deputados num momento único, um dos mais difíceis momentos do nosso País.

O Senador Inácio Arruda, eleito pelo povo cearense com quase dois milhões de votos, é o primeiro Senador comunista eleito depois de Luiz Carlos Prestes, em 1946, na redemocratização. Em poucos meses de mandato, o Senador Inácio Arruda já demonstrou a sua competência parlamentar e liderança em temas de grande interesse para o País, sobretudo no campo das regiões menos favorecidas.

O Partido conta também - é difícil enumerar - com lideranças emergentes em todo o País. A Deputada Manuela D’Ávila, que está chegando ao Parlamento, foi a mulher mais votada para a Câmara dos Deputados. Aliás, é exatamente na Câmara dos Deputados que, proporcionalmente, o PCdoB - já foi dito aqui pela Senadora Serys Slhessarenko - tem a maior bancada; proporcionalmente, a maior representação. E o atual Ministro dos Esportes, cuja permanência se impôs pelo indiscutível trabalho são claros exemplos dessa diversidade regional.

No momento em que, infelizmente, ainda vivemos a fragilização das estruturas partidárias e em que discutimos a realização de uma profunda reforma política, devemos refletir sobre o exemplo de coerência ideológica que o PCdoB nos lega, Presidente Renato. Talvez seja essa a maior contribuição da sigla para os nossos dias; mas, além dessa contribuição, existe outra de igual significado: ao longo de toda a sua história política, o PCdoB sempre se mostrou preocupado em formar quadros, líderes e militantes da melhor qualidade. Com essa finalidade, mantém o Instituto Maurício Grabois e a Escola Nacional do Partido, além de editar os chamados Cadernos de Formação.

É certo que os partidos devem ter mais força do que cada um de seus representantes. Devem representar verdadeiramente os interesses de uma parcela significativa da população e colocar o bem-estar coletivo acima de interesses imediatos de poder. E é esse o exemplo do PCdoB ao longo de sua trajetória política, sobretudo, como disse aqui o Senador Arthur Virgílio, para muitos de nós que temos um pé, a cabeça e o pensamento no PCdoB.

Celebrar os 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil é, antes de tudo, celebrar a democracia brasileira.

Por isso, nesta oportunidade, saúdo, em nome do Senado Federal, todos os integrantes do PCdoB, na pessoa de seu Presidente Nacional, Renato Rabelo, pelas lutas e pelas conquistas da legenda em prol de todo o povo brasileiro.

Minhas palavras, como disse o Senador Cristovam Buarque, são também de agradecimento.

Parabéns! (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2007 - Página 7357