Discurso durante a 43ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de visita ao Presidente Lula, e afirmação que continua na oposição ao governo.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Registro de visita ao Presidente Lula, e afirmação que continua na oposição ao governo.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2007 - Página 9157
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, ENCONTRO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGRADECIMENTO, VISITA, PERIODO, INTERNAMENTO, ORADOR, HOSPITAL, COMENTARIO, ESPECULAÇÃO, IMPRENSA, NATUREZA POLITICA, DIALOGO, CONVITE, DEBATE, CONGRESSISTA, OPOSIÇÃO.
  • NECESSIDADE, CHEFE DE ESTADO, APROVEITAMENTO, POPULARIDADE, APOIO, MATERIA, INTERESSE NACIONAL, COBRANÇA, FACILITAÇÃO, VOTAÇÃO, PROPOSIÇÃO, OBRIGATORIEDADE, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, PRIORIDADE, IGUALDADE, LIBERAÇÃO, EMENDA, ORÇAMENTO, AUTORIA, CONGRESSISTA, REGISTRO, DEBATE, REFORMA POLITICA.
  • REITERAÇÃO, ORADOR, EXERCICIO, OPOSIÇÃO.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço a gentileza da Senadora Ideli - espero que o Banco Central já tenha resolvido o seu problema em Santa Catarina. 

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Senador ACM, às vezes vale a pena. Saiu a licença.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Do Ibama.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - É, do Ibama. Saiu a licença prévia e agora estamos completando a documentação para a Licença de Instalação, a LI. Então, valeu!

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Parabéns a V. Exª. Acho que sempre vale.

Sr. Presidente, relutei muito em vir à tribuna hoje. Não sei se deveria ter vindo, mas é do meu estilo vir.

Sabem todos que estive no Palácio do Planalto na quarta-feira, às 9 horas, a convite do Senhor Presidente da República. Foi uma visita de agradecimento pela sua generosa estada no Incor, quando estive lá, há mais ou menos vinte dias.

É natural que surja uma especulação aqui, outra ali, mas sei que com o Presidente não surgirá, porque a conversa foi tão clara, tão amável, tão cordial, que não pode haver equívocos, e foi assistida também. Sou um homem já com alguma idade na política; V. Exª não tem tanta, mas já tem alguma também e sabe que quando o Presidente da República nos recebe com outro Ministro ele quer uma testemunha. A testemunha foi o Ministro Walfrido dos Mares Guia. E eu deduzo disso que os assuntos políticos serão tratados pelo Sr. Walfrido dos Mares Guia e não pelo Sr. Tarso Genro. É uma dedução lógica de quem vai conversar política com o Presidente da República.

Mas alguns jornais deram coisas que não existiram - pequenas, aliás - que eu poderia deixar passar. Mas não tratei de nenhum assunto da Bahia, porque, se tratasse do Ministro Geddel, por exemplo, eu levaria para o Presidente de presente quatro vídeos sobre a vida do Ministro Geddel, não o acusando, mas para que o Presidente, se tempo tivesse - que eu acho difícil, para quatro vídeos -, examinasse as coisas que ali constam e visse se fez bem ou mal em escolher o seu Ministro.

Portanto, não falei sobre essa figura. Pode ser que fale aqui um dia desses. Agora, do Dr. Waldir, eu me lembro que o Presidente contou uma piada minha com ele ou dele comigo, mas que eu não me recordo. Foi a única coisa que houve em relação ao Waldir, até porque eu não ia atacar Dr. Waldir em pleno apagão aéreo para que ele ficasse melhor com o Presidente, já que está muito ruim com o povo. Então, se o Ministro Waldir não é acatado pelos seus subordinados, sou eu que vou tratar do Ministro Waldir?! Isso é algo que não existe. É uma questão de tempo ou então de se deixar o apagão prosseguir por mais tempo.

Aliás, falando em apagão, devo dizer que, hoje, colegas meus, desses que são atuantes e que sempre vejo aqui, me disseram com muita propriedade que os Senadores, hoje, não podem dizer que não houve avião. Poderíamos realmente estar com uma presença maior. Mas isso não vem ao caso.

O que vem ao caso é que o Presidente queria me fazer um apelo, como fez, bem como a vários outros Parlamentares da Oposição para conversar com ele, aqueles que quisessem. E eu disse a ele: é melhor que o senhor diga “aqueles que queiram”, ao que o Presidente disse: “Lá eu não vou”. Mas o Presidente terá o maior prazer em recebê-los. E a conversa girou sobre o problema econômico.

Devo dizer, para surpresa minha, que ele estava bem preparado. Discutiu os assuntos com muita propriedade e, até mesmo, com alguma segurança. Falou mais sobre o etanol, o álcool, a visita que fez ao Bush, o que pode haver no relacionamento dele com os Estados Unidos, o interesse dele no PAC.

