Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao ex-governador do Acre, Jorge Viana.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Homenagem ao ex-governador do Acre, Jorge Viana.
Aparteantes
Sibá Machado, Tião Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 19/04/2007 - Página 10733
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, JORGE VIANA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), REGISTRO, HISTORIA, CAMPANHA ELEITORAL, EFICACIA, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, PARCERIA, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, AUMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, PRIORIDADE, POLITICA FLORESTAL, GARANTIA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço a gentileza de V. Exª, sempre benevolente com seus colegas.

Srªs e Srs. Senadores, só há uma força capaz de impedir o homem de ser injusto: a sua própria convicção de justiça. Ser justo, porém, não é um conceito subjetivo, como muitos imaginam. Ser justo é trabalhar com o fato, não com a versão.

Pois bem, durante a campanha, percorreu todo o interior do Acre a pé, a cavalo ou de canoa. A imprensa divulgou, à época, que ele chegou a perder as unhas dos pés em caminhadas fatigantes, sem encontrar um único eleitor em dezenas de quilômetros. Não desistiu e, obstinado, foi eleito.

Permito-me confessar, Sr. Presidente, que admiro a obstinação de um homem. Somente aqueles que não se deixam abater pelas adversidades são capazes de perseverar. A obstinação que os move consagra-os à vitória.

Já empossado, em todos os lugares por que passava, o jovem governador dava o seu grande grito de alerta em favor da “florestania”, uma palavra nova, propagada por ele mesmo, criada para sair do papel, virar ação e dar cidadania a quem vive na floresta.

Quando assumiu o Governo do Acre, em janeiro de 1999, Jorge Viana viu-se diante de um vulcão expelindo problemas por todos os lados. O Estado devia R$45 milhões só em salários atrasados de servidores. Amargava a humilhação de ocupar as páginas policiais por causa do vergonhoso império do narcotráfico e da corrupção.

Viana, o “menino do PT” que pregava a moralização do Estado, negociou com inteligência. Convocou os Deputados Estaduais em fim de mandato, revoltados com os próprios salários atrasados. Apresentou-lhes um pacote que cortava gastos e abriu o jogo: “Se não votarem o projeto, nunca vão receber esse dinheiro; mas, se me ajudarem, pago tudo em alguns meses”.

Foi a senha mágica para a aprovação do pacote.

Engenheiro florestal, elogiado pela experiência desenvolvida no “Governo da Floresta” implantado em seu Estado, Jorge Viana reivindicou uma política mais arrojada do Governo Federal para o setor florestal, com base em números como o PIB florestal de US$17,5 bilhões e a geração de 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos.

Já naquele tempo, Jorge Viana dizia que “o Brasil não precisa de duas políticas: uma política para florestas plantadas e uma política para florestas nativas. Precisa é de uma política florestal”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sou filho da mesma floresta e entendo perfeitamente a bandeira que Jorge Viana empunhou. Citando dados de desmatamento da floresta nativa no País, Viana reivindicou o manejo sustentável como prova de preservação ambiental e da biodiversidade. “O melhor jeito de preservar as matas nativas é dar um bom uso a elas”, ensinou-nos ele.

Foram dois mandatos consecutivos. Conquistados no voto. Oito anos à frente do Governo do Acre. E a admiração maciça do povo da região.

No caso de Jorge, pode-se dizer que a política está no DNA.

(Interrupção do som.)

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Acato e, um minuto antes do tempo que V. Exª me concedeu, estarei deixando esta tribuna.

No caso de Jorge, pode-se dizer que a política está no DNA. O pai dele foi Deputado Federal; o tio, Governador do Estado; o irmão, Tião Viana, a quem pedi que comparecesse ao plenário esta tarde, é Senador - grande Líder que foi nesta Casa e é -, mas S. Exª não pôde estar presente. Imaginava ele que o meu discurso seria um discurso agressivo.

Sejamos justos: é internacionalmente conhecida a preocupação do engenheiro florestal Jorge Viana com o desenvolvimento sustentável do Acre. O Acre da “motosserra de Hildebrando Pascoal” é hoje o Acre da “florestania de Jorge Viana”.

E o meu senso de justiça me traz à tribuna esta tarde para dizer ao Brasil e à História que, assim como a floresta, a cidadania é para todos.

Hoje é o dia de heloísas, marias e jorges. Eu não poderia, Sr. Presidente, ser injusto de dizer que acompanhei pari passu a ação do Governador Jorge Viana. Ele esteve lá no meu Estado do Amapá para prestar solidariedade a um amigo particular. Eu estava lá no fundo, na última rua, apreciando à distância a presença de um líder. Eu coordenava, então, duas campanhas políticas: uma do Governador reeleito que foi; e a outra do Senador José Sarney. Desincompatibilizei-me desta Casa por cinco meses, para enfrentar uma grande campanha política no Estado do Amapá. E admirei o líder que lá estava. A Amazônia tem produzido bons líderes, e Jorge Viana é um deles.

Li, na semana passada, três matérias da revista Veja, nas quais achei algumas considerações interessantes. Porém, isso não tira o brilho da administração proba, da disposição e da coragem de Jorge Viana, que fez um grande trabalho.

Acredito que, depois do Pará e do Amazonas, o Acre se destacou muito. Nós, do Amapá, perdemos muito tempo na área executiva. Sabemos disso porque devemos fazer justiça.

