Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas a integrantes do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Críticas a integrantes do Partido dos Trabalhadores.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2007 - Página 9545
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, AUTORITARISMO, FALTA, IDONEIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RECUSA, ESCLARECIMENTOS, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, NEGLIGENCIA, PROBLEMA, INTERESSE NACIONAL, PRIORIDADE, DISPUTA, CARGO PUBLICO, GOVERNO FEDERAL, INEFICACIA, COLABORAÇÃO, EXECUTIVO, REGISTRO, FRUSTRAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SITUAÇÃO, RESULTADO, BUSCA, PARCERIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PREJUIZO, POPULARIDADE, CHEFE DE ESTADO.
  • CRITICA, APARTE, AUTORIA, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, MOTIVO, OMISSÃO, PARTICIPAÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CORRUPÇÃO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de abordar o tema que me traz à tribuna, quero dar a minha mão à palmatória: esse Lula é muito forte, esse Lula tem teflon. Resiste à arrogância, à prepotência, à soberba dos líderes que não estão aqui para defender o seu Governo quando esse passa por dias de dificuldade; que não vêm justificar o porquê do apagão; que não vêm justificar por que o País quer CPI das ONGs. No entanto, vêm aqui para se vangloriar de números e dados com os quais não colaboraram. Não colaboraram com o debate, nem sequer dignificaram a luta de um homem só, que chegou ao poder apesar dos aloprados. Não ouvi a voz das lideranças para fazer mea-culpa quando os aloprados envergonhavam o País. Vejo a soberba e a arrogância de pessoas que se colam à imagem de um trabalhador, cujos momentos de deformação por que passou foram, exatamente, Senador Romeu Tuma, provocados pelos que o cercam.

Vemos o Presidente Lula, nessa tentativa desesperada de procurar apoio no PMDB, pagando, às vezes, até preço alto por isso; vemos o Presidente Lula convocando ao seu palácio adversários históricos, inclusive do meu Partido, mostrando à Nação, de maneira silenciosa, que não suporta mais a convivência nociva que tem com alguns setores de seu Partido.

Aliás, Lula só tem dado alegria ao PT, e esse só lhe tem respondido com tristeza, escândalo, desmando e gulodice de cargo. Por isso, acredito que nada faz tão bem ao homem e à humanidade como a humildade.

A popularidade é retrato de um momento. A popularidade representa fatos até um determinado corte analisado pela sociedade, mas isso não é eterno. Há exemplos, na História do Brasil, de líderes resistentes no item popularidade, mas que, pelo mau governo, provocado por si próprios ou por seus companheiros, foram caindo na descrença popular e o ostracismo passou a ser seu companheiro.

Nada no mundo é eterno. Aliás, o grande drama do Partido dos Trabalhadores é saber que ou rasga a Constituição e tenta, de maneira desesperada, um terceiro mandato, ou não tem nos seus quadros nome algum que chegue perto da luta do Presidente Lula, que reconhecemos e respeitamos. Quando nós o combatemos é porque não é possível que seus próprios companheiros não respeitem a sua história e a sua luta.

Não vi ainda a Liderança do Partido dos Trabalhadores subir a esta tribuna para dizer aos companheiros que parem de atrapalhar Lula, que parem de criar escândalos. O que vejo é arrogância, é prepotência e, acima de tudo, a falta de objetivos e de propostas após cem dias de um Governo que não formou sequer um Ministério, mas, sim, uma colcha de retalhos.

Sr. Presidente, o que se vê no País hoje é, nada mais nada menos, do que a luta vergonhosa por cargos que tenham na sua rubrica cifras milionárias. Ninguém vê lutar o Partido dos Trabalhadores para diminuir a fila dos hospitais, para acabar com a dor dos velhinhos aposentados; não se vê ninguém lutar pelo bem social e pela diminuição da desigualdade que, durante tanto tempo, foi o carro-chefe das praças públicas, onde uma estrela brilhava isolada. Só se vê brigarem por cargos, por poder!

Lamentavelmente, esse é o quadro.

E eles, Sr. Presidente - a verdade é esta -, desafiam a lei da gravidade! Batem no Presidente Lula, mas não acertam. O Presidente Lula continua passando sozinho; mas seus companheiros, não.

Faço um desafio, se quiserem: enfrentem os mil, dois mil, três mil Prefeitos, como Lula os enfrentou, e vão ver se não são vaiados, como foi vaiado o Ministro da Defesa. Não abusem do carisma e do prestígio de um homem que deu tudo - deu vida, deu história - a esse Partido!

São arrogantes apenas quando as pesquisas são favoráveis. Quando elas são negativas, “colocam o rabo entre as pernas” e se escondem nos gabinetes. Quando o Governo é atacado nos escândalos, quase diários, somem daqui, não aparecem. Pobre Lula! Pobre Lula!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito Fortes, V. Exª me permite um aparte?

