O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente ilustre Senador Tião Viana, da representação do Acre nesta Casa do Congresso Nacional, Srªs e Srs. Senadores, estou entregando à Mesa um requerimento de pesar pelo falecimento do ex-Senador José Coelho, ocorrido sábado passado em Petrolina, sua terra natal, no Estado de Pernambuco.

            O referido requerimento é subscrito pelo Senador Jarbas Vasconcelos, ex-Governador de Pernambuco, pelo Senador Heráclito Fortes, que morou muito tempo em Pernambuco, onde conheceu o Senador José Coelho, pelo Senador Romero Jucá, Líder do Governo no Senado Federal e pernambucano de nascimento, pelo vice-Presidente Tião Viana, pelo Senador Leomar Quintanilha, pelo Senador Paulo Paim, e também pelos Senador Gerson Camata, Senador Epitácio Cafeteira e Senador Mozarildo Cavalcanti.

            Requeremos seja dada ciência da decisão do Senado à viúva, Dona Lívia Cléa Viana Coelho, sobrinha do ex-Senador Luiz Viana, aos seus oito filhos do casal - um dos quais é Deputado estadual e duas são casadas com diplomatas - Lívia com o Embaixador Renan Paes Barreto e Lídia, com o Embaixador César Amaral; aos seus irmãos - o ex-Deputado Federal Osvaldo Coelho, o Deputado Estadual Geraldo Coelho, Adalberto Coelho, empresário em Pernambuco e na Bahia, e Augusto Coelho, ex-Prefeito de Petrolina; assim como à Câmara Municipal de Petrolina, à Prefeitura da Cidade e também; a outras instituições a que o Senador José Coelho pertenceu.

            Sr. Presidente, o falecimento do Senador José Coelho provocou grande pesar em toda a sociedade pernambucana, especialmente na região sertaneja, pois era, como já recordei, petrolinense de nascimento.

            Ele era filho de Clementino Coelho, conhecido como “Coronel Quelé” e de D. Josefa de Souza Coelho. Casado com dona Lívia Cléa Viana Coelho, foi prefeito de Petrolina por dois mandatos, e três vezes vereador à Câmara Municipal da referida cidade. Além do mais, esta Casa sabe, exerceu, durante o período de 13 de março de 2001 a 10 de março de 2002, o mandato de Senador da República, em virtude do licenciamento do Senador José Jorge de Vasconcelos para desempenhar as funções de Ministro de Estado de Minas e Energia, no Governo Fernando Henrique Cardoso. Integrou no Congresso Nacional a Comissão de Orçamento, e nesta Casa, como titular, as Comissões de Educação, de Relações Exteriores e Defesa Nacional e, como suplente, a Comissão destinada a acompanhar o projeto de revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, e as Comissões de Assuntos Econômicos e de Assuntos Sociais. Foi membro de várias entidades e clubes de serviço, havendo se dedicado integralmente à causa sertaneja, ou seja, à solução dos graves problemas especialmente da região do submédio São Francisco.

            José Coelho era bacharel em finanças pela Universidade Federal da Bahia. Foi presidente do Sindicato das indústrias do Trigo e de Massas Alimentícias e Biscoitos, pois atuava nesse setor; vice-presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco por quatro mandatos e também presidente da Associação Rural de Petrolina.

            Era afiliado ao PFL e desempenhou em Petrolina a função de presidente do Diretório Municipal da agremiação.. Possuía várias condecorações, nacionais e estaduais, entre as quais destaco a Medalha do Pacificador, conferida pelo então Ministério do Exército, Grande Oficial da Ordem de Rio Branco, concedida pelo Presidente da República, e também medalhas pernambucanas: a do Mérito Guararapes, conferida pelo então Governador Jarbas Vasconcelos, e a do Mérito Judiciário, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, entre muitas que merecidamente ostentava. Político e empresário, dotado da flama do otimismo e da virtude da generosidade, lúcido e operoso, José Coelho igualmente voltava os olhos para os mais carentes, e o fazia inspirado em princípios cristãos e na condição de devoto de Nossa Senhora Rainha dos Anjos, padroeira de Petrolina.