Portanto, quero me congratular com o Estado do Acre por ter tido um período excelente de mudanças, de renovação, com um Estado muito bem estruturado, que se organizou e que agora está pronto para o desenvolvimento.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Gilvam Borges, concede-me um aparte?

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Já em seguida.

De onde não se espera, é de lá que vem. Os homens pecam pelo julgamento precipitado. Quando disse ao Senador Tião Viana, que estava presidindo a Mesa, que eu viria à tribuna, talvez tenha passado uma imagem que não aquela verdadeira. E devemos todos prestigiar e apoiar as lideranças que são produzidas na região.

Dispomos de apenas 56 segundos. V. Exª, então, Senador Sibá Machado, pode dispor desse tempo para que cumpramos à risca o tempo regimental. V. Exª tem a palavra.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Agradeço muito a V. Exª. Para contribuir com o discurso que faz na tarde de hoje, quero dizer que tivemos há alguns dias a obrigação de militante e de irmão de causa de fazer uma defesa justa, correta e coerente a respeito de uma matéria que a revista Veja teria publicado sobre o Governador Jorge Viana. Realmente, foi um dos trabalhos mais difíceis que ele enfrentou na vida. Em 1990, ainda no início do ano, estávamos debatendo no PT do Acre a possibilidade de indicar um candidato a Governador que pudesse nos levar o mais próximo possível da vitória. Na época, Marina Silva, que era vereadora de Rio Branco, apresentou Jorge Viana para nós. Qual não foi a nossa felicidade? Foi o primeiro Estado brasileiro onde o PT teve a alegria de ir para o segundo turno nas eleições para governador. Quando assumiu o governo, em 1999, tínhamos cinco folhas de pagamento atrasadas, funcionários públicos desacreditados, serviços públicos desmandados, os prédios públicos depredados. Enfim, a situação era a pior possível, e a imagem do Estado do Acre era essa que V. Exª lembrou aqui: de que havia uma pessoa que matava as outras com o uso de uma motosserra. Nesses oito anos de trabalho, o Governador se empenhou no que pôde para ter um relacionamento satisfatório com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, sem perder a responsabilidade militante que tinha com o Presidente Lula e com o nosso Partido. Nesses oito anos, a vitória do Acre foi tão significativa que a Rede Globo fez brilhantemente uma minissérie sobre a nossa história. Assim, resta-me prestar também uma homenagem a Jorge Viana, dizendo que aquelas cinco folhas de pagamento foram pagas naquele ano. Realmente foram pagas naquele ano. O Governador Jorge Viana botou os salários dos funcionários públicos em dia no dia 31, no primeiro mês do ano. No primeiro mês do ano de 1999, os salários foram postos em dia. E, no mesmo ano de 1999, pagou todas as cinco folhas que faltavam. Então, o funcionário público do Acre passou a ter três folhas de pagamento entre o final de novembro e véspera de Natal de cada ano. E isso já virou uma regra entre todas as prefeituras. Esse fantasma foi varrido do Estado do Acre. A situação de nossa floresta, única riqueza que Deus nos deu... Explorá-la de maneira organizada, ordenada tem demandado, também, um trabalho muito grande. Temos agora uma empresa de ponta trabalhando para não termos mais a nossa madeira arrancada em tora, raiz e casca - como era feito -, explorada como em rapinagem e assim por diante. A tranqüilidade do povo do Acre agora, que felizmente pode brindar e exaltar a sua bandeira bem alto e cantar o seu hino a todo pulmão, deve-se realmente ao trabalho do Governador Jorge Viana, que foi muito difícil. Agradeço por esta oportunidade e gostaria de dizer que Jorge Viana realmente se constituiu como um dos grandes líderes produzidos pela nossa região amazônica. Muito obrigado.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Eu agradeço o aparte de V. Exª. E agradeço... Eu já estou no agradecimento... Mas o Senador Tião Viana pede um aparte. Eu acho justo V. Exª dar-lhe um minuto, porque o meu pronunciamento já está encerrado.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Senador Gilvam Borges, de fato, quando V. Exª transmitiu, em um ato de lealdade, a informação de que viria à tribuna, avisando-me antes que faria considerações sobre Jorge Viana, pensei que teríamos uma interpretação crítica, negativa e que pudesse ser injusta com a figura histórica que representa Jorge Viana como liderança na nossa região. Sei das diferenças políticas e partidárias que envolveram a presença dele no Estado do Amapá em relação a V. Exª. Mas ele fez aquilo em um gesto de consciência. Não foi, em absoluto, por um gesto de animosidade pessoal para com V. Exª ou para com quem quer que seja da Oposição. Foi um gesto de consciência e em agradecimento à figura de um político do Estado do Amapá que V. Exª conhece. Então, diante do pronunciamento que V. Exª faz, quer dizer que fica completamente retomada uma relação de respeito e consideração. V. Exª foi respeitoso. Tem direito à crítica, é livre para exercer toda e qualquer manifestação, como tenho também. Creio que V. Exª promoveu um ato de muito respeito à figura ausente de Jorge Viana neste momento. Isso passa a recompor a relação de consideração e respeito que sempre lhe dediquei nesta Casa.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Agradeço o aparte de V. Exª. Agradeço-lhe, Sr. Presidente.

Espero que o nosso País sempre seja abençoado. Que estejamos às vésperas de um desenvolvimento muito grande.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/04/2007 - Página 10733