Discurso durante a 43ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cobra urgência para apreciação dos vetos presidenciais e aponta ameaça à indústria têxtil. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL, ATUAÇÃO. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Cobra urgência para apreciação dos vetos presidenciais e aponta ameaça à indústria têxtil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2007 - Página 9184
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL, ATUAÇÃO. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • GRAVIDADE, SITUAÇÃO, INDUSTRIA TEXTIL, INFERIORIDADE, CAMBIO, PREJUIZO, EXPORTAÇÃO, SUPERIORIDADE, TRIBUTAÇÃO, CONCORRENCIA DESLEAL, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA.
  • APREENSÃO, ACORDO, EXPORTAÇÃO, ISENÇÃO FISCAL, INDUSTRIA TEXTIL, PAIS ESTRANGEIRO, COREIA DO SUL, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), TROCA, CONTROLE, POLITICA NUCLEAR, GOVERNO ESTRANGEIRO, PREJUIZO, EMPRESA, CONFECÇÃO, BRASIL.
  • CRITICA, INEFICACIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), AUSENCIA, VANTAGENS, COMERCIO EXTERIOR, INVESTIMENTO, BRASIL.
  • DEFESA, URGENCIA, APRECIAÇÃO, VETO PARCIAL, LEGISLAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), POLITICA FISCAL.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Cícero Lucena, estava ali na minha bancada, acessei a Internet e vi uma notícia estampada no alto do dial: dólar fecha a R$2,00.

Senador Arthur Virgílio, maravilha das maravilhas, R$2,00 o dólar. Já imaginou? Senador Crivella, pobre da nossa indústria têxtil, entre outras.

Senador Arthur Virgílio, estava lendo nos jornais, no fim de semana - tive a oportunidade de falar deste tema, penso que há um mês -, sobre a situação da indústria têxtil do Brasil. Há alguns venenos que querem matá-la. Um veneno é a carga tributária, perto de 50% - sobre a indústria têxtil e de confecções no Brasil -; outro é o câmbio, que está chegando a R$2,00. Ele vai matar as exportações da já combalida indústria têxtil do Brasil. Combalida por causa da competição da China, que é o terceiro veneno, é a cicuta.

Como a China?! O Brasil reconheceu a China como economia de mercado. Não há de que reclamar; não há que falar em dumping, ou que na China não há previdência, que o câmbio é segurado no torniquete, que o salário é US$30,00. Não pode falar nada disso, porque reconheceu que a China é economia de mercado. Reconheceu, livre e voluntariamente, o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Está aí, agora, Senador Arthur Virgílio.

A nossa indústria têxtil e de confecções gera mais de 1,5 bilhão de empregos diretos. Cada dólar que se investe no mercado da industria têxtil significa uma enorme capacidade de alavancar empregos e investimentos resultantes. Dólar de R$2,00: a industria têxtil do Brasil está pela “bola sete”. Até aí eu agüento.

Senador Heráclito Fortes, sabe da última? V. Exª é arguto, atento, deve ter acompanhado, na semana anterior à semana que passou, a passagem do Presidente Bush pelo Brasil e, em seguida, a ida de Lula a Camp David. Foi hóspede, passeou de carrinho de golfe, chegou a Camp David no helicóptero da Presidência - deve ser o Air Force Two ou Tree. Pompa e circunstância, deve ter deitado em cama de belo colchão macio. Mas de lá não trouxe nada. Foi conversar sobre etanol.

Enquanto Lula ia a Washington e de Washington a Camp David, os coreanos do sul - aqueles de olhinhos puxados, espertíssimos - fechavam um acordo em cima da nossa indústria têxtil, para acabar de arrebentar.

Qual foi a última deles? Fecharam um acordo. As empresas têxteis e de confecções da Coréia do Sul têm ramos na Coréia do Norte, onde um ditador está levando a efeito, não sei se deveras - como falamos no seu Piauí e no meu Rio Grande do Norte - ou de brincadeirinha, uma política nuclear perigosa e, supõe-se, irresponsável. Repito: a Coréia do Sul tem investimentos na Coréia do Norte, no setor têxtil e de confecções. Pois os americanos fizeram um acordo com a Coréia do Sul para receberem a produção vinda da Coréia do Norte, dessas empresas, sem taxação.

