Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta e cinco anos de atividades da Universidade de Brasília - UnB, inaugurada em 21 de abril de 1962.

Autor
Adelmir Santana (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Comemoração dos quarenta e cinco anos de atividades da Universidade de Brasília - UnB, inaugurada em 21 de abril de 1962.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2007 - Página 11514
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), ELOGIO, RENOVAÇÃO, MODELO, ENSINO, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), BRASIL, DETALHAMENTO, DEFESA, DEMOCRACIA, PERIODO, DITADURA, REGIME MILITAR.
  • HOMENAGEM, ANISIO TEIXEIRA, PROFESSOR, PLANEJAMENTO, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), DEFESA, DEMOCRACIA, EDUCAÇÃO.
  • CONCLAMAÇÃO, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), APOIO, FORO, CARATER PERMANENTE, DEBATE, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, DISTRITO FEDERAL (DF), PARTICIPAÇÃO, ESCOLA PUBLICA, ESCOLA PARTICULAR, CURSO TECNICO, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), DISCUSSÃO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO, EDUCAÇÃO, PREVISÃO, CRIAÇÃO, ESCOLA TECNICA, CAPITAL FEDERAL.

O SR. ADELMIR SANTANA (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Senadora Serys, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, quero fazer uma saudação especial ao Reitor da Universidade de Brasília, professor Timothy Mulholland, em nome do qual saúdo os demais Reitores ou ex-Reitores componentes da Mesa, o Vice-Reitor, todos os professores, alunos, funcionários e colaboradores da UnB.

Louvo também o Senador Cristovam Buarque, ex-Governador do Distrito Federal e ex-Reitor da UnB, pela iniciativa da realização desta merecida sessão solene.

No último dia 21 de abril, a Universidade de Brasília completou 45 anos, como laboratório vivo de pensares, saberes e experiências múltiplas. A UnB faz parte de Brasília. É impossível contar a história desta cidade, que completou 47 anos, sem mencionar essa imensa torre de educação, cultura e aprendizado que faz da Universidade um leque de formadores de opinião.

Logo que Brasília foi inaugurada, em 21 de abril de 1960, os projetos para a criação de uma universidade que fizesse jus aos novos tempos já estavam fervilhando na cabeça de seus idealizadores, os professores Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira. Dois anos depois, surgiu na Asa Norte, no meio do “redemoinho” do grande terreirão de obras que era o Plano Piloto ainda em construção, as primeiras estruturas da futura UnB. Nas dependências do Ministério da Saúde, em plena Esplanada dos Ministérios, funcionava provisoriamente a burocracia e as primeiras salas de aula. No começo eram exatos 413 alunos, que prestaram o primeiro vestibular. Hoje, a UnB é uma das mais bem conceituadas instituições de ensino do Brasil com mais de 20 mil alunos.

Trilhar esse caminho, no entanto, demandou esforços dos seus primeiros dirigentes, de todos os Reitores que por lá passaram e aqui estão presentes nesta solenidade.

O projeto original de Brasília feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa já previa um espaço para a UnB entre a Asa Norte e o Lago Paranoá. Mas a luta pela sua construção foi grande. Tudo por causa da proximidade com o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a própria Esplanada. Algumas autoridades não queriam que estudantes interferissem na vida política da cidade.

Finalmente, depois de negociações intensas, em 15 de dezembro de 1961, o então Presidente da República João Goulart sancionou a Lei nº 3.998, que autorizou a criação da universidade.

O antropólogo Darcy Ribeiro, já citado aqui certamente por todos os que me antecederam, idealizador, fundador e primeiro Reitor da UnB, sonhava com uma instituição voltada para as transformações, diferente do modelo tradicional criado no Brasil na década de 1930.

No País, a UnB foi a primeira a ser dividida em institutos centrais e faculdades, como foi dito pelo companheiro, Senador Sibá Machado. E, nessa perspectiva, foram criados os chamados “cursos-troncos”, nos quais os alunos tinham a formação básica e, depois de dois anos, seguiam para os institutos e faculdades. Os primeiros três “cursos-troncos” eram: Direito, Administração e Economia; Letras Brasileiras; e Arquitetura e Urbanismo.

