O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PMDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Ilustre Presidente Mão Santa, do glorioso Piauí, Srªs e Srs. Senadores, hoje esta Casa abrigou um dos eventos mais bonitos e de mais alto significado a que pude assistir recentemente.

O Senado da República rendeu homenagens ao 47º ano de nossa Capital Federal, Brasília, que, com 47 anos, ainda se mostra jovem, exuberante, bonita, tentadora, moderna, com uma arquitetura que aguça a curiosidade de tantos quantos botam seus pés aqui, que causa admiração aos visitantes, quer brasileiros quer estrangeiros.

Brasília encanta a todos por seu espaço, por seu verde, por sua modernidade. Brasília é importante também por seu importante significado, Sr. Presidente: num Brasil de mais de 500 anos, dos quais, mais de 400 voltados para o litoral. Foi Brasília o instrumento de interiorização do desenvolvimento, do crescimento e da oportunidade para milhares de brasileiros - brasileiros que, exatamente pela ausência de poder, pelo distanciamento dos centros de decisão, legados ao abandono e ao ostracismo, sofriam muito.

A solenidade de hoje, com o Plenário repleto, com autoridades integrando a Mesa, com o Presidente da Casa Renan Calheiros, o Governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, a sua representação política, Senadores, Deputados, Secretários e inúmeras autoridades presentes, foi iniciada com a presença singela e muito bonita do Coral dos Mais Vividos do Sesc.

Homens e mulheres envelhecidos no tempo e na idade, mas jovens em sua disposição, em seu sentimento, em sua fé, em sua crença nesta Brasília extraordinária nos encantaram com suas apresentações iniciadas com o Hino Nacional brasileiro.

Brasília significa muito para todos os brasileiros. O Brasil inteiro está aqui, Senador Mão Santa. Todos os Estados brasileiros têm seus filhos aqui no Distrito Federal, o mundo inteiro está representado aqui em Brasília, nas embaixadas. E é essa miscigenação, essa simbiose, que acaba criando um caldo de cultura importante, que faz todos ainda termos fé e esperança de que este País, este Brasil brasileiro ainda será o País que queremos ver desenvolvido e justo para com as pessoas que ainda sofrem muito, principalmente os mais pobres e os mais necessitados.

Mas falo, não só hoje, representando com muito orgulho o mais novo Estado da Federação. Goiás, Estado muito generoso, cedeu parte de seu território para abrigar o Distrito Federal e, num segundo momento, cede uma parte de seu território para abrigar o sentimento de um povo buliçoso, que, vívido e interessado em participar do processo de crescimento, cria o Estado do Tocantins.

Se Juscelino Kubitscheck não tivesse, há 47 anos, decidido interiorizar o processo de desenvolvimento deste Estado, deste País, dando oportunidade aos Estados interioranos, como era Goiás - um Estado provinciano, desprovido das condições básicas para participar do processo de desenvolvimento -, seguramente seriam muito reduzidas as condições de infra-estrutura que pudessem propiciar o aproveitamento do potencial econômico no centro do País.

Com a vinda de Brasília, processou-se uma verdadeira revolução, e Goiás aproveitou esse momento com a inteligência e a força de seu povo e é hoje, depois de organizar o seu setor primário e depois de enveredar por um processo de industrialização acentuado, uma das economias mais importantes do Brasil.

E o nosso novo Tocantins? O nosso novo Tocantins, com apenas 18 anos, também é resultado dessa visão extraordinária deste estadista que jamais esqueceremos: Juscelino Kubitscheck. O Estado do Tocantins traz uma alegria muito grande, Senador Mão Santa, aos homens e mulheres filhos do Piauí que moram nas terras hoje cingidas pelo Araguaia e pelo Tocantins, aos homens e mulheres do nosso Maranhão, sobretudo do Piauí e do Maranhão - são os homens e mulheres que formam o maior contingente que integra a população do nosso Estado do Tocantins.

E o Tocantins tem procurado aproveitar essa oportunidade, buscando estabelecer um processo de desenvolvimento, organizando-se, organizando a sua infra-estrutura.

Por último, exatamente por isso, quero render nossas homenagens ao nosso jovem e vibrante Governador Marcelo Miranda, por haver lançado anteontem a primeira viga da ponte Pedro Afonso, depois de estarem prontas as colunas da ponte sobre o rio Tocantins. É uma ponte importantíssima para nós, com mais de mil metros de vão, que integrará uma significativa região às demais regiões do País. Ela beneficiará os produtores do Prodecer, programa brasileiro em parceria com o Japão, que objetiva inserir 20 mil novos hectares de cerrado ao processo produtivo. O Prodecer promoveu uma verdadeira revolução social e econômica na região de Pedro Afonso. Projetos similares o acompanharam, e, hoje, já são mais 50 mil hectares inseridos no processo produtivo, aproveitando o potencial econômico do Estado, gerando riquezas e empregos para muita gente.

Brevemente, muito brevemente, depois dessa ação do Governo do Estado, estaremos vendo nossa soja, nosso arroz, os insumos para sua produção, para o fortalecimento da economia daquela região, sendo transportados sobre o rio por uma ponte nova e moderna.

Por isso, estou seguro de que esse pensamento visionário do Presidente Juscelino Kubitschek, ao interiorizar o centro de decisões do País, deu oportunidade a todos nós, a milhares e milhares de brasileiros, homens, mulheres e crianças, que, distantes do centro do poder, viviam à míngua, abandonados, legados à própria sorte.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Leomar Quintanilha, V. Exª sabe que fiquei toda a manhã na audiência com a Nação indígena - V. Exª esteve também lá. Por isso, não pude participar aqui da grande homenagem feita a nossa querida Brasília. Faço essa manifestação, porque fico muito aqui em Brasília, gosto de Brasília, respiro Brasília, vivo Brasília. E, por isso, pergunto-me por que estou aqui de segunda a sexta. Não é somente por causa do plenário, mas porque também gosto muito da cidade de Brasília. Assim, faço este aparte neste momento em que V. Exª fala do grande Juscelino Kubitschek. Tenho nos meus estudos - e V. Exª sabe da história do salário mínimo e de como cuido deste tema - que o maior salário mínimo que tivemos na História do Brasil foi na época de Juscelino Kubitschek. Ele era um empreendedor, por isso Brasília é a cidade que é hoje. Claro que as mazelas sociais existem em todas as capitais e, no DF, com suas cidades satélites, não é diferente. Mas, sem sombra de dúvida, na forma orquestrada, montada, idealizada, pintada e desenhada pelo grande Niemeyer, é uma obra que faz parte do Patrimônio da Humanidade, o que nos deixa muito orgulhosos. Aproveito este aparte para cumprimentar V. Exª pelo conjunto da obra, digo, pelo conjunto do seu pronunciamento quando Brasília faz 47anos. Meus cumprimentos pelo seu pronunciamento.

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PMDB - TO) - Senador Paulo Paim, só tenho a agradecer a participação de V. Exª neste breve registro que faço.

V. Exª lembra um outro traço desse homem visionário, desse estadista, desse homem de larga visão, desse homem ousado, que foi Juscelino Kubitschek: o cuidado dele com as pessoas, com os mais pobres, propiciando que realmente, no Governo dele, que o salário mínimo atendesse às demandas e às necessidades da população.

Também me encanto com essa extraordinária obra de Niemeyer. O Brasil inteiro e o mundo inteiro se encantam com a sutileza, a leveza do traço e a extraordinária criatividade desse homem que se imortalizou com as suas obras País afora, mas, sobretudo, com a Brasília, capital federal.

Entendo que Brasília está realmente cumprindo a sua finalidade. É claro que a sociedade está atravessando um período buliçoso da sua história, provocado pelos desacertos de gestão. Nós deveríamos ter um Brasil hoje com um processo educacional muito mais avançado, universalizado, que permitisse a toda população esclarecida participar efetivamente do processo de crescimento e desenvolvimento do País. Mas vemos distorções como as que mencionou o Senador Mão Santa, de escalada da violência assustadora e outras questões que ainda nos incomodam muito.

Brasília só tem a comemorar, porque a vinda do Distrito Federal para o interior mudou os rumos e os destinos deste extraordinário Brasil, em que tanto confiamos e para o qual tanto trabalhamos porque o amamos muito também.

Sr. Presidente, era o registro que gostaria de fazer.

Meus agradecimentos.