Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao escritor e presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Gerardo Mello Mourão, falecido em 9 de março do corrente ano.

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao escritor e presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Gerardo Mello Mourão, falecido em 9 de março do corrente ano.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2007 - Página 14778
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, POETA, JORNALISTA, ESTADO DO CEARA (CE), LEITURA, TRECHO, OBRA LITERARIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Convidados, em particular os familiares do poeta Gerardo Mello Majella Mourão, in memoriam, na presença do Exmº Sr. Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão, Embaixador e Diretor do Departamento da América Central e Caribe no Itamaraty, filho do homenageado, e sua esposa, Maria Lúcia Mello Mourão; Exmº Sr. Paes de Andrade, grande combatente do povo brasileiro, lutador de todas as horas, ex-Presidente da Câmara dos Deputados, ex-Presidente da República do nosso País, ex-Embaixador do Brasil em Portugal; Drª Bárbara Junqueira Aires e artista plástico Tunga Mello Mourão, filha e filho do homenageado; Srª Adriana Mourão Romero, sobrinha do homenageado e, posso dizer, nossa colega do Senado da República; ilustríssimo Prof. José Maria Barros Pinho, ex-Deputado Estadual, representando a Academia Cearense de Letras, poeta do povo cearense e do povo brasileiro; amigos e amigas; ilustríssimas autoridades que nos honram com suas presenças nesta sessão solene, quero dizer que, no dia do falecimento de Gerardo Majella Mello Mourão, em 9 de março de 2007, sua cidade natal, a histórica cidade cearense de Ipueiras, ingressou por três dias numa jornada de luto oficial. No dia 26 de abril, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará realizou uma sessão solene em sua homenagem.

Hoje, neste 16 de maio, o Senado Federal oferece a seus familiares, aos amigos e ao povo brasileiro um especial momento de reflexão e de resgate da memória e da vasta obra desse ilustre brasileiro diante da grandiosa expectativa e da tarefa de sua perenização, por sua obra, por seu trabalho, por seu desempenho grandioso, da sua terra, lá dos sertões do semi-árido nordestino, do Ceará, do Nordeste setentrional, do Brasil, para este mundão de meu Deus.

Gerardo Mello Mourão já marchava para seu centenário quando a morte o colheu de súbito no dia 9 de março deste ano de 2007, ingressando na casa dos 90 anos e no Rio de Janeiro, em pleno País dos Mourões. Digo que a morte o tomou de súbito, porque Gerardo tinha muita vida, e muita vida vivida. Foi daquelas pessoas sempre aguardadas pela sua vibrante personalidade. Estava sempre disponível nas liças que encontrava pela frente, com verso, com (anti) métrica e com rima na ponta da língua, com facão e com bacamarte desensarilhados.

Também por isso, sua ausência se faz muito sentida aos amigos e aos admiradores habituados a conviver periodicamente, em menores ou maiores intervalos, com sua presença no Brasil, no Ceará, em Ipueiras. Às vezes, fortuitamente, encontrávamo-nos ali; era breve sua passagem pelos cantos. Às vezes, encontrávamos no apartamento do Deputado Paes de Andrade. Era um verso, uma história rápida, mas sempre com aquela alegria farta, com aquela vivacidade que espantava e cativava todos de uma só vez, dentro da sala. Por isso, temos de não só resgatar, mas também de firmar hoje e para sempre sua história, sua poesia.

Em Ipueiras, nasceu e despontou para um mundo conquistado em generosos quadrantes, do semi-árido nordestino palmilhado por seus fantasmas tombados “à esquerda e à direita” aos mares gregos povoados de lendárias e de assombrosas criaturas.

Nessas ocasiões dos febris encontros, movido por uma contagiante energia vital, Gerardo degustava seus aperitivos e examinava com olho e poética afiados os caminhos e os descaminhos da administração pública e dos seus gestores. Por conta dessa congênita formação vulcânica, já recolhera em seus antecedentes a ira dos regimes de exceção que se abateram sobre o País e sobre pensadores da mesma lavra.

Ao conceituá-lo de amplíssimo modo como “místico, poeta, filósofo, romancista e ideólogo político fervoroso”, o escritor Dimas Macedo externou as expressões que nosso homenageado guerreiro das letras e do verbo liberava em seus rastros marcantes.