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Concedo o aparte a V. Exª, com o maior prazer. Com certeza, V. Exª vai me dar razão, porque V. Exª é um homem independente.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª está cobrando da Bancada do Partido dos Trabalhadores a presença neste plenário de suas Lideranças, Líder ou Vice-Líder. Eu sou o Vice-Líder da Bancada do PT.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Desde quando?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Desde o início desta Legislatura.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Parabéns! V. Exª foi redimido. O execrado da Legislatura passada é redimido na Legislatura atual. Quero parabenizá-lo, tardiamente.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Aqui estou, a postos, no plenário, prestando atenção às observações feitas por V. Exª, para lhe dizer que muitas delas não me parecem justas nem de bom senso. Começo por lhe transmitir algo que estranhei. V. Exª quase que estaria criticando os seus colegas Senadores do PFL e do PSDB por atenderem ao convite do Presidente Lula para dialogar. Quero transmitir a V. Exª, primeiro, um ponto importante: nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, hoje somos 12, e V. Exª bem sabe que não há registro de quaisquer problemas, como os apontados por V. Exª, na imprensa envolvendo companheiros nossos, Senadoras ou Senadores do PT. V. Exª bem sabe que nunca houve, da parte de Senadoras e Senadores, felizmente, problemas como os apontados por V. Exª. Queremos continuar ajudando o Presidente Lula, e evitando problemas dessa natureza. Isso é um ponto importante. Segundo, sabemos que, muitas vezes, aqui no Senado, são feitas críticas contundentes ao Governo, como as que V. Exª faz neste instante e as que outros Srs. Senadores fazem. Nós recomendamos ao Presidente - V. Exª tomou conhecimento da nossa reunião na terça-feira passada (dessa vez, não pude convidá-lo porque era um jantar para os Senadores do PT) - que, na medida do possível, possa dialogar com alguns Senadores da Oposição - espero que, em breve, com V. Exª também - para que Sua Excelência possa ouvi-los, olho no olho. Inclusive, ouvir recomendações contundentes como as que o Senador Antonio Carlos Magalhães, seu colega, antes do PFL, hoje dos Democratas, transmitiu com muita sinceridade ao Presidente, que gostou de ouvi-las, críticas e recomendações, mas saiu de lá com uma postura de cooperação. V. Exª também deveria reconhecer os avanços significativos registrados no âmbito da economia, tais como a taxa de risco, que foi para 155, uma das mais baixas da História do Brasil; uma melhor distribuição da renda, que, nos anos 90, tinha atingido 0,60 e, agora, está em 0,566 - ainda está muito alta, mas é um progresso significativo; a taxa de crescimento, que ainda não é a ideal, mas aponta para um crescimento bastante positivo. Há um conjunto de dados macroeconômicos positivos, como poucas vezes ocorreu. Então, o Presidente Lula, nos mais diversos lugares, e ainda hoje, no Rio...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª, quando possível, me concederia um aparte?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sei que V. Exª gosta...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador Heráclito Fortes, vou conceder alguns minutos a mais a V. Exª, porque o aparte do Senador Eduardo Suplicy tomou todo o tempo destinado a V. Exª.

Senador Eduardo Suplicy, peço a V. Exª que seja breve.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Não lhe corte a inspiração! Continue.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, prezado Senador Heráclito Fortes,...

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Eduardo Suplicy, V. Exª me concede um aparte? (Risos.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Preciso respeitar o orador na tribuna, Senador Valadares. Quero registrar que a pesquisa CNT/Sensus é baseada em dados positivos, que têm ocorrido. V. Exª mencionou que não estamos falando dos controladores, mas, felizmente, podemos dar a boa notícia que V. Exª também está registrando, que a Páscoa foi muito mais tranqüila nos aeroportos - sou testemunha disso, porque tomei avião nesses últimos dias - e os atrasos hoje têm sido muito menores do que há algumas semanas. Portanto, também esse problema está em vias de ser solucionado. É tão bom que V. Exª esteja sempre apontando quaisquer problemas no País, porque estamos atentos às suas palavras.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Senador Eduardo Suplicy, pelo respeito e admiração que tenho por V. Exª, e por mais respeito ainda ao povo de São Paulo, que lhe traz pela terceira vez a esta Casa, quero pedir ao Sr. Presidente que solicite à Taquigrafia as notas do meu discurso, porque S. Exª cita três coisas que não falei. Ou ele comunicou-se com a assessoria do PT, que não está passando para ele exatamente o que eu disse aqui da tribuna... Porque em nenhum momento critiquei a ida de quem quer que seja para conversar com o Lula; apenas registrei o desespero do Lula em querer procurar adversários históricos porque não confia nos que estão ao lado dele, pelas decepções que lhe proporcionaram.

