Pronunciamento de Lúcia Vânia em 17/05/2007
Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa de uma política de qualificação de mão-de-obra e criação de escolas profissionalizantes.
- Autor
- Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.
EDUCAÇÃO.:
- Defesa de uma política de qualificação de mão-de-obra e criação de escolas profissionalizantes.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/05/2007 - Página 15174
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL. EDUCAÇÃO.
- Indexação
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- SOLIDARIEDADE, HOMENAGEM POSTUMA, RAMEZ TEBET, EX PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL.
- CUMPRIMENTO, PEDRO SIMON, SENADOR, IMPORTANCIA, DISCURSO, RECUPERAÇÃO, VICIADO EM DROGAS, REGISTRO, PROPOSTA, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME, AUMENTO, VALOR, BOLSA FAMILIA, AMPLIAÇÃO, LIMITE DE IDADE, ADOLESCENTE, INTEGRAÇÃO, PROGRAMA.
- NECESSIDADE, ATENÇÃO, JUVENTUDE, ESCOLARIDADE, COMBATE, DESEMPREGO, TRAFICO, DROGA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PRIORIDADE, POLITICA, ASSISTENCIA SOCIAL, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, TRABALHADOR, COMENTARIO, ESTUDO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), REGISTRO, DADOS, INEFICACIA, SISTEMA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, ACOMPANHAMENTO, EVOLUÇÃO, ECONOMIA, DEFESA, INTEGRAÇÃO, GOVERNO, ENTIDADE, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), EMPRESA.
A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, eu gostaria de externar aqui também a minha solidariedade ao Senador Valter Pereira, de Mato Grosso do Sul, que está aqui hoje homenageando o Senador Ramez Tebet, que, como Presidente desta Casa, foi, sem dúvida alguma, um homem correto, aplicado, trabalhador, que deixou muitas saudades não somente nesta Casa, como também no seu Estado, Mato Grosso do Sul.
Sr. Presidente, gostaria de cumprimentar o Senador Pedro Simon pelo assunto que S. Exª trouxe à tribuna nesta tarde. A questão da juventude e, principalmente, do tráfico de drogas hoje chama a atenção de todo o País e merece do Poder Público uma atenção especial.
A propósito dessa questão, os jornais nacionais estamparam uma notícia esta semana, dando conta de que o Ministro Patrus Ananias pretende propor ao Presidente Lula o reajuste do Bolsa-Família em cerca de 17% e a ampliação de 15 para 17 anos do limite de idade para adolescentes integrarem o programa.
Isso, sem dúvida nenhuma, motivou-me a vir a esta tribuna debater o assunto. Acredito que a atenção aos jovens, o desemprego, o tráfico, a escolaridade têm sido temas relegados ao longo do tempo. Como expôs o Senador Pedro Simon, o próprio Papa, ao chegar ao Brasil, deu-nos a demonstração simbólica, recebendo no Campo de Marte mais de trinta mil jovens. Naquela ocasião, tenho certeza de que o Papa quis mostrar ao Brasil a preocupação com a nossa juventude.
Portanto, essa questão aqui levantada pelo Ministro Patrus Ananias merece ser amplamente debatida, porque, no País, há experiências bem-sucedidas como essa salientada pelo Senador Pedro Simon. São experiências baseadas principalmente na fé e no trabalho e que deram certo. Acredito que situações como essas devem servir de exemplo para o Governo implementar uma política para a juventude.
O sociólogo e economista Márcio Pochmann, que foi Secretário da ex-Prefeita Marta Suplicy, afirma que o Brasil regrediu no gasto com qualificação de trabalhadores, ao contrário do que diz o Presidente Lula. Os números mostram que, em vez de manter a população presa a programas assistenciais, se o Governo tivesse investido em políticas de qualificação de mão-de-obra e em escolas profissionalizantes para atender exatamente aos jovens a quem Sua Excelência quer dar mais bolsas, o País poderia ser outro.
Pochmann, que é do Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho, da Unicamp, acaba de divulgar um estudo sobre investimentos na formação e qualificação de mão-de-obra.
Em 1995, os recursos repassados para esse tipo de programa pelos Ministérios do Trabalho e da Educação e pelo Sistema S (integrado por instituições como Senai e Senac) representavam 0,39% do PIB e beneficiaram 6,1% da população economicamente ativa. Em 2005, os recursos caíram para 0,33% e atendem a 5,2% da força de trabalho.
O economista da Unicamp afirma que o Brasil não tem um sistema de ensino público profissionalizante atento à evolução da economia e capaz de identificar os setores que crescem mais depressa e qual a mão-de-obra mais necessária. Falta um trabalho integrado entre os Ministérios, o Sistema S e as empresas, até mesmo para saber que tipo de escolas profissionalizantes devem ser construídas - afirma Márcio Pochmann.
Srª Presidente, a retórica parece ser uma das melhores técnicas empregadas por este Governo. Desde sua primeira campanha, o candidato Lula enfatizava a necessidade de preparar bem o trabalhador, mas sua oratória não corresponde aos fatos. É o próprio Ministério da Educação que comprova: há cerca de 200 mil empregos à espera de candidatos de nível técnico, ao mesmo tempo em que as taxas de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos são as mais altas em décadas: 4,4 milhões de pessoas nessa faixa etária.
Oferecer a esses jovens um aumento no Bolsa-Família é humilhar milhões de trabalhadores que sonham com uma oportunidade para mudar de vida.
Quantos deles já não estão envolvidos com o tráfico e a violência urbana, como foi colocado aqui pelo Senador Simon, pelo Senador Malta e pela Senadora Rosalba?
Quantos já não fazem parte das estatísticas de menores infratores?
O Governo deveria assumir o pacto que firmou com a população de trabalhar por sua cidadania e retirá-la da condição de pobreza em que expressiva parcela vive.
Com certeza, não serão programas populistas, mas programas como esse citado pelo Senador Simon, que se assentam na fé e principalmente no trabalho, que vão garantir a independência e a cidadania que cada brasileiro merece.
Muito obrigada, Srª Presidente. Obrigada pela tolerância com o tempo.