Discurso durante a 56ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Exército Brasileiro.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.:
  • Comemoração do Dia do Exército Brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2007 - Página 11500
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, EXERCITO, REGISTRO, CONFIANÇA, ATUAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, PROTEÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, AMEAÇA, INTERESSE, PAIS ESTRANGEIRO, RECURSOS NATURAIS, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.
  • COMPROMISSO, SENADO, ORADOR, REAPARELHAMENTO, FORÇAS ARMADAS, PRESERVAÇÃO, NACIONALISMO.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente; Srªs e Srs. Senadores; Sr. Ministro; Sr. General; Sr. Almirante; Sr. Brigadeiro; Senador Edison Lobão, que nos proporcionou este evento; senhores oficiais das três Forças Armadas; senhoras e senhores presentes, sei que esta sessão foi convocada para homenagear, falar do passado. Há muito a falar do passado, do papel do Exército e das Forças Armadas no Brasil, mas outros já o fizeram.

É óbvio que reconheço que, sem o Exército, não teríamos o nosso território como é hoje, nossas fronteiras asseguradas. Como representante do Distrito Federal, devo dizer que, sem o papel das Forças Armadas, esta cidade talvez não fosse a Capital, porque haveria o risco, sim, de retrocesso; não seria a primeira vez no Brasil que obras ficariam inacabadas. Foi fundamental o papel dos Governos militares na consolidação desta cidade.

Prefiro fazer aquilo que os soldados mais gostam: desafio, mais do que homenagem. Creio que nunca, na História do nosso País, vivemos um momento de tanto risco à nossa segurança, Ministro Waldir Pires.

            Sobretudo dois grandes eixos ameaçam a nossa segurança: a divisão interna e a cobiça externa. A divisão interna de um País que ainda não é uma Nação, tão desiguais os brasileiros entre eles; e a cobiça externa em um momento em que a globalização faz com que potências ou a potência imagine que os recursos do mundo são recursos dela, dessa potência, e de seu modelo social, econômico e cultural.

Lutar contra a ameaça interna não é papel das Forças Armadas, apesar de ter também uma contribuição na formação de nossos jovens; mas a segurança interna é uma tarefa da sociedade brasileira, especialmente por meio de uma revolução na educação das nossas crianças. Não vejo outra maneira de este País ser seguro, por mais bem equipadas que sejam nossas Forças Armadas, se continuarmos divididos, dois Países dentro de um só, uma Nação incompleta.

Essa revolução educacional tem de ser feita - e não pode demorar - até mesmo para que nossos soldados cheguem lá com a formação necessária quando crianças e adolescentes. Não vou falar disso, porque já falo demais sobre esse lado da revolução na educação como instrumento da garantia da segurança.

Levanto, Sr. Presidente, a confiança que tenho, como Senador e pelo meu Partido, de que as Forças Armadas em bloco, e obviamente o Exército, que hoje é o centro das nossas atenções, serão capazes de fazer com que essa cobiça externa esbarre na hora em que chegar aqui.

Enfrentamos outros riscos. Nossas fronteiras hoje sofrem ameaças não de invasões externas, mas de desarticulações internas dos Países vizinhos, provocando migração em massa para o nosso País, se lá dentro eles não se encontrarem. Essa é uma preocupação que temos de ter. Mas, sobretudo, preocupa-me o risco da cobiça externa sobre os recursos que o Brasil tem em quantidade superior à maior parte das outras Nações: a cobiça pela Amazônia, da qual tanto já falaram. Insisto em algo que já falei anos atrás e que me surpreende por ter repercutido tanto: “Se querem internacionalizar nossa Amazônia, internacionalizemos todos os recursos do País e internacionalizemos todos os patrimônios dos outros Países. Enquanto não fizerem isso, ela é nossa”. Mas não é só a Amazônia; é a água, é o mercado, é a cultura brasileira como consumidora de bens culturais que pode estar hoje ameaçada.

Ao mesmo tempo em que presto a minha homenagem, faço o meu desafio de que as Forças Armadas estejam presentes, como sempre estiveram, para que essa ameaça externa, essa cobiça internacional não cheguem aqui.

Para isso, Presidente, esta Casa tem o compromisso de manter nossas Forças Armadas equipadas com o que houver de mais contemporâneo e moderno; tem que dar recursos para que nossos soldados sejam formados com o máximo de condições de preparo para enfrentar os desafios internacionais que estão diante de nós. E quero dizer que podem contar com um Senador que representa o Distrito Federal e que estará pronto também para ser um representante de vocês, não por razões corporativas, não por ser um ex-artilheiro, mas pelo meu sentimento de nacionalismo. Porque, talvez, além das duas ameaças que citei - a cobiça externa e a divisão interna -, haja um outro risco: a perda do gosto pelas palavras “nacional”, “nação” e “nacionalismo”, que hoje está tomando conta do mundo inteiro.

Acreditamos e confiamos. E esta homenagem é tanto pelo que foi realizado como por aquilo que esperamos que seja realizado. Não tenho dúvida de que um País é feito por cada um dos seus cidadãos, mas uma Nação é feita realmente, desculpem-me a pretensão, por soldados e professores. Contem com um professor para servir aos soldados que defenderão o Brasil. (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2007 - Página 11500