Pronunciamento de Jefferson Peres em 14/06/2007
Discurso durante a 91ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Indignação com declaração da Ministra do Turismo, Marta Suplicy, a respeito da crise nos aeroportos brasileiros. (como Líder)
- Autor
- Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
- Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Indignação com declaração da Ministra do Turismo, Marta Suplicy, a respeito da crise nos aeroportos brasileiros. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/06/2007 - Página 19933
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TURISMO, FALTA, PUDOR, DECLARAÇÃO, REFERENCIA, CRISE, TRANSPORTE AEREO, DESRESPEITO, DIFICULDADE, BRASILEIROS, AEROPORTO, ATRASO, CANCELAMENTO, VOO, SUGESTÃO, ORADOR, PEDIDO, DEMISSÃO.
- CRITICA, AUTORIDADE, GOVERNO FEDERAL, UTILIZAÇÃO, AERONAVE, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB), DESCONHECIMENTO, PROBLEMA, TRANSPORTE AEREO.
- CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TURISMO, PROCESSO, NEGOCIAÇÃO, NOMEAÇÃO, CARGO PUBLICO.
O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, à noite, liguei a televisão para ver e o ouvir o noticiário e não quis acreditar no que estava vendo. Um Ministro de Estado, mais exatamente uma mulher, a Ministra do Turismo, Srª Marta Suplicy, ao ser indagada pelos jornalistas sobre que conselho ela daria aos usuários de aeroportos, deu uma resposta fescenina, obscena e debochada, portanto. Uma conduta inteiramente incompatível com o elevado cargo que ela exerce, Senador Paim.
Não se tem mais pudor neste País - sequer pudor! Sei que Dona Marta deve me achar muito antigo, Senador Botelho: “Ele ainda fala em pudor”. Eu nada teria contra o comportamento da Dona Marta, se ela fosse uma pessoa comum, mas um Ministro de Estado que fala para milhões de brasileiros? Aconselhar, debochadamente, os sofredores dos aeroportos para que, literalmente, façam sexo e, depois, relaxem?
Sei que ela não queria dizer isso exatamente. Foi em sentido figurado. Mas, Senador Paulo Paim, vamos abstrair o lado obsceno da frase. E o deboche com o sofrimento dos usuários, com pessoas que penam horas e horas com atrasos e até com cancelamentos de vôos nos aeroportos, que perdem compromissos? Estamos sofrendo esse martírio há mais de seis meses, e a Ministra de Estado manda relaxar e... Que País é este? Horas depois, ela mandou uma nota, desculpando-se. Fácil! Chama um assessor e diz: “Está repercutindo mal, faz uma nota de desculpas”.
Eu respeitaria a Dona Marta, se, junto com a nota, ela apresentasse uma carta de demissão. O Ministro da Agricultura do Japão, acusado de corrupção, suicidou-se há poucas semanas. Não estou aconselhando Dona Marta a se matar, por favor! Que ela tenha muita saúde e que viva por muitos anos; mas devia entregar o cargo que ocupa, sim.
O que ela fez é indesculpável. Ela mereceria o meu respeito, se se demitisse. Não acho que ela tenha dito uma frase impensada, não; ela disse o que pensa mesmo. É o desprezo pelos outros da parte de quem sobe e desce de avião numa base aérea, num jatinho da FAB, não sofre atraso nenhum, com seguranças, com assessores. A patuléia - porque mesmo classe média, para ela, deve ser patuléia - dos aeroportos que se lixe, não é problema dela.
Mas neste País, ninguém se demite. Ninguém tem coragem de se demitir, quanto mais se matar.
Eu já não tinha boa impressão dessa senhora, que não conheço, a não ser de nome, desde quando ela começou a pedir um Ministério, no segundo Governo Lula. Os jornais diziam que o Presidente não queria nomeá-la, por alguma razão. Ela queria um Ministério grande, parece que o das Cidades e, depois, o da Educação, e o Presidente, afinal, assediado, resolveu dar-lhe, como consolação, o Ministério do Turismo. E ela não se fez de rogada.
Imagine, Senador Botelho: V. Exª fica sabendo, pelos jornais, que o Presidente não quer nomeá-lo, que está constrangido, mas V. Exª insiste e recebe um Ministério qualquer, como consolação, e o aceita. Ou seja, queria, mesmo, um Ministério; queria, mesmo, o poder. Quem se comporta dessa maneira não é de surpreender que tenha esse comportamento debochado em relação ao sofrimento do povo.
Sr. Presidente, eu não podia deixar de verberar, desta tribuna, a minha indignação com o lamentável comportamento da ministra.