Discurso durante a 69ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre os discursos do Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil. Manifestação contrária à discriminalização das drogas, especialmente, da maconha.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. DROGA.:
  • Considerações sobre os discursos do Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil. Manifestação contrária à discriminalização das drogas, especialmente, da maconha.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2007 - Página 14292
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. DROGA.
Indexação
  • COMENTARIO, VISITA, BENTO XVI, PAPA, REGISTRO, PRESENÇA, ORADOR, CERIMONIA, RECONHECIMENTO, DECLARAÇÃO, SANTO PADROEIRO, NACIONALIDADE BRASILEIRA.
  • COMENTARIO, VISITA, BENTO XVI, PAPA, INSTITUIÇÃO ASSISTENCIAL, REABILITAÇÃO, VICIADO EM DROGAS, MUNICIPIO, GUARATINGUETA (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), IMPORTANCIA, INCENTIVO, REDUÇÃO, TRAFICO INTERNACIONAL, DROGA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PUBLICAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, PAPA, CRITICA, ATUAÇÃO, TRAFICANTE, DROGA, DIVULGAÇÃO, INSUCESSO, TENTATIVA, GOVERNO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, CONTENÇÃO, CULTIVO, PLANTAS PSICOTROPICAS, APREENSÃO, GRAVIDADE, TRAFICO INTERNACIONAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • CRITICA, PASSEATA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DEFESA, DISCRIMINAÇÃO, UTILIZAÇÃO, ENTORPECENTE, NECESSIDADE, COMBATE, TRAFICO INTERNACIONAL, CONCLAMAÇÃO, FAMILIA, DESAPROVAÇÃO, LEGALIDADE, DROGA.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, o Senador Tião Viana, outros Parlamentares e eu estivemos no Campo de Marte, onde acompanhamos, de perto, a santificação de Frei Galvão, um paulista que se tornou santo pela devoção, pelo amor que tinha por aqueles que o procuravam, em qualquer sentido de dificuldade, sempre pronto a atendê-los.

O Papa foi uma passagem maravilhosa pelas terras de São Paulo, cuja peregrinação, pré-estabelecida, indicava várias reuniões, das quais participava. Não deixou absolutamente de lado seu contato com o público, com o povo, por onde passava. E V. Exª é testemunha disso com sua presença física e espiritual, que, tenho certeza, recebeu as bênçãos do Papa, que é o representante de Jesus na Terra, o substituto de Pedro.

Estou requerendo hoje, Senador - e espero conseguir esta gentileza da Nunciatura Apostólica -, todos os discursos públicos pronunciados pelo Papa. Se V. Exª acompanhou de perto, quase todas as emissoras de rádio e televisão trouxeram professores de Teologia e estudiosos da religião para analisarem as palavras do Papa e o que Sua Santidade queria dizer. Vi que alguns se confundiram, dizendo uma coisa; outros, outra.

É importante que tenhamos todos esses dados, nós, que somos cristãos, que vivemos a cristandade. Os ensinamentos de Jesus têm mais de dois mil anos e os dogmas de fé não se discutem. Acredita-se ou não.

É claro que a Igreja respeita a evolução econômica que temos e o que ela traz de benefício para a sociedade, para o cidadão, para as pessoas de bem, mas, como disse o meu antecessor, o Senador do Amazonas, é preciso pensar nos pobres. Se a Igreja optou pelos pobres é porque sabe que, se não se dedicar aos pobres, eles poderão ficar à míngua a qualquer tempo. Então, o próprio Governo tem feito muito na área social, no atendimento à camada mais pobre do País, o que é muito importante.

Mas eu tenho pouco tempo, Senador, e vim a esta tribuna hoje para fazer uma referência, porque espero me preparar melhor para ler o discurso, sobre os traficantes de drogas. A visita do Papa à Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá, foi realmente algo maravilhoso, pelo que demonstraram suas palavras, sua presença e o carinho com que tratou aqueles que buscam naquela unidade social da Igreja se recuperarem do terrível vício do uso de drogas.

Então, a palavra de Sua Santidade está estampada, pelo menos no Estadão. Como os traficantes se explicarão a Deus? Tenho certeza disso, e sempre disse que ninguém espera morrer para saber se Deus vai colocá-lo no inferno ou se vai castigar. O castigo vem na Terra mesmo, durante a vida. Quem faz o bem, receberá o bem. Quem faz o mal, sem dúvida, pagará pelo mal que fez.