Senador Eduardo Suplicy, o Brasil lhe deve muito. Vi V. Exª às lágrimas, nesta tribuna e neste plenário, quando teve a coragem de assinar uma CPI, enfrentando a sanha do seu Partido, mas o fez por convicção. Senador Suplicy, V. Exª reclama ou justifica-se por não me ter convidado para o seu jantar. Fique tranqüilo! Tenho certeza de que no jantar de amizade pessoal...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª ainda não ingressou no PT. Aquele era só para o PT.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Senador Eduardo Suplicy, fique tranqüilo, V. Exª não me criou ciúme, constrangimento. Pelo contrário, criou-me alívio por eu não ter passado pelo dissabor de ver companheiros seus sugerirem que V. Exª jogasse pela janela alguns camarõezinhos para a imprensa, que, no cumprimento de seu dever, aguardava, embaixo, que o PT se refestelasse no camarão e no champanhe, no que há de bom e de melhor.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não houve champanhe. Houve uma paella. E, muito simplesmente...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Não tinha camarão?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Havia, e de minha responsabilidade.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Não tinha camarão, Senador Eduardo Suplicy? Será que a Liderança do seu Partido...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Sr. Senador, eu estou concedendo mais tempo a V. Exª.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Sr. Presidente, se não havia camarão, a Liderança do Partido do Senador mente até no cardápio.

Peço que V. Exª esclareça.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Havia peixe com camarão. E houve o suficiente, e inteiramente da minha responsabilidade, porque eu era o anfitrião. As despesas foram da minha responsabilidade, e houve o suficiente, inclusive, para cada jornalista - sem ter sido jogado...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Não jogou pela janela?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª desatendeu a um pedido da Liderança. É o rebelde de sempre, que eu admiro.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Foi servido no prato, com todo o respeito e educação, a cada um dos que aguardavam com tanta ansiedade, inclusive aos seguranças do Presidente e do edifício.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - De qualquer maneira...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Se V. Exª estivesse lá, também iria...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª cantou?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não houve tempo para a música dessa vez, porque o Presidente tinha um tempo exíguo e, inclusive, eu expliquei ao Senador Sibá Machado que, em outra oportunidade, ele será muito bem-vindo com o violão.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Mais um erro da assessoria do Presidente Lula, que mandou que ele se retirasse antes de ouvir a sua voz melodiosa e cativante, Senador Eduardo Suplicy. Tenho certeza de que foi o melhor do encontro.

Mas, Sr. Presidente, o Senador Suplicy é cauteloso. Quando disse que não havia nenhum Senador envolvido em escândalos, ele, propositadamente, fez questão de omitir seus colegas da Câmara. Será que faltou solidariedade aos seus colegas? Aos que dançaram no plenário, Senador Suplicy? Aos que carregaram dólar na cueca? Não importa que eles estejam sentados aqui ou lá, eles são do Congresso Nacional e representam seu Partido e a sua história. O que eu quis dizer foi isso. Está aí o mal de quem pega o discurso pela metade e, para cumprir o dever partidário - agora de Vice-Líder, e eu o parabenizo novamente -, entra no carro com o trem andando, e às vezes se espatifa nos trilhos.

V. Exª sabe que este Senado é uma Casa fechada - mais difícil as tentações -, a Câmara não. Será possível, Senador Suplicy, que seu Partido não tenha pago um preço alto pelos aloprados? V. Exª desconhece os aloprados? O que eu disse é que não vi nesta tribuna ninguém defender o Partido nesse momento. O que eu disse foi que não vi nesta tribuna ninguém justificar. Aliás, V. Exª, às vezes, uma voz isolada aqui e ali, sempre isolada e dissonante do Partido de V. Exª.

Srs. Senadores...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª sabe das críticas que muitas vezes temos feito...