            Sr. Presidente, convivi com José Coelho durante quatro décadas. Telúrico, ele se caracterizava por albergar uma grande visão dos problemas nacionais, especialmente da economia nordestina, o que muito contribuiu para converter sua terra num grande pólo de desenvolvimento do submédio São Francisco. Quem conhece Petrolina de hoje, ou seja, o conjunto Petrolina-Juazeiro esta cidade baiana, não pode avaliar quanto essa região evoluiu, graças a ações desenvolvidas por José Coelho e pela liderança, também, de outros irmãos seus, entre os quais destaco o Senador Nilo Coelho, que, além de Deputado Federal em algumas legislaturas, foi Governador de Pernambuco, Deputado estadual, Senador e Presidente do Senado Federal e, nessa condição, portanto, Presidente do Congresso Nacional.

            Não só Nilo Coelho, gostaria de lembrar também outros irmãos seus, como Osvaldo Coelho, Deputado Federal por dez mandatos, e que igualmente tanto lutou pela terra, assim como Geraldo Coelho, Deputado Estadual, Augusto Coelho, médico, ex-Prefeito de Petrolina, Paulo Coelho, já falecido, entre tantos que se empenharam para transformar a referida região do São Francisco em um grande pólo de desenvolvimento.

            Sem querer me alongar, Sr. Presidente, refiro a um fato que acho muito oportuno neste momento. Como se sabe, a Cepal considerava que geralmente uma região, quando se convertia em subdesenvolvida, era muito difícil reverter o quadro. Certa feita, o então Presidente do BID, Enrique Iglesias, foi à região do São Francisco - ele tendo sido também um cepalino - e, ao sair, disse que, pela primeira vez, viu uma região subdesenvolvida se transformar em área em desenvolvimento.

            De fato, hoje, Pernambuco e a Bahia são Estados grandes exportadores não somente de frutas, mas também produtores de vinho e possuem uma economia muito desenvolvida gerando empregos, e, não posso deixar de mencionar, que muito cresceu na área de serviços, especialmente, de serviços médicos.

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE) - V. Exª me permite?

            O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Pois não, concedo, com prazer, o aparte solicitado pelo ex-Governador e Senador Jarbas Vasconcelos.

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE) - Senador Marco Maciel, V. Exª externa sempre com a sua habitual competência...

            O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE) - ... o sentimento de todos os pernambucanos, até aqueles que militam em partidos que não eram da simpatia, talvez, do Senador Zé Coelho. Ele não foi somente um empresário empreendedor, ele foi quase que mais da metade da vida chefe de um clã e exemplar chefe de família, criando os seus filhos com carinho, com determinação, vendo depois todos eles vitoriosos na vida. Era um homem íntegro, um homem de palavra, uma pessoa amiga, que honrava as melhores tradições do nosso Estado e tinha um amor profundo pela sua Petrolina. De forma que foi uma grande perda para todos nós, pernambucanos, na política e no meio empresarial. Era um homem que conhecia profundamente o semi-árido e se dedicava com muito entusiasmo à causa sertaneja. Ninguém melhor do que V. Exª, que o conheceu durante mais de quarenta anos, conviveu, recebeu sempre o seu apoio, quer nas disputas do Parlamento quer nas disputas das eleições majoritárias. Dessa forma, além de registrar o meu sentimento, quero incorporar-me à manifestação de V. Exª e manifestar à família enlutada o nosso pesar.

            O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Nobre Senador Jarbas Vasconcelos, em seu conciso aparte, V. Exª chamou a atenção para dois fatos realmente importantes da vida de José Coelho: a sua vocação para servir e o seu conhecimento bastante aprofundado das questões do semi-árido.

            Os depoimentos que ele deixou nesta Casa como Senador expressam bem o que V. Exª acabou de dizer. Há, inclusive, um pronunciamento que considero muito bem escrito sobre a questão da revitalização do São Francisco. E o cito:

A maior parte do território pernambucano está localizada no semi-árido (83%), área que conta com baixa densidade populacional, em decorrência de uma histórica convivência com as mazelas impostas pelas características climáticas da região, implicando, destarte, freqüentes migrações de seus habitantes para centros mais desenvolvidos e que possam oferecer melhores perspectivas de vida.

Nesse cenário, a agricultura irrigada - com destaque para a fruticultura, em especial os cultivos de manga e de uva - na área polarizada pelo Município de Petrolina, antevista há mais de três décadas pelo estadista e Governador de Pernambuco na época, Nilo de Souza Coelho, tem-se caracterizado como um atenuante, gerando um incomensurável número de oportunidades diretas e indiretas de trabalho e minimizando, em parte, o quadro de desemprego no Estado.

