O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho aqui em mãos alguns dados que impressionam por sua robustez: R$86,5 bilhões de faturamento total; 900 mil postos de vendas atendidos; 139 mil funcionários; 14 mil vendedores diretos; 4.800 milhões de metros quadrados de área de armazenagem e 27 mil veículos próprios. Esses são apenas alguns números que nos dão uma idéia do que o setor Atacadista Distribuidor significa para o Brasil.

Mas nem sempre foi assim!

Se hoje podemos nos orgulhar desse pujante parque de distribuição de mercadorias, muito devemos aos bandeirantes que, ainda no século XVI, desbravaram as terras do interior em busca de riquezas, do “Eldorado”. No caminho, fundaram cidades e abriram estradas que, mais tarde, seriam trilhadas por corajosos mascates levando, em lombo de burro, as mercadorias necessárias ao desenvolvimento do sertão brasileiro.

A história dos atacadistas/distribuidores tem sido uma história de árduas lutas, mas de vitórias, muitas vitórias, apesar de nem sempre serem compreendidos.

Por isso, tenho a satisfação de cumprimentar o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), Dr. Geraldo Eduardo da Silva Caixeta, pelo magnífico exemplar do livro que teve a gentileza de me encaminhar, intitulado Os Bandeirantes da Era Moderna, que assinala o jubileu de prata de fundação da Entidade. Trata-se de um documentário primoroso sobre o setor atacadista brasileiro, realizado pela escritora e memorialista Christina Elisa Baumgarten, cuja especialidade é resgatar a memória de entidades, de organizações e de pessoas. Sobre esse trabalho, a autora assim se pronunciou:

(...) acima de tudo, foi a maior lição de vida que recebi até hoje. Em cada canto deste imenso e maravilhoso País encontrei os verdadeiros heróis que estão construindo, com seu sacrifício pessoal, um novo Brasil, que há de despontar forte e poderoso no grande concerto mundial das nações!

E sacrifício pessoal não faltou àqueles bravos empresários - como Antonio Carlos Alves, Jamil Aued, Paulo Miguel Coelho Sultanum e outros tantos - que, em 23 de novembro de 1981, reunidos no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, fundaram a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD).

Sabemos que aqueles eram tempos difíceis. Naquela época, o Brasil era um território minado para qualquer tipo de negócio, fosse ele comercial ou industrial. Os atacadistas e distribuidores eram tidos como os grandes vilões da inflação, que grassava desesperadora para a imensa maioria do povo brasileiro. Foi nesse contexto em que os empresários do setor, até então acostumados a se verem como concorrentes, passaram a buscar soluções comuns para os seus problemas e para a crise em que estavam imersos. As palavras de ordem naquele momento eram: “Não fique de fora!”, “Participe”, “A união fortalece”.

Dessa percepção, dessa união, nasceu a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, uma das mais sólidas e respeitadas entidades de classe deste País, representativa de um segmento de fundamental importância para a vida de milhões de brasileiros, que é a distribuição de bens por atacado.

Sediada em São Paulo, capital, a ABAD encontra-se presente nos 26 Estados da Federação e no Distrito Federal, e congrega 3.345 empresas, sendo 2.288 atacadistas distribuidores e 1.057 indústrias e prestadoras de serviços.

Nesses 25 anos de existência, a ABAD tem pautado suas ações pela busca em garantir o abastecimento nacional com qualidade e respeito à sociedade brasileira. Para isso, realiza diversos eventos anuais e mantém uma estreita colaboração com os poderes públicos, em particular com o Congresso Nacional, fornecendo valiosos subsídios para a formulação de políticas públicas. Além disso, a ABAD tem firmado parcerias internacionais, buscando sempre aprimorar os seus serviços e as suas ações. Nessa linha, estabeleceu colaboração com a Aliança Internacional do Varejo (IGA) e com NAWGA, entidade norte-americana equivalente a ABAD.

A par dessas iniciativas, foi criado o Instituto ABAD, com o objetivo de fomentar a cultura e a educação nas camadas mais carentes de nossa sociedade. Complementarmente, por intermédio da Escola ABAD de Produtividade, a Associação promove o aprimoramento técnico daqueles profissionais que atuam no mercado atacadista/distribuidor brasileiro.

Da mesma forma, eu não poderia deixar de mencionar o Empório da Comunidade, projeto que vem sendo desenvolvido com o objetivo de reduzir a evasão escolar e de melhorar o aproveitamento dos alunos nas escolas públicas. Trata-se de uma iniciativa semelhante ao Programa Bolsa Escola, onde a ABAD cadastra as famílias carentes, fornece-lhes um cartão magnético que, mensalmente, é aportado de recursos financeiros, como contrapartida pela freqüência obrigatória de suas crianças à escola pública. Esse cartão será aceito no estabelecimento eleito como parceiro do Projeto que, por sua vez, fornecerá às famílias produtos previamente selecionados.

No momento em que precisamos cada vez mais de educação, essa é, sem dúvida alguma, uma brilhante iniciativa da sociedade civil organizada, à qual rendo minhas sinceras homenagens.

Outro projeto que vem sendo desenvolvido, com bastante êxito, é o programa ABAD Jovem, que tem como objetivo envolver os sucessores dos atacadistas e distribuidores no movimento da categoria. O Programa procura despertar e desenvolver o espírito de liderança nesses jovens herdeiros, envolvendo-os de maneira pró-ativa nas atividades da instituição. Considero essa uma iniciativa extremamente oportuna, pois é no solo da juventude que devemos jogar as sementes do amanhã!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesses 25 anos de existência, a ABAD vivenciou muitas lutas e muitas vitórias. Contudo, sabemos que nem tudo são flores. Hoje, o setor experimenta grandes desafios a vencer. Questões como a melhoria de nossa malha viária, a redução da carga tributária e a guerra fiscal entre os Estados são cruciais para o desenvolvimento do setor e do País, e precisam ser urgentemente enfrentadas e solucionadas.

Especificamente quanto à recuperação da malha viária, assunto que tanto nos preocupa, e que tantos prejuízos tem trazido para o setor, cumpre dizer que, nos primeiros quatro anos do Governo Lula, foram investidos 3,5 bilhões de reais no Programa de Manutenção da Malha Rodoviária Federal¹, demonstrando o compromisso do Governo em solucionar esse problema.

Como Líder do Governo nesta Casa, posso afiançar que o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, encontra-se pessoalmente empenhado no equacionamento dessas e de outras questões, para que o País possa superar os gargalos estruturais da economia e voltar a crescer, gerando os empregos e a renda de que os brasileiros tanto necessitam. Este é o objetivo maior do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento ¾ que precisamos, urgentemente, votar e aprovar.

Portanto, Sr. Presidente, ao finalizar este pronunciamento, mais uma vez parabenizo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), na pessoa de seu Presidente, Dr. Geraldo Eduardo da Silva Caixeta, pelo brilhante trabalho que vem desenvolvendo à frente da Entidade.

Muito acertadamente, a publicação que marca os 25 anos da ABAD - e motivo inicial de meu pronunciamento - recebeu o título de Bandeirantes da Era Moderna. Se, no passado, os primeiros homens que começaram com a atividade atacadista foram visionários, apostando num negócio que ninguém julgava possível, hoje, aqueles que se dedicam à venda por atacado devem manter esse mesmo espírito desbravador e audaz, se quiserem sobreviver neste mercado cada vez mais globalizado e competitivo.

Parabéns, ABAD!

Parabéns, Brasil!

Muito obrigado.

¹ FONTE: SIAFI, julho 2006; inclui Restos a Pagar pagos de exercícios anteriores.