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador Eduardo Suplicy, Senador Heráclito Fortes, peço que esse debate pessoal, sem ser de interesse público, fique para depois, a fim de que o Senador Heráclito tenha tempo de encerrar seu discurso.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Sr. Presidente, ele desviou o meu discurso. Eu ia falar sobre o mau governo que se realiza no Piauí, que é uma cópia do que se faz aqui, em âmbito nacional. Mas V. Exª me dá uma oportunidade fantástica. Eu, que sou daquele Estado pequeno, pobre, querendo crescer, tenho a oportunidade de discutir nesta tribuna com o senhor dos votos, um Senador de São Paulo... Ainda bem que esta é uma Casa de igualdade, diferentemente da Câmara, onde a representação popular é produto dos eleitores. Aqui, não. Quando a Constituição promulgada garante o equilíbrio dos Poderes é para permitir que a representação dos Estados seja justa. E aí, Senador Epitácio Cafeteira, nós, do Nordeste, temos a oportunidade de disputar espaço na tribuna com esta extraordinária figura que é o Senador Eduardo Suplicy, perdido no PT mais do que cego em tiroteio.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Heráclito Fortes, V. Exª sabe do rigor com que eu próprio tenho agido com cada ação inadequada que porventura qualquer companheiro meu de Partido tenha realizado. Não quero mais interferir indevidamente em seu pronunciamento, mas saiba que toda a Bancada do PT no Senado, primeiro, é solidária ao Presidente Lula, e estamos procurando colaborar para prevenir todo e qualquer problema, como o do tipo que, infelizmente, nos preocupou, nos entristeceu e fez com que eu assinasse aqui o requerimento de CPI. Mas espero que, neste quadriênio, possamos avançar muito positivamente a fim de construir um Brasil melhor, e um Piauí melhor também, inclusive a sua terra.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Daí por que, Senador Eduardo Suplicy, por conhecer tanto V. Exª, conhecer tanto seu caráter, seu comportamento, é que eu disse, no início, que V. Exª concordaria comigo. Ao final, concorda, evidentemente, por método confuso, mas é um direito que lhe assiste. Sei que V. Exª é uma voz isolada em seu Partido. V. Exª é a voz que tem coragem de discordar. V. Exª - o Senador Cristovam Buarque é testemunha - teve coragem, inclusive, de se lançar candidato, nas prévias, contra Lula, e pagou um preço alto por isso. Pagou um preço altíssimo, e ainda hoje paga. De forma que V. Exª é a exceção para confirmar a regra. Daí por que, quando falei que o Partido foge do plenário, não me referi a V. Exª, eu me referi às Lideranças formais. V. Exª é um Vice-Líder do baixo clero, é o Vice-Líder dos temas menos importantes, porque o alto clero não lhe dá espaço. E o Brasil todo reconhece isso. E, talvez, por reconhecer isso é que a solidariedade do povo de São Paulo não lhe faltou em uma eleição difícil. Daí por que V. Exª é essa figura que transita nesta Casa, e todos respeitam.

Não defenda o indefensável! Seja sempre o Suplicy diferente, essa figura a que todos nós queremos bem e que todos nós admiramos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me fazer uma previsão diferente daquela que V. Exª fez. V. Exª pode estar certo de que, para 2010, o Partido dos Trabalhadores terá inúmeros...

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...excelentes pré-candidatos à Presidência da República, assim como espero que o Partido de V. Exª venha a ter.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Fora o Sr. José Dirceu, que está lançado, quem é o outro?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não. Haverá muitos. Tenha V. Exª a certeza de que...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª vai se empenhar no plebiscito de anistia do Dr. José Dirceu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Primeiro, é direito dele apresentar, e nós vamos examinar todas as razões. E o Congresso Nacional - acredito que deve ser uma decisão da Câmara dos Deputados - terá todos os elementos. Espero que José Dirceu forneça os elementos necessários para a decisão a mais consciente possível. Tenha certeza V. Exª de que o Partido dos Trabalhadores terá um candidato muito forte...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP.) - Peço desculpas, mas a Mesa está sendo tolerante com o debate. Há outros oradores, que reclamam, com os olhos, esta tolerância. O tempo de V. Exª, Senador Heráclito Fortes, foi realmente “comido” pelo tempo do Senador Eduardo Suplicy.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Sr. Presidente, quando cito o ex-Deputado José Dirceu, Senador Suplicy, é porque é o nome que vejo nas ruas, é o nome que vejo sendo articulado. Não somos nós que temos divergências com José Dirceu; são os companheiros dos senhores mesmos. É o fogo amigo, não somos nós. Somos espectadores. Vamos ter os nossos candidatos, e os senhores terão os de vocês.

Sabemos que o Sr. Delúbio Soares está voltando às atividades; sabemos que todos os aloprados, aos poucos, estão voltando, e as arrecadações começam.

Aliás, o artigo do Roberto Jefferson publicado na revista Istoé merece dormir debaixo do travesseiro de cada um dos que passaram pela era do mensalão e dos aloprados. Acho que todos devem ter um alfinete na cabeceira da cama para usarem ao acordar, porque, como dizia Agamenon Magalhães, conterrâneo do Senador Jarbas Vasconcelos, o homem público tem de espetar o corpo para saber que é igual aos outros.

Sr. Presidente, infelizmente, o meu discurso foi desviado. Mas, como é desmando e apenas uma questão de escala, já que os do Piauí são menores que os do Brasil, embora todos saiam da mesma forma, da mesma origem, os piauienses me aguardarão até amanhã.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2007 - Página 9545