Senador, veja agora: “O cultivo de coca aumenta sob Evo Morales”. Não estou fazendo uma acusação ao governo da Bolívia, porque ele é independente e soberano. Mas ele é um líder cocaleiro. Eu estive lá com um grupo grande de Parlamentares do mundo inteiro, para acompanhar de perto a substituição da lavoura de coca por outros produtos que poderiam ser exportados, de modo que os produtores não tivessem prejuízos com a substituição. Provavelmente, isso não deu certo e as razões têm de ser discutidas.

Há uma outra matéria que diz que as operações no Rio de Janeiro, segundo o dito por alguns especialistas, só estão “enxugando o gelo” no combate às drogas e à criminalidade, porque todo o material apreendido, a quantidade de drogas, durante dez anos não chega a 10% do movimento que os traficantes realizam nas áreas por eles dominadas.

Por isso faço um apelo, Senador Tião Viana, Srªs e Srs Senadores aqui presentes, aos pais e mães: não concordem com a legalização, com a descriminalização do uso de drogas. Houve uma passeata no Rio de Janeiro durante a visita do Papa Bento XVI, pedindo a legalização do uso da maconha, da “marijuana”. O panfleto tinha o retrato do Cristo Redentor, de braços abertos sobre a Baía de Guanabara, como se aquilo fosse uma campanha em favor do uso indiscriminado da maconha, que é a porta de entrada para o uso de drogas mais pesadas. Então, faço esse apelo e imploro.

Há autoridades pregando isso. Que o usuário faça isso é um problema dele, que quer se livrar do crime e encontrar a droga. E os governantes, que pregam a descriminalização das drogas, fazem-no porque não conseguem combater a corrupção que avança, Senador Mão Santa! Então, a corrupção avança e os governadores, incapacitados, querem que não seja mais crime, Senador Tião Viana. É algo profundamente desgastante para nós.

O combate precisa ser permanente. Se legalizar, não vai melhorar absolutamente nada, porque o uso vai aumentar, como acontece com o cigarro, a bebida e tantos outros que são legais, as pílulas vendidas em farmácias e tantos outros métodos que trazem o vício, o mal-estar e levam os cidadãos à morte.

Senador, não quero tomar mais o tempo, mas é somente para deixar esse alerta.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Tião Viana, V. Exª permite aqui um aparte? Na sensibilidade de V. Exª, que é maior do que qualquer regimento.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Com a máxima objetividade, em razão do Regimento, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu não poderia deixar de me manifestar. O nosso Romeu Tuma significa muito. Nós precisamos de símbolo. O Papa Bento XVI é o símbolo da cruz. Romeu Tuma é o símbolo da moral, da ética, da decência e da coragem. Dessa Polícia Federal, se aí existe, S. Exª foi o ícone. O período mais difícil deste País foi a transição democrática feita pela paciência do Presidente Sarney.

Mas, além das bênçãos de D. Kiola, a mãe de S. Exª, contava com o apoio e a solidariedade dos cirineus.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Obrigado.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Mais de seis mil greves nacionais e todas enfrentadas com firmeza. Destaco que o Papa foi muito claro. Disse algo que já abordei aqui: corrupção, honestidade. “To be or not to be. That’s the question - Ser ou não ser. Eis a questão”. Não existe meio honesto, não. Temos de cassar e expulsar os homens do mensalão, os corruptos deste Congresso da República brasileira. V. Exª deu exemplo. V. Exª plantou e aguou. A Polícia Federal é uma instituição que trabalha pela moralidade deste País, fundamento essencial da ordem e progresso.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - TO) - Muito obrigado. Só para concluir o raciocínio, Senador, ressalto que esses tiroteios do Rio também me têm assustado moralmente. Combates de rua matam indiscriminadamente pessoas inocentes que não sabem de onde vem o tiro. Não existe bala perdida. Há alvo não objetivamente indicado. Então, temos de lutar contra isso. Vale a pena lutar contra a corrupção, a desonestidade. E a Polícia foi feita para servir a população e tem a obrigação de continuar buscando oferecer maior tranqüilidade à sociedade sofredora, ricos, pobres, seja qual for a situação em que se encontre o cidadão.

Peço desculpas a V. Exª e agradeço-lhe pela gentileza.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2007 - Página 14292