Para o poeta Artur Eduardo Benevides, ex-Presidente da Academia Cearense de Letras, Gerardo foi um poeta do mundo:

Gerardo Mello Mourão foi uma das maiores inteligências que conheci, autor de uma obra literária de inestimável valor, elogiada por toda a crítica nacional. Tenho um poema que ofereço a ele, em meu livro mais recente: “Em louvor de Gerardo Mello Mourão, poeta das Ipueiras e do mundo”.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Inácio Arruda, interrompo V. Exª apenas para convidar a compor a Mesa o Exmº Sr. Abdias Nascimento e a Srª Bárbara Junqueira Aires, filha do homenageado.

Tem a palavra V. Exª, Senador Inácio.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Inácio reinicia, enquanto corre Abdias.

Continuo a leitura do que disse Artur Eduardo Benevides:

Figura de extraordinária grandeza intelectual e moral, era um homem bom, generoso e afável. Tivemos uma amizade duradoura e, para mim, enriquecedora. Com seu desaparecimento, o Brasil perdeu um dos grandes nomes do campo da literatura, sobretudo, da poesia.

            José Maria Barros Pinha, poeta aqui presente, ao nosso lado, membro da Academia Cearense de Letras, nosso contemporâneo das lutas heróicas de resistência ao regime militar, nas fileiras da tendência popular e do MDB, é capaz de jurar que nosso homenageado foi, na essência, um homem de esquerda. Barros Pinho, que privou de sua amizade, abraça-nos com um pungente depoimento no qual deposita seus sentimentos de saudade e de esperança na fertilidade do exemplo de Mourão - para ele simplesmente “religioso”, no sentido mais coerente que sua natureza pode expressar:

Gerardo Mello Mourão, o poeta do Século XX, arrancou a palavra da mais funda raiz da terra. Nunca se contentou em contemplar a história. Dela participou como um guerreiro da sensibilidade estética e social. Não se curvou ao tempo; foi além do tempo, na profecia do verso, vivendo com sabedoria todas as inquietações de seu espírito romântico e talhado para a lúcida aventura do cotidiano. Fez da vida um atribulado compromisso cristão, sem ser piegas. Sendo assim, nunca cedeu ao farisaísmo em voga moldurado na torpe hipocrisia. Portou-se sempre como uma aroeira plantada nas escarpas das Ipueiras, onde nasceu já com a marca varonil dos ancestrais que tombaram “à esquerda e à direita”, segurando o punhal na defesa da honra e da dignidade pessoal. Aroeira, cedo, aprendeu a conviver com a tempestade e com as ações devastadoras de destinos, sob o impulso de um coração dividido entre a saga do cangaço no sertão e o canto de pássaro sedutor da poesia.

Intelectual portentoso e simples a um só momento, carregando em seus alforjes, mundo afora, mágoas eternas temperadas com a beleza de sentimentos cristalinos de amizades fundas e duradouras.

Gerardo era supersticioso? Não! Desconfiado, franco e legítimo como o místico e valente sertanejo nordestino.

Portanto, não me pediram, mas se me pedissem para distinguir a altura da poesia das Américas, responderia com a galeria singularíssima de quatro nomes: Walt Whitman, Pablo Neruda, Castro Alves, Gerardo Mello Mourão, sendo que este talvez recebesse o destaque da consciência estética da destinação exata da palavra no poema.

Posto nestes termos, só me resta dizer: Gerardo é o começo e o fim da epopéia de luz e de sabedoria, rastreando sol no abismo da condição humana. Morto, viverá como fantasma no vento quente do meio-dia, batendo na caatinga para que se cante universalmente o canto da terra e do amor nos limites do sem-fim de muitas léguas de liberdade, liberdade redentora do homem.

Um dia, como que a exaltar sua franqueza e seu espírito democrático, nosso homenageado assim se perfilou, com sua cativante sinceridade, dirimindo quaisquer dúvidas que pudessem pairar ao vento sobre sua filiação religiosa: “Sou católico, apostólico, romano. Acho que as pessoas de outras religiões têm as mesmas chances de salvação. Sou cearense há mais de quatrocentos anos”.

Na ditadura do Estado Novo, amargou dezoito prisões - praticamente seis anos nas masmorras - e recebeu, por decreto publicado no Diário Oficial da União, uma sentença de prisão interrompida pela vaga libertária do pós-guerra, pela unanimidade do Supremo Tribunal Federal, ao revogar sua prisão, e pela movimentação internacional e insurrecional de escritores franceses do porte de Jean Paul Sartre, de Simone de Beauvoir e de Albert Camus, entre outros intelectuais de expressiva extração. Com esse decidido gesto em defesa de Gerardo, já colocavam em seu devido lugar a aleivosia da polícia de Filinto Strubing Müller, que tentara desqualificá-lo para a posteridade como espião nazista. Imaginem!

