Discurso durante a 81ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente.

Autor
Fernando Collor (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/AL)
Nome completo: Fernando Affonso Collor de Mello
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2007 - Página 17039
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • APREENSÃO, PROCESSO, DESTRUIÇÃO, PLANETA TERRA, NECESSIDADE, PROVIDENCIA, REVERSÃO, ALTERAÇÃO, CONCEITO, CONSUMO, COMBATE, PERDA, RECURSOS NATURAIS.
  • FRUSTRAÇÃO, AUSENCIA, IMPLEMENTAÇÃO, DECISÃO, CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO-92).
  • REGISTRO, DADOS, CONTRIBUIÇÃO, BRASIL, ALTERAÇÃO, CLIMA, QUEIMADA, DESMATAMENTO, REGIÃO AMAZONICA.
  • PROPOSTA, RENOVAÇÃO, CONFERENCIA, CHEFE DE ESTADO, CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO-92), ENCONTRO, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, LIDERANÇA, BRASIL, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), REGISTRO, APOIO, ITAMARATI (MRE), PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, EMBAIXADOR, ASSUNTO, CLIMA.
  • APOIO, PROPOSTA, MARCO MACIEL, SENADOR, ATRAÇÃO, BRASIL, SEDE, AGENCIA, MEIO AMBIENTE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).
  • DEFESA, PROPOSIÇÃO, CONTROLE, REDUÇÃO, POLUIÇÃO.

O SR. FERNANDO COLLOR (Bloco/PTB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmª Srª Senadora Serys Slhessarenko, Presidente desta sessão; Exmº Sr. Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, Senador Leomar Quintanilha; Exmª Srª Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente; Exmª Srª Maria do Carmo Ferreira da Silva, representante da Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial da Presidência da República de Políticas para Promoção da Igualdade Racial; Exmº Sr. Cláudio Maretti, representante da WWF-Brasil; Exmºs Srs. Embaixadores e demais representantes do Corpo Diplomático; Exmºs Srªs e Srs. Senadores; senhoras e senhores, chegamos ao ponto da insustentabilidade. Caminhamos de forma célere para a destruição de nosso Planeta.

Ontem, os avisos constantes dados pela natureza não foram suficientes para que os habitantes de nosso mundo tomassem as providências que o momento clamava. Hoje, um monstruoso estrago já foi feito. Se reduzirmos, agora, as nossas emissões a zero, não teremos mais como recompor o prejuízo causado ao meio ambiente. O aquecimento global galopa à velocidade de Átila. Cabe-nos, portanto, duas iniciativas complementares entre si: a primeira, continuarmos trabalhando com afinco para tentar reduzir o ritmo da destruição planetária; e a segunda, tratarmos de nos adaptar às novas condições de vida a que já estamos submetidos. Isso significa rever conceitos arraigados em nossos costumes por força dos nossos hábitos, que induzem ao consumismo desenfreado, ao desperdício, à comodidade e à indulgência com nós mesmos, autores dessa catástrofe.

Apenas 15 anos nos distanciam da maior reunião de Líderes mundiais, realizada no século passado, para tratar das questões relacionadas ao ambiente e ao desenvolvimento. Decisões fundamentais para o nosso futuro foram tomadas. Convenções, tratados e acordos foram assinados por 179 países, como a anunciar uma nova fase de nosso relacionamento com Gaia. A frustração foi incomensurável. A constatação é de que avançamos mais com as providências tomadas antes da II Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento do que depois que a Agenda 21 foi anunciada.

Houve um relaxamento geral na aplicação de suas recomendações. O sentimento do dever de casa cumprido dominou as nações, pelo trabalho que encetaram no período que antecedeu ao encontro. E isso explica a atitude irresponsável por todas adotada posteriormente ao evento.

O Brasil, por exemplo, está entre os cinco maiores causadores do aquecimento global, apesar dos louváveis esforços do Ministério do Meio Ambiente - e até comoventes esforços que a Ministra Marina Silva e seus abnegados colaboradores vêem realizando. Somente a Amazônia, em função das queimadas, despeja na atmosfera, anualmente, 200 milhões de toneladas de CO2; o restante do País, 80 milhões. No restante do planeta, a situação é ainda mais grave. Ressalve-se - e até com alvíssaras - a decisão recente da Comunidade Européia, que tem de ser vista como exceção - e com exceção muito bem-vinda.

Parece que de nada serviram todos os encontros posteriores para se avaliar o cumprimento da Agenda 21 e se adotar outras providências. Resta-nos, capengando, o Protocolo de Kyoto, cuja vigência se extingue daqui a cinco anos. Para substituí-lo, propusemos, junto com outros Senadores, a realização, em 2012, aqui, no Brasil, de um novo encontro: a Rio +20.

Além de termos um novo instrumento, incentivaremos os que acorrerem à conferência a fazerem, nos anos que nos restam até lá, o que fizeram, como já vimos, no período anterior à realização da Rio 92. Sobre essa possibilidade, falamos com autoridades brasileiras, que estão sensíveis à déia.

O Ministério das Relações Exteriores prometeu empenhar-se na tarefa de conseguir a realização da Rio +20, lembrando a legitimidade que o Brasil tem para atrair essa conferência. Informou ainda que está sendo criado, no Itamaraty, um cargo de Embaixador Especial só para assuntos relacionados a mudanças climáticas. Aliás, o Chanceler Celso Amorim, em audiência pública, realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, em 29 de março de 2007, assim se manifestou: ”Acho que o Brasil sempre teve sua liderança marcada não só no tema mais amplo do meio ambiente, mas também na ligação do tema do meio ambiente com o do desenvolvimento; portanto, o desenvolvimento sustentável”. Em outra situação, na mesma audiência, disse ele: “Acho que o Brasil poderia perfeitamente; é algo que, digamos, com o apoio do Poder Legislativo, podemos levar adiante, uma idéia, como já mencionado antes, de o Brasil poder sediar a Rio +20”.

Três órgãos do Ministério do Meio Ambiente são plenamente favoráveis à realização do encontro. A Secretaria de Qualidade Ambiental, em 26 de março deste ano, assim se manifestou: “Portanto, há base técnica convergente com elementos políticos para que o tema de mudanças climáticas tenha relevância numa Rio +20”. Já a Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério concluiu, em 10 de abril deste ano: “Em face do exposto, seria extremamente positivo para o Estado brasileiro sediar evento como o proposto no requerimento em epígrafe”. E, por fim, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas, que, em 15 de abril deste ano, 2007, expressou: “Por fim, manifestamo-nos favoravelmente ao Requerimento nº 1, de 2007, desde que ouvido o Ministério das Relações Exteriores, órgão responsável pela política internacional do Governo brasileiro”.

Tratei do tema também pessoalmente com o Presidente Lula, no último dia 21 de março, quando ele me afirmou que iria tratar do assunto nas conversações com o G8, que serão realizadas já nos próximos dias. Vamos aguardar para ver concretizada essa aspiração.

Outra frente de batalha na qual devemos nos empenhar é a proposta, originalmente sugerida pelo nobre Senador Marco Maciel, de se trazer para o Brasil a sede de uma agência das Nações Unidas ligada ao meio ambiente, já que, à exceção dos Estados Unidos, nenhum outro país da América sedia órgão daquela organização mundial. Assim, a proposta é transformar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma, em uma agência permanente da ONU, assim como já o são, em suas respectivas áreas, a OIT, em relação ao trabalho, a Unesco, em relação à educação, ciência e cultura, a OMS em relação à saúde, e a FAO, em relação à agricultura e alimentação.

Por fim, senhoras e senhores, manifestando a preocupação, que é comum a todos nós, de que precisamos trabalhar rapidamente para evitar a aceleração do processo de destruição do nosso Planeta, devemos tratar de formas de adaptação a essa nossa nova realidade. Para isso, o Senado da República e o Congresso Nacional vêm tomando iniciativas como essa, proposta pela Senadora Presidente desta sessão, que faz com que a partir do exemplo de uma Casa do Congresso Nacional possa ele ser seguido por outras áreas das atividades política, econômica, principalmente, e social do nosso País.

            Eu gostaria de agradecer a possibilidade que me foi dada pelo meu partido, o Partido Trabalhista Brasileiro, de me dirigir a V. Exªs e lembrar que a realização da Rio +20 seria a forma de reunir e manter interessados no tema os dirigentes das nações desenvolvidas e de outras em vias de desenvolvimento, que são, como todos sabemos, as que mais influem nas mudanças climáticas com as suas atividades poluentes e devastadoras.

Era o que eu tinha a dizer Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros.

Muito obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2007 - Página 17039