Discurso durante a 88ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do combate ao consumo do tabaco, a propósito do transcurso do Dia Mundial de Combate ao Tabaco, em 31 de maio.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Defesa do combate ao consumo do tabaco, a propósito do transcurso do Dia Mundial de Combate ao Tabaco, em 31 de maio.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2007 - Página 18921
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, COMBATE, FUMO, REGISTRO, DADOS, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS), GRAVIDADE, CONSUMO, CIGARRO, PROVOCAÇÃO, MORTE, USUARIO, FAMILIA, BAIXA RENDA, DESVIO, GASTOS PESSOAIS, PRIORIDADE, INVESTIMENTO, TABAGISMO, PREJUIZO, EDUCAÇÃO, SAUDE, ALIMENTAÇÃO, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), REGISTRO, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS), SUGESTÃO, PAIS, PROIBIÇÃO, FUMO, LOCAL, TRABALHO, AUMENTO, IMPOSTOS, RESTRIÇÃO, PROPAGANDA, CRIAÇÃO, PROGRAMA, APOIO, RECUPERAÇÃO, VICIO, TABAGISMO.
  • REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), REDUÇÃO, INDICE, FUMO, MOTIVO, PROPAGANDA, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • NECESSIDADE, BRASIL, ADOÇÃO, POLITICA, EXTINÇÃO, CONSUMO, CIGARRO, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, SAUDE, BENEFICIO, FAMILIA, BAIXA RENDA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB -AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 31 de maio último tivemos a oportunidade de celebrar o Dia Mundial de Combate ao Tabaco. Apesar das inúmeras vitórias obtidas nos últimos anos contra a indústria do cigarro, não podemos deixar que os louros do sucesso nos impeçam de continuar com essa cruzada contra os males do fumo. Eu diria mais, este é o momento de redobrar os nossos esforços.

            O tabagismo é, atualmente, a segunda maior causa de mortes no mundo. A cada ano, 5 milhões de pessoas morrem em decorrência dos males provocados pelo cigarro. Dessas, 200 mil não são fumantes, mas ficam expostos aos riscos do tabaco em razão de exposição à fumaça dos cigarros em locais de trabalho. Também é de se destacar negativamente que 700 milhões de crianças, metade da população infantil do mundo, é exposta ao cigarro consumido por adultos.

            Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que metade das pessoas que fumam hoje corre risco de morrer em virtude de problemas de saúde relacionados ao cigarro.

            O tabaco, além dos danos mais visíveis, causa outros. De acordo com a OMS, em vez de investir em educação, cuidados pessoais, alimentação e saúde, as famílias carentes de países pobres gastam até 10% de sua renda com o fumo.

            No Brasil não é diferente. De acordo com notícia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo de 28 de maio último, “o brasileiro gasta mais com cigarros do que na compra de alimentos como arroz e feijão. Pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que os cigarros aumentaram além da variação média do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - e passaram a comprometer, em abril de 2007, 1,25% do orçamento familiar, enquanto o item arroz e feijão teve peso de 0,85%”. Comparando-se esses números com dados de 2002/2003, nota-se que a despesa com arroz e feijão diminuiu, e a com cigarros aumentou. Isso, em parte, é devido ao fato de o preço desses dois produtos alimentícios terem caído 20,35%, enquanto o do cigarro aumentou 29,57%; ou seja, a triste constatação a que chegamos é que os ganhos de renda que os fumantes mais pobres poderiam ter, em razão da diminuição dos produtos alimentícios, se perderam por causa do vício.

            A OMS alerta, também, que a dependência do cigarro leva as famílias pobres a desviar renda da compra de alimentos para a compra de tabaco. O médico Roberto Rodrigues Júnior declarou à reportagem do Correio Braziliense que o cigarro chega a matar hoje, nos países em desenvolvimento, mais que a soma de outras causas evitáveis de morte, como cocaína, heroína, álcool, incêndios, suicídios e AIDS.

            A OMS, levando em conta todas essas informações, propôs, como informa o Correio Braziliense de 31 de maio último, “(...) que todos os países proíbam o fumo em locais de trabalho e ambientes públicos fechados” e “focalizem suas campanhas nos riscos do ‘contato de segunda mão’ com tabaco - o fumo passivo”.

            A OMS, ainda, defende que devem ser incentivadas, “além da proibição do fumo em lugares públicos, iniciativas como o aumento dos impostos, restrições à publicidade e a criação de programas de apoio aos fumantes que querem deixar o hábito (...)”.

            O Brasil se encontra entre aquele grupo de países que adotaram medidas obrigando as fábricas de cigarro a imprimir imagens de advertência nas embalagens dos produtos. Também introduziu legislação que exige áreas especiais para fumantes em locais fechados e proibiu o fumo em determinados espaços, como aeronaves e repartições públicas, bem como suspendeu a publicidade na televisão.

            Há países que foram mais além. São os casos de Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Bélgica, Portugal, Chile e Costa Rica, ainda mais duros na maneira de restringir o fumo. Além disso, países como a China, Japão e Emirados Árabes estão restringindo o consumo do tabaco.

            No caso brasileiro, os resultados são alvissareiros. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 1999, 40% da população era fumante. Em 2006, esse percentual caiu para 20%.

            O médico Celso Rodrigues declarou ao Correio Braziliense que a queda pode ser atribuída a uma conscientização coletiva por conta das campanhas contra o tabaco.

            Porém, mais importante do que tudo é seguir o conselho da OMS: trabalhar para a criação de ambientes que sejam 100% livres de cigarro. Sistemas de ventilação, filtragem de ar e separação de ambientes com barreiras físicas não são suficientes. É preciso mais. É preciso estabelecer a meta de que possamos viver, definitivamente, em ambientes onde o consumo do cigarro esteja abolido.

            O resultado dessa tarefa, que não é fácil, não trará quaisquer danos à economia nacional. Ao contrário. A redução em gastos com o sistema de saúde compensará, em muito, a perda de rendimentos da indústria do fumo. Além disso, do ponto de vista econômico, os mais beneficiados serão justamente os mais pobres. Sem a necessidade de gastar com o vício, terão mais renda e, conseqüentemente, melhorarão de vida.

            Portanto, Srª Presidente, com referência à passagem do Dia Mundial do Tabaco, no último dia 31 de maio, eram essas as considerações que tinha a fazer, Srª Presidente. Que possamos continuar avançando nessa luta, combatendo esse vício que tantos males tem causado à sociedade e às famílias brasileiras.

            Muito obrigado.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2007 - Página 18921