Eu lhe disse: Presidente, se o senhor permitir, eu gostaria de dizer uma coisa antes do senhor. Sei que nossos pensamentos coincidem, mas não quero que o senhor diga que coincide ou não, peço que o senhor silencie. Presidente, quem ganhou uma eleição no segundo turno com 20 milhões de votos de diferença não pode negociar com pessoas menores - o seu Ministério. Digo isso porque acho que Vossa Excelência é o homem, hoje, no Brasil, o mais popular. Não é o PT popular, não são os Democratas, nem o PSDB, o PP ou o PL. Enfim, o senhor é um homem popular. E a minha inteligência de alguns anos, de quem faz política, é que quando o Presidente, o governador, o prefeito são populares, eles têm maioria no Congresso, nas Assembléias ou nas Câmaras Municipais. É uma experiência que tenho de muito tempo.

Discorremos bastante sobre isso e sobre a governabilidade. Ele trouxe algumas maquetes sobre o etanol que ele quer multiplicar pelo País e me fez chegar a algumas opiniões que não vou traduzir aqui porque quero ser um homem educado e respeitado. Como o Presidente é o dono da conversa, ele que fale quando quiser, o que quiser. Eu falo o que eu disse, mas não falo o que ele me disse. Conversamos muito amavelmente e a conversa, realmente, foi uma conversa que, eu diria, agradável.

Antes de ir ao Presidente, no entanto, tive o cuidado de falar oficialmente com Rodrigo Maia, Presidente do meu Partido, e com José Agripino, Líder da minha Bancada. Falei com ambos, disse do que se tratava e do convite do Presidente. Fora daí, talvez tenha tocado no assunto com duas ou três pessoas, entre as quais o Senador Tião Viana, pela amizade que tenho e pela confiança, que é recíproca. Falei apenas com ele e fui para lá e conversei.

Devo dizer que trouxe a conversa dele para os meus companheiros. O que ficou mais ou menos da minha parte foi o seguinte: aquilo que for bom, o senhor vai contar com o nosso apoio; aquilo que não for, não vamos votar. Devo dizer, aliás, que o senhor deveria facilitar essas votações. Eu tenho o Orçamento impositivo. Não vou querer que o senhor faça o Orçamento impositivo em 24 horas. Mas em relação às emendas parlamentares - porque todos os parlamentares foram eleitos da mesma forma -, Vossa Excelência deveria fazer cumprir - ou todas ou nenhuma, mas para todos os Congressistas. Aliás, o Ministro Walfrido dos Mares Guia já deu uma declaração nesse sentido. Não vou dizer que o Presidente aprovou, mas deu sinais claros de que isso seria uma coisa possível.

Temos outras coisas a tratar, por exemplo, os projetos. E ele me falou estar muito interessado em iniciar pela reforma política. Também discuti com ele a reforma política. É natural que surjam nomes de A, B, C, uns bons, outros maus, uns de quem ele não gostava e de quem eu também não gostava, outros que eu gostava. Algo natural entre políticos que querem fazer alguma coisa útil.

Ele disse, em certo momento - e eu entendi -, que não guardava mágoa de ninguém. Eu disse: “De mim sei que o senhor não guarda, porque pessoas que o atacavam mais do que eu estão hoje ao seu lado mais do que eu”.

Tratamos do assunto, e sai de lá. Ele, Presidente forte, eleitoralmente forte, politicamente nem sempre certo, há muita coisa errada, e eu, oposicionista, como ontem, hoje e amanhã. Isso não me vai impedir de conversar com o Presidente outras vezes, se ele quiser, mas gostaria que na próxima vez fosse um grupo com os mesmos pensamentos meus e do Presidente sobre esses assuntos. É claro que não apóio 90% das suas ações, mas quem sabe esses 10% podem ser mais úteis ao País do que os 90%.

Então, dispus-me a trazer essas palavras hoje aqui, explicando a visita a pessoas não bem informadas e, mais do que isso, que tenham interesse em criar algum problema maior ainda entre mim e o Presidente. Não me interessa. Estou com a consciência tranqüila, servindo à Bahia, servindo ao Brasil e estou nesta tribuna cumprindo aquilo que minha consciência manda.

Fazendo assim, tenho certeza de que o próprio Presidente da República dirá que fui fiel à conversa. O Ministro Mares Guia, ao sair, abraçou-me e disse que poucas vezes assistiu a uma conversa de tão alto nível e tão boa.

Ora, já dei satisfação ao meu Partido, mas precisava dar à Casa. Pena que hoje seja uma segunda-feira. Seja como for, dando satisfação aos Senadores que estão aqui e que são os que comparecem sempre às sessões, posso amanhã olhá-los e dizer: fui agradecer ao Presidente da República a gentileza de me visitar quando eu estava enfermo. 

Se estivemos juntos por uma hora e meia, é porque sabemos conversar. Se isso aborrece alguns, agrada a outros.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2007 - Página 9157