O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ontem foi 1ª de maio, Dia do Trabalho, dia de homenagear o trabalhador.

            Dando seguimento ao requerimento que apresentei e que V. Exª acabou de ler solicitando um voto de pesar aos familiares do Sr. Frias, eu gostaria de homenagear o trabalhador brasileiro na figura do Sr. Frias, um homem que trabalhou até os 92 anos de idade.

            Presidente Sarney, 92 anos é muita idade; o Sr. Frias trabalhou até 92 e morreu com 94 - um ano e meio antes de morrer, ele estava recluso. Eu não o conheci pessoalmente. Incrível, não o conheci pessoalmente! Mas tinha por ele, como tenho pelo jornal Folha de S.Paulo, a maior admiração e sei, por amigos comuns, que, até os 92 anos de idade, ele ia todos os dias à Folha, dava expediente, recebia pessoas, conversava, orientava, balizava o conglomerado empresarial que criou.

            Eu tive a curiosidade de acompanhar um pouco a vida do Sr. Frias e tenho por ele dupla admiração: pela qualidade empresarial e pela qualidade das idéias. Primeiro pela qualidade empresarial - primeiro, mas não mais importante do que o segundo ponto. Ele comprou a Folha de S.Paulo e fez da Folha o jornal de maior circulação do Brasil; ele criou, ele e seu grupo, o Portal UOL, que é o portal de abertura que utilizo para acessar a Internet em meu computador. O UOL é o Portal de maior número de visitas entre os portais do Brasil.

            O Sr. Frias transformou a Folha no jornal de maior circulação do Brasil; Criou o Portal mais visitado do Brasil. Criou, em associação com o sistema Globo, o jornal Valor Econômico, da melhor qualidade. Criou o Datafolha. Datafolha e Ibope são sinônimos de credibilidade em matéria de pesquisa de opinião pública. Criou o jornal Agora, e por aí vai.

            Tudo o que o Sr. Frias e os filhos fizeram foi bem-sucedido porque foi feito com talento, com qualidade empresarial. Tenho a impressão de que a Folha de S.Paulo foi o primeiro, foi o vanguardista em matéria de qualidade e de feição gráfica. É o que está sempre na frente, com a melhor feição gráfica, com a melhor qualidade de impressão. Mas o melhor está dentro do jornal: o corpo de editorialistas, o corpo de jornalistas. Fundamentalmente - e aí é onde entro na qualidade das idéias -, ele leva para lá os melhores talentos e abre as portas do jornal para as figuras mais importantes do Brasil: o Presidente Sarney é articulista da Folha de S.Paulo; Fernando Henrique Cardoso, idem; Antônio Ermírio de Moraes, idem; Delfim Netto, idem. A Folha de S.Paulo é um jornal aberto a políticos de todos os matizes, a empresários, a religiosos, a pensadores, a filósofos, a brasileiros ilustres que queiram dar uma opinião. Se for cientista e tiver uma boa opinião, a Folha o recebe.

            Tenho a impressão de que foi idéia do Sr. Frias estabelecer, de forma pioneira no Brasil, Tendências/Debates, que fez escola nos jornais do Brasil, de norte a sul, de leste a oeste. Existem - no meu Estado, isso existe - o “sim” e o “não”, existe a matéria conflitiva, sobre a qual não há consenso. Tenho a impressão, Presidente Sarney, de que foi Tendências/Debates que ponteou uma coisa que fez escola na imprensa brasileira, que é opinião “sim” e “não”. Gente que sabe o que está falando diz “sim”, gente que sabe o que está falando diz “não” e deixa que o brasileiro faça sua opinião.

            Por isso, minha homenagem a um homem que teve qualidade empresarial e qualidade de idéias reverencia a memória de um brasileiro que fez, na minha opinião, um pedaço importante da consciência política do Brasil. Por quê?

            Presidente Sarney, duvido que V. Exª não leia a Folha de S.Paulo todos os dias. Eu a leio, difícil não lê-la. Duvido que os formadores de opinião deste País, as pessoas de responsabilidade, não a leiam. Uns lêem, como V. Exª, Presidente Sarney, o caderno de Cultura, outros lêem o caderno Dinheiro, outros lêem o Primeiro Caderno. Cada qual vai em busca da informação que lhe diz mais respeito. As pessoas que formam opinião, que pensam o Brasil grande, lêem a Folha de S.Paulo.

            E tudo isso, na minha opinião, é produto do talento, Senador Edison Lobão, de um cidadão chamado Octavio Frias, que faleceu aos 94 anos de idade e que não conheci. Mas quero reverenciá-lo. Apresentei um voto, para que, se for aprovado, e o será, signifique uma das manifestações do Senado à família de um brasileiro ilustríssimo, que aprecio e que homenageio. Como potiguar e como Líder do meu Partido, os Democratas, em nome do Senado, eu o reverencio.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.