Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos comunistas brasileiros que lutaram na Guerra Civil Espanhola.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Homenagem aos comunistas brasileiros que lutaram na Guerra Civil Espanhola.
Aparteantes
Inácio Arruda.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2007 - Página 7728
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), ELOGIO, MEMBROS, HISTORIA, EMPENHO, DEFESA, JUSTIÇA, LIBERDADE, SOLIDARIEDADE, COMUNISTA, PARTICIPAÇÃO, GUERRA CIVIL, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA.
  • HOMENAGEM, PIONEIRO, NEGRO, COMUNISTA, TRABALHADOR, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, HISTORIA, BRASIL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, INACIO ARRUDA, SENADOR, PARCERIA, ORADOR, CAMARA DOS DEPUTADOS, ELABORAÇÃO, PROJETO DE LEI, REDUÇÃO, JORNADA DE TRABALHO, MANUTENÇÃO, SALARIO, BENEFICIO, CRIAÇÃO, EMPREGO, BRASIL.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa, o dia de hoje, na verdade, foi destinado a que todos nós, do Congresso Nacional, fizéssemos uma justa homenagem aos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. E eu não poderia ir embora sem vir à tribuna fazer uma homenagem a esses lutadores.

Para fazer esta homenagem, Sr. Presidente, socorri-me do meu conterrâneo Érico Veríssimo, que, em 1940, escreveu a novela Saga. A obra foi baseada em um diário de um ex-combatente gaúcho que lutou na Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939.

Érico também se valeu de sugestões de Jesus Corona, um espanhol morador do Rio Grande do Sul que lhe forneceu informações sobre o campo de concentração chamado Argeles 12.

Já em 1956, o grande Jorge Amado abriu a trilogia Subterrâneos da Liberdade com uma evocação a Garcia Lorca (Buscaba el amanecer y el amanecer no era).

Essa trilogia do querido baiano narra as aventuras de militantes do Partido Comunista, em especial dos marinheiros do porto de Santos, que se recusavam a transportar café para a Espanha de Franco.

Sr. Presidente Mão Santa, há fatos da história brasileira que o tempo esfumaçou. São atavismos que estão guardados em sono profundo e que precisam de novas “Sagas” para se libertarem.

Quero dirigir-me ao Senador Inácio Arruda, querido companheiro desde a Câmara dos Deputados, onde encaminhamos inúmeros projetos juntos. Quero dirigir-me ao companheiro Renato Rabelo, Presidente Nacional do PCdoB, que esteve nesta sessão.

A minha homenagem nesta sessão especial é para os dezesseis militantes do Partido Comunista do Brasil que optaram, livremente, pela solidariedade e cruzaram o oceano e foram pelear na Guerra Civil Espanhola em nome da liberdade. Faço homenagem a Alberto Bomílcar - presente; Apolônio de Carvalho - presente; Carlos da Costa Leite - presente; Davi Capistrano da Costa - presente; Delci Silveira - presente; Dinarco Reis - presente; Enéas de Andrade - presente; Hermenegildo de Assis Brasil - presente; Homero de Castro Jobim - presente; Joaquim Silveira dos Santos - presente; José Gai da Cunha - presente; José Correa de Sá - presente; Nelson de Souza Alves - presente; Nemo Canabarro Lucas - presente; Roberto Morena - presente; e Eny Silveira - presente.

Esses homens embebecidos,“enlouquecidos” pela justiça e pela liberdade, para mudar a sociedade e torná-la mais justa, sem dúvida, marcaram toda uma geração de ativistas políticos.

Hoje, Srªs e Srs. Senadores, digo, alto e bom tom, como é bom tomar chimarrão no Rio Grande ou mesmo nas tardes de Brasília e relembrar esses fatos. E se alguém me perguntar “Mas e quando a água terminar, Senador Paulo Paim, como fica o chimarrão?” Ora, meus companheiros, com a serenidade e a têmpera desses dezesseis comunistas a nos acompanhar é muito fácil beber a água dos horizontes, lá nas cochilhas, lá nos rios mais profundos.

