Discurso durante a 81ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2007 - Página 17045
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • DEBATE, LUTA, ECOLOGIA, EDUCAÇÃO, OBJETIVO, MELHORIA, FUTURO, GARANTIA, QUALIDADE DE VIDA, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, NECESSIDADE, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, IGUALDADE, ACESSO, POPULAÇÃO, RECURSOS NATURAIS.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros; querida amiga Ministra Marina Silva; Senadora Serys Slhessarenko, que teve a iniciativa; meus cumprimentos a todos os demais da Mesa; minhas senhoras e meus senhores; uma saudação especial aos alunos da Escola Comunitária de Campinas, que estão aqui nos visitando.

Senadora e Ministra Marina Silva, nós nos acostumamos, nos últimos vinte anos, a dizer que a utopia morreu, desde que foi derrubado o chamado Muro de Berlim. A utopia não morreu, porque agora, em vez de um, temos dois muros: o muro que separa pobres e ricos neste País e no mundo inteiro; e o muro que separa as atuais gerações das próximas.

A utopia não morreu; a utopia mudou de nome, a utopia mudou de campo. O campo da luta da utopia não é mais a economia, como se fez ao longo de 150 anos. O campo de luta da utopia chama-se ecologia e educação. A ecologia como a forma de a gente derrubar o muro que há entre a geração atual e as próximas, que não disporão de recursos, que viverão num país superaquecido, que perderão a orla que aí está dos mares do mundo. A ecologia é o caminho para derrubar o muro que separa nossa geração das próximas.

E o outro campo de luta é a educação; é a educação o único caminho para derrubar o muro que separa, hoje, os filhos dos pobres dos filhos dos ricos. É uma escola igual, Sr. Presidente - e eu digo igual para o filho do pobre e para o filho do rico -, e ela com alta qualidade. É isso que vai permitir a gente garantir as duas palavras que, a meu ver, reúnem a utopia de hoje: a mesma chance, a mesma chance entre classes e a mesma chance entre gerações. Não se trata mais da igualdade plena da renda, do consumo, que nos iludiu durante 200 anos; não. É a mesma chance de usar o seu talento, a mesma chance de persistir com o seu talento, a mesma chance de persistir com vocação - talento e vocação. É isso que vai fazer com que a gente derrube o muro da desigualdade.

Mas é o respeito à natureza que vai nos permitir derrubar o muro que hoje separa a geração de que nós fazemos parte das próximas. Não vamos ter futuro se não respeitarmos a natureza. Mas não adianta ter futuro se for só para poucos. Porque há hoje propostas em que a gente respeita a natureza para alguns poucos, para um bilhão de seres humanos, e deixa cinco bilhões abandonados no caminho do projeto civilizatório. E não há como a gente, só com educação, sem respeito ecológico, garantir qualidade de vida daqui a dez, quinze, vinte anos.

Por isso, Ministra, Presidente, fico feliz de ver que a Senadora Serys tomou a iniciativa deste dia. Tomou a iniciativa de a gente lembrar neste dia que a gente tem algo a cuidar com carinho: a natureza terrestre, da qual somos filhos, e que vai nos manter amamentando por toda a vida da História da humanidade.

Ao lembrar isso, não posso deixar de falar também da necessidade de que o meio ambiente seja protegido para todos. Por isso é importante uma revolução na educação, que assegure que o filho da favela terá uma escola igual à do filho do condomínio. Além do que, Senador Quintanilha, é através da educação que a gente vai conseguir proteger a natureza. Nós precisamos de todos os acordos de Kyoto e de outros que venham a ser feitos; nós precisamos de mil medidas protecionistas. Porém, se não mudarmos a consciência, a cabeça dos seres humanos para entenderem que a natureza tem valor e que sem ela a gente não sobrevive, não adiantam acordos, não adianta polícia, nós vamos continuar destruindo a natureza. Por isso, a educação é a chave de toda forma de progresso. Nossa bandeira, que tem a inscrição “Ordem e Progresso”, deveria ter a inscrição “Educação é Progresso” - progresso sustentável, respeitando a natureza e criando as condições para todos terem as mesmas chances.

Fico feliz de comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente e espero que um dia a gente possa ter o dia mundial da mesma chance para todos, onde a gente inclua o meio ambiente e a educação: as duas pernas do futuro.

Era isso, Sr. Presidente, o que eu tinha a dizer, agradecendo a oportunidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2007 - Página 17045