Gerardo não foi a única vítima de Müller, desertor da Coluna Prestes e protagonista de uma barbaridade de repercussão internacional: houve a extradição de Olga Benário, militante comunista e mulher de Luiz Carlos Prestes, deportada para um campo de concentração nazista na Alemanha, onde foi executada em 1942.

Sua amizade, a de Gerardo, com Tristão de Ataíde e sua adesão ao integralismo nos anos 1930 fazem parte de sua trajetória - a qual, sério e coerente, nunca renegou. E foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo partido de Vargas, o PTB.

Entretanto, mesmo vivendo situações terrificantes nas masmorras das ditaduras estadonovistas e do regime militar de 1964, consegue o ilustre escritor cearense transformar todo o sofrimento em fecunda literatura, como que a remir, pelas letras, a violência contra ele perpetrada. Gerardo afirma:

Preso, exilado e cassado em meu mandato de Deputado Federal por esta última, na primeira delas fui condenado por decreto, já que não havia qualquer lei que eu tivesse infringido, sem jamais comparecer à presença de um juiz, sem ter sequer um processo formalizado. Condenado por decreto, juntamente com uma centena de outros brasileiros, um caso único na história do direito ocidental. Nunca fui condenado por uma lei ou por um Tribunal ordinário. Vivi a fecunda experiência de seis anos de cárcere, num campo de concentração em Dois Rios, onde pude escrever meu romance O Valete de Espadas e as dez elegias de Cabo das Tormentas.

Tais perseguições foram a antevéspera das grandes jornadas pelo mundo (Gerardo conheceu noventa países e ganhou intimidade com nove idiomas, entre os quais o latim e o grego) e pelo universo literário. Depois da cassação de seu mandato de Deputado Federal pela Ditadura de 1964, Gerardo esteve no Chile, onde lecionou História e Cultura da América na Universidade Católica de Valparaíso (1964 - 1967), na Europa e na Ásia. Em Pequim, foi correspondente (o primeiro, brasileiro e sul-americano na China), a serviço do jornal Folha de S. Paulo, entre 1980 e 1982.

As inesgotáveis peripécias e estripulias dos Mellos e Mourões alimentaram o próprio Gerardo e a renovada legião de pesquisadores, entre romancistas, sociólogos e historiadores. Tudo isso se deu desde as fronteiras “desse Ceará grande”, como acentuou noutra homenagem o nosso Embaixador Gonçalo Mourão, “cujas fronteiras ninguém sabe muito bem aonde chegam, e que ele, de uma certa maneira, ajudou a ampliar até o Chile, até a Grécia, até a China, ao mundo todo”.

Suas obras foram publicadas em diversos idiomas (a exemplo de País dos Mourões, 1964). Gerardo se aventurou também, entre outras viagens imaginárias, pelas fascinantes paragens de uma mágica produção: A Invenção do Saber; Cânon & Fuga; O Sagrado e o Profano; Peripécia de Gerardo (1972); Rastro de Apolo (1977); Os Peãs (1980); O Bêbado de Deus (2001), e, no transcurso oficial dos 500 anos do descobrimento do Brasil, com o poema épico A Invenção do Mar, editado simultaneamente no Brasil e em Portugal, Gerardo tratou de reinventar nossa colonização.

Pela autoria da obra A Invenção do Mar, Gerardo foi considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa do Século XX, comparado a Camões e a Fernando Pessoa.

Do mesmo modo inovador, Gerardo repensou em suas entrevistas os conceitos que articulavam desenvolvimento econômico e cultural, valorizando seu “umbigo”, o Nordeste:

