Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre reportagem da revista Veja intitulada "O Alerta dos Pólos".

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Considerações sobre reportagem da revista Veja intitulada "O Alerta dos Pólos".
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2007 - Página 9778
Assunto
Outros > ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO, JORGE VIANA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), FAVORECIMENTO, DESMATAMENTO, FLORESTA AMAZONICA, PERIODO, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, SOLICITAÇÃO, PRESENÇA, TIÃO VIANA, SENADOR, ESCLARECIMENTOS, ACUSAÇÃO.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nobres colegas, quero parabenizar esta revista de circulação nacional e de tradição na mídia escrita do País, a Veja, que esta semana traz em sua capa “O Alerta dos Pólos”.

Realmente a questão do meio ambiente tem sido pauta nesta Casa, e com razão. Eu tenho acompanhado a questão e me preocupo muito com a minha região, que é pulmão do mundo, a Amazônia. A revista também traz algumas matérias interessantes, Sr. Presidente, nas quais precisamos dar uma avaliada.

Levo à Nação o texto da reportagem, assinada por Leonardo Coutinho. A matéria, que é muito interessante, precisa ser observada por todos, porque a Nação está mobilizada para a região amazônica, por reflexo.

“E agora, Viana?” O articulista começa a dissertar:

O petista Jorge Viana governou o Acre por oito anos, de 1999 a 2006. Logo que chegou ao poder, percebeu que o discurso ambiental poderia lhe render projeção nacional e batizou sua gestão de “governo da floresta”. No segundo ano de mandato, passou a alardear que havia contido o desmatamento em seu Estado. Tornou-se um dos astros do petismo e aproximou-se do Presidente Lula.

Seu peso político aumentou tanto que, agora, mesmo sem mandato, disputa com José Sarney e Jader Barbalho quem apadrinhará o próximo superintendente da Sudam, a Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia. A Imagem de Viana como protetor da Natureza, no entanto, está tão ameaçada quanto a mata que ele diz defender. Veja teve acesso a um estudo encomendado pelo próprio petista que mostra que, nos seis primeiros anos de sua gestão, a velocidade do desmatamento no Acre triplicou e chegou à marca de 995 quilômetros quadrados em 2004. É como se uma área de floresta do tamanho de quatorze campos de futebol fosse derrubada por hora. Pior: o estudo, feito pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), revela ainda que, de todo o desmatamento do Acre, cerca de um terço ocorreu durante a administração de Viana. O então governador recebeu as conclusões do estudo em agosto do ano passado - e as escondeu.

Em setembro de 2003, Veja já havia informado que a devastação no Estado aumentara no governo do PT.

Viana se esforçou para desqualificar a reportagem. Alegou que os números apresentados estavam errados e escalou jornalistas pagos com dinheiro público para replicar sua defesa pelo País. Em seu estado, usou dinheiro do Erário para atacar Veja nos jornais e TV locais. “No meu governo, desmatamento só caiu”, jurava ele. Poderia ter-se poupado. O estudo do Imazon, feito com base em imagens de satélite, tem um grau de precisão inédito no País e confirma o diagnóstico da destruição. No Acre, entretanto, Viana mantém sua boa imagem, principalmente entre os onguistas. Sintomático. Lá, nem os “povos da floresta” andam preocupados em manter as árvores em pé. No seringal Nova Esperança, em Xapuri, 36% da floresta, dentro de sua área, foi destruída. A Reserva Extrativista Chico Mendes está salpicada de pastagens. Fatos assim mostram que a falta de avaliações isentas e sem romantismo ameaça tanto a preservação ambiental quanto o crescimento econômico em um estado que já perdeu 11% de suas florestas e continua a ostentar alguns dos piores indicadores sociais do País.

Essa matéria foi escrita pelo jornalista Leonardo Coutinho.

Se. Presidente, penso que o Senador Tião Viana deverá reagir e retornar a esta tribuna. Isso é muito importante. Ambos merecem todo o nosso respeito. No entanto, acredito que essa matéria é preocupante para a nossa região. Como há uma política muito séria de meio ambiente na região, cultura que estamos desenvolvendo há bastante tempo, penso que essa discussão é muito importante. Daí por que fazer um apelo ao Senador Tião Viana para que retorne, na segunda ou na terça-feira, para que possamos esclarecer isso, até para se associar ao desempenho de outros Estados na Região Amazônica, para que possamos implementar políticas e também desvendar mitos e firmar uma imagem verdadeira de uma política séria.

Veja, realmente, traz excelentes matérias. Há uma outra que trata do meio ambiente, intitulada A fronteira final. São matérias interessantíssimas que recomendamos aos leitores do País.

A Veja foi ao Ártico e à Antártica conferir os estragos causados pelo aquecimento global. A notícia não é boa: “Calotas polares estão no limite da resistência”.

Realmente, o País precisa se mobilizar. Por isso, nós, da Região Amazônica, região extremamente cobiçada pelo seu potencial ecológico, que tem a floresta, a qual precisamos manter, já que considerada o grande e importante filtro no processo de fotossíntese. Assim sendo, deveremos nos encontrar, brevemente, com os Governadores da região para discutirmos a questão.

Quero parabenizar a revista Veja por trazer matérias importantes no que tange a um desastre iminente no mundo. Estudos e estatísticas mostram que, daqui a 15 anos, portanto, 15 segundos no calendário, algo muito rápido, teremos um desastre, alguma coisa nefasta que vai acontecer no mundo.

Ouvi, neste plenário, dois ou três pronunciamentos bastante bem balizados e estudados, feitos pelo Senador Edison Lobão - um deles acompanhei atentamente -, além de esse assunto ter sido tratado pela revista Veja, pautando matérias dessa importância.

Então, apelo ao Senador Tião Viana que venha ao debate. Não vou me arvorar em fazer críticas ou comentários. Acho que precisamos fazer uma avaliação da gestão dos três mandatos dos últimos doze anos acerca do desempenho das políticas de meio ambiente desenvolvidas pelos governadores e pelas administrações municipais.

Portanto, Sr. Presidente, venho à tribuna, nesta manhã de sexta-feira, para me congratular com a revista Veja por matéria tão importante, que a Nação pôde apreciar e discutir.

Era o que tinha a dizer.

Senador Mão Santa, não pude permutar com V. Exª porque o Presidente já havia me concedido a palavra como inscrito. Mas gostaria de tê-lo feito. O Senador sabe do amor que tenho por V. Exª. Seu olhar de jabuti na fumaça me emociona sempre que nos fitamos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2007 - Página 9778