Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de aplauso à autora televisiva Glória Perez, ao término da minissérie "Amazônia, de Galvez a Chico Mendes".

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de aplauso à autora televisiva Glória Perez, ao término da minissérie "Amazônia, de Galvez a Chico Mendes".
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2007 - Página 9525
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, SAUDAÇÃO, AUTOR, PROGRAMA, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DETALHAMENTO, HISTORIA, COLONIZAÇÃO, AMAZONIA OCIDENTAL, OBRA LITERARIA, VALORIZAÇÃO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, LUTA, CHICO MENDES, LIDER, SERINGUEIRO, DEFESA, MEIO AMBIENTE, DIFICULDADE, COLONO, IMPORTANCIA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, AMPLIAÇÃO, DEBATE, POLEMICA.

     O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pelo ordem. Sem revisão do orador) - Farei o encaminhamento, Sr. Presidente.

     Glória Perez reafirma sua trajetória como escritora de sucesso na televisão brasileira.

     Chegou ao fim, na última sexta-feira, dia 6 de abril, a minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, exibida durante os três últimos meses pela Rede Globo. Aliando ficção à pesquisa histórica, a autora levou aos lares brasileiros um pouco da formação histórica da Amazônia Ocidental, da pujança do ciclo da borracha e da saga dos seringueiros nordestinos. Com muita sensibilidade, quando o enredo passou a ambientar-se na década de 80, enfocou episódios fundamentais para a compreensão da história recente do Acre, capitaneando as lutas ambientalistas travadas ali, sobretudo da figura de Chico Mendes, cujo amor pela terra e pela mata fez com que seu nome e valor fossem reconhecidos internacionalmente.

     Conterrânea desse grande líder, Glória parece trazer no sangue a audácia dos desbravadores, nossos antepassados. Começou a trabalhar na televisão em 1979, na Rede Globo, e não tardou em mostrar sua fibra quando aceitou substituir Janete Clair, um ícone das telenovelas. Aceitou, em 1987, o convite da Rede Manchete para popularizar a figura de Carmem, personagem da famosa ópera de Merimée.

     Temas sociais delicados e até polêmicos são uma marca pessoal e emprestam atualidade ao seu trabalho. Em suas novelas, discutiu, entre outros assuntos, barriga de aluguel, a mulher como chefe de família, a troca de bebês nas nossas maternidades, a doação e os transplantes de órgãos, o abandono e o desaparecimento de crianças no País, colônias de emigrantes, a cultura dos ciganos na nossa cultura, além de patologias como deficiência visual, alcoolismo, cleptomania e dependência química, entre outras.

     Já consagrada pelo público, engajou-se com toda a sociedade brasileira na batalha para ver modificada nossa legislação penal quanto à definição de crimes hediondos.

     Glória tratou, ousadamente, de clonagem humana em O Clone (2001), outro grande sucesso. Sua telenovela mais recente foi América (2005), que tratava da espinhosa questão das migrações urbanas como subproduto do movimento de globalização.

     É sempre muito oportuno, ainda que nos limites de uma trama novelística, reavivar os contornos de nossa memória sobre os fatos e os feitos daqueles bravos nordestinos que, sob o comando de Plácido de Castro - um verdadeiro herói nacional, levaram à anexação do Acre ao Brasil e com ele parte de nossa Amazônia.

     Quando o debate sobre a preservação do meio ambiente e a busca de um modelo eficiente de desenvolvimento sustentável assume lugar de destaque na agenda de todos os fóruns, tanto no plano nacional como no plano internacional, provocar um novo olhar sobre a região que guarda um enorme patrimônio, que é de todos os brasileiros, é uma iniciativa louvável, que merece o aplauso desta Casa. Por isso, espero contar com o apoio dos meus nobres pares.

     Apresentei o requerimento, Sr. Presidente, entendendo que foi extraordinário o Brasil conhecer um canto da Amazônia brasileira, a nossa Amazônia Ocidental. Foi como se nós tivéssemos uma história de cem anos contada numa conversa à mesa entre o neto, o pai, o avô e os tios, que francamente diziam o que foi desbravar a Amazônia.

     V. Exª, como médico, imagina o que era a saga do cearense nordestino ao colonizar a Amazônia Ocidental, fugindo da seca de 1877, quando a cada quarenta migrantes que iam para aquela região dezesseis morriam no primeiro ano, vítimas de beribéri, vítimas das febres hemorrágicas, vítimas da malária, vítimas da febre amarela.

     Então, Glória Perez soube traduzir de forma romanceada a formação histórica da Amazônia Ocidental, envolvendo belíssimos momentos da história do Amazonas, do Pará e do próprio Rio de Janeiro.

     Por essa razão eu defendo este voto de aplauso do Senado Federal, que, entendo, será uma votação unânime desta Casa.

     Agradeço a V. Exª a oportunidade de o requerimento ser lido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2007 - Página 9525