A propósito, há de se destacar, como fato positivo recente, o decreto assinado por .S. Exª o Presidente Fernando Henrique Cardoso, no Dia Mundial do Meio Ambiente, criando o projeto de conservação e revitalização do rio São Francisco, de importância estratégica para o desenvolvimento regional, em especial do semi-árido nordestino, incluindo ações de despoluição, conservação do solo e convivência com a seca, cuja bacia, com aproximadamente 630 mil km², corresponde a 8% da área territorial do País, abriga um contingente populacional de 12,2 milhões de habitantes, distribuídos por 503 Municípios em 7 Estados da Federação.

Neste momento, destaco a atuação do Governador de Pernambuco - Dr. Jarbas Vasconcelos -, em sua constante batalha para carrear novos investimentos para o nosso Estado, sempre respaldado por S.Exª o Vice-Presidente Marco Antônio de Oliveira Maciel”.

            Também não posso deixar de mencionar o que V. Exª lembrou, Senador Jarbas Vasconcelos: além de empresário, o Senador José Coelho foi um líder político que muito ajudou, através de convites a autoridades e empresários para que conhecessem melhor as questões relativas ao semi-árido. .

            Ouço, agora, o nobre Líder, Senador Romero Jucá.

            O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Senador Marco Maciel, quero também corroborar as palavras de V. Exª sobre o sentimento de dor e de perda de todo o povo pernambucano e brasileiro. A passagem do Senador José Coelho pelo Senado foi importante. Tivemos a oportunidade de trabalhar juntamente com S. Exª e de ver todas essas qualidades e esses compromissos que V. Exª relatou. Portanto, Pernambuco sofre uma perda grande. Quero também me solidarizar com a família, registrar os nossos sentimentos. Ele deixou um grande exemplo no nosso Estado que, tenho certeza, será seguido. Quero abraçar toda a família, os parentes da família Coelho. Realmente sentimos muito a perda que V. Exª relata no plenário.

            O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Agradeço, nobre Senador Romero Jucá, o aparte de V. Exª, que é mais um testemunho de reconhecimento ao trabalho do finado Senador José Coelho. E V. Exª conhece, por ser pernambucano, os nossos problemas e sabe como não somente ele, mas a sua família e todos os que em torno dele circundavam e compartilhavam dos mesmos sonhos contribuíram para a melhoria da região nordestina e, de modo especial, da região mais débil, mais fraca do Nordeste, que é justamente o semi-árido, inclusive a Caatinga.

            Sr. Presidente, prosseguindo - e sem querer me alongar -, eu dizia que participei de muitas lutas ao lado de José Coelho e aprendi com ele a exercitar providências que elevassem a condição de vida dos sertanejos, buscando superar a adversidade das secas e promover políticas voltadas para melhorar o seu bem-estar.

            José Coelho morreu, porém, sem ver concluída uma grande aspiração sua, que era a duplicação da ponte Eurico Dutra sobre o rio São Francisco, uma obra fundamental para incrementar o intercâmbio entre o Nordeste, o Sudeste. E o Sul

            Hoje, a ponte tem um tráfego de mais de 30 mil veículos/dia, a maioria, veículos pesados, ônibus e caminhões que transportam cargas. E a duplicação dela muito vai contribuir para que a economia nordestina possa aumentar o seu intercâmbio com o Sudeste e o Sul do País e, assim, melhorar a oferta de emprego, pois isso contribuirá em muito para expandir as atividades no submédio do São Francisco.

            Sr. Presidente, José Coelho era um ente coletivo. Além de suas inúmeras qualidades, inclusive como pai de família, como lembrou o Senador Jarbas Vasconcelos, era uma pessoa que sabia ser amigo, e somente assim é possível ter amigos. José Coelho era um excelente amigo e a ele não faltava o dom essencial da lealdade, sem a qual não se define uma autêntica amizade.

            Cícero, o romano, em seu livro “Da Amizade”, diz que “uns preferem a riqueza, outros a saúde, outros ainda o poder e as honras”, mas ressalta: “exceto a sabedoria, nada de melhor receberam os homens dos deuses”, do que a amizade, pois, sem esta, a prática da virtude é impossível. .

            Encerro, portanto, Sr. Presidente, dizendo que a morte do Senador José Coelho, por todos os motivos, não deixou triste apenas seus familiares e amigos, mas igualmente os nordestinos que conheceram a sua dedicação ao Nordeste.

            Muito obrigado a V.Exª.

                  É o seguinte o requerimento encaminhado pelo autor: