Discurso durante a 51ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem a cidade de Brasília pela passagem de seu quadragésimo sétimo aniversário.

Autor
Adelmir Santana (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • Homenagem a cidade de Brasília pela passagem de seu quadragésimo sétimo aniversário.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2007 - Página 10793
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO.
  • HISTORIA, CONSTRUÇÃO, CAPITAL FEDERAL, ELOGIO, EMPENHO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, INCENTIVO, TRABALHADOR, CONCLUSÃO, OBRAS, NOVA CAPITAL.
  • COMPARAÇÃO, NIVEL, QUALIDADE DE VIDA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), PAIS ESTRANGEIRO, EUROPA, CONTRADIÇÃO, MISERIA, CIDADE SATELITE, ENTORNO, NECESSIDADE, GOVERNO, DEFINIÇÃO, PROJETO, CUSTO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, HOSPITAL, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, MELHORIA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, REALIZAÇÃO, PLANEJAMENTO URBANO, CONSTRUÇÃO, CIDADE, TECNOLOGIA DIGITAL, PROMOÇÃO, CONFERENCIA, DEBATE, IMPORTANCIA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, PREPARAÇÃO, JUVENTUDE, INSERÇÃO, MERCADO DE TRABALHO.
  • CONVITE, MEMBROS, SESSÃO ESPECIAL, PARTICIPAÇÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. ADELMIR SANTANA (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Se revisão do orador.) - Bom dia a todos! Inicialmente, quero saudar o Presidente Renan Calheiros; o Governador José Roberto Arruda; o Vice-Governador Paulo Octávio; o 1º Secretário do Senado, Senador Efraim Morais; a Srª Anna Christina Kubitschek Pereira, Presidente do Memorial JK e neta de Juscelino Kubitschek; o Senador Joaquim Roriz; o Dr. Ernesto Silva, em nome do qual saúdo todos os pioneiros desta cidade. Quero saudar também os Exmºs Srªs e Srs. Senadores presentes a esta sessão; os Exmºs Srªs e Srs. Deputados Federais, especialmente os Deputados Federais da Bancada do Distrito Federal - e vejo, aqui, o Deputado Osório Adriano, o Bispo Rodovalho -, enfim, todos os Deputados Federais presentes a esta sessão; os Exmºs Srªs e Srs. Deputados Distritais; senhores representantes do Corpo Diplomático; ex-Senador e Presidente da Companhia Energética de Brasília, já citado, Dr. José Jorge; Srªs e Srs. Secretários do GDF; Srªs e Srs. Presidentes de federação, sindicatos e associações; senhores empresários; quero saudar o Coral dos Mais Vividos, na pessoa do maestro Wander de Oliveira; saudar os companheiros dirigentes da Federação do Comércio do DF, do Sesc, do Senac; quero saudar, ainda, meus familiares, que me dão o prazer da sua presença; e, em nome da minha mulher, Maria José de Oliveira Santana, saudar todas as mulheres presentes a este evento.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, começo meu pronunciamento contando uma breve história que aconteceu no ano de 1957, portanto, há cinqüenta anos. É um fato de extraordinário significado para todos nós.

O Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira tinha como hábito chegar a Brasília, para suas visitas de vistoria às obras da futura capital, pela madrugada. Saía direto do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, para a futura Brasília. O vôo, num Douglas DC-3, levava em torno de quatro horas normalmente.

Em uma dessas visitas, já com o dia nascendo na vastidão do Planalto Central, o Presidente JK caminhava pelas obras do Congresso, quando se deparou com um grupo de operários. Uns preparavam massa de cimento, outros organizavam os tijolos e os ladrilhos, que seriam erguidos e esquadrinhados. Israel Pinheiro cuidava de tudo e ia à frente; Ernesto Silva, certamente, também. O coronel Afonso Heliodoro, ajudante de ordens de JK, também estava junto - não sei se o coronel Heliodoro está aqui entre nós. Para descontrair o ambiente, JK perguntou ao grupo de candangos no lusco-fusco da madrugada: “E aí amigos, como anda a construção desse muro?” Para sua surpresa e de todos que faziam parte daquela comitiva, o operário, que estava com a mão na massa, respondeu: “Desculpa, moço, mas não estamos somente erguendo um muro. Estamos, sim, construindo a futura capital do Brasil”.

