Discurso durante a 79ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação com visita feita por S.Exa. ao Lar de Maria, em Teresina, que funciona com o apoio da Sociedade Piauiense de Combate ao Câncer. Cobrança de continuidade nas ações governamentais de combate à dengue.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. POLITICA SANITARIA.:
  • Satisfação com visita feita por S.Exa. ao Lar de Maria, em Teresina, que funciona com o apoio da Sociedade Piauiense de Combate ao Câncer. Cobrança de continuidade nas ações governamentais de combate à dengue.
Aparteantes
Mão Santa, Papaléo Paes.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2007 - Página 16695
Assunto
Outros > SAUDE. POLITICA SANITARIA.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, OBRAS, CONSTRUÇÃO, PREDIO, MUNICIPIO, TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ENTIDADE, PROTEÇÃO, CRIANÇA, CANCER, ELOGIO, INICIATIVA, TRABALHO, VOLUNTARIO.
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), DEFESA, ENTIDADE, ATENDIMENTO, INTERESSE PUBLICO.
  • REGISTRO, HISTORIA, EPIDEMIA, DOENÇA TROPICAL, AEDES AEGYPTI, CRITICA, FALTA, PREVENÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, COMBATE, DOENÇA, IMPEDIMENTO, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO.
  • NECESSIDADE, EMPENHO, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), COMBATE, DOENÇA TROPICAL, AEDES AEGYPTI, ALCANCE, TOTAL, ESTADOS, BRASIL.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, enquanto o Brasil só fala em navalhadas, vou ocupar este tempo, Senador Camata, para falar de algo muito positivo e que me deixou cheio de alegria.

            Neste fim de semana, tive a oportunidade de visitar, na companhia da minha mulher, a construção de um fantástico projeto, em Teresina, Lar de Maria, que é mantido por um grupo de senhoras. E vou fazer questão de não dar nomes aqui, nem de quem participa, de quem colabora com a construção, nem das voluntárias, porque todos primam exatamente pelo anonimato.

            Essa instituição funciona com o apoio da Sociedade Piauiense de Combate ao Câncer. E é exatamente para proteger crianças portadoras de câncer. Trata-se de um trabalho, Senador Camata, fantástico. Funciona hoje em uma pequena e apertada casa na cidade. Essas senhoras voluntárias resolveram fazer um prédio com acomodações condignas para atender as necessidades dessas crianças. Fomos convidados para visitar a obra e tivemos oportunidade de percorrer a construção no estágio final. Comoveu-nos a maneira como a obra está sendo tocada. O projeto possui apartamentos para abrigar 65 crianças, evidentemente acompanhadas da mãe o de um responsável. A obra está sendo feita com doações. O engenheiro que administra a obra e o arquiteto que concebeu o projeto nada recebem.

            O interessante, Senador Camata, é que cada arquiteto do Piauí fica responsável pelo acabamento e pela decoração de uma parte do projeto, seja um quarto, uma sala ou o restaurante. É realmente fantástica, Senador Mão Santa, essa obra que está sendo realizada, desde o início com a participação da Casa da Criança, uma entidade com sede em Recife e que tem serviços prestados em todo o Nordeste brasileiro.

            Daí, Senador Camata, a minha alegria em ter podido ver essa obra. Saí de lá mais convencido do que nunca de que devemos separar as boas ONGs das ONGs ruins, mais do que nunca fiquei convencido disso porque vimos envolvidas, nesse projeto, ONGs que realmente atendem aos anseios da comunidade. A Casa da Criança e essa de Teresina, por exemplo, são ONGs que merecem de todos nós apoio, respeito e estímulo e que concorrem de maneira desleal com ONGs, Senador Antonio Carlos, que são verdadeiras arapucas, são ONGS de fachada e que tiram muitas vezes a oportunidade de se fazer benefício ou de se prestar ajuda a uma entidade como essa.

            Quero, portanto, aproveitar este pronunciamento para me congratular com todos que fazem esse fantástico projeto do Lar de Maria, em Teresina: a equipe de voluntárias, os arquitetos, os construtores; enfim, todos os envolvidos nessa fantástica obra, que - tenho certeza - trará benefícios aos jovens vitimados pelo mal do câncer não só de Teresina, do Piauí, mas também de toda a região. Sabe o Mão Santa, médico que é, que Teresina é um pólo de excelência médica e atende casos de toda a região, incluindo Pará, Maranhão, Ceará, Tocantins. De forma que penso, Senador Mão Santa, que a conclusão dessa obra é de fundamental importância para Teresina e para o Estado do Piauí.

            V. Exª, como Governador, teve oportunidade de conhecer a obra do Lar de Maria, teve oportunidade de conhecer essa outra extraordinária e magnífica obra que é a Associação Piauiense de Combate ao Câncer, que tem na pessoa - vou citar apenas esse nome - do médico Alcenor Almeida seu comandante já há algum tempo e que pratica no Piauí uma medicina de excelência, com o hospital que é hoje orgulho de todos nós. Portanto, Senador Mão Santa, foi motivo para mim de muita alegria e de muita satisfação poder ver que uma cidade pobre como Teresina e um Estado pobre como o Piauí possuem pessoas que, pelo trabalho voluntário e, acima de tudo, no anonimato, se dispõem a trazer pelo menos o carinho para amenizar a dor de crianças que sofrem de doenças como, no caso, o câncer.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Heráclito Fortes, é muito oportuna a reivindicação de V. Exª sobre o apoio que o Governo Federal deva dar a Teresina, porque, Camata, talvez tenha passado desapercebido a V. Exª, mas, no Norte e Nordeste, Teresina é um dos maiores centros de excelência médica. E tudo tem uma explicação. Todo mundo sabe que, na ditadura, Vargas colocou tenentes, foi apoiado por tenentes pelo Brasil afora. No Piauí demorou pouco o Tenente Landri Sales, e deixou o seu secretário, Leônidas Melo, médico pneumologista lá de Barras, que trouxe essa visão médica, enquanto em todos os outros Estados brasileiros eram tenentes. Na época, ele fez um hospital extraordinário e grandioso, o qual, na sua inteligência, ele denominou de Getúlio Vargas, e recebeu todo o apoio, de tal maneira que, na época da ditadura, Vargas foi à cidade. E daí para cá muitos floresceram. De tal maneira, que Teresina hoje tem quatro faculdades de Medicina, Teresina faz transplantes cardíacos com risco. Depois Clidenor Freitas, que foi Presidente do Ipase, que foi cassado - um psiquiatra que muito avançou - construiu o mais avançado centro psiquiátrico da época. Ele foi cassado pela ditadura quando presidiu o Ipase, instituto de todos os funcionários federais. E todos deram a sua participação. O Heráclito Fortes foi fundamental quando prefeito de Teresina, foi um extraordinário prefeito. S. Exª fez uma ponte em 90 dias sobre o rio Poty. O Governo Federal, o Presidente Lula e o Governador estão há seis anos por fazer uma ponte sobre o mesmo rio. Mas acho que, além de sua participação naquele pronto atendimento de ambulância, o SOS, que nós fizemos em Parnaíba, V. Exª teve a inspiração de pensar em um grande pronto-socorro. E eu, quando governei o Estado, na expectativa dessa demora, construí um pronto-socorro anexo ao Hospital Getúlio Vargas. Mas ele não atende só Teresina, o Piauí, mas sim o Maranhão, o Tocantins e o Ceará. V. Exª tem de lutar, porque escreveu a sua mais bela página quando teve a inspiração de construir esse pronto-socorro municipal. Depois de V. Exª, trabalhou muito por ele Francisco Gerardo. Firmino Filho chegou praticamente quando já estava terminado. Esse prefeito era o Secretário de Saúde, e eu o visitei já como Senador. É preciso apenas os convênios do Governo Federal. Quero crer que é hora de o Lula resgatar essa dívida para com o Piauí, que está acometido. A sua preocupação é correta, porque nós estamos disputando hoje com Mato Grosso do Sul a posição de Estado que apresenta mais casos de dengue. Em um fim de semana, morreram quatro de dengue hemorrágica na capital.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Senador Mão Santa, agradeço a V. Exª o aparte.

            Senador Gerson Camata, a segunda parte do meu pronunciamento é exatamente focada nessa questão da praga da dengue. Quando eu era Prefeito, vivemos um surto. O Governador, então, era Alberto Silva. Esse surto foi combatido com muita eficiência naquela época. Descobriu-se que o foco vinha de rios que entravam no Brasil pelo norte e que o foco iniciava-se no Amapá. O Senador Papaléo Paes lembra-se disso. Estou falando do surto de dengue da década de 90, quando eu estive, pela primeira vez, em Macapá, juntamente com a então Prefeita Luiza Erundina, de São Paulo, e um grupo de Prefeitos. Houve, no local, uma reunião com todos os Prefeitos e o assunto foi atacado de maneira séria, naquela época. Só que não houve continuidade de prevenção e agora a doença está voltando em volumes assustadores. Teresina, Senador José Sarney, está uma praga. O Senador José Sarney destaca que o Maranhão está na mesma situação. Em Teresina, ao aproximar-se de uma roda e conversar com as pessoas, constata-se que a quantidade de amigos, pessoas atingidas pela doença é grande. A jornalista Cinthia Lages passou, há alguns dias, por maus momentos. O Senador Papaléo Paes diz que foi atacado pelo mosquito da dengue por duas vezes. O Senador Jose Sarney nos conta que também sofreu desse mal uma vez. A dengue não escolhe suas vítimas, não tem endereço privilegiado. Vai a qualquer porta, a qualquer lugar. E é preciso que se faça um programa de maneira séria.

            Há um mês eu estava no aeroporto e encontrei-me com um senhor do interior de São Paulo, que já se queixava da dengue naquela região, coisa que eu nunca tinha ouvido antes. A dengue era localizada no Norte e no Nordeste. Ela, agora, espalhou-se. E é preciso que haja uma ação por parte do Governo Federal.

            Eu quero lhe ser franco, Senador Papaléo. Eu tenho muita esperança no Ministro Temporão. Espero que os aloprados não lhe tirem a inspiração, nem tampouco a oportunidade de fazer um trabalho sério no Ministério da Saúde. Eu o conheço de outras jornadas. É um sanitarista que tem serviços prestados ao País e que está cheio de boas intenções. Espero que não seja impedido de atuar pelos aloprados, que - todos nós sabemos - são uma praga tão grave quanto essa da dengue, de que nós estamos falando aqui.

            Senador Papaléo, ouço V. Exª com o maior prazer.

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador Heráclito Fortes, eu parabenizo V. Exª por trazer um tema tão importante para a saúde pública brasileira como é esse sobre a dengue. O que nós estamos vendo no nosso País é que são tomadas medidas imediatistas. Quando ocorrem esses surtos, essas endemias, essas epidemias, aí se tomam medidas emergenciais. Estamos precisando do envolvimento do Governo, agora, com o Ministro Temporão, em quem nós depositamos a nossa confiança. É preciso que o Governo exatamente se engaje em campanhas preventivas, em campanhas de educação, em saúde, para que a população possa participar ativamente do processo preventivo contra a dengue. Não só as ações do Poder Público vão resolver a questão da dengue, mas educação em saúde, no sentido de que as pessoas possam colaborar diretamente com a prevenção da doença. Fundamentalmente 70% do êxito de uma campanha preventiva depende da população. Vejo que o Governo é muito tímido no sentido de esclarecer a população por meio de propagandas, e a grande conseqüência disso é o alastramento da doença no País. Já tive dengue duas vezes. Nosso Estado é um dos campeões, proporcionalmente à sua população, e observamos que falta empenho exatamente na prevenção da doença. Quero parabenizar V. Exª e dizer que é oportuno o discurso a respeito desse assunto.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Agradeço e parabenizo V. Exª pelo aparte.

            Senador Papaléo, inicialmente o vibrião foi atacado de maneira efetiva desde o Amapá, onde havia um foco localizado. Mas agora há uma epidemia nacional. Havia um foco localizado no Norte do País e apenas as questões da praga do viajante, aquele transmissor que migrava de uma região para outra. O surto atual merece atenção redobrada do Governo, porque está alcançando proporções incalculáveis.

            Quero fazer esse registro e manifestar a minha alegria, Senador Papaléo Paes, de poder ter visto, como eu disse inicialmente, uma obra fantástica com a iniciativa do poder privado, de pessoas humildes, de classe média, da capital do meu Estado. Com certeza, quando inaugurado estiver, prestará extraordinários resultados ao povo de Teresina, do Piauí e do Nordeste.

            Portanto, Sr. Presidente, agradeço a generosidade e, para colaborar, deixo-lhe, como crédito, quatro minutos para serem aproveitados de maneira mais positiva do que a deste modesto orador piauiense.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2007 - Página 16695