Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pela canonização de Frei Galvão e apresentação de projeto que institui o Prêmio Frei Galvão do Mérito Social.

Autor
Jayme Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pela canonização de Frei Galvão e apresentação de projeto que institui o Prêmio Frei Galvão do Mérito Social.
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2007 - Página 14207
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PIONEIRO, SANTO PADROEIRO, NACIONALIDADE BRASILEIRA, REGISTRO, BIOGRAFIA, SACERDOTE, ESPECIFICAÇÃO, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, CRIAÇÃO, PREMIO, AMBITO NACIONAL, DENOMINAÇÃO, SANTO PADROEIRO, INCENTIVO, PROMOÇÃO, BEM ESTAR SOCIAL, RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, POVO, BRASIL.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Antes de tudo, quero dizer ao Presidente que agora é Democratas, ex-PFL.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cinco séculos depois de seu descobrimento, o Brasil vê consagrado o seu primeiro santo nesta sexta-feira. Uma espera longa e angustiante em se tratando da maior nação católica do mundo. Mas, enfim, um de nossos compatriotas, nascido aqui, é elevado à condição canônica. Frei Antonio Sant’Ana Galvão será santificado pelo Papa Bento XVI em cerimônia programada para São Paulo. Assim, uma das biografias mais inspiradas da vida religiosa nacional chega ao lugar merecido.

Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá em dia e mês incertos de 1739 e faleceu em 23 de dezembro de 1822, ano da independência do Brasil. Filho de família abastada do interior paulista, distinguiu-se logo cedo pela alma piedosa. Sua história é marcada pela virtude pessoal e pelo arraigado apego à liturgia cristã.

Considerado santo já em vida, o franciscano foi homem dotado de muitas habilidades: laborioso, era exímio arquiteto, mestre de obras e pedreiro de ofício. Ajudou a edificar o Mosteiro da Luz, em São Paulo, obra que construiu com a força da fé e das próprias mãos.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, todo este monumental legado apostólico do sacerdote piedoso, do pregador da palavra, do missionário das boas causas, ainda é pequeno diante da vida do defensor dos desvalidos. Um poder místico emanava da alma santa daquele frade. Sua imensa fé transbordava em feitos que já na época foram considerados milagres.

Certa vez, não possuindo remédios para atender a uma jovem desenganada, Frei Galvão lançou mão de um pequeno pedaço de papel, escreveu uma oração para a Virgem Maria, enrolou-o e ministrou como uma pílula à paciente terminal. Em poucas horas a menina estava curada.

O poder da fé do franciscano era tamanho que ele era capaz do fenômeno da bilocação, ou seja, estando em um lugar, aparecia em outro para atender um doente que precisasse de seu auxílio. Sua piedade era tanta que fazia dela pequenos milagres, sendo a compaixão, ela própria, seu maior milagre.

Frei Galvão não é santo de apenas uma ação; é santo brasileiro e, como tal, opera seus mistérios nas mais puras necessidades de nossa gente, atendendo doentes que não possuem assistência ou remédio, ou ainda apascentando coração dos desesperados, dos perseguidos, dos injustiçados. Porque a principal moléstia que aflige nossos compatriotas não se manifesta de maneira física, mas sim de forma ética. O que mata nossa gente é a fome, a miséria e a violência.

Um santo brasileiro precisa, antes de tudo, promover o milagre da multiplicação de esperança. Deve ser o intercessor das causas sociais, o patrono do bem-estar social, apóstolo da qualidade de vida e pastor da dignidade humana.

Frei Galvão é a luz que iluminará os caminhos daqueles que lutam pela justiça social. Desde já, é o nosso padrinho dos avanços sociais, caro Senador João Pedro.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assomo a esta tribuna, nesta tarde, para propor a criação do Prêmio Nacional Frei Galvão, dedicado aos promotores do bem comum e da responsabilidade social. Já apresentei projeto de lei nesse sentido, estabelecendo essa distinção, para laurear pessoas ou entidades que tenham prestado relevantes serviços sociais ao povo brasileiro.

Com o respeito e a devoção que o nome do Frei Galvão emana a partir de sua canonização, não apenas por se tratar do primeiro santo brasileiro, mas, sim, pela obra que realizou, essa premiação estará revestida de alto significado público, pois reverenciará uma biografia pastoral exemplar que eleva o sentimento de brasilidade ao patamar dos iluminados. Representa também a solidariedade dos brasileiros que fazem da fraternidade um instrumento de avanços sociais e de compaixão.

Portanto, Sr. Presidente, confio que esta proposta receberá a adesão e o apoio das Srªs e dos Srs. Senadores, pois inscreve no mais alto panteão desta Casa a legenda que se abre em torno do Frei Galvão, um brasileiro que, por sua fé, por sua caridade e por seu humanismo, é reverenciado como primeiro santo nascido no Brasil.

Era o que tinha para o momento, Sr. Presidente. Espero que V. Exª apóie o projeto que apresentei, no sentido de fazer com que esse Frei, que fez muito pelo Brasil, seja reverenciado pelo povo brasileiro, sobretudo pelos menos afortunados pela sorte, a quem sempre se dedicou em sua vida como franciscano.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2007 - Página 14207