Discurso durante a 56ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta e cinco anos de atividades da Universidade de Brasília - UnB, inaugurada em 21 de abril de 1962.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ENSINO SUPERIOR.:
  • Comemoração dos quarenta e cinco anos de atividades da Universidade de Brasília - UnB, inaugurada em 21 de abril de 1962.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2007 - Página 11523
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), REGISTRO, HISTORIA, RENOVAÇÃO, MODELO, ENSINO SUPERIOR, ELOGIO, ATUAÇÃO, BUSCA, INCLUSÃO, CIDADANIA, INICIATIVA, ALTERNATIVA, ACESSO, PROGRAMA, AVALIAÇÃO, ENSINO MEDIO, SISTEMA, COTA, NEGRO, INDIO, AMPLIAÇÃO, VAGA, APERFEIÇOAMENTO, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, INTEGRAÇÃO, COMUNIDADE, EXPANSÃO, CIDADE SATELITE, DISTRITO FEDERAL (DF), OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

DOCUMENTO DO SR. PRESIDENTE, RENAN CALHEIROS, A QUE SE REFERE O SR. SENADOR CRISTOVAM BUARQUE.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e o § 2º, do Regimento Interno.)

45 ANOS DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Senador Renan Calheiros, Presidente do Senado Federal, em 25-4-2007

(Saudações, conforme o protocolo)

    Senhoras e Senhores,

    A Universidade de Brasília - UNB - nasceu voltada para o futuro, destinada à vanguarda, como a cidade que a abriga.

    E hoje, 45 anos depois de sua fundação, creio que podemos afirmar com segurança que essa vocação se cumpriu.

    Projetada por Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, dois dos maiores educadores que este País já produziu, ambos profundamente envolvidos no debate sobre o modelo universitário brasileiro, a UnB foi criada para ser exemplo.

    E assim é ainda hoje, mesmo com todas as vicissitudes pelas quais o projeto original passou, adaptando-se, na medida do possível, a circunstâncias nem sempre favoráveis à inovação. E o projeto original, de fato, era e continua sendo inovador, o que demonstra a ampla visão dos seus fundadores sobre a educação superior.

    A criação dos cursos-tronco, pensados para dar ao estudante uma formação básica, um alicerce sólido sobre o qual erguer uma formação específica constituiu um avanço.

    Aliás, é sinal da força desse projeto original que, hoje, quando se volta a discutir o modelo de ensino superior no Brasil, essa mesma idéia de oferecer um primeiro ciclo de formação básica reapareça, no projeto que se vem chamando de “Universidade Nova”.

    Como alternativa ao vestibular tradicional, em 1996, a UnB lançou o Programa de Avaliação Seriada - PAS.

    Ao fazer coincidir o processo seletivo como percurso do aluno pelo ensino médio, o PAS consagra um estilo de prova multidisciplinar. Além de influenciar o próprio vestibular, a UnB estabelece novas interações entre as universidades e as escolas.

    Outras inovações protagonizadas pela UnB consistem na adoção do Sistema de Cotas para negros e o estabelecimento de regras específicas para o ingresso de índios.

    A UnB foi a primeira universidade federal a tomar essas medidas, passos importantes na luta pela justiça e pela inclusão social.

    Ao lado da inovação, é preciso louvar a UnB também pela reconhecida qualidade do seu ensino tanto na graduação quanto na pós-graduação.

    Entre 1989, quando foi aberto o primeiro curso noturno, e 1999, o número de alunos regulares mais do que dobrou, pulando de oito para mais de 17 mil.

    Hoje já são cerca de 23 mil.

    E o mais importante: 85% dos cursos de pós-graduação da UnB receberam, na última avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), notas entre quatro e sete, o que atesta a excelência da pesquisa ali produzida.

    Já consolidada entre as melhores do País, a UnB vem fortalecendo, por intermédio da extensão universitária, os seus vínculos diretos com a comunidade do Distrito Federal.

    A fase de expansão que se inaugura inclui também a abertura do campus de Planaltina e os projetos de novos campi no Gama e em Ceilândia.

    Quero completar esta saudação à UnB, lembrando o papel fundamental que têm as universidades para a formação integral de indivíduos e profissionais de alto nível.

    Nesse aspecto, a UnB também é exemplar. A flexibilidade curricular e a multidisciplinar sempre foram valores que orientaram os currículos e as formações.

    Hoje, mais do que nunca, a capacidade de pensar de formas múltiplas, integrando conhecimentos e métodos diversos, é uma das chaves do sucesso - tanto individual quanto para as comunidades.

    Com todas as limitações e dificuldades existentes, as universidades são ainda as instituições que mais têm condições de favorecer essa integração.

    Nos últimos anos, o Senado Federal avançou expressivamente na direção da universalização do acesso ao ensino fundamental. Recentemente, reforçamos esse nível de ensino, com a inclusão de mais um ano de escolaridade obrigatória.

    Começamos já a refletir sobre o passo seguinte, que é universalizar o acesso ao ensino médio, juntamente com o aumento das matrículas no ensino superior.

    Acima de tudo, paira a questão da qualidade do ensino nesses diferentes níveis. E nesse ponto, o papel da universidade é fundamental.

    De fato, a qualidade do ensino depende, em última análise, sobretudo da qualidade dos professores.

    E cabe justamente às universidades formar os professores.

    Nosso sistema educacional será tão bom quanto forem os nossos professores - e nossos professores só serão bons se a universidade formá-los adequadamente.

    Investir na qualidade da educação, portanto, implica investir na qualidade de nosso ensino superior, celeiro dos mestres que se encarregarão de educar nossas crianças e nossos jovens para o futuro.

    Por fim, como centros de criação e de desenvolvimento de pesquisas, as universidades desempenham um papel chave em qualquer estratégia de desenvolvimento sustentado.

    Disso são prova inequívoca todos os países que fizeram preceder sua arrancada econômica de uma revolução educacional, saindo da condição de reprodutores e meros consumidores para a de produtores de tecnologia.

    Nesse sentido, as universidades têm um espaço cativo nas discussões sobre a criação de condições estruturais para o desenvolvimento.

    Enfim, deve ser motivo de orgulho para todos nós que a capital federal conte com uma instituição que, em todos esses aspectos, é exemplar.

    Participando no esforço coletivo de criar e produzir novos conhecimentos para o bem de todos, contribuindo para formar indivíduos cada vez mais aptos a atuar na nossa sociedade ou estendendo à comunidade em geral o produto da expertise, de seus professores, a UnB contribui decisivamente para o aprimoramento de nossa comunidade.

    Ela presta, portanto, um serviço inestimável a Brasília e ao Brasil.

    O Senado Federal, em particular, também se beneficia da proximidade da UnB, com as parcerias entre a Universidade e o Instituto Legislativo Brasileiro (UNILEGIS).

    Outras parcerias, tenho certeza, ainda acontecerão em futuro breve.

    Vários laços, enfim, nos unem à UnB.

    Temos o privilégio de contar, entre nossos colegas senadores, com o primeiro reitor da Universidade de Brasília eleito pela comunidade universitária.

    O Senador Cristovam Buarque, professor na UnB, desde 1979, tem sido protagonistas destacado na cena política nacional.

    De sua rica experiência à frente da Universidade, tenho certeza, tirou muitas das lições que hoje tenta generalizar, em sua incansável cruzada pela educação.

    Por fim, congratulando-me com o Professor Timothy, magnífico Reitor da UnB, quero parabenizar a todos os que fizeram e fazem a Universidade de Brasília o centro de excelência que ela é hoje.

    Realizando as esperanças com que foi fundada, há 45 anos, a UnB mantém vivas as memórias de Darcy Ribeiro, cujo nome, desde 1995, batiza o campus principal da UnB, e Anísio Teixeira.

    E com elas, as expectativas de futuro cada vez melhor, pois como afirmou Anísio Teixeira “O que aprendemos refaz e reorganiza nossa vida”.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2007 - Página 11523