Quero dizer também ao Senador Tião Viana, ao Senador Sibá Machado e ao Senador Geraldo Mesquita que há uma cidade, no Acre, que se chama Assis Brasil, homenagem prestada a um gaúcho, o diplomata Joaquim Francisco de Assis Brasil, que assinou, juntamente com Rio Branco, o Tratado de Petrópolis, o qual assegurou ao Brasil a posse do atual Estado do Acre.

Joaquim Francisco de Assis Brasil, Senador Mão Santa, era tio-avô de Hermenegildo de Assis Brasil, um dos 16 bravos que foram lutar na Espanha.

Aqueles que tiveram a oportunidade e a honra de conhecer Assis Brasil jamais esquecerão aquela figura simples, rude e boa, para quem a vitória do socialismo era o fanal de sua vida heróica.

De olhar sereno e calmo, com lampejos de energia e astúcia. Olhar manso, espelhando a simplicidade, a rudeza, a bondade, mas também a firme e exemplar determinação de um consciente militante proletário do jovem Partido Comunista do Brasil.

Sr. Presidente, esse texto, de autoria de Agildo Barata e publicado na Revista Problemas, nº 26, em maio de 1950, Rio de Janeiro, resume muito bem o significado de ser um militante comunista.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Prorrogo o tempo de V. Exª por cinco minutos.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Terminarei bem antes. Mais um minuto será o suficiente.

Eu gostaria também de prestar minhas homenagens ao primeiro negro, operário e comunista que foi candidato à Presidência da República. Isso ocorreu em 1930, ainda que clandestinamente. Refiro-me ao então Vereador, pelo Rio de Janeiro, Minerzinho de Oliveira. E não poderia deixar de lembrar do também negro Oswaldo Orlando da Costa, o Oswaldão, um dos comandantes do Araguaia.

Sr. Presidente, encerrando, lembro também que o primeiro metalúrgico a se eleger Deputado Estadual, no Rio Grande do Sul, é, hoje, o companheiro do PCdoB, meu amigo, Raul Carrion. Lembro também a jovem estudante Manuela Pinto Vieira D’ávila, Vereadora, ora eleita Deputada Federal pelo Rio Grande. Lembro ainda que um dos meus suplentes no Senado é o companheiro do PCdoB, Roberto Macagnam, sendo o outro José da Mota Pinto, do PT.

Ao fazer essas referências, meu amigo, Senador Inácio Arruda - e V. Exª chegou a tempo; eu disse que não ia embora sem prestar essas homenagens -, digo que, para minha eleição ao Senado, o PCdoB - não porque havia o suplente -, foi fundamental. Eu tinha de vir à tribuna homenagear a história desses guerreiros, lutadores, dos quais tenho muita honra de ter caminhado sempre junto, quando era estudante, no movimento sindical e, hoje, no Parlamento.

O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Agradeço-lhe esse generoso e belíssimo pronunciamento. V. Exª é desses que tem raízes, é de origem proletária, popular; participou de movimentos sociais, do movimento sindical, do movimento negro, do movimento de combate a qualquer tipo de discriminação. V. Exª é essa referência simbólica no Parlamento nacional, tanto na Câmara quanto no Senado, embora sua luta tenha começado anteriormente, nos movimentos sociais.

Por isso, para nós é muito importante o pronunciamento que V. Exª faz neste momento. Quero agradecer, em nome do meu Partido, o Partido Comunista do Brasil, essa lembrança histórica que V. Exª traz à luz, nesta noite do dia 28 de março, de 2007, em comemoração aos 85 anos do PCdoB. Obrigado, Senador Paim.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu que lhe agradeço, Senador Inácio Arruda!

Sempre digo que tenho muito orgulho de ter trilhado com V. Exª os escaninhos da Câmara dos Deputados. Apresentamos projetos, inclusive em parceria, como aquele, por exemplo, da redução de jornada sem redução de salário, que, se bem esculpido, bem trabalhado - e sabemos que isso é possível -, poderia gerar, de imediato, de cinco a seis milhões de novos empregos em nosso País.

Mas, hoje, a homenagem é para V. Exª, Senador Inácio Arruda. Falei aqui do Carrion, falei da Manuela e poderia falar de tantos outros, como do Edison; do Freitas, do meu Estado; e de muitos outros lutadores pelas causas sociais.

Viva a história bonita do querido PCdoB! Viva, Senador Inácio Arruda!

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2007 - Página 7728