Ora, Sr. Presidente, a dimensão que este operário anônimo e candango deu ao seu trabalho, aparentemente simples e cotidiano, foi realmente transcendental. Este sentido de grandeza, aliás, é uma das grandes lições que o presidente JK conseguia transferir para todos aqueles que vieram participar da epopéia da construção da nova capital. E ele é, ainda, uma sensação viva em cada um de nós, 47 anos depois da inauguração de Brasília.

Foi o escritor Nelson Rodrigues quem bem definiu essa missão do Presidente, que nos presenteou com a cidade de Brasília. Disse ele: “Juscelino mudou o homem brasileiro. Deu-lhe uma nova e violenta dimensão interior. Sacudiu dentro de nós insuspeitas possibilidades. A partir de Juscelino, surge um novo brasileiro”. Brasília, portanto, tem para todos nós este sentido de mutação.

Estamos iniciando, hoje, às vésperas de seus 47 anos de existência, as comemorações e todas as possíveis reflexões do seu cinqüentenário, que, historicamente, será em 2010, mas, concretamente falando, a epopéia da construção começou mesmo em 1957. Naquele ano, o poeta Vinícius de Moraes escreveu: “Vinham de longe através de muitas solidões”. As forças vivas da Nação foram convocadas a erguer “num tempo, o novo tempo”.

Josés, Raimundos, Severinos e Franciscos perdiam a identidade no barro vermelho da futura capital. Coletivamente, eram candangos - palavra originária da língua quimbundo angolano. Nos canteiros de obras, passavam a ser chamados de Bahia, Piauí, Paulista, Pará, Gaúcho, Alagoano ou Goiano; Mineiros, então, havia aos montes. Multidões caminhavam em busca da Canaã de uma nova era. Tudo era alegria, entusiasmo e idealismo. A esperança nascia em um País desesperançado. Era o toque de reunir para a grande batalha. Todos foram chamados sem distinção de raças, credos, níveis culturais ou sociais. Artistas, engenheiros, peões se irmanando para a realização do sonho que pulsava no coração de cada um.

As avenidas começaram a ser abertas. Os prédios se erguendo como mãos postas agradecendo aos céus. A cidade nascia e, com ela, um novo tempo de prosperidade. Um poema urbano de ousadas curvas e belezas arquitetônicas preenchia o espaço vazio do sertão. A genialidade de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer transformava o marco zero em cidade do futuro.

O mundo, atônito, olhava de longe, admirado, o milagre que acontecia. O sonho de Dom Bosco começou a se concretizar na vontade patriótica e confiante do Presidente Juscelino, tornando realidade o grande monumento do século XX: Brasília, a cidade que fez o povo brasileiro sentir orgulho de sua Pátria. Abstrata e concreta, esta cidade nos induz a profundas reflexões.

Agora, às vésperas de completar seu 47º aniversário, já quase cinqüentona, Brasília merece todas as nossas atenções.

Aqueles candangos iniciais, aqueles operários que tiveram a coragem de dizer a Juscelino Kubitschek que estavam construindo não um simples muro, mas a futura capital do Brasil, cresceram e se multiplicaram junto com Brasília.

O mar de oportunidades que a cidade proporcionou a milhares de brasileiros que vieram, como eu vim, dos mais longínquos rincões do País, transformou-se em riqueza material, social e cultural.

As ondas de oportunidades não cessaram.

Surgiram os núcleos de trabalho, firmaram-se as famílias, constituíram-se escolas, as universidades, as empresas, partidos políticos, estilos; enfim, uma maneira de ser totalmente brasiliense, que está muito bem representada, por exemplo, nos azulejos de Athos Bulcão, que a todos nós encanta e ilumina e, hoje, é um símbolo da nossa cidade para o restante do País e o mundo.

Eu mesmo tive oportunidade de homenagear esse artista, entre tantos outros, colocando algumas de suas obras em meu gabinete.

Hoje, 47 anos depois da sua fundação, Brasília necessita ser olhada com olhos de quem quer ver. Só assim vamos enxergá-la em toda a sua transparência e profundidade. Afinal, somos, hoje, cerca de quatro milhões de habitantes - dois milhões e meio no Distrito Federal e mais de um milhão e meio no Entorno.

Brasília possui níveis de qualidade de vida idênticos aos de países desenvolvidos da Europa. O uso de computadores por parte de nossa juventude é impressionante e superior ao das principais capitais brasileiras. Possuímos o terceiro aeroporto brasileiro em movimento de passageiros e aeronaves. Hospedamos todos os países do mundo que mantêm relações diplomáticas com o Brasil. Somos o terceiro mercado de barcos de passeio do Brasil, e estamos a 1.200 quilômetros da praia mais próxima. Aqui, todos, motoristas e pedestres, respeitam a faixa de trânsito. Isso acontece há dez anos, o que é um grande sinal de cidadania e civilidade.

No entanto, vivemos cercados por cidades que não possuem sequer redes de esgoto. A cidade de Águas Lindas de Goiás, na fronteira com a cidade de Ceilândia, é a que mais cresce em toda a América Latina. Lá, a vida é dura: depois das 19 horas, é perigosíssimo andar nas ruas e toda a população se recolhe amedrontada. São quase 300 mil habitantes sem um cinema, um parque de lazer ou uma escola superior.

Então, apesar de hoje ser um dia de festa e comemoração, lanço três desafios que devemos perseguir, como representantes do Distrito Federal no Congresso Nacional.

Primeiro, precisamos definir claramente qual a porção, em termos de projetos e custos, do propalado Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que vai caber para Brasília e para a região do Entorno.

Vejo, aqui, o Presidente da Comissão de Serviços de Infra-estrutura, ex-Governador de Goiás e agora Senador, que tem lutado ferozmente por essas questões, juntamente conosco, os demais representantes do Centro-Oeste.

Temos nós, Senadores da Região Centro-Oeste, juntamente com os Governadores José Roberto Arruda, do Distrito Federal, e Alcides Rodrigues, de Goiás, realizado constantes reuniões para melhorar a segurança na região fronteiriça entre os dois Estados. Ainda anteontem, estivemos no Palácio do Buriti com o nosso Governador, com o Governador de Goiás e com os Senadores de Brasília e de Goiás, celebrando convênio cujos recursos não estão destinados a Brasília, mas que nos interessam proximamente, porque estão destinados à região do Entorno.

Porém, precisamos de algo mais. Queremos trazer, por exemplo, projetos da Petrobras para esta região e convencer a Ministra Dilma Rousseff, idealizadora do PAC, a investir mais recursos em infra-estrutura, em hospitais, em escolas e no desenvolvimento humano do Entorno.

Segundo, necessitamos, também, redimensionar a Cidade Digital, que está planejada para ser implantada no setor norte de Brasília, com o apoio e a parceria do Banco do Brasil. Não basta, tão-somente, distribuir lotes às empresas que desejam participar do projeto, sem um planejamento urbanístico que se integre ao Plano Piloto de Lúcio Costa. Implantar um centro de excelência em informática em Brasília tem e terá conseqüências que repercutirão ao longo de muitos anos. São milhares de novos empregos, novas oportunidades, novos canais de conexão de nossa cidade com o Planeta. A Cidade Digital é mais um passo largo que Brasília dá rumo ao futuro.

E, terceiro, precisamos criar, com urgência, um fórum permanente do ensino técnico em todos os níveis, com todos os entes educacionais e culturais do Distrito Federal, com a participação da Universidade de Brasília (UnB), todas as escolas técnicas federais e distritais, todos os cursos técnicos do Sistema S - Senac, Senai, Sebrae, Senat -, que direcione e potencialize toda a nossa juventude para o mercado de trabalho, sem superposicionar ensino e oportunidade.

Ainda há pouco, com relação ao PAC para a Educação, ouvimos o Governo Federal falar na montagem de mais de 150 escolas técnicas, em 150 cidades-pólo.

Hoje, no Brasil, o Governo Federal tem 147 escolas técnicas. Ora, se vamos dobrar, ou mais que isso, o número de escolas técnicas no País, é preciso que elas também sejam direcionadas para nossa Região, principalmente para a região do Entorno.

Fico por aqui, Sr. Presidente.

Aproveito a oportunidade para convidar todos os presentes para a grande festa popular que o Governo do Distrito Federal, na pessoa do Governador José Roberto Arruda e do Vice-Governador Paulo Octávio, está preparando para o próximo dia 21 de abril, no próximo sábado, em plena Esplanada dos Ministérios. Será um dia inteiro de atividades culturais, esportivas e de lazer para a família brasiliense.

Quero, mais uma vez, agradecer a presença de todos os companheiros de Brasília, todos os candangos, que tiveram, como nós tivemos, as nossas vidas modificadas em razão desta cidade. De uma forma ou de outra, esta cidade modificou a vida de todos nós e merece, portanto, os nossos parabéns.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2007 - Página 10793