Por quê? Para que a Coréia do Sul controle a expansão da política nuclear da Coréia do Norte. Usando o quê? Um trunfo político. Acabando com quem? Com os empregos no Brasil. O Senador João Claudino acha que Armazéns Paraíba devem vender um bocado de confecção. Prepare-se para tempos ruins. Prepare-se para tempos ruins, piores; não ruins, piores.

Senador Heráclito Fortes, Senador Leomar Quintanilha, Senador Nery, vejam, o Presidente Lula vai aos Estados Unidos para tratar de etanol e não cuida nem ao menos de uma proposta. Os coreanos do sul propuseram aos Estados Unidos: “Temos um investimento em indústria têxtil e de confecção na Coréia do Norte, seguramos a expansão da política nuclear naquele país, agora deixe que nós exportemos as camisas, as calças, os underweares, tudo, enfim, sem taxação”. O americano, que tem interesse, que entende a linguagem pragmática do interesse diz: “Está o.k.!” E aí quem quebra é a indústria de confecção do Brasil.

Enquanto Lula estava lá nos Estados Unidos, discutindo o etanol, não teve habilidade nem ao menos para dizer: “Presidente Bush, vamos fazer aqui um entendimento. Você é o maior produtor de etanol do mundo, eu sou o segundo maior produtor; fabrico com cana-de-açúcar, você, com batata, com milho, com cereais. Uganda pode nos passar. A Nigéria pode nos passar. O Sudão pode nos passar. Tem terra, sol, água, claro, pode. Não tem infra-estrutura nem tecnologia. Vamos juntar o dinheiro - nós, do Brasil, exportamos etanol para vocês, nos Estados Unidos, que são carentes disso. O dinheiro decorrente dos impostos vamos transformar num fundo, para aplicar em desenvolvimento tecnológico, para que vocês usem e também nós, do Brasil, usemos, a fim de que sejamos competitivos com quem vier a produzir etanol no mundo, porque a tecnologia é fundamental. Ele não teve a esperteza de propor essa idéia, para trazer uma vantagem para o povo brasileiro. Aí chega o coreano do sul, aparece com essa idéia e leva os empregos do Brasil.

Senador Marcelo Crivella, está ruim sobreviver dessa maneira. Está muito ruim, e não posso me calar. Senador Arthur Virgílio, não tenho como me calar diante disso. São espertezas mínimas que uma política externa recomenda. Não é do Itamaraty, é do Presidente da República, que se meteu a caixeiro-viajante. Se é caixeiro-viajante, se viaja no aerolula, justifique ao menos o combustível: traga vantagens. Do contrário, só nos restará uma coisa, Senador Arthur Virgílio: exigir aquilo que estamos fazendo aqui, que é defender os interesses do povo brasileiro.

A Sudene e a Sudam foram criadas e vetadas. A Emenda nº 3 foi aprovada e vetada.

Senador Arthur Virgílio, no dia 21, houve uma reunião do Presidente Renan com os Líderes. Pactuamos o prazo de 20 dias para que os vetos viessem a ser apreciados - fundamentalmente os vetos, aqueles que fossem consensuais mais o veto à Emenda nº 3 e o que criou a Sudene e a Sudam. Essas não foram recriadas por um veto do Presidente, que subtraiu os recursos que fariam esses dois órgãos viverem. Isso no dia 21 de março... Março teve 31 dias, portanto, decorreram dez dias. Hoje é dia 9, e amanhã, dia 10. Amanhã completam 20 dias corridos. É claro que o prazo decorre do dia da leitura dos vetos. Foram poucos dias depois.

Senador Arthur Virgílio, vamos começar a conversar com o Senador Renan, porque está na hora de marcar a reunião para apreciar os vetos da Sudene e da Sudam, apreciar o veto da Emenda nº 3 e o das matérias consensuais. Isso significa defender interesse coletivo do povo brasileiro. A Emenda nº 3 significa defender interesse de 3,2 milhões prestadores de serviço, pessoas jurídicas personalíssimas, que estão com a espada de Dâmocles na cabeça diante da perspectiva do achaque - essa é que é a verdade -, e a Sudene e a Sudam são os seus amazonenses e os meus potiguares, que estão há anos sem aquele instrumento de fomento ao desenvolvimento regional, que foram recriados e que até hoje não foram postos em funcionamento por conta de uma ação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viaja, viaja e viaja e recebe bola pelas costas dos sul-coreanos que estão agora ameaçando retirar os empregos do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2007 - Página 9184