O capital, aliado da tecnologia, sabe como produzir um bom médico, um bom engenheiro, um bom automóvel. Mas não sabe produzir um poeta, um músico, um pintor. Se fosse assim, as escolas e as fábricas de Tóquio, dos Estados Unidos, da Alemanha e até de São Paulo e da Coréia estariam produzindo Homeros, Shakespeares, Dantes, Rembrandts, Bachs e Picassos. E não estão, não é? (...) Os filósofos, os poetas, os artistas, como a própria arte, não são frutos da civilização industrial. São mesmo, de um modo geral, os marginais dessa civilização e desse tipo de progresso, desse poder de produção de riqueza. Honro-me de ser um marginal desse processo, como foram Homero e Dante, Hoelderlin e Van Gogh, Rimbaud e Baudelaire, os grandes filósofos e os grandes reitores do saber e do espírito. Dessa saudade vivo e morro. Cada um de nós nasceu amarrado a seu umbigo. A outra ponta do umbigo, do qual fomos cortados, é a nossa terra. O homem grego, criação de Apolo Délfico, tinha seu umbigo em Delfos. Era o “òmphalós” do mundo, o umbigo do mundo. Para mim, minha aldeia é minha polis genesíaca, núcleo do meu DNA, meu umbigo - “òmphalós”. O Nordeste é meu umbigo e por isto é um umbigo do mundo, de meu mundo. “Òmphalos tes gés” - o umbigo da terra.

Gerardo privou da íntima amizade de vultos do porte de Alberto da Veiga Guignard (pintor), de Michel Deguy e do poeta Neftalí Ricardo Reys Basoalto, nada mais nada menos do que o gigantesco Pablo Neruda. Foi um raro escritor brasileiro indicado para o Prêmio Nobel de Literatura pela Universidade de Nova Iorque. Seu porte literário é examinado nesta dimensão quando a crítica dos seus versos o reconhece como um poeta grego reencarnado na literatura de língua portuguesa, não exatamente porque nosso Gerardo tenha morado na Grécia, contemplando incansavelmente seus velhos monumentos gregos, mas porque, além disso, escreveu em grego inúmeros poemas heróicos. E ainda, além disso, construiu uma longa ponte sobre os oceanos, unindo o berço da civilização e o país do mourões.

Como lembrou no Ceará o nosso Embaixador Gonçalo Mourão, Gerardo deixou muitos amigos e admiradores no Ceará e nos quatro cantos do mundo. E essa é a maior segurança da permanência de sua obra, que vai fincando suas estacas e pedras fundamentais, a exemplo da realização do projeto adotado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, que consiste na edição de sua poesia completa.

O Senado Federal também oferecerá sua contribuição para tal permanência, pois se encontra na fronteira fundamental dos “quatro cantos do mundo”, onde Gerardo semeou amigos e admiradores. Trata-se, dialeticamente, de mais uma homenagem à onipresença e à memória de Gerardo, sugerida pelo filho Gonçalo em seu depoimento recente:

Meu pai dava a impressão de nunca ter saído de Ipueiras, do Ceará, mas, às vezes, me dava também a impressão de estar, constantemente, inventando uma Ipueiras e um Ceará que só ele conhecia. Por outro lado, vivia, constantemente, em vários lugares e, às vezes, estava no Chile, às vezes, na Grécia, no interior do Mato Grosso (...), tinha uma memória prodigiosa. Foi com ele que eu aprendi e entendi por que os gregos antigos diziam que os poetas e as musas eram filhos da memória. Talvez, eu pudesse até dizer, na verdade, que meu pai era um filho de sua própria memória.

Encerro, enfim, com as palavras de Antônio Olinto Marques da Rocha, da Academia Brasileira de Letras, pronunciadas no mesmo dia 26 de abril, na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará:

Nós sabemos que há pessoas que falam pelo seu País. Nos Estados Unidos, fizeram, certa vez, um concurso para descobrir quem falava pelo país, e Abraham Lincoln, grande estadista, começou a ser muito votado. No final, o escolhido foi o poeta Walt Whitman. Hoje, como escritor da Academia Brasileira de Letras, quero dizer-vos: Gerardo Mello Mourão foi quem falou pelo País nos últimos 82 anos. Ele era o País, ele pensava como o País e fazia as poesias que nos interpretavam e nos interpretam, e contou nos romances aquilo que nós somos: o que esse cearense de gênio descobriu e disse; saiu daqui para, através da palavra, levar não só ao mundo a palavra portuguesa, mas também a outros mundos, outras línguas, o que é o Brasil. Ele nos representou, de fato, sem escolha de ninguém, nos representou como escritor, como poeta dentro de nossos sentimentos, como nós sentimos, como pensamos, como amamos e como odiamos, está tudo lá, está tudo na obra dele. E que nós, que estamos aqui, reunidos, para rememorar e homenagear a sua memória, tenhamos essa certeza. Ele foi o melhor de nós todos nesses últimos oitenta e dois anos. Foi ele quem lutou pelo Brasil, foi ele quem nos interpretou, foi ele quem foi, de fato, o Brasil.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado. (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2007 - Página 14778