A inauguração da UNB, às 10 horas daquele 21 de abril de 1962, assemelhou-se em muito à própria capital. Quase tudo era canteiro de obras, pouquíssimos prédios estavam prontos.

O Auditório Dois Candangos, onde ocorreu a cerimônia, havia sido finalizado 20 minutos antes. Seu nome homenageia os pedreiros Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, que morreram soterrados em um acidente durante a construção. Já se fazia justa homenagem aos nossos construtores.

Ao falar da nossa universidade, neste momento em que todo o País discute os rumos da educação da nossa juventude, não poderíamos deixar de citar um dos maiores educadores que este País já conheceu.

Refiro-me ao Professor Anísio Teixeira, que se dedicou em colocar em primeiro plano a educação como forma prioritária de crescimento. Viajou à Europa e Estados Unidos para observar os sistemas escolares. No Brasil, defendeu o conceito de escola única, pública e gratuita como forma de garantir a democracia e foi o primeiro a tratar a educação com base filosófica.

Anísio Teixeira, idealizador da UnB, sempre brigou pela democracia na educação, briga essa da qual participaram alguns baluartes daqui deste Congresso, entre os quais cito o autor da homenagem, Senador Cristovam Buarque.

Anísio Teixeira publicou vários livros defendendo a educação e cultura para todos. Foi um dos fundadores da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Universidade de Brasília, (UnB), da qual foi Reitor em 1963.

A partir de 1964, com a instalação dos governos militares, os tempos ficaram mais difíceis para a UnB. Na verdade, a instituição brasiliense já era tida por setores mais conservadores como um “perigoso foco do pensamento esquerdista”, visão essa que só se acirrou com os governos militares.

E, por estar mais perto do poder central, foi uma das mais atingidas, também. Universitários e professores foram pesos, cassados e expulsos da UnB. Idealismo e pesquisa eram atividades confundidas com subversão.

O campus da UnB foi invadido e cercado por policiais militares e do Exército várias vezes durante o ano. No dia 18 de outubro de 1965, depois da demissão de 15 docentes acusados de subversão, 209 professores e instrutores assinaram demissão coletiva, em protesto contra a repressão sofrida, na universidade. De uma só vez, a instituição perdeu 79% do seu corpo docente.

Apesar disso, Sr. Presidente - agora o nosso Cristovam é o Presidente -, Sr. Reitor, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Professores, tanta luta, tanta resistência, buscas e experiências se refletem hoje no sucesso da universidade e na qualidade de alunos nos cursos de graduação e pós-graduação.

São ao todo mais de 22.471 alunos. A grandeza também é tida na criação de novos campus, que hoje já estão previstos - nós já tivemos oportunidade de participar de solenidades com o Magnífico Reitor - para Planaltina, Ceilândia e Gama, com o nosso apoio e naturalmente de todos os Senadores do Distrito Federal e do Governo Arruda/Paulo Octávio.

Dito isso, faço aqui um desafio a UnB. Aliás, já o fiz na última semana em que estive lá, neste seu histórico aniversário, na pessoa do Prof. Timothy.

Tenho proposto deste plenário a criação, com urgência, de um Fórum Permanente do Ensino Técnico em todos os níveis, com todos os entes educacionais e culturais do Distrito Federal.

Penso que cabe a UnB, a Universidade de Brasília, realizar esse fórum, envolvendo todas as escolas técnicas federais e distritais, e todos os cursos técnicos do Sistema S - Senac, Sesi, Sebrae e Senat. É necessário que todos nós estejamos focados nisso, para que não haja a superposição de cursos, ainda mais em um momento em que nós recebemos aqui o PAC da Educação, em que está prevista a criação de mais de 150 escolas técnicas. Parece-nos que o Distrito Federal será contemplado com três novas escolas técnicas.

Um fórum vivo e pulsante como a própria UnB, que direcione e potencialize toda a nossa juventude para o mercado de trabalho, sem superposicionar ensino de oportunidade.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

Viva a UnB! (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2007 - Página 11514