A SRª ROSALBA CIARLINI (PFL - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, durante este mês de junho, nós, nordestinos, já estamos vivenciando as tradicionais festividades de Santo Antônio, São Pedro e São João, um misto de religiosidade, de tradição e de resgate de nossas raízes.

            Não é somente no Nordeste, é no Brasil, mas no Nordeste essa tradição é mais forte, até porque nessa época também se comemora o prêmio de um bom inverno, de uma boa colheita: são os sabores do milho e do feijão verde que estão presentes nesses festejos.

            Falo em São João logo diante de V. Exª, que é pernambucano, que tem em seu Estado uma referência como Caruaru, onde as festividades se transformaram em um evento grandioso, numa âncora para o turismo cultural e de eventos naquele Estado.

            Mas eu quero aqui falar de Mossoró, da minha terra, lá no Rio Grande do Norte, onde a festa de São João é muito forte: hoje se considera, numa comparação com os festejos de Caruaru e de Campina Grande, que Mossoró tem o terceiro maior São João do Brasil.

            Todo esse processo foi iniciado na cidade quando estávamos na Prefeitura e sentimos do povo a convocação para que resgatássemos, ainda com mais força, todos os valores que, de forma espontânea, apareciam nas mobilizações populares nos bairros, nas escolas e nas suas associações.

            Mas há um detalhe especial nessa comemoração que começa amanhã, exatamente no dia de Santo Antônio: é que a nossa cidade tem orgulho de amanhã estar comemorando oitenta anos de resistência ao bando de Lampião. Foi na cidade de Mossoró que, no Rio Grande do Norte, no pequeno Rio Grande do Norte, no Nordeste, a população se organizou e, sob a liderança do seu prefeito da época, Rodolfo Fernandes, enfrentou o bando de Lampião e impediu que sua liberdade fosse usurpada pelos bandidos.

            Essa mesma cidade, que tem esse espírito libertário, que fez a abolição dos escravos cinco anos antes da Lei Áurea, tem também como um dos marcos de sua história o voto feminino pioneiro no Brasil e na América Latina. Além disso, Mossoró também fez, na época da Guerra do Paraguai, o Motim das Mulheres, que rasgaram os editais para que seus filhos e seus maridos não fossem a uma guerra cujos motivos não conheciam.

            Amanhã essa cidade estará em festa, estará comemorando os oitenta anos da resistência ao bando de Lampião. A movimentação junina em Mossoró, que é semelhante a das demais cidades e regiões do País, tem também uma apresentação cultural, faz a reconstrução de todo aquele episódio nos locais onde aconteceram as disputas, nos locais onde aconteceram as lutas, e não esquece de registrar, de reverenciar, de aplaudir, apesar do tempo, os que tiveram a coragem de, naquele momento, dar mais um grito de liberdade para defender sua cidade e fazer valer, mais do que nunca, a força de seu povo.

            Era isto que eu queria registrar com muito carinho, com muito orgulho: a festa que Mossoró vive, a partir de amanhã, tem como marco importante, na cultura de nossa cidade, o resgate de sua história. O povo que não cuida de sua história que não reverencia os seus fatos, não terá jamais um grande futuro.

            Por isso, acredito neste meu Brasil e adoro o meu Rio Grande do Norte, porque tem uma cidade de um povo forte que cultua o seu passado, olhando para um futuro - se Deus quiser - de